segunda-feira, 15 de junho de 2009

Alô, alô povo do Egito: enfiem as piramides no cu.

Caraio. Que dores no corpo são estas? Dex já foi trabalhar. E eu tô tentando me levantar. As dores de barriga aumentaram. A dor de cabeça permanece. Parece que fui atropelado. Segunda feira de merda. Desço pra pegar o jornal e Dex fez o favor de joga-lo pra dentro, preu não ter que abrir a poarta neste frio polar. Grazie, dear!

Privada. Hum. Os caras estão desistindo de procurar os corpos do avião. Opa, uma matéria legal sobre os trinta anos do walkman, aquele aparelho toca fitas que permitiu à gente caminhar ouvindo música e colocou trilha sonora na vida. A partir de então, todas as mídias foram desenvolvidas pra locomoção, cd, I-pod e tal. E cada vez menores, pra não estorvar. Mas o que pouca gente sabe é que antes do nascimento oficial do walkman, que data de 21 de julho de 1979 no Japão, um alemão radicado no Brasil patenteou uma coisa chamada "stereobelt", um cinto que levava pendurado um toca fitas. Quando? 1972. Dizem que este cara, o Andreas Pavel, entrou na justiça processando a Sony e até ganhou em alguns países. Com a chegada do I-Pod especulou-se que ele entraria de novo nos tribunais, mas Pavel se declarou exausto destas batalhas legais. Cool.

Banho. Roupa. Opa. Tô no rodozio. Pego o baixolão do Tuca e fico fazendo um sonzinho pra passar o tempo. Deu.

Transito bom. Marginal. Toca meu celular e é a Dex.

- Paulão, fui demitida.

Caralho, mandaram a Dex embora. Ela não me dá muitos detalhes, mas voltar de férias é sempre um risco. Porra. Ela tá toda tristinha. Dex é Analista de Sistemas formada pela Puc/SP. Tava prestando serviços pra Petrobrás. É bem verdade que ela tava bem descontente com o trampo e especialmente com as pessoas. Eu vivia falando: manda curriculo, procura outra coisa. Vc tem que ser feliz. Bem, vai ver é um jeito dela sair desta e achar uma coisa que lhe faça melhor. Alguns bençãos chegam estilhaçando vidraças, diz Paulo Coelho. Ela sabe que pode contar comigo. Mas eu sei que ela não é mulher de ficar em casa dependendo de homem. Eu a admiro, além de amar!

SBT. Brasil jogando, Luiz Giló, meu bom amigo e diretor de externas do Troca de Casais da Record tá na área. Tá negociando sua vinda pra produção do Ratinho. Uns negociam entrada e outras acertam a saída. Assim é a vida dos empregados. Já, já a Dex arruma alguma coisa.
Luizinho é um caso raro. Começou no SBT como office boy. Olha onde o cara chegou. E manja do assunto. Só é bambi, mas isso a gente perdoa. Ele tá vendo o jogo comigo. Comigo? A sala toda tá vendo o jogo. Tá dois a um pra nóis. Juan. Três a um. Legal seria meter uma goleada igual á da Espanha, ontem (cinco a zero contra a Nova Zelandia). Mas se bem conheço nosso time, vai dar uma merdinha e vamos ganhar de pouco. Acabou o primeiro. Começou o segundo. Tempo.

Tamos desatentos. Parece o Corinthians quando acha que já ganhou. Os Egipcios não são bobos. Três a dois. Outro ataque em seguida. Caralho. Os caras fazem três a três. Fudeu. O Brasil tá com a camisa do Timão por baixo. Puta que pariu. Nada dá certo. E os caras seguem contra atacando. Ai minha Nossa Senhora. É nestas horas que a gente é mais braisileiro que torcedor do nosso time. Quando o bicho pega. Tá no fim. A torcida grita pelo Egito. Vai nessa que os africanos vão torcer pro Brasil contra um time mais fraco. Escanteio. Bola na área. Lucio mete a porrada e um cara salva em cima da linha. Os brasileiros reclamam que ele tirou com a mão. E não é o goleiro. Penalty. O juiz não viu, mas o quarto árbitro avisa que foi mesmo com a mão. Os Egipcios, torcedores e jogadores, reclamam e choram. Pedem a Alá. Alá não joga. Nem Buda. Nem Jesus Cristo. Kaká joga e mete na rede. O cara que meteu a mão na bola foi expulso e o Brasil venceu na chamada "bacia das almas" por quatro a três, com toda garra e sofrimento corinthianos. E André Santos entrou na esquerda, heim! É assim. A gente sofre mas não desiste nunca.

Ufa. Alô, alô tutankamon. Alô, alô Nefertiti. Alô, alô povo do Egito: enfiem as piramides no cu. Se entalar joga o Rio Nilo pra lubrificar. E aí, como tá sobrando espaço, enfia a Esfinge tb. Vão tomar nos seus cus, seus filhos da puta da minha rola. Tem que comer muito kebab pra ganhar dos penta campeões do mundo. Eu sou Brasil de coração, eu sou do time que vai ser o campeão, olê, olê.

Trampo. Nada. Almoço. Tô mal. Nem fome to sentindo. Tô enjoado e com cólicas. Insisto em comer mas antes de me servir no quilo sbtño preciso ir ao WC. Dores de barriga e bosta líquida. Ai.

Simbora tentar comer algo. Sopinha de macarrão. Um pedaço de bife com arroz e... Alcaparras. Desce mal.

Back to my desk. Porra. Não to legal mesmo. Desço pro ambulatório. Dr. Edwirges me examina. Pressão ótima, 12 x 8. Não to com febre. Não pode ser gripe suína, segundo ele. Me receita um remédio pra enjôo. E uma injeção. Ok, injeções costumam agir rápido. A enfermeira é antiga de trampo e eu já tomei muitas injeções com ela. Gentilíssima. Beleza. Já to me sentindo melhor e a dor de cabeça cedeu.

Pool de redação. Os caras mudaram mesmo o roteiro de 63 do Astros. Lá vou eu pra ilha acertar as mudanças. Hum. Ok. Tudo mudado. Preciso ir pra Band, mas gostaria mesmo é de ir pra casa. Tô melhor, mas ainda dolorido.

Band. Tenho muito o que fazer. Pauta do Saco de Ratos amanhã. Vou dar uma de repórter e entrevistar Bortolotto e sua trupê. Textos da Núbia. Marcar encontro com o Miranda sobre novo cd das VV. Ele tá enrolado. Só pode das sete ás nove da noite e eu não consigo sair daqui antes das oito, amanhã. Tudo fica meio engatilhado pum almoço amanhã, perto da casa dele, uma e meia. Ligarei ás onze pra confirmar. Cavalo vai subir de Santos pra participar da reunião gastrofonografica.

Terminei meu trampo. São oito e meia da noite. Crio coragem e arrumo forças não sei de onde para ainda atacar a sinopse da história do disco, um cd conceitual que se passa no fantástico mundo de "Dentro da garrafa". Hum. Ficou bom. Ficou mesmo. Coerente. Movimentado. Incluí catorze das dezesseis canções. Ficaram fora a música do Pedrão e a do Corinthians. Pra do timão eu tenho mesmo outros planos internéticos.

Going home. Dex me liga e diz que Paulinha e Rita tão lá, consolando-a. Tem janta diferente. São nove e trinta e pouco da noite. To mortão. Ainda páro no posto pra encher o tanque. Ligo pro Cavalo enquanto o tanque bebe e digo que, conforme a gente desenvolver este novo cd, podemos dividir o show em dois "atos". Um contando a história do Genio da Garrafa, com uns 50 minutos de duração. E um segundo ato com clássicos das VV, pra atender os fãs. Cavalo põe em dúvida se o povo vai ter paciencia pra ouvir cinquenta minutos de músicas novas. Eu acho que não custa tentar. Seria uma ruptura que temos planejado desde Sr. Sucesso, fazendo uma apresentação conceitual do novo cd, com começo, meio e fim. Cavalo segue desacreditando, mas peço prele apenas pensar no caso. Tenho que ir "enredando" meu compadre com inteligencia e paciencia. Pra chegar onde a gente quer, muitas vezes, o caminho reto não é o mais adequado.

Home. Tem maminha (ou fraldinha) de forno feita pela Paula e pela Rita. Tem risoto feito pela Dex. E salada de tomate. Delicia. A carne, claro, mas o risoto da Dex tb. Uhu! Será esta a nova fase pós demissão: jantar gostoso toda noite?

O tema que permeia os comentários durante o jantar é a demissão dela. Dex é muito severa consigo mesma e acha que deve ter pisado na bola. Eu aposto minhas bolas que armaram pra ela e foi puxada de tapete. E cedo ou tarde a verdade vai surgir. E foda-se a Petrobrás, do presidente ao funcionário mais sujo de graxa da plataforma mais erma da casa do caralho. Minha mulher é que é do caralho. Eles perderam a mais digna, ética, dedicada, perspicaz e competente funcionária que já tiveram. Alguém que não tem medo de dizer o que pensa, de defender posições, sempre em prol do trampo e não em benefíco próprio.

As moças se foram. Sigo batendo papo com minha esposa. Sei que entre hoje e amanhã vai bater aquela depressão de quem se sente descartado. Já fui chutado da Tv Cultura dois dias antes do meu aniversário. Em 1987. Era meu primeiro emprego. Minha mãe tava viva e chorei as mágoas no seu colo. De lá pra cá, emprego é táxi. Faço o meu enquanto ele me levar onde eu quero. Empresa nunca tem coração e quando tenho dúvidas, sempre faço o que é melhor pra mim.

E vamos dormir, amore. Que temos nossa casa, nosso casamento, nossos planos de maternidade e nosso amor. E dinheiro nenhum paga isso.