sábado, 22 de agosto de 2009

Dex se preocupa, mas quando a cerveja é boa até a embriaguês é mais elegante.

Acordo ás nove pra cagar, ainda meio chumbado. Leio o jornal e claro, não vou lembrar de nada depois. Acordo de novo ás duas. Dex me beijando. Almoço pronto. Arroz, feijão, bife e um purê delicioso. Pra baixo.

De volta pra cama. Dex vem tb. Tento um ataque. Não rola. Bode. Acordo novamente pelas seis. Internet.

Dex acorda e convido-a pra sair mais tarde. Ela vai pro banho. Antes, Bio liga e diz que elas terão que descer pra Santos e ir á praia ao amanhecer, como parte do ritual pra minha mulher virar "mãe de santo". Ela vai mesmo levar isso adiante. Eu apoio. Quero ver minha mulher feliz. Se ela curte a parada, que seja. Minha mão tb já me levou muitas vezes a centros e tal. Ela curtia espiritismo. Não tenho problema com isso. Ainda que seja Católico Apostólico "Romântico", sou da Igreja Alcoólica até o Ultimo Gole. E Jesus está em cada mínima coisa da minha vida, por mais que eu seja pervertido, bebum e demente.

Dex ta banhada e vestida. Vou eu pro chuveiro. Vamos beber o sábado. Amanhã a gente vê o que faz pra seguir vivendo a vida.

Nosso destino é o FrangÓ, a maior carta de cervejas importadas e nacionais do Brasil, estou certo.

Dex tá desesperada em ter que entrar no mar por conta dos rituais com este frio. Eu dou risada. Eu tiro sarro. Estarei quentinho em nossa cama.

O acesso ao FrangÓ é pela ponte do Piqueri. É só seguir as placas para o largo de Nossa Senhora do Ó. Vamos subindo e chegamos. Uma puta muvuca na porta. Claro, fila de espera. Em São Paulo tem fila de espera até em velório, terça feira, 4 da manhã. Ô lugar pra ter gente, meu Deus.
Deixo Dex na frente pra ir pegando a senha. Encosto o carro no quarteirão de trás. O rádio do carro da Dex tá tocando "Mr. Postman" com os Beatles. Coisa de gênio. Puta batida contagiante, John Lennon cantando como um negro americano. Puta que pariu, que energia. Estes caras inventarm o pop e não Michael Jackson. Sou Beatles Futebol Clube e acabou.

Há vários bares próximos ao Frangó, todos ás moscas. Quem curte as coxinhas com catupiry, o próprio frango assado que deu origem ao nome e as brejas do mundo todo não troca este bar por outro. Chego e dou com Dex já sentada, mas numa mesa de fora. Tá frio pra caralho, mas já que vamos esperar que seja sentados e já bebendo. Dex pediu uma porção de coxinhas com catupiry. Eu peço a carta de cerevjas e vamonessa. Eles estão com uma quantidade absurda de cervejas Belgas novas. Boa parte de Abadia, como eu gosto. Peço uma uma Corsendock Pater, uma breja de Abadia, escura,750 ml, 38 paus. É caro mesmo. E o garçom me informa que acabou. Outra. Agora quero a Palm Royale, tb belga, clara, 330 ml, 12,50. Ele vai ver e diz que acabou tb. Porra. Me dá dois chopps La Trappe, um escuro e um claro. 18 reais. Fico com o escuro. Dex bebe o claro. Se a Steenbrugge blond é a melhor cerveja que já provei, o chopp claro da La Trappe é o melhor chopp do universo. Vou enfiar o pé na jaca e gastar uma grana mesmo. O cartão de crédito vira hoje e a conta só vai cair no começo de outubro. Daqui pra lá posso ter ficado rico e pago com o pé nas costas. Senão a gente vê. O importante é beber. Bem.

Tá um ventinho danado e só a pimenta que coloco nas coxinhas é que me aquece um pouco. Papo vem papo vai, o garçom grita "Andréa" e eu respondo "sou eu". Ele ri. As pessoas em voltam tb. Diante do espanto, retruco bem humorado:

- Ué, eu sou a Andréa e ela é o Paulão!

Entramos. Há uma mesa pra nós lá na parte de baixo do bar. Instalados. O maitre vem ao meu encontro e me cumprimenta efusivamente. Faz mais de um ano que não venho aqui e ele ainda se lembra de mim. Me apresenta o garçom que vai nos servir, o Adão, que ficou no lugar dele após sua promoção. Cool.

Sigo com as brejas de Abadia e vou tentar parar com os preços, pra não estragar. Peço uma Gouden Carolus Tripel, cerveja feita na cidade de Michelen desde 1369, dourada, refermentada na garrafa, levemente adocicada com aroma frutado. Só Deus explica o sabor. Seguimos papeando. Dex é uma puta companhia pra conversar. Adoro sair com ela. Tem uma japa queixuda na mesa ao lado sendo xavecada por três caras. É, a gente sempre vai pra cima do que está mais perto. Ou melhor, eu ia, agora não vou mais que sou casado, viu Dex.

Na mesa ao lado chegam duas garrafas enormes e me parece que são duas Deus, cujo preço no cardápio é 230 paus. Dizem que é a melhor cerveja do mundo. Os caras pediram duas. Caraio! Checo com o garçom e ele me diz que, na verdade, são duas Dado Beer Lager, 970 ml, 14,50 a garrafa. Hum. Tava demais, gastar 460 paus de cerveja já de cara. Mais uma breja pra mim. Petrus Gouden Tripel, 7,5% de alcool. Sigo bebendo liquidos divinos.

Me deu vontade de comer asinha de frango. Não tem especificamente esta porção, mas pedimos um frango assado. E agora? Hum, vou pedir um chopp que, diz no cardápio, só é produzido no natal, 6 de dezembro. Samichlaus. Esta cerveja era originalmente feita na Suiça mas desde 2000 é fabricada na Áustria. Uma cor quase marrom, meio roxa. Sabor bastante doce, aromas de frutas. Dex não gosta. Eu amo.

Bem, acabou meu chopp paradisiaco. Vou pedir esta Dado Bier Lager para acompanhar o frango assado. Porra, que delícia. É a melhor cerveja da Dado Beer de Porto Alegre, vcs sabem, que eu já bebi. Sensacional, Dex tb curte. Na hora de ir embora peço mais duas destas e ganho um copo. E tô bem breaco, tenho que admitir.

Dex se preocupa, mas quando a cerveja é boa até a embriaguês é mais elegante. Tô dirigindo o carro como se fosse a última volta de uma corrida: na ponta dos dedos. Deus protege preferencialmente os bêbados, as crianças e os apaixonados. Sendo eu um retardado, me encaixo em todos os quesitos. Home.

Pijama. Tv. Dex descobre num recado em seu celular que não vai precisar descer a serra e nem entrar no mar. O frio assustou os envolvidos no ritual e vai ficar pra outra vez. Ela vibra. Bora pra cama. Um delicioso dia em família e cheio de paz. De vez em quando é bom. Bye.