quinta-feira, 30 de abril de 2009

Uma contração indica que me caguei

Hum...Cama quente. Soninho bom das oito e pouco da manhã. O despertador tocou e eu desliguei. Tá delícia, tá gostoso. Travesseiro na cara pra evitar os raios solares que sorrateiramente penetram no meu quarto de homem casado. Dex já foi e tenho a cama de casal inteira pra mim. 


Hum, tem um peidinho engatilhado. Não posso correr risco, pois a diarréia continua. Amoito o peido e dou prioridade pra preguiça matinal debaixo das cobertas que tá rolando. Mais um cochilinho. Epa, soltei a porra do peido. Passei a mão na bunda. Caralho, borrei o pijama. Pulo da cama lépido como um atleta de salto em altura. A coisa tá bem molhada lá atrás. Checo pra ver se vazou no lençol. Aparentemente, não. Corro pro banheiro. Tiro o pijama e a nódoa fétida tá lá, do tamanho de um polegar. Arranco as calças, dou uma lavada na pia pra disfarçar. Sento-me no trono e o ruído é de liquido. Estou evacuando em spray. 

Esta merda desta caganeira começou no Terra Nova terça á noite, ganhou força na quarta com a feijuca e com o miojão da Dex e agora tá de vento em popa. Puta que pariu. Dei uma limpadinha básica e desci pra pegar o jornal. Voltei com a coisa quase escorrendo pelas pernas. Que situação! Tô lendo e mijando pelo ânus. 

A porcada é destaque no caderno de esportes. O Raul vai me torrar o saco! Não o Seixas, o que trabalha comigo no SBT. Tem um suplemento com a programação da Virada Cultural. Tamos em destaque no palco rock. No Palco do Raul (Seixas) tb estamos citados. Tá bom pruma banda genuinamente independente, formada por tarados, bebuns, drogados, boemios e putanheiros. 

Vou pro chuveiro. Caraio, tá uma maçaroca aqui atrás. Quando os pelos do cu se unem em torno de substancias fecais foramando bolotas a gente dá o nome de badalhoca. Lavo, lavo e a coisa vai descendo pelo ralo, com pedaços vegetais que a gente não digere. Tá com nojinho? Tá com nojinho, zéro um? Nunca será! Eh,eh,eh!

Saio do chuveiro e a colica vem novamente. Mais mijo fecal. Me limpo e é só água mesmo. Bem, uma caganeira sempre ajuda a gente a emagrecer. Tá em casa.

Dona Rosa tá lá embaixo limpando. Dex deu um "migué" e não deixou a grana da faxineira. Curiosamente, consulto minha pochete e, pra minha surpresa, encontro uma nota de cinquenta. Mais uma de dez. Só faltam mais dez preu não ter que ir até o caixa eletrônico e voltar aqui pra pagar. Mais uma nota de cinco. Duas de dois. Caralho, só falta um real. Moedas. Pronto. Fiquei liso, leso e louco. Tô duro. Sem vintém. Sem o vil metal. No tengo la plata. Liguei pra ela. Ela disse que tem grana dela em algum lugar. Deixa pra lá.

Tô na pista. E ninguém vai me segurar. Liguei pra Dex outra vez pra lembrar da reunião do condominio hoje á noite. Ela reclama que eu já falei isso, que eu vivo repetindo as coisas. Fico puto com a grossura matutina crônica dela e desligo. Tá rolando Body Count no I-Pod.

Im a cop killer, better you than me.
Cop killer, fuck police brutality!
Cop killer, I know your familys grieving,
(fuck em!)
Cop killer, but tonight we get even, ha, ha.

Puta sonzeira. Tô bem pra ouvir isso. Dex me deixou bem puto. Não há nada que você faça por uma mulher que baste. Nada que a satisfaça de verdade. Segunda feira levantei seis e meia da manhã pra levá-la até o metrô. Terça fui de táxi buscar seu carro na oficina e ainda paguei a bagaça. Ela diz que vai me devolver, mas eu não quero. Eu não quero dinheiro, Tim, eu só quero amar. E ser amado. Porra. Dá pra ser um pouquinho mais educada de manhã? É foda.

E neste papo furado tô entrando no SBT. Começou a tocar "Goodbye Blue Sky" do Pink Floyd. Se um dia vcs tiverem a oportunidade de vir ao CDT da Anhanguera, sede do SBT, ao subir vão ver muita grama bem aparada, jardins bem cuidados, árvores geometricamente podadas, pássaros...Isso somado á esta trilha sonora cria uma imagem paradisiaca. Os regadores automáticos estão espalhando água em movimentos semi circulares repetitivos. Após a primeira subida, curva á direita. À esquerda suge uma quadra de tênis. Ao lado dela um campo de futebol, quadras, churrasqueiras. Curva á esquerda e do mesmo lado está o parque aquático, onde o Silvio grava as provas do seu programa. Há muitas árvores, piscinas e cenários, neste momento, sem ninguém. Mais uma subida e chegamos ao pátio principal, em frente aos estúdios. Sempre cumprimento os seguranças com um "bom dia". Em frente até o fim e á esquerda, carros do SBT estacionados á esquerda tb. O estacionamento destinado aos funcionários que têm a regalia de parar aqui fica mais pra frente, do lado esquerdo. Pink Floyd comendo solto. Últimos acordes. Bora pro trampo. 

Tô com vontade de cagar. Tomo meu café de máquina. Entro na sala do Raul e ele delira. Tem uma bandeira e uma camisa do porco estendidas. Ele urra. Diz que adora ter um "gambá" como eu por perto. Quando o time dele ganha, claro. Eu o cumprimento. Digo que foi uma vitória suada e que ele sentiu o que é ser corinthiano. Ele não gosta muito do comentário, mas segue urrando, gritando nome de seu time. Pronto. Vou pra minha sala.

É meu último dia no SBT antes das férias. São férias mandrake, pois ainda tenho trampo na Band e shows. É só um jeito de dormir até mais tarde e descansar um pouco. O SBT dá férias pros terceirizados assim: a gente não vem um mês e eles pagam do mesmo jeito. Não tem adiantamento, não tem vantagem nenhuma de funcionário contratado. Mas tá valendo.
Marcão tá surtando de alegria, pois Silvio Santos viaja semana que vem e ele tb vai ter férias. Parla, Marcão:

- Férias é pra fumar maconha, tomar cachaça e sair com prostitutas. 

Exceto pela maconha e quem sabe a cachaça, duvido que ele cumpra o prometido. Ele é um homem casado. Como eu. Mas que é divertido, é. Porra, já fui cagar em spray mais uma vez. O Donizeti do Diário de São Paulo me liga e me entrevista para completar a matéria que começou com as fotos com o Nasi ontem. Ele tb é corinthiano. O Donizetti, não o Nasi. Diz que a taça do paulistão tá exposta na sede do jornal. O papo é rápido mas legal. Volto preste meu dia de fingimento. Almoço. Salada, bife á milanesa, contra-filé. Tudo vira mijo anal minutos após a ingestão. Se ficar assim mais uns dias perco uns dois quilos. Oba. Tá dando minha hora. Ainda tem Band. Depois tem ensaio geral do Raul no Roy. Dex que ligou. Fui frio. Até onde pude. Ela diz que me ama ao desligar. Eu não respondo. Ela me cobra. Eu digo que tb. Eu amo esta cretina, merda! Bora pra Band. SBT só dia 3 de junho. E férias, bem, o Marcão já disse.

Ah, em primeira mão, a versão que fiz pra "Minnie The Moocher" (Cab Calloway) e que pretendo entregar pro Nasi na Virada Cultural.

O Rei da Putaria
(Paulo de Carvalho)

Eu vou contar agora a estória de um travado
Que bebia noite e dia, cachaceiro descarado
Trabalho não era com ele, seu negócio era boemia
Conhecido no Bixiga como o Rei da Putaria

Madrugada sonolenta e pinga com limão
Pediu a saideira pendurado no balcão
Uma dona entrou no bar, virou cachaça, vinho e gim
Ele pensou apaixonado: quero tudo isso pra mim

Ela era uma gostosa, uma bêbada vadia
O prato preferido do Rei da Putaria
Os dois beberam quase tudo que tinha no bar
E se beijaram antes de parar pra vomitar

Estavam largados na sarjeta enquanto o sol nascia
Quando ela perguntou porque é que ele bebia
O vagabundo respondeu que nem bebia tanto
"eu só tomo o primeiro gole e o resto é pro santo".

Esta é a história do Rei da Putaria

Imprimi a letra e esqueci na impressora. Cheguei no carro e tive que voltar pra pegar. Quando a cabeça não pensa, o corpo paga. To indo pra Band. To indo. Indo. Indo. Cheguei.

Ao passar pela portaria senti uma pontada. Porra, será que vou cagar de novo? Não, não, acho que não! Observando bem a parte interna da Band consegui descobrir porque me sinto em casa aqui. Ela se parece muito com a primeira sede do SBT onde eu trabalhei na Vila Guilherme, Rua Santa Veloso. Lembro direitinho dos estúdios, do café, da agência bancária, das enchentes, do barbeiro, dos banheiros. Era um grande galpão e tinha apenas 4 estúdios (acho), sendo que um era bem pequeno, apenas usado pelo jornalismo. Os cenários e equipamentos técnicos acumulados nos corredores, como aqui. 

A Band me lembra muito esta época romântica do SBT. To descendo as escadas, pois o Sex Prive fica bem lá embaixo, ao lado da garagem e do estúdio 4. Hum, as pontadas estão maiores. O cubículo onde funcionam máster e produção é vedado, sem janelas, com uma pesada porta de ferro que vive trancada. Nosso conteúdo é censurável. Bati na porta como quem acessa a porta de um local onde são feitas reuniões secretas. Só falta abrir uma portinha e mostrar só os olhos do porteiro interno e o cara pedir a senha. A porta se abriu. E dei meia volta.

- Porra, tenho que cagar – disse e sai em passo apressado.

Aqui mesmo neste páteo da garagem tem um banheiro que faz parte do vestiário masculino. Como uma porrada de gente passa por aqui, geralmente não ta muito limpo. E ainda tem aquele budum de macho tomando banho. Geralmente prefiro ir num que fica no andar de cima, o das produções, ao lado do Bradesco. Mas acoisa ta feia e não sei se chego lá em cima. Entro no vestiário e as duas portas estão fechadas. Uma tá só encostada e quase fico feliz. O problema é que a privada ta cheia de merda. Dou descarga e a bacia enche, quase derramando. Ta entupida. A porta do lado está trancada. Saio em passo ainda mais apressado. Preciso chegar ao banheiro do lado do Bradesco. Será que eu resisto. Tem atalho pelo fundo do páteo. Dois lances de escada, a porta do banco, duas portas de camarim. A merda liquida querendo sair. 

Entro no banheiro e quando ponho a mão na maçaneta do box uma contração indica que me caguei. Entro no reservado e começo a checar a situação. Primeiro jogo a pochete que eu já havia tirado no caminho no chão. Abaixo a calça rápido pra evitar o contato da água intestinal com minha roupa. Sento na tábua sem sequer ter tempo de averiguar se está mijada. Minha bunda não detectou nada úmido. Enquanto o cocô líquido sai pela porta de trás em velocidade difícil de estimar, passo os olhos pela cueca e detecto uma freada molhada, pastosa, de cerca de três centímetros. A calça não foi atingida. 

Bem, agora é acabar de me aliviar e pensar num modo de limpar esta, literalmente, merda. O plano é pegar dois tufos volumosos de papel higiênico e embebedar um em água e outro em sabonete líquido de lavar mãos. Aí é só passar o sabonete pra limpar a cueca e tirar o cheiro e a água para tirar o excesso de sabão. Perfeito, né? O problema é que o banheiro ta movimentado. No box ao lado acabou de sentar um cidadão que está lendo o jornal, gemendo e peidando. Dá pra ouvir o barulho da merda caindo na água. Puta que pariu. To fudido. 

Não vai dar pra sair do reservado com as calças arreadas. Alguém pode entrar. Bem, como já terminei meu "serviço", estou me limpando. Haja papel pra limpar esta porra. Pronto. Ao lado, o filho da puta parou de ler e parece estar se limpando tb. Coloco um tufo de papel no cu, como um absorvente. Separo os outros dois tufos grandes. Enquanto levanto a calça e colo o cinto, o vizinho sai, se lava e se manda. O banheiro, aparentemente, ta vazio. Hora de agir. 

O tema de missão impossível começa a tocar dentro da minha cabeça. Porta do box aberta, um jato d'água num tufo. Dois, três apertões no sabonete líquido. Volto pro Box. Abaixo as calças. Me melo de sabonete. To sem calças e sentado no trono novamente. Esfrego o papel com sabonete na cueca. Agora espremo o papel com água. A coisa pinga e tenho que esticar as pernas pra não molhar a calça. Mais papel seco para tirar a umidade. Pronto. Dou uma cheirada na cueca. Ta com cheiro de sabonete. Meio molhada, mas limpa. Papéis arremessados no cesto. Descarga. To novinho. Antes de sair, coloco novamente um tufo de papel higiênico seco e limpo no cu, como um absorvente. Se peidar de novo, pelo menos não sujo a cueca. Missão encerrada. Esta privada se autodestruirá em cinco segundos. Quatro. Três. Dois. Um.

De volta ao Sex Privê, com Ju Pantera, uma morena estonteante, gemendo e dando feito louca. Aqui a gente trabalha com tesão. São sete da noite. Às oito me mando pro ensaio. Dex me ligou e foi tomar uma breja com a prima Carlota. Escreci uma pauta sobre o concurso de Cheerleaders realizado durante o Campeonato pPaulista de Futebol, que terá premiação amanhã no Memorial da América latina. Fernando e Marcelinho vão gravar. Os dois estão eufóricos por causa das meninas. Vagabundos!

Dei mais uma olhada nos orkuts, Twiter, esta merda toda e deu meu horário. No caminho pro Roy uma jornalista que já me entrevistou em Campo Grande e agora ta trampando na Rádio Cultura me liga e faz uma nova entrevista, agora por telefone, sobre a Virada Cultural. Nesta de conversar com a moça, me distrai e perdi a entrada da Avenida Brasil. Parei o carro. Terminei o papo e tasca procurar um caminho pra voltar. Opa, cheguei ao Monumento do Empurra-empurra no Ibirapuera. Agora é teta.

To no Roy. Parece que um problema elétrico limou toda a energia da sala onde a gente toca e vamos ensaiar meio que na penumbra. Até que é legal, pois no escuro eu não consigo ver as letras e tenho que cantar sem colar. Passamos todas as canções e estão praticamente perfeitas. Não precisei ler nada. Errei uma ou outra palavra. 

Em "O conto do sábio chinês" deu uma jazzinho, mas passamos de novo e tudo ficou perfeito. Porra, se pudéssemos fazer este show outras vezes ia ficar bem legal. Ok. Ensaio encerrado, é nóis no Terra Nova. Simon foi pra casa cuidar das crias. Tamos eu, Cavalo, Tuca e Ju. Sopa de ervilha pra eles, provoalho pra mim e pro Tuca. Sigo com o papel higiênico no cu, prevenindo mais alguma freada molhada. Tomamos algumas, mais um pinga. E eu não to muito legal. Tuca ta de moto, então deixo Cavalo na casa dele. Cavalo vai desfrutar da hospitalidade do Tuca esta noite. Tuca quer que eu entre pra beber a saideira. Eu não to legal e quero ir pra casa.
Instalo Ju num dos quartos, me troco e caio na cama. 

Eu não to legal.