quinta-feira, 23 de julho de 2009

Como eu falo bosta nos shows. É o álcool, porra!

Cedo. Sete e meia. Aquele ritual jornalístico-cagalhão que precede o banhistico-onanista. Preciso pegar um DVD do show ao vivo das VV pra incluir no Kit CQC. E preciso ir na Band entregar a nota fiscal e acertar as contas. Roupa colocada. Bora pra Gabaju.

Os meninos e meninas estão todos trabalhando. A Fran voltou de viagem. Ela foi pra Santa Catarina por conta da morte da avó. Sorry, loirinha. A vida, como diz a Marina Lima, arranha!
Pego o dvd e lembro o Vini que no clip do Homem lindo ele é a mocinha mais tímida e charmosa. A Nat que me acompanha no Twiter já sabia que eu tava indo. Ou vindo. E estou mesmo indo. Beijos. Band.

Vou pelo centro. Daqui é mais fácil. Geralmente o transito é terror apenas até o Anhangabaú. Quando pego a 9 de julho a coisa alivia. Onze e pouco e to na Band. Já entreguei o crachá e tenho que entrar pela portaria comum. Demora um pouquinho até que a conexão com o Rh se faça. Ok.
To dentro. Nota entregue. Assinar papelada de desenlace. Na verdade, to aqui desde 15 de setembro e ainda não tinha assinado contrato de admissão, mesmo sendo empresa. Agora to assinando a papelada de entrada e saída ao mesmo tempo. Coisas do Brasil, né Guilherme Arantes.

Ao contrário do SBT, que coloca seguranças e limita ao máximo o movimento de ex-funcionários que vem assinar coisas em suas dependências, na Band fiquei livre. Pensei em roubar um estúdio ou uma unidade móvel. Mas como não sou ladrão, apenas desci até o sub solo, no Sex Prive Brasileirinhas, pra abraçar os amigos. Ta lá o Laranjeira, editor que vi poucas vezes por ele trabalhar de manhã e o máster roqueiro que eu esqueci o nome que tb vi pouco pelo mesmo motivo de diferença de turno. Deixo um recado no mural:

"Fala bando de tarados. Estive aqui. Volto em breve como 8º integrante do CQC. Beijos. Paulão."

Na saída ainda me despeço da mocinha da segurança que sempre me cumprimentava pelo nome. Quando sai da Band, semana passada, tava tão emocionado que ao ver minhas lágrimas nos olhos ela certamente pensou que eu tinha sido demitido. Explico pra ela que foi opção minha. Mas digo que nos veremos em breve.

To abrindo a porta do carro e lá vem Fernandinho que além de convidar Amanda para janta-la, jantou a Julia Paes. Bom menino. Bom profissional. Terei orgulho de trabalhar com ele de novo um dia. Na verdade, todo mundo do canal pornô. A gente fica de marcar uma breja semana que vem. O aniversário dele ta chegando. Abrax, bro. Boa sorte!

To na marginal Pinheiros. To na marginal Tietê. Alça de acesso á Anhanguera. Anhanguera. Alça de acesso ao SBT. Crachá na cancela. Agora eu paro lá em cima, não entre os artistas que têm estrela no chão, mas perto da cidade cenográfica. Ta muito bom pra mim. Aqui sou operário. E sei ser escada pros outros brilharem. No problem. Just gimme my money!

Sala do Domingo Legal. Olha, tudo pode mudar, mas estou no paraíso, entre pessoas que conheço e confio. Magrão me chama pra escrever uma escalada com as principais atrações do programa. A coisa agora é muito mais maneira. A gente manda o texto pra locutora via internet, ela grava onde está e manda pronto sem ter que vir aqui. O mesmo pros textos em off do Celso Portiolli, que grava em casa. Mão na roda.

Almoço. Rápido.

De volta á minha mesa. Faço aquele roteiro de edição do material que vou enviar ao CQC semana que vem. Opa, chegou material da casa que está em processo de construção no "Construindo um Sonho". É um reality onde as pessoas pedem reformas em casas e estabelecimentos comerciais. E o programa realiza. A obra dura seus 15 dias e a cada dia a gente recebe imagens e relatórios das atividades que devem ser roteirizados pra ir ao ar numa seqüência cronológica. Nunca fiz isso. Já fiz vários realitys (o certo seria escrever realities, mas foda-se) e sei como funcionam. Mas este especificamente eu não sei. Então, vou fazer em parceria com o Ed. Lá vamos nós pro "Assist" ver as imagens captadas. Caraio, a demolição da casa após uma visita do Celso acompanhado da dona é um espetáculo. A escavadeira vai metendo a porrada e pondo tudo, em questão de meia hora, no chão. Fiquei impressionado e tenho que admitir que o Dante tem razão: é um show!
Após isso é hora de ver o que se segue em termos de construção. Em cima dos relatórios com referencias de tempo e falas, a gente vai criando um roteiro que descreve resumidamente o que rolou. Ed começa o trampo, mas já batem seis da tarde e ele se manda. O Bruno, produtor responsável pelo acompanhamento da gravação da reconstrução da casa, manda uma sugestão de roteiro. É boa. Refaço o início que o Ed fez e vou colando os takes pra contar a história deste primeiro dia. Terminei. Mostro pro Dante. Ele tem mais experiência nisso e faz duas ressalvas: precisa escrever textos em off para amarrar e não precisamos colocar tudo. Claro. Esta mania de não usar off vem do canal pornô onde a gente procurava dar ritmo na edição sem a redundância das narrações. E, de fato, tem uns termos técnicos que podem ser suprimidos dos depoimentos dos empreiteiros, aí sim, substituídos por narração. Amanhã eu afino isso.

Vou dar uma olhada nas imagens do DVD de 21 anos "Nós somos as Velhas Virgens". Acho os discursos em "Siririca Baby" e "As mulheres e Nélson Rodrigues" bem interessantes e quero inclui-los no meu portólio eletrônico "CQCistico". Caraio. Como eu falo bosta nos shows. É o álcool, porra!

Dante ta fazendo hora pra ir embora por causa do transito. Ele quer beber de novo. Não dá. Tenho que ir pra Vila Mariana ensaiar. Fabinho vai lá. Preciso tentar conversar com Cavalo tb. Ganhei uma garrafa de Johnnie Walker Black Label do Ednoam, ex-segurança do Roquenrow bar, cujo currículo eu entreguei no SBT oito anos atrás. Desde então ele ta trampando aqui e quis me agradecer. Brigado, mano. Favor nenhum. Minha mãe me ensinou o seguinte:

- Se puder, ajude. Se não puder, não atrapalhe!

Grazie, mãe. A senhora ilumina cada passo da minha vida.

Bora. Transitinho danado. Choveu pacas em sampa durante a tarde. Só não vi porque não tem janelas na produção.

Ponte da Anhanguera mais ou menos. Marginal paradaça. Sigo pela Lapa de cima. Pertinho da Transamérica, viro á esquerda na Cerro Corá. Ela emenda com a Dr. Arnaldo que deságua na Paulista. Timão deve estar entrando em campo exatamente agora, nove da noite, no Pacaembu, contra o Vitória. Dá pra ouvir o barulho da galera. To pertinho do estádio. Um dia vou curtir mais meu time no campo. Hoje é dia de trampo.

Mais da metade da mais paulista das avenidas vencida de uma só tacada. Cool. Os faróis todos verdinhos. Verde? Boschta!

Domingos de Morais. Cruzo a Vergueiro ao lado da Ana Rosa do metrô. Primeira á direita e já engata na rua da casa do Roy.

Tamo aqui. Dimitri abre a porta e Cavalo ta dentro. Convido-o pra sair e beber uma breja, pra podermos conversar, já que os outros ainda não chegaram. Ele diz que não vai beber porque está de carro e tem que descer a serra pra buscar a família ainda hoje. Ok. Então não bebo tb. Bora comer algo no Mac, que nem jantei.

O trajeto é percorrido meio em silencio. Isso não ta me cheirando bem e não é peido, creiam.
Estamos esperando o farol de pedestres da Vergueiro abrir e o Fiat do Simon passa pela gente, carregando tb Tuca. Eles buzinam.

Mac. Tem uns sandubas mais baratinhos de 4 ou 5 reais. Peço dois, um tal de Californiano e o outro Cheddar sei lá o quê. Coca zero média. John Travolta disse que na França o Mac vende breja. Aqui não é França, remember. Batata frita, não. Ofereço lanche pro Cavalo e ele não quer. Hum. O cheiro do ralo continua.

Sentamos naquele espaço reservado a crianças do Ronald MacDonald. Dou umas dentadas e vou logo ao assunto. Quero saber o que ta pegando, por que ele ta tão estranho comigo. Ele não responde. Olha em volta. Me encara com uma cara que não é a cara do meu amigo de 23 anos. E diz que é melhor deixar pra lá. Insisto e ele diz que são várias pequenas coisas e que agora ele acha melhor a gente ficar como está. Digo a ele que se for com o cd, podemos mudar as músicas, cortar, trocar a idéia do cd conceitual, que nossa amizade vale mais. Ele diz que nossa amizade está mesmo abalada. Caraio! Que porra é esta que eu fiz que abalou uma amizade de mais de vinte anos? Ele diz que são várias coisinhas pequenas que foram se acumulando. Peço que ele me dê um exemplo preu poder me explicar ou me desculpar. Ele diz que não sabe dizer ao certo. Digo que sei que ele sabe exatamente o que ta pegando, mas se não quer falar eu vou respeitar. Diante disso, nada posso fazer. Não posso me defender sem ser atacado. E nem me desculpar sem saber de quê. Resolvemos ligar pro Fabinho pra ver se ele vem mesmo. O que se segue de papo com Fabinho e ensaio não me interessa, ainda que eu finja estar prestando atenção. Esta porra toda me atingiu. Não vou dar uma de vítima, apenas to cansado e surpreso de não ter sequer uma explicação sobre o que ocorreu.

De volta á casa do Roy, a galera ta lá. O Timão ta no computer do Roy graças a uma gambiarra do Simon com o Pay-per-view. Trocamos idéia sobre os dois a um em andamento que, no fim, será o placar final colocando a gente em quarto no campeonato. Uma vitória sobre a porcada domingo e vamos pra terceiro. Mas isso tb não interessa.

Passamos bem as canções e procuro não dar nenhuma opinião sobre arranjos ou qualquer coisa. To ensaiando destruído. Adoraria estar em qualquer outra parte do mundo. Mas não aqui. Acabo dando uma ou outra sugestão. Não me contenho. Após o ensaio, conversamos todos com Fabinho. Como vcs notaram , Juju não veio hoje. Ela tinha aulas de canto pra dar e não pode vir. Amanhã ela vem e aproveita a presença do Tiago da produtora que ta criando um reality com a gente. Não me perguntem nada sobre isso. É um projeto em andamento para Tv a cabo. Fabinho, não sei se desconfortável com minha reação ás suas opiniões ou sem tempo mesmo, diz que topa mixar e masterizar o trampo, mas que não vê necessidade de ser produtor, pois o som está produzido. Fabinho é amigo e pilota este instrumento chamado estúdio muito bem. Timbres, microfones, amps, cordas, efeitos.

Uma das opções é gravar em Jundiaí, num outro estúdio que não aquele do Mickey Rourke. Fabinho diz que a distancia dificultará ainda mais suas idas ao estúdio. Podemos fazer no Duda, onde fiz o Cuelho e as VV fizeram Cubanajarra, aqui pertinho. Facilitaria para todos. Cavalo fica de ver estas coisas todas. Produção executiva sempre foi com ele.

Simbora. Dou carona pro Tuca. Fico quase meia hora na frente da casa dele conversando, tentando entender o que ocorre entre eu e o Cavalo. Ele me diz que conversou com ele e que ta preocupado com o que isso pode acarretar dentro da banda. Tb to. Por outro lado, algo que era not my business parece começar a ser.

Home. Dex ta me esperando. Ela foi a primeira pessoa a me pedir pra conversar com o Cavalo e tentar remediar uma situação que eu não havia percebido estar em andamento e com tanta gravidade. Relato pra ela o que relatei pra vcs. Seguimos sem saber o que se passa.

Vamos pra cama. Chove lá fora.