domingo, 7 de junho de 2009

- Olha aí, eu vou bater com o pinto na sua cabeça e mijar no seu suvaco

Acordo pelas oito e vou pro café. Saída ás nove. Café, leite, pão, manteiga. Ta bom. To sozinho no local. Cama de novo. Arrumo a mala. Pronto pra zarpar. O cara do quarto vizinho vê que estou com a porta do meu quarto aberta vendo a largada do Grande Prêmio da Turquia e pergunta se a Globo ta pegando bem. Ele quer ver a corrida. Chamo ele pra ver neste quarto que eu já estou desocupando. Ele a filhinha sentam-se na cama.

Rubinho larga em terceiro e diz que vai pra cima do segundo e do primeiro, pois este lado da pista é mais limpo. O segundo é o líder e parceiro de equipe Jenson Button. E o primeiro é um alemão ousado chamado Sebastião Vettel. Massa ta em sétimo, chorando pela Ferrari não ser mais a melhor equipe do mundo. E o pobre do Nelsinho Piquet em décimo sétimo. Hum. Este aí vai dançar logo, logo.

Largada. Rubinho cai pra décimo segundo. Puta que pariu. É um merda mesmo. Deixo o vizinho vendo a corrida e me mando. Ele ia ver na rodoviária, que é na frente. Vê aqui, mano.

A filhinha dele pergunta o que eu faço na banda. Digo que canto. Ela não crê. O pai estranha. Eu digo que é natural que ela olhe presse velhote e pense: “O que Papai Noel faz numa banda de rock?” Eh,eh,eh. Ela é linda. Quero muito ser pai. Quero ter uma filha.

Busão. To meio sem voz. Seguimos alugando Juju. Simbora de Londrina. To lendo o Guia dos Curiosos - Sexo. Mil estatísticas curiosas. Depois eu conto proceis. Descubro uma trapalhada de Roy na noite anterior. Ele quase arrumou briga com os seguranças. Ocorre que, ao final do show, a segurança começou a evacuar o local. E Roy, de camiseta, boné e bermuda foi confundido com o público. O segurança mandou ele sair, mas ele disse que não sairia e que encararia os quarenta seguranças sozinho. A maioria dos rapazes responsáveis pela ordem no local deu risada, mas um deles queria briga. O pessoal gritava:

- Calma Zezinho, não vai brigar com o menino.

Mas Zezinho tava indignado com as palavras de Roy:

- Olha aí, eu vou bater com o pinto na sua cabeça e mijar no seu suvaco.

Me diga aí se o cara tatuou ou não “encrenca” no meio da testa. Mr Roy Carlini, tome tenência!

Cochilos. Apagões. Cavalo ta meu amigo de novo depois da trapalhada alcoólica da noite passada. Duas a três horas até Marilia. Se não me engano, é nosso primeiro show aqui. Banas diz que é um bar pequeno, duzentos e cinqüenta pessoas. Show cedo, nove, nove e meia da noite. Almoço á chegada no próprio hotel. Mesma onda do hotel anterior. Devemos estar perto da rodoviária. Feijoada. Lasanha. Carne. Lingüiça, bisteca de porco. Frango xadrez. Coca zero. Tudo pra baixo.

Tem internet neste casco de côco? Tem. To aqui escrevendo e conversando com o motorista da Mancha Verde. Gilmar. Ele já havia me dito o nome na noite passada mas é claro que eu não lembrava. Ele diz que tem um monte de amigos e vizinhos da Gaviões. Que jogava bilhar lá na quadra da torcida corinthiana. Que foi até da diretoria da Mancha. Ele lê AC/DC no meu braço e puxa assunto sobre os irmãos Young. Eu tô catando milho numa velocidade gigantesca, escrevendo pra vcs. Ele coloca um som do AC/DC pra rolar no computador ao lado.

Os caras da técnica estão saindo pra ajeitar o som. E eu já escrevi demais. Vou pro quarto descansar. Daqui a pouco tem mais. E eu já to com sede.

Passo a tarde deitado, vendo TV. Bambizada enfrenta o Avaí em Santa Catarina. Porcada contra o Vitória no chiqueirão. Dex me liga. Ela ta num Hotel/Termas com os pais em Olímpia. Acho. Só volta quinta. Óia eu largado no mundo esta semana de novo. O São Paulo não consegue marcar. A porcada ta perdendo na casa de ninguém que é o Parque Brahma. E eu to cochilando.

Opa, dormi. Acordei. Parece que os porcos empataram. Finzinho de jogo. Os Bambis ficaram no zero a zero. Último minuto do jogo dos suínos. Escanteio. Caraio: gol dos verdes. Dois a um. E terminou.Ganharam na cagada. Parece o Timão em outros tempos. Teve um lance em que a bola entrou no gol do Marcão, mas o juiz não deu. Marcão ta dando uma entrevista ao vivo pro chato do Milton Neves. O Marcão é um puta cara. Eu sou fã dele, apesar do time em que ele joga. Milton pergunta se ele, como São Marcos, não teria obrigação de dizer pro juiz que a bola entrou. Marcão diz que não é santo e que se para ser tivesse que dedurar alguma coisa pro juiz era melhor continuar sem santidade.

Banas bate na porta. Jantar. Não vou. Ele avisa que a partir das oito da noite meu quarto vai virar nosso camarim. O bar não tem espaço pra nos receber. É daqui direto pro palco.

Mais um cochilinho. Caraio, óia os caras aqui com cerveja, vodka, gelo, copos e suco de laranja. Peço que me dêem cinco minutos preu me trocar. Coloco um figurino improvisado que inclui o casaco do pirata, uma touca com caveira, botas e bermda preta. A camiseta é aquela que diz que o ministério da saúde avisa que “beber e fumar fazem mal á saúde, foda-se o ministério”. Por baixo da bermuda coloquei minha samba canção. Pode ser que eu tire a bermuda em algum momento. Ta todo mundo aqui no meu quarto. Ligo minhas caixinhas no I-Pod e começa a tocar Dire Straits. Cervejinha. Hi-Fi. Os caras começam a detonar meu frigobar. Amendoim já era. Batatinha. Já era. Acaba o suco de laranja. Abro uma latinha de suco de manga. Eu odeio manga. Vodka. Hum. Desce. Já to bem lelé. Simbora pro palco. Busão. Disseram que o bar era do lado e dava pra ir á pé. Mas o busão roda. Roda. Roda. E nada de chegarmos no bar.


Opa, chegamos. Opa, tamos indo pro palco. O bar é simpático, Berlim. Mas é bem pequeno mesmo. O palco fica em cima, ao lado do balcão. A galera ta toda na minha frente e estamos separados por um fosso. Lá embaixo tb tem gente. É como se fosse um teatro de arena com o povo lá embaixo onde seria o palco e na nosa frente. A gente ta em cima, tocando. Como vcs já devem ter sacado, não vai ter troca de roupas. Não tem como e nem local. É nosso primeiro show em Marília. E a galera ta animada. Como sempre acontece, tem gente de várias cidades próximas. E o show vai bem. Tem uma grade na minha frente e eu estou quase trepando com ela. Mesmo sem mudanças de figurino, o rock pega e a galera vem junto. To mamadão. Não me lembro de detalhes. Mas a coisa vai bem. Raul no bis. Basicamente o mesmo set de ontem, mas sem Blues do Velcro. Fim de show. Abraços, fotos, autógrafos. Legal.

Ta cedo ainda. Claro que tomei meus banhos de cerveja e vou ter que ir pro chuveiro do hotel. Mas vale á pena. Hotel. Banho. Arrumando mala. Mais bebedeira no meu quarto. Busão. To breaco. Ta todo mundo breaco. O banco do ônibus. As luzes lá fora. Bye, bye.