terça-feira, 14 de julho de 2009

Pra quem quase derrubou uma tampa de caixão num velório, isso é fichinha.

Acordei antes dos caras me chamarem. Tava mijando quando o fone do quarto começou a tocar. Corri, falei com o recepcionista e pedi que ele fosse fechando minha conta. Bosta? Não. Não tem jornal. Banho. Rápido.

Deixei creme dental na escova. E deixei tb a escova de cabelo. Só não tem desodorante. Como não estou levando bagagem, não posso transportar recipientes com líquidos nos bolsos, que não são mais permitidos em vôos.

Camiseta do bloco do Tira a Roupa de Passo Fundo. Estou com a amarela, homenageando um rótulo de tequila José Cuervo. Blusa por cima. Calça jeans bag. Sapatenis chumbo. Meias dos Beatles.

To pagando a conta. Tô entrando no táxi. Tá bem frio, mas não posso deixar de admirar a paz que reina nas cidades grandes á noite. O recepcionista disse que são vinte minutos até o aeroporto. Vou batendo papo com o motorista, como me ensinou meu pai.

Chegamos. Check in automático. Será que precisa carimbar? Em Campinas precisou. Mas aqui só tem a máquina.

Tá cedo. Subo as escadas rolantes, pego uma água com gás e começo a folhear a nossa revista em quadrinhos. Já li quase todas as histórias, mas é um prazer reler. Opa, quando me dou conta, tá na hora do embarque. Bora passar as coisas todas nesta porra de raio x. Os seguranças e funcionários do Aeroporto Salgado Filho estão todos com as máscaras anti-gripe suína. Porto Alegre é perto da Argenrina.

Sento. Uma moça bonita, toda encapotada, senta ao meu lado. Meus olhos têm quilos de areia. Sono brabo. Dormi muitíssimo pouco. Enbarque um pouco atrasado. Agora vai.

Tamo aqui. Tá quente pra caraio. Que porra de ar condicionado é este? Encosto a cabeça ao lado da janela. E vou dando minhas pescadas. A gente sempre tem a sensação de que não tá dormindo, mas o relógio mostra que o tempo deu uma acelerada entre uma piscada e outra.
O serviço de bordo tá mandando batatas fritas, umas bolachas de chocolate e, por favor, um suco de pêssego?

O suco demora. A velharada tá reclamando do calor que realmente está exagerado. Opa, meu suco chegou. Abro a janela. Abro não, levanto. Tapetes de algodão. Sono. Cochilo. Acordo. Puta que pariu, que aterrisagem é esta? Caraio. Que porrada no chão. Oito e meia da manhã. Beleza. Desço a escada meio bêbado de sono.

Saguão. Pago o estacionamento.

Estacionamento. Meu carro. Troco de blusa. Tiro a blusa. Bora embora!

Estrada. Tô espancando minha cara. Que sono. Puta que pariu. Não posso cochilar senão morro.
Um pedágio. Vidro abaixado. Ar. Outro pedágio. Força pra não dormir.

Deus me ajuda.

SBT. Porra, sobrevivi.

Minha mesa no pool. Tudo indefinido ainda quanto á minha ida pro Domingo Legal. Tem roteiro pra fazer do Astros. Tem milhares de mensagens de aniversário no meu orkut. O Ocimar me chama pra ajuda-lo na gravação do piloto do Tv animal. Uma coisa de cada vez.

Desço e altero alguns textos no teleprompter. Conheço o operador do TP, Marcel. Conheço quase todos os câmeras, contra-regras, pessoal do cenário, técnicos, animadoras de auditório, pessoal da luz, do áudio. Conheço todo mundo nesta porra!

Back to my table. Roteiro do Astros. To pescando de sono. Vou ter que assistir umas imagens. Aí é que vou desmaiar mesmo.

O quê? Já posso ir pro Domingo Legal? Sei. Mas a grana não tá definida. Então fico por aqui.
Almoço. Salada.

Mesa. Ver imagens. Sono. Pesco várias vezes. Volto. O quê, tudo certo? Vou pro Domingo Legal. Revejo amigos, Magrão, Dirlan, todo mundo. Digo pro Dirlan que ainda preciso ir até a Band acertar umas coisas. Ele late. Reclama que lutou por mim, que se indispôs com muita gente preu vir. Eu agradeço, mas preciso acertar umas coisinhas pendentes no canal pornô, caralho. Digo, chefe!

Fui. Mal entro na Anhanguera e a pescaria começa. Forte. Eu precisaria dormir um dia destes.
Cheguei. To ficando meio triste de sair daqui. Me afeiçoei pelo clima familiar da Band.

Começo a escrever os textos da Nubia. Vai que vai. Termino por volta de oito horas. Termino o caralho. Dos dez roteiros faltam três. Escrevo o blog. Os roteiros termino amanhã.

Saio dali nove e meia. Terra Nova. Bebedeira em homenagem ao meu niver que foi domingo e ao da prima Carlota que será amanhã. Sigo dirigindo com sono. Mas sigo.

Terra Nova. André, Camila, Dex, Bio, Rodragg, Bafo, Alvares, Carlota, Hubert, Rita, meu primo Vartão e a namorada. Paula e Lu chegam tb. Amo este povo. Beijo carinhoso na Dex. Saudades da minha mulher. Vou ao balcão cumprimentar os amigos de ofício alcoólico. E tb Heinz e Lola, que apesar de proprietários, tb são da ala bebum.

Volto pra mesa e sigo bebendo, papeando. Tô tenso. Tô preocupado em deixar dois trampos e ficar com um só. E se o SS resolver tirar tudo do ar de um dia pra outro? Lá se foi tudo. E se o trampo no Domingo Legal for absurdo? Me ajuda Renato Russo: muitos temores nascem do cansaço e da solidão. E tem as Velhas Virgens, porra.

No meu caso, Renato, é cansaço pra caralho. Vou bebendo e tentando me levantar. Dex vem com meu presente. Pedi um agasalho do Timão. Abro e... Uma bolsa masculina? Não consigo disfarçar a decepção. Fudeu, arrumei pra minha cabeça. Não quis ofende-la e nem ser mal agradecido. Mas uma bolsa masculina? Isso é uma coisa meio viada! Ela quer que eu abandone a pochete. Tem lá suas razões, mas... Não quero usar isso.

Dex emburrou. Disse que comprou o presente com o maior carinho e que eu fui grosso na frente de todo mundo. Ela diz que procurou o agasalho, mas que era muito caro. Ela segue desempregada e tem estado deprê.

Ai, ai,ai. Que merda que eu fiz. Tento me desculpar. Explico a tensão e medo de ter feito alguma opção profissional errada. Deu uma melhoradinha. Mais bebida. Picanha na tábua, a melhor do Brasil. Cachacinha de maracujá. Meu primo tá nadando nas caipirinhas. O resto vai de breja. Eu tb. Rita quebra um copo. Rita quebra dois copos. Pra quem quase derrubou uma tampa de caixão num velório, isso é fichinha.

Porção de lingüiça. Pra dentro. Cupim defumado. Abaixo. Alguns se mandam. Ficamos eu e Dex, Alvarez e Carlota, Rodragg e meu primo com a namorada. Simbora beber, mamãe!
Deu uma hora da matina. Conta. Saideira. Meu primo tá de moto e tá mamado. Ciudado. Tamos todos mamados, mas não de moto. Beijos e abraço na porta do bar.

Frio e chuva. Casa.

Dex quer conversar. Esteve sozinha e triste estes dias todos. Tá encanada com a idade, o desemprego, a gravidez.

- Não deixe que as coisas abatam vc, amor! Mantenha a fé.

Tento apoia-la. Ela diz que eu a tenho apoiado e sem mim que não suportaria. Eu te amo, moça. E vamos superar isso juntos.

Ela diz que eu tô cansado e preciso dormir. Não sem antes desfazer minha mala. Opa. Noto a falta das minha Eisenbahns. Dex diz que não viu. Onde estarão?Terei sido roubado?

Malas desfeitas, roupas sujas e umidas no chão da lavanderia. Figurino pendurado. Pijama. Escova de dentes. Cama. Dex me abraça. Diz que meus pés estão quentes, como sempre. Eu te amo, menina!