quarta-feira, 27 de maio de 2009

Introduzo um tufo de papel higiênico na bunda e corro pro aparelho.

O telefone toca pelas dez da manhã e é Rodragg, sem muitas novidades sobre a vovó. Aproveito e dou um cagão, com jornal e tudo. Hoje tem Timão contra o Vaxco. E tem Inter contra Coritiba. E o Grêmio pela libertadores, sei lá contra que time gringo. E São Paulo e Cruzeiro, no Mineirão. Provavelmente vou ver o Corinthians no Tuca.

Como era esperado, a bebedeira melhorou muito a gripe. Restou a tosse e alguma constipação. Eu sabia. Álcool sempre melhora minhas gripes.

Toca o telefone e corto a merda. Introduzo um tufo de papel higiênico na bunda e corro pro aparelho. É Dex. Ta chorando. Ela já sabe. O pai ta ao lado dela e tb já sabe. Tava rolando uma polêmica sobre avisar os viajantes ou não sobre a situação da vovó. Eu votei por contar. Acho que não temos o direito de esconder uma informação tão vital de uma neta e um filho. Eles estão tentando se articular pra voltar antes. Estão no Cairo, Egito. Eu digo que a amo e que morro de saudades. Peço que ela me mande um e-mail com fones e localização deles. Eles pretendem cancelar a parada em Roma e voltar na sexta, com chegada no sábado. Infelizmente, não sei se a vovó resiste até lá. Triste. Ela pede preu ir ao hospital vê-la. Eu vou. Bye, Love.

Volto pulando pro banheiro, com o papel no cu. Cago mais um pouco e toca o telefone de novo e o processo de empapelar o rabo se repete. É meu cunhado querendo noticias do pai e de Dex. Explico que eles já sabem e Rodragg diz que deve ter sido dona Lívia quem contou. Ok. Desligo e volto pra privada. Assim que dou mais uma jorrada de merda, toca o fone novamente. Papel no cu. Atendimento. É minha sogra. Confirma ter contado tudo. Desligo e volto pro trono. Papel sujo arrancado e arremessado na água. Telefone parou. Termino, me limpo e caio na cama de novo. Durmo, acordo, durmo, acordo, durmo, acordo até que passa da uma e meia e tenho que tomar banho e me vestir pra ir pro hospital. Ok.

Tudo resolvido. Transitinho danado. To no Santa Cecília. Encontro Carlota e Tio Wilson prontos pra subir e ver o estado da vovó. Fico embaixo aguardando. Vou até a lanchonete e como um x-bacon, um kibe e um mousse de chocolate. Trident. H2OH de maracujá com limão. Bão demais! Cabei. Voltei pra sala de espera.

Na TV ta rolando a final da Liga dos Campeões, entre Manchester e Barcelona. Adorei conhecer Barcelona, povo legal e cidade linda. Sou Barça, mano. E o Manchester tem a bichona do Cristiano Ronaldo. Vai se fuder. Começa o jogo com pressão do Manchester United. United pra negas deles. Pra mim é "Unidos de Manchester". Contra ataque e Eto'o vai lá e guarda. Um a zero pro Barça. Uhu!

Carlota cutuca meu ombro. Eles descem e me dizem que a coisa ta mesmo feia. Estado gravíssimo. Foram 20 e não 15 os minutos sem oxigênio no cérebro. Septicemia em andamento. Eles estão combatendo com antibióticos. Pescoço e abdome inchados. Ela tem 91 anos e no estado em que está não dá pra pensar em cirurgia. O negócio é rezar. Ta na mão de Deus. Boas mãos pra se estar, não acham? Abraço os dois. Só o que posso fazer é doar solidariedade.
Band. Vontade louca de cagar. Caguei. Trampo.

Atualizei as paradas todas. Deu oito da noite. Simbora pra casa do Tuca ver o Timão. Passo em casa, pego camisa da sorte autografada pelo Neto, pego um saco de carvão e é noise. Ambiente idêntico ao da semana passada. Churrasco rolando, Ian no computador, Igor zoneando pela casa, Tuca na churrasqueira. Zé Boy foi ao mercado comprar mais munição. Chega de volta com Nando, mas esquece a breja. Como alguém pode esquecer a cerveja? Dá-lhe voltar! To beliscando, falando com as crianças e com o Tuca. Epa, opa. Todo mundo a postos e jogo em andamento. O Vasco, empurrado pela torcida, tenta tomar a iniciativa do jogo. Mas não produz nada muito consistente. Bala na área pra Dentinho. Alguns acham que está impedido. Um rapaz com apito na boca chamado juiz não acha. E é ele quem importa. Pé direito na bola. Redes vascaínas devidamente estufadas. Um a zero Timão. Começa aquele papo imbecil de que na Copa do Brasil gol fora vale dois.

- Então, opá, está dois a zero e não um?

Gente. Geeeeeente. Os portugueses são eles. Um a zero é um a zero, caralho. Pra efeito de desempate, depois do segundo jogo, gol fora de casa vale mais que gol dentro, porra.

Depois do gol o Vasco desanda. Trauma da segunda divisão. Creiam, eu sei o que é isso. O time quando cai pra segundona fica de moral tão baixa, com a autoestima tão destruída, que mesmo jogando bem, basta tomar um gol que a casa cai. É por isso que quando cai, tem que passar um tempo na UTI da segunda, pra se recuperar. É o caso do Vasco. Mas tem mais. Este time do Vasco é muito fraco, mano. Falta organização tática, falta categoria. Pra segundona serve, mas pra encarar times de cima é complicado. Eles estão sem o Carlos Alberto que é um merda, mas sabe jogar. E esta habilidade, este timing de segurar a bola e pensar o jogo faz falta. Estamos sem o Ronaldo, mas estamos bem postados no campo. Fim de primeiro tempo. Começo de segundo tempo. Magoo, amigo da galera e porcolino de merda, chega com mais dois comparsas: um corinthiano e um santista. Ta foda a entrada de gente não alvi-negra. O Vasco procura, procura, nosso time perde chances e Felipe começa a se destacar. Acaba que o tal de Pimpão. Eu disse Pimpão. Vc ouviu? Um ataque que já teve Roberto Dinamite agora tem Pimpão. Num passe açucarado de calcanhar dentro da área, Pimpão vai chutar mas é nosso zagueiro que chuta, a bola bate no pé do Pimpão e vai pra rede: um a um. Elias ainda perde uma cara a cara. Felipe faz mais uma ou duas defesas difíceis. Com o empate a torcida, esta nada tem de segunda divisão, infla os ânimos vascaínos e no bumba meu boi até que ele poderiam ter virado a bagaça, sim. Mas que o time é limitado. Isso é. Acabou. Semana que vem, no Madison Square Pacaembu, precisamos de empate sem gols pra encarar a final que, ao que tudo indica, deve ser contra o Inter, que virou em três a um contra o Coritiba, lá em POA. Mas o jogo é no Paraná e dois a zero bastam pro Coritiba surpreender a máquina gaúcha. 

Pela Libertadores, o Grêmio empatou com o Caracas fora e decide em casa por uma vitória simples. E a bambizada perdeu dos bambis mineiros. Posso estar errado, mas se o São Paulo não passar pelo Cruzeiro começarão momentos turbulentos no Morumbi. Não, não. Eles são tri do mundo e lá não tem crise, né? E tudo começou com aquele gol do Cristian. Aquele dos dedos pra torcida deles. Paulistinha não dá nada, disseram eles. Ganhar Paulista, caros bambis, realmente não dá nada. Mas perder é foda.

Fui. Entro no Terra Nova pruma saideira. Desta vez não fui abduzido, entrei mesmo. Pinga de maracujá. Serra Malte. Opa, Lola se enganou e trouxe original. Eu bebo, no problem. Chega. Fui. Gripe segue incomodando. Vou dormir bonitinho. Sou bom menino. Especialmente quando estou dormindo. Bas noite.