sábado, 27 de junho de 2009

Por que não mandamos uma música do novo cd? Porque eu não lembro a letra, buceta.

NOTA DO PAULÃO
Todos os dias, quando escrevo aqui pra vcs, ajo como se não soubesse do que rolou o dia todo. Vou relatando o andar do dia e, eventualmente, me surpreendendo com situações e pessoas. Mas a verdade é que, como escrevo sempre com 24 horas de delay, é claro que sei exatamente o que se passou e muitas vezes até altero a ordem cronológica dos fatos pra ficar mais legal. Aliás, sobre este assunto, até queria dizer mais uma coisa: como escrevo sempre sobre o dia anterior, supondo que eu escreva até morrer, um dia vai ficar sem ser escrito, certo? Se eu morrer amanhã, domingo, por exemplo, não vou escrever sobre o dia da minha morte. Isso se eu morrer depois de publicar o blog de sábado, senão vão ficar dois dias em branco. Que neura, né?É claro que se eu desaparecer por alguns dias pode apenas ser um porre prolongado, ou uma ressaca insuportável. Ou apenas uma viagem pra algum lugar sem Internet.
Mas o que eu queria mesmo dizer pra vcs é que este sábado foi um puta dia corrido, legal pra caralho, que terminou num puta astral, cheio de bebida, dança e... Bem, vcs vão ter que ler tudo pra saber. Noise!

"Como os Beatles destruíram o rock'n'roll!"

Não, não sou eu quem ta afirmando isso. É o Elijah Wald, um escritor que ta lançando um livro que afirma, como diz o título, que quando os Beatles se retiraram dos shows ao vivo (67, 68) e se enfiaram em estúdio eles mataram os concertos de rock, acabando com a música física onde havia dança e interação com a platéia, trocando isso pela distancia e frieza dos discos. Ele diz, numa entrevista pro Caderno 2, que até os Beatles aparecerem, a parte mais impotante da música era o show ao vivo e que quando eles se internaram e viraram músicos de estúdio isto modificou o peso das coisas, dando mais importância pra música gravada. Se aplicarmos estes conceitos pra estes tempos de desenfreada pirataria contemporanea, o show ao vivo tornou-se a única coisa que não se pode piratear e voltou a ter importancia. Vc pode piratear o cd ou o dvd do show, mas o show em si, não. Logo, estamos de volta aos primeiros tempos do rock'n'roll onde o palco é que fazia diferença e as gravações eram apenas materiais de divulgação. E com a Internet e todos os sites, orkuts e twiters da vida, nem fixação física é necessária. Discos, fitas, nada disso. Basta jogar a música na web que as pessoas baixam e ouvem.

Achei que ia dormir até mais tarde neste sábado, mas estamos cheios de horários e tarefas. Por isso sai da cama pelas nove e meia e to aqui lendo o jornal e cagando. Timão encara o Furacão na baixada, em Curitiba, com time reserva. Xiii! Bem, é isso mesmo. Precisamos nos poupar pro jogo decisivo de quarta. Que mais? Amanhã tem final da Copa das Confederações contra oas americanos. E após atualizações internéticas, já passam de onze da manhã. Acordo Dex e ela vai pro chuveiro. Termino de postar o blog e atendo um telefonema do Roy.

- Tem certeza que preciso ir pra Jundiaí hoje? É que marquei um compromisso com minha namorada e...

Explico pro herdeiro do clã dos Carlini que vamos regravar a música do Corinthians e ele é o responsável pelos solos, ainda que seja porco. A idéia era ter o pai dele, seo Luis Carlini, corinthiano de carteirinha, tocando nesta canção. Mas a coisa ta tão corrida que vamos ter que resolver nós mesmos. Não que o Roy não possa fazer o trampo. O cara é do caralho e vai esmerilhar. O que eu queria é o astral de todos sendo corinthianos. Mas não vai dar. Teremos um porquinho no meio.

Dex saiu do banho. Lá fui eu.

Porra, faltam dez pra meio dia que é o horário que marquei com Simon e Roy pra irmos pra Jundiaí. E odeio me atrasar. Já coloquei meu baixo e o baixolão do Tuca no carro, assim como minha mala com a fantasia de padre pra alguém usar na festa junina e me casar com a Dex.Tô levando tb meu chapéu de vaquinha. Vão dizer que é de gay e eu to pouco me fodendo. Guardei tb a mala da Dex com seu vestido de noiva caipira. Falta o quê? Ora, falta ela, que ta passando creme na cara, penteando os cabelos, escovando os dentes. Os horários estão todos corridos e o Mickey Rourke ta fazendo tudo na faixa. É sacanagem deixa-lo esperando. Dex sai do banheiro reclamando que eu to pilhando ela. Consegui retira-la de casa. Sua bunda está no banco do passageiro e agora estamos a caminho da Gabaju. Chegamos.

Simon ta com a Fefê. Lu, sua mulher, foi com Roy e Marina, sua filha, até a padoca da esquina. Tão de volta. Coloco a guita do Roy no porta malas tb. Meu baixo e o baixolão vão no banco de trás com Roy. Ele tem que se ajeitar entre eles. Bora. Anhanguera. Sei que estamos atrasados. Dex fuma. Roy fica feliz por poder fumar tb. Não sou fumante, mas não sou chato. Pode fumar o que quiser e quanto quiser no meu carro.

Rodoviária de Jundiaí. Av. Nove de julho. À esquerda na Portobello motos. Ai é só virar a primeira á direita e estamos na casa da mãe do Mickey Rourke, onde fica tb seu estúdio. Ele sampleou a batera inteira e ta com um puta som. Achei que o Simon ia regravar a porra toda, mas ia ter que microfonar a batera e seria um terror. Vamos apenas gravar o som da caixa do Simon e inseri-lo no sampler. Tudo em nome da rapidez. Gravo um baixo guia. Como não to acostumado a cantar e tocar baixo na canção (quem faz isso é o Tuca), faço uma linha diferente da do Tuca. Não tem problema. Daqui a pouco ele chega e grava do melhor jeito, que é o dele. Entro e faço agora uma voz guia. Porra, Mick: vamos gravar já valendo, caralho!

Ok. Ele checa e vê que deu uma pane numa parte da voz. Nada que impossibilite as pessoas de sacarem a música, mas vamos ter que refazer. Depois. Regravo o trecho de FDP que sumiu misteriosamente. Roy ta gravando as bases. André, irmão do Mickey, empresta sua guita e Roy ta fazendo umas bases pesadas pra caralho, meio Metallica. Agora ele faz riffs no começo. Solo. Que solo! Emendado, mas com muita pegada. Caraio, este palmeirense de merda toca pra caraio. Cavalo chegou. Ouve as bases e solos e riffs de Roy e diz que ta tão legal que ele nem vai tocar. Cadê o Tuca? As mulheres (leia-se Lu, Dex, Juliana do Cavalo, Fefê e Marina) estão no shopping. Tuca chega com os filhos. Ian ta com quimono de judô. Teve competição hoje e o Tuca foi assistir. Igor, como sempre, ta aninhado no colo do pai como um filhote de coala. Gente, ele não quer sair dali de jeito nenhum, impedindo Tuca de gravar. Ele roda, brinca, explica, pede, mas o menino não quer saber de descer. Tuca usa da autoridade paternal e o desce meio que á força. Berreiro inacreditável. I-na-cre-di-tá-vel! Que cena é esta? Digna do Ratinho. Tuca com meu baixo nos braços, gravando o instrumento e Igor se esgoelando agarrado á sua perna. Es-go-e-lan-do!

Bem, quem sou eu pra comentar sobre filhos. Se meu filho nem nasceu, eu ainda sou um filho, já dizia o IRA. Parece que a coisa acalmou. Tuca está corrigindo detalhes. Igor ta quietinho, mas ainda agarrado em sua perna. Eu to brincando com o Ian, jogando-o pra cima. Pronto. Coloco minha voz definitiva. As mulheres voltam do shopping. Falta apenas gravar a caixa do Simon. Eu não acredito no que to vendo. Vejam só, Mickey Rourke é baterista tb. Os dois montam um puta esquema, com banquinho de batera, caixa, mics a várias distancias. Afinam e reafinam a caixa do Simon. Testam. Ouvem. Quinze, vinte, trinta minutos rosqueando lâmpadas. Hora de gravar. Gravando.

- Pá!

Pronto. Puta palhaçada pra gravar uma caixa. Vai se fuder! Baterista é raça de demente.
Agora temos que ir pro local da festa junina onde a Massaroca inc. vai gravar o arraial das VV. Chove. Muito, sobre Jundiaí. Vamos em fila indiana. Tuca com as crianças e Ju do Mickey na frente. Eu e Dex em segundo. Cavalo e a Ju dele em terceiro. E a tchurma do Simon em seguida. É na frente do shopping onde as meninas estavam. Paro longe. Cai chuva. Cavalo ta na chuva tb. Carrego minha mala, a da Dex e o baixolão, uma vez que vamos ter que fazer um pocket show pro vídeo. Onde é a casa? Ju e Tuca sumiram. Eu, Cavalo e as respectivas famílias, assim como Roy, estamos vagando sob a chuva. Ah, Cavalo achou o lugar. Sumiu tb. Foi abduzido, porra. To carregado e tomando chuva na cabeça. To puto. Deixo isso claro quando entro na casa discutindo ao Ju.

- Caraio, vc deixa a gente perdido na chuva, porra. Como vamos saber onde é a caralha da casa?

Passou. Mulheres enfiadas no banheiro se produzindo de caipirias. Eu já pus meu figurino de chapéu de vaquinha, jaqueta jeans esfacelada pelo tempo, gravata que eu ganhei dos caras da FEA/USP de Ribeirão Preto e minha camisa branca de "Eu nunca vou te abandonar, porque eu te amo".

Cerveja. Cervejas. Várias. Carne louca. Vinho quente. Converso com os caras do Massaroca, Pedro, Ângelo, Arthur. Na verdade, já ia rolar uma festa junina na casa e colocaram a gente nela. Pelo que li do roteiro, vai ter quadrilha, meu casamento com a Dex, exibição do documentário e uma apresentação acústica nossa. Dou uma entrevista. Cavalo tb. Tuca ia ser o padre pra me casar, mas precisa se mandar e quem assume é Simon.

To casando. Ele pergunta se eu quero casar. Eu digo que não o há nada melhor pra fazer na vida que casar com esta mulher que eu amo. Beijo. Ela tb topa. Beijo. Simon nos benze com litros de cerveja, vingando-se dos banhos que dou neles todos nos shows. Mais beijos. Agora é hora da quadrilha. Tudo atrapalhado. Ta todo mundo bebum. Mickey Rourke que havia ficado mixando a bagaça chegou. Coincidentemente, foi nesta casa que ele ficou com a Ju pela primeira vez. E foi aqui, na última festa, que ele bebeu tanto que ficou pelado. Os caras do Massaroca, que fizeram nosso documentário, são amigos do dono da casa que é amigo de infância do Mickey. Salada, né?
Beleza. To bebendo. De um tudo. Simon se foi com seu clã. Tuca idem. Ficamos eu, Cavalo e Roy. Agora vai rolar a exibição do documentário. Ângelo, o diretoooor, explica que é a primeira exibição aberta desde que foi finalizado. Ta rolando.

O que tem de mais legal é que ao invés de se ater apenas à história da banda, eles mostram com sutileza o lado humano, sensivel e real do dia a dia da gente. Cavalo relutando em fazer um bebê na Ju. Tuca indo tirar um cliente da cana. E eu malhando na academia e chorando de saudade dos meus pais. A polêmica saída do Lips que fala coisas legais. Caio não quis dar entrevista na época. Talvez ele, mesmo ainda estando na banda, se sentisse fora. Da mesma forma que Lips, mesmo estando fora, ainda se sentisse dentro. E tinha todo o direito. Rola uma passagem de tempo e Pedrão, meu afilhado e filho do Cavalo, é batizado por mim com cerveja, num ensaio. Roqueiros, malucos, sentimentais, familiares, bêbados, bons meninos, encrenqueiros, casados, juntados cantam o Hino dos Solteiros no fim. Muito. Muito. Muito legal. Chorei, ainda que já tivesse assistido. Dex se debulhou. É um atrabalho engraçado e de uma sutileza sentimental fantástica. Parabéns, Massaroca Real. Vamos todos ver no festival, dia 5, quatro da tarde, no HSBC. Domingão. Que orgulho.

Opa, agora temos que fazer um acústico. Só tem um violão e o baixolão, que eu conduzo. Arrumaram um violão faltando corda pro Roy. Arrumaram a corda. Colocou. Afinou. To bebão. Por que não mandamos uma música do novo cd? Porque eu não lembro a letra, buceta. Vamos de "Uns drinks". "Siririca baby". "Beijos de corpo". "Abre essas pernas" encerra o pocket show com Juju cantando tb. O pessoal curtiu e cantou junto. Tem vários fãs da banda que inclusive já foram a shows. Pronto. Agora é hora de chapação. Dex passou a noite me obrigando a dançar forró. E eu correndo. Agora ta tocando rock. Sou eu que to discotecando. To mandando bem. To agradando. To demais. Porra, a dona da casa quer quadrilha de novo. Caralho. Mais quadrilha. Tamos mais bêbados ainda e a quadrilha sai ainda mais debilóide. Pronto.

Outro cara foi discotecar. Sons chatos. Dance music ou sei lá. Juliana do Cavalo ta indignada. Minha comadre quer que eu volte a comandar o I-Pod. Não vou. Tenho meu orgulho. Ah,ah,ah. Mudou. Agora é o Ângelo que ta mandando som. The director coloca grandes musicas. Fico agindo como se o estivesse analisando, criticando. Ta engraçado.

Porra, tamos todos dançando pra caralho. Eu, Dex, Juju e Mickey, Ju e Cavalo e Roy. E a galera da festa. E o pessoal do vídeo. Cool. Cool demais. Vodka com soda. Vodka com coca. Cola. Jack Daniels com coca. Cola. Farmácias de fórmula indeterminada. Bebidas variadas na jarra. Faço mil coreografias com Dex. Ta muito legal. Faz tempo que não me diverto tanto. O pessoal da casa nos recebeu hiper bem e tá demais. Simbora dormir no motel. Que fazer com Roy? Ele podia dormir na casa da Ju e amanhã de manhã eu o pego. Roy ta doidão. Tava brigando com a namorada no celular. Quer ir pra rodoviária e se mandar de busão pra sampa. Mickey Rourke nos indica o caminho dos motéis. Fica de largar Roy na rodoviária.

Caraio. Este motel não chega nunca? Chegou. Não. Casa de geriatria não é motel. Chegou. A suíte não tem ar quente. Tem cobertor? Então ta bom. Tamo dentro. Dex no banho. Eu pelado na cama. Peço um hambúrguer. Já comi. Dex quer que eu tome banho. Não. Peço mais um cobertor. Tamos na cama. Já era.