terça-feira, 7 de abril de 2009

"...eu raramente ouço nossos CDs. Sei lá porque..."

Faz tempo que não bebo nada. A última vez que bebi alguma coisa com álcool foi durante a tatoo. Hoje já é terça feira e sem álcool no sangue minha vida começa a dar pra trás, pode crer. O estomago segue incomodando. Mas a tatuagem já não babou tanto.

Dex foi embora pro trampo sem me beijar. Hum! Sem falar, sem olhar. Acho que se pudesse ela me dava um tiro. Ai, caraio! Já to com poucos problemas no entorno, né.

O Tuca se separando, o Caran (nosso técnico de som) internado se recuperando de pneumonia, meu amigo Fábio Brum fez uma cirurgia na cara por conta de uma barra de ferro. To com trabalho até a tampa. Tamo num mês meio caído de shows e isso faz a gente ficar em casa igual bicho na jaula. Tenho certeza que todas as outras Velhas estão assim, rangendo os dentes. Pelo menos quinta feira tocamos em casa, no Aurora, nosso Cavern Club. E há uma tradição no Aurora: pelo menos um de nós sempre toca trincado. A maioria das vezes é mais de um e, não raro, são todos.

Hoje é aquele dia que eu troco de carro com a Dex. Porra, semana passada eu tava tão feliz. O tempo e a felicidade raramente se entendem.

O que é que eu vou colocar no CD player dela, pra melhorar meu dia? Enquanto penso, leio o jornal cagando. O terremoto na Itália. A briga dos ingressos para as finais do paulistão domingo. Tirei o plástico da tatoo antes de entrar no chuveiro e ta melecando tudo. Caraio, eu bem que podia ter esperado. Porra, gosto desta casa pra caraio. Além de ser grande e confortável, tem uma bela churrasqueira no fundo. Morei quase dez anos em apê e tava com saudade de fazer uns churras e chamar os amigos. Não posso negar que quando brigo com a Dex me passa pela cabeça a separação. Sou um fatalista. E, não sei se como mecanismo pra não sofrer muito, tento antecipar a cagada e me preparar pra ela.

Aí me lembro da vez que saí da casa dos meus pais, quase que tocado. Eles já tinham morrido e eu tava em rota de colisão com meu irmão, que dividia a casa comigo. A casa dos meus pais. Minha casa também. Antes que saíssemos na mão, mudei pra casa da minha então namorada. De onde fui tocado de novo quando o casamento acabou, dois anos depois. Claro, tá certo, era a casa da família dela. Ela tinha o direito de me enxotar. Dali pra diante morei só, dividi com o Caio, mas tava em casa. Mesmo morando de aluguel, a cada vez que vc paga, aquela porra é sua.

Fui morar com a Dex faz uns dois anos e meio, no apê dela, apesar de ter o meu. O meu tinha as paredes todas escritas, era todo zuado, mas eu amava. Só não amava a vizinhança, cheia de velhos que reclamavam da barulheira e do som alto. Aí, em fins de 2008, vendemos os dois apês e compramos esta casa perto do pé da Serra da Cantareira. É um condomínio fechado, pois eu viajo muito e a Dex fica só. É uma cidade violenta. O ser humano é violento. Pensamentos soltos como merda dentro da privada.

Escolhi dois CDs das Velhas que não ouço faz tempo. Antes de ir pro SBT preciso tirar sangue pra fazer exame e levar naquele último médico que enfiou o dedo no meu cu. Ele ta cuidando do meu colesterol que ta um pouquinho alto, segundo ele. E eu quero viver!

Problemas pra parar o carro. Demora. Fila pro exame. Opa, já rolou. A enfermeira curtiu minha tatoo nova. Já to atrasado pra caralho, como todo dia. Simbora pro carro ouvir as "Véia Virgê". Aliás, eu raramente ouço nossos CDs. Sei lá porque, agonia da minha voz, sei lá. Peguei o "Com a cabeça no Lugar" e o "Sr. Sucesso". Coloquei o "Com a cabeça" e vou me divertindo, lembrando das canções.

Modéstia á parte, são umas puta canções legais. "Se Deus não quisesse" é mais legal ao vivo. Eu queria que fosse uma coisa mais Motorhead, Ace of Spades, mas cavalo fez uma versão mais "a’billy" que ficou melhor. "Enfia ni Mim" é uma puta sacanagem com mulheres intelectuais que, na verdade, querem é rola, como a maioria, aliás. O erro de português é proposital claro, pra mostrar aquela coisa animal da hora do sexo. Esta música era pra se chamar "Lula Blues", por causa do "ni mim", mas o Cavalo achou uma provocação política desnecessária. Ok. "DJ" é um soco na cara dos pilotos de píck up. Reparem na linha de baixo do Tuca, que coisa absurda. E o riff criado pelo Caio é monumental. "Todo mundo Loko" inclui uma frase do meu irmão médico, referindo-se á diferença entre loucos e psquiatras: os médicos têm a chave do portão, os loucos não! Eh,eh,eh! Ih, caraio. Começou "Correndo pra encontrar o meu amor", que eu fiz pra Dex. Xi, lá vou eu chorar atrás do Ray Ban. Ai de mim que sou assim, viu Rita Lee. Os caras que achavam que eu sou comedor e malandrão deve estar decepcionados com este blog, revelando o grande bunda que eu sou. Quer saber? Foda-se!

To ouvindo o cd e dirigindo pro SBT. Dex ligou pra perguntar se o almoço de páscoa pode ser lá em casa. Ok. Não to pra muito papo e isso só piora as coisas. Graças a Deus acabou "Correndo..." e começou "Vamos viver no bar", que é um pedido de casamento pra ela morar no bar comigo. Amo esta canção. É uma manifesto quarentão de embriaguez eterna. "Prostitua" seria um dueto legal, mas a Roberta destruiu a música. Ela não tem culpa. Ela só não sabe cantar. E fomos nós que a colocamos ali. Aliás, cantar bem nunca foi requisito pra entrar nas Velhas, senão nem eu entrava. No caso das cantoras, mais importante era a amizade, a convivência, a brodagem. A Juju que entrou agora há pouco é mana e canta bem. Esta é uma das razões de eu achar que o próximo será o nosso melhor disco.

Tem um puta naipe de metais nesta canção e a sacanagem, o cinismo do refrão é ótimo.

"Se vc quer ser rica, comprar carros, fazer viagens, é simples: prostitua seu corpo".
Eh,eh,eh!

"Cunhadinha" é tributo a Nelson Rodrigues. "Márcia e Amanda" é AC/DC puro, com o Brum, convidado na guitarra, solando como um animal. "Pane Seca" é de foder e também é AC/DC. Mas aqui eu conto uma história real que se passou comigo e com a Dex. Entre no site, veja a letra e confira. Caraio! "Maria Chuteira" é genial, modéstia á parte. Mesmo com os problemas vocais, a história da mulher que caça jogadores e se fode no fim é ótema. Deveríamos recuperar isso pra Juju cantar no próximo show. "Fernando Pessoa Blues" é um hino pros perdedores: "tenho raiva desta falsos heróis que não conhecem o gosto da lona, que estão em casa folheando jornais, entrincheirados dentro da poltrona". Belo verso, se me permitem. E pra terminar e me por pra chorar de novo, "Quase famosos". Eh, caraio. Ainda bem que cheguei ao SBT.

Cruzei o Ratinho no corredor. Ele é palmeirense e nem me conhece, mas sempre brinco com ele quando o encontro. Gente boa. Respondi as coisas todas, paguei umas contas atrasadas, a grana da Band entrou e mandei pra minha conta no Unibanco. Só cai amanhã. Fui fazendo as o que tinha que fazer e quando vi já tava na hora do almoço.

Dex me ligou e batemos uma boca fodida. Ela ta reclamando que eu nem quis falar com ela ontem. Caralho, porra! Foi o que eu mais fiz ontem. Não disse pra vcs, mas coloquei um bilhete na porta de casa ontem á noite pra reiterar que não sabia direito o que tinha deixado ela tão incomodada. Pedi, no bilhete, prela me dizer o que houve, preu me explicar, melhorar, sei lá, porra! Mas ela preferiu ir dormir de tromba e fodeu a noite de nóis dois, assim como está fodendo o dia, segundo meu estômago dolorido. E agora fui eu quem não quis conversar? É de foder. Marcamos de falar mais tarde. Desliguei sem dizer "eu te amo" e isso é raro. Ela tb não disse. Eu digo vinte vezes por dia. E ela diz "eu tb". Hum!

- Também o quê?

- Também te amo - diz ela.

Fui pro almoço com o Tom, soltando os cachorros, desabafando, amaldiçoando casamento, mulher, tudo. É assim. Tenho que por pra fora. A raiva, não ela.

Voltei e tem trampo. Fui ver imagens pro astros 57. Durante as coisas chatas eu cochilo. Acabou. Vou pra Band.

Agora coloquei o "Sr. Sucesso". Não vou ouvir todas as canções. Vou direto pra "Estar só", baladaça do Cavalo. Eu adoro este disco por conta destas baladas. Nunca tocamos ao vivo. Mereciam uma versão de cortar os pulsos. Por sinal, Cavalo apresentou uma nova balada-canção pro novo cd que não deve entrar, chamada "Casa Vazia", de dar inveja ao Pink Floyd. Voltando ao "Sr, Sucesso", mais especificamente "Estar Só", as palavras do meu compadre Cavalo são demais. E a guitarra do Caio faz uma cirurgia até no peito de gente morta. Que solo é este? E o coro que o Fabinho colocou? "A cada noite é pior". Cheguei. Voltemos á vida. Mandei um torpedo pra Dex assim:

- "Eu te amo. Sim!"

Nada de resposta. Sei lá que merda vai dar nosso papo mais tarde. I do love her!

Inside the channel, escrevi uma pauta sobre o lançamento da Sexy Mochileiras, que será gravada amanhã, no lançamento da revista. Ao invés de fazer perguntas sérias pras gostosas, tipo "Amaury Jr", fiz umas de dupla sentido pra ter respostas mais sacanas. Olha só:

- O que sua mãe nunca poderia saber que vc está levando na mochila?
- Se a polícia revistasse sua mochila, o que ela acharia de mais estranho?
- Que parte do seu corpo vc mostraria para arrumar uma carona?
- Se vc pegasse uma carona e tivesse que trocar o óleo do motorista, qual destes motoristas vc escolheria para trocar o óleo? a)Maguila; b)Tiririca; c)Vampeta; d) Vivi Fernandes


É este tipo de coisa que eu escrevo aqui. E é divertido, sabem! Muito bem. E agora? Daqui a pouco vamos pra casa enfrentar a treta. Faz tempo que não bebo nada.

Olha, faz tempo que eu e a Dex não tínhamos uma briga de tamanha magnitude, comparável ao terremoto da Itália. No início achei que tudo ia se acertar rápido, mas a discussão se alongou e digo uma coisa pra vocês: tem coisa difícil no mundo, mas discutir com a Dex é foda. Ela é paciente, sempre tem argumento, tem uma memória de elefante e é dura na queda. Eu já entro em desespero e quero cortar os pulsos ou fugir da raia. Caralho. No fim as coisas ficaram mais ou menos. Ainda estamos passando mercúrio cromo.

Esperemos que o amor prevaleça.