terça-feira, 14 de abril de 2009

Game over é o caralho!

Cá estamos nós nesta terça feira que vcs já sabem: é dia de trocar de carro com a Dex e ouvir sonzeira no último volume no carro. Escolhi Rolling Stones pra ter certeza de começar o dia feliz. E Laura Pausini se me baixar alguma nuvem negra de baixo astral. O quê? Ah, não enche o saco: eu já falei que amo a Laura Pausini!

Coloquei uma camiseta que tem história e nela tem a imagem estilizada de um casal no altar, ela de noiva e sorrindo, ele de fraque e triste. Embaixo tá escrito "Game over". Vi esta camiseta quando estava em Londres, em 2008, mas como a grana era curta, resisti à tentação e não comprei. E não é que um brother fã das Velhas me mandou a camiseta de presente diretamente do Reino Unido? To aqui com ela.

Coloquei Stones pra rolar e veio de cara "Start me up". Pra mim é a mesma coisa que falar pra tristeza e pra deprê irem pra puta que pariu. Que sonzaço.

Curioso. To pensando na frase da camiseta. Porque caralho casamento tem que significar fim de festa pros homens e alegria pras mulheres? Claro que é apenas uma simbologia numa camiseta e não expressa o que pensa a totalidade de homens e mulheres. Nem todas as moças vivem pensando em casar. E tem muito homem que adora casar. Eu mesmo sempre fui fissurado em casamento. Vai ver porque perdi meus pais e vejo pouco minha família. Talvez seja por que quero muito ser pai.

Mas não é disso que eu quero escrever, caralho. O que quero saber é porque ao casar a gente espera que as mulheres não mudem, mas elas mudam. E porque elas esperam que a gente mude, mas a gente não muda. Elas querem que a gente mude e pare de ir pro bar, mas a gente não muda e continua querendo ir pro bar. A gente quer que elas não mudem e continuem nos acompanhando no bar, mas elas mudam e não querem ir e nem querem que a gente vá. A gente gosta de futebol e buteco. Gostamos de mulheres tb, mas se estamos casados e apaixonados não é difícil ficar com uma só. Não é não!

A gente gosta de meter. Mas pode ser só com a nossa, sem problema. Eu morro de tesão na Dex. O problema não é fidelidade, é perda da liberdade. O cara quer sair pra tomar umas e outras e é proibido. Por isso é que o game over, saca? E a mulher fica feliz por que aprisiona o cara. Toma posse, prova controle, domínio. Rédea curta. Por isso que ela ri. Ela ri por que agora ela subjugou o mais forte (?) e ela é quem tem que dizer o que pode e não pode. Quer sair pra beber com os amigos? Nem fudendo.

Pergunta se a maioria dos homens se preocupa com a mulher saindo pra beber com as amigas? A gente acha ótimo. Eu falei sair com as amigas, não chifrar, porra! Mas, mulher tem amigas? Tem mesmo? Vc, mulher, quantas amigas vc tem? Muitas mulheres têm amigas e curtem uma mesa de bar pra bater papo, é verdade. Mas a maioria não tem. Por isso ela sorri no casamento: "ah, agora eu vou tirar este filho da puta de circulação e ele vai ter tantos amigos quanto eu, ou seja, nenhum!".

Então é tudo uma questão de vida social, amizade e alegria de viver. O cara ta triste porque se sente preso. E ela ta alegre porque tem o controle. Que merda! Game over é o caralho. O negócio é ser feliz. Custe o que custar. Olha só esta canção. Pra mim é o mais lindo dos pedidos de casamento:

Vamos Viver No Bar
(Paulo De Carvalho)
Vamos viver no bar
Vamos viver no bar
Podemos pagar as contas
Podemos criar os filhos
Podemos limpar a casa
Mas vamos viver no bar
Você é a tal cara metade
Você é a sede que me invade
Meu drink de fim de tarde
Vamos viver no bar
Você até que leva jeito
Pra ser mãe de família
Eu também seguro a onda
Mas do bar ninguém me tira
Pense até decidir
Decida pelo que quiser
Vamos viver no bar
Você vai ser minha mulher
No bar


Aí não tem Game Over. E chega de filosofia demente. Já to quase chegando ao SBT e já rolou Brown Sugar e uma cacetada de rocks sensacionais dos caras. Vamos pra luta. Preciso assistir um último disco do astros e começar o roteiro. Primeiro tem aquele monte de coisa.

O Felipe Voigt, jornalista, fã da banda e meu afilhado (fui padrinho de casamento deste bambi de merda) fez um outro blogg pra mim. Muito bonito, cheio de visual, mas não dá pra responder as porras dos recados que me mandam. Então, não sei se mudo definitivamente pra lá ou se fico neste simplesinho da UOL. Ele tá vendo o que faz. E eu to vendo as imagens do Astros 57.

Chamei o Tom pra me acompanhar, pois ele vai cobrir minhas férias e precisa ir sacando a coisa toda. Vimos algumas coisas, apresentei-o pras pessoas da edição e dei alguns toques da parada toda. Chega. Bora comer.

Papo furado. Comida boa. Não tão boa quanto a da sogra. Mas já foi. De volta à sala e meu amigo diretor me chama pra ver as imagens daquele programa americano que vai dar origem á uma nova atração no SBT. Aquele que é segredo.

Vi tudo, expliquei que to enrolado com o Astros e eventualmente com o programa apresentado pelo Zé Américo que vai se chamar "Você se lembra". E ainda tem as minhas férias no início de maio, bem no momento em que deve estar rolando o piloto e vai precisar mais de mim. E eu não vou abrir mão de coçar este meu querido saco. O diretor ficou de falar com algumas pessoas e resolver. Voltei pra sala e zarpei pra Band.

Caraio, um plástico preto grudou na frente do carro na Anhanguera. Esta merda pode super aquecer o motor, porra. To ouvindo uns sons mais sessentistas dos Stones, tipo "Let's spend the night together". Que beleza. O transito está uma tetinha. É só chupar.

To na Band. A pauta das Pin Ups que seria amanhã foi transferida pra semana que vem. Mas temos uma externa marcada para esta quarta feira e é preciso inventar alguma coisa ou cancelar. Que tal uma entrevista com a Banda Baranga, do meu amigo e baterista Paulão? Os caras tocam um rockão pesado, reto, bebum e mulherengo. Vamos falar de putaria no ensaio dos caras. Que tal? Soninha ligou pro fone que tava no site e quem atendeu foi o Paulo.

- Paulão, batera? - perguntei.
- Sou eu.

Expliquei pra ele que o canal é pornô e qual seria a onda da entrevista. Ele curtiu e tudo ficou marcado pra amanhã á noite no estúdio da casa dele. Beleza! E agora? Tenho que escrever esta porra desta pauta, mas esta vai ser divertida.

Pronto. Agora preciso inventar umas matérias de gaveta. Escrevi aquela matéria da trilha sonora na hora do sexo. E to a fim de ir embora. Será que o fone vai tocar e surgirá uma nova bebedeira? Difícil. Acho que hoje vai ser uma noite de folga pro fígado. Veremos. Mas que eu to sede, isso to. Marcelinho me chamou pra ir prum buteco aqui perto da Band.

- Vô não, veio. Vô pra casa ter com a minha esposa. Acho.

Fiquei imaginando porque gosto tanto da Laura Pausini. Voltei pra casa ouvindo e chorando. Será que tô ficando viado depois de velho?

Me contaram que uma vez, em Ribeirão Preto, uma mulher perdera três filhos num acidente de carro. A partir daquele dia, aquela mulher, para qual só sobraram um filho e o marido vivos, perdeu a vontade de viver e foi definhando, emagrecendo e deixando toda a família preocupada. Tentaram leva-la pra viajar, mas nada parecia conforta-la e lhe dar esperanças. Numa última tentativa, levaram-na pra casa de praia do Guarujá, mas ela seguia desiludida. Padres, parentes, psicólogos, todo tipo de gente se sentou com ela pra aconselhar e nada tirava aquela mulher da depressão. Um dia bateu à porta da casa de praia um antigo funcionário da fazenda da família. Ele usava suas roupas simples de peão e pediu pra falar com a patroa. Os parentes mais próximos tentaram impedir o contato, pois a mulher já estava tão mal, pra que se aborrecer com aquela visita desnecessária. O capiau insistiu e disse que precisava falar com ela sobre aquela tristeza toda que ela estava sentindo. E tanto fez, tanto pediu que deixaram-no falar com a patroa.

- Oi Patroa...Ói...Eu sei qui a sinhora tá muito triste pela perda dos seus fios. Mas a senhora não pode disisti de vivê. A sinhora ainda tem um fio e ele precisa da sinhora. Seu marido tomém. Veja o que aconteceu cumigo. Eu tava na beira do rio vendo meus fio andar de barco com minha muié. De repente o barco virô e todo mundo morreu afogado. Eu num sei nadá e fiquei cuidando do fio mais novo, qui num foi no passeio. Ói patroa: foi a coisa mais tristi que eu já senti...vendo todo mundo morrê e sem pudê fazê nada. Pensei em mi matá tomém. Mas eu ainda tinha aquele fio pequeno pra criá e não pudia desistí. E a sinhora tomém num póde disisti...

Ouvindo aquilo a família correu e tirou o caipira da presença da "patroa". Mas ela pediu que ele esperasse. Agradeceu. E daquele dia em diante voltou a se alimentar e a sorrir. Para dar conselho pra alguém, a gente tem que ter competencia. A gente tem que falar com sinceridade, do fundo do coração. A pessoa tem que acreditar na gente, mesmo que falemos errado. E é por isso que eu amo a Laura Pausini: ela canta com o coração, ela se entrega na hora de cantar. E me convence a ponto de me fazer chorar. É isso.

Depois do jantar vi um clip novo do Bruce Springsteen, trilha sonora do filme do Mickey Hourke, "The Wrestler". O cara tá velho, enrugado, mas cantando como nunca. Com um olhar profundo de quem sabe do que tá falando. Ele tem competencia pra falar. Lembro dele no clip de "Dancin' in the dark", dos anos 80, com aquela camisa branca de manga arregassada. Calça jeans e aquela dancinha meio estranha. Vê-lo envelhecer com esta dignidade e profundidade me faz sonhar com uma velhice parecida. Com orgulho das rugas e dos cabelos brancos. Sou fanzaço do Bruce.

Ainda vi um trecho de uma entrevista do Ronaldo Fênomeno pra Marilia Gabriela. Ele disse que a torcida do timão é a única que segue incentivando mesmo quando tamos atrás no placar. E é verdade. O Corinthians nunca ganhou um título sequer. Quem ganhou foi a torcida. Nós!

Pra terminar, fui ler o Tim Maia. Tô num fase do livro em que ele já virou unanimidade e tá meio insuportável de lidar. Não vai a shows para dar um corretivo no contratante e coisas parecidas. Fim dos anos 80 e começo dos 90. Ele tb tá na fase do triatlo, ou seja, uma carreirinha, dois baseados e duas doses de uisque pra ligar no show. E é assim: faz show hoje, chapa no camarim fazendo triatlo até de manhã e não aparece no show seguinte. Foi assim que cresceu a fama de não ir a shows. Descobri tb que na música "Telefone", a voz feminina é da Rosana (Como uma deusa!). Engraçado ele reclamar no discurso inicial da canção que a moça ligou ás quatro da manhã. Desde quando Tim Maia estava dormindo ás quatro da manhã? Hum...Coisas do mito, do sucesso, da história da MPB.

E se a lenda é mais interessante que a realidade, esqueçamos a realidade e fiquemos com o mito. Boa noite!