quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Viver numa fantasia é algo que me seduz. Mas ás vezes a gente cai no chão e nota o quanto é duro.

Mesma lenga, lenga de sempre, to lendo o Estadão á privada. O Brasil já é o país no mundo com maior incidência de casos da Gripe Palmeirense. Em termos de mortes, somos o sétimo.
Nosso basquete ganhou bem da Rep. Dominicana na Copa América e hoje pega a Venezuela. Depois de ter o vestiário invadido por torcedores armados, René Simões se manda do cargo de técnico da Lusa. Bang Bang á lusitana!

Aloísio engasgou-se com chiclete e quase morre no jogo do Vaxco. Coisas da segundona. Na época de tricolor, dada sua intensa amizade com Richarlyson, o engasgo era com outra substancia. Ui!
Maradona provoca Pelé e Dunga. Maradona: vai tomar no pó!

Sobrinho diz que Belchior está em praia cearense descansando. O cara tem medo de avião, não poderia estar na Europa, caraio.

Jack White se junta a três pintas brabas do rock e lança novo grupo, Racounters. Sou fã deste cara!

E chega. Lavo o cu no chuveiro. Bronha básica. Secagem, troca de roupa. Internets. Olha aí, notícia do Yahoo. Anvisa – Agencia Nacional de Vigilância Sanitária – proíbe a venda de cigarros eletrônicos no Brasil. Que porra é esta? Os tais cigarros produzidos na China, funcionam com cartuchos de nicotina e soltam um vapor quente quando são inalados. Imagino que os usuários pretendam parar de fumar. Mas o que adianta, se a nicotina é inalada da mesma forma? Estes cigarros chineses só podem ser idéia de portugueses.

E fui, heim! Quinta braba na área e vamos encarar o monstro de cimento e fumaça movido a sangue dos trabalhadores chamado capitalismo. Como é duro trabalhar, né Vinicius?
Hoje ninguém ligou reclamando de atrasos. Vou ligado no meu I-pod. SBT.

Já tem resumos do primeiro e segundo dia da obra do WW na minha mesa. E ainda não consegui assistir ao Vt inicial (a tal de "surpresa") onde ele informa de maneira sempre surreal que vai derrubar a casa e construir outra em cima. E como nada foi ingestado, terei que ver isso nos discos mesmo. Mas só depois do almoço.

Salada. Filé de coxa de frango. Muito bom.

Pronto. Peguei os discos, bem uns 15, e to sentado na Mídia Log, onde a estagiariada fica loggando, ou seja, escrevendo cena a cena o que acontece nos discos gravados.

Cara, Tv pode ser a maior enrolação do mundo, pode explorar a miséria das pessoas, pode até ser a imagem da besta, como dizem alguns evangélicos radicalmente idiotas. Mas quando uma família fudida, que perdeu o pai há pouco mais de um ano, onde um garoto de 16 anos larga a escola para ir vender roupa de cama e produtos de limpeza na rua junto com a mãe, empurrando um carrinho podre, para dar de comer ás duas irmãs, caralho...quando uma família neste estado recebe a notícia que sua casa que está literalmente caindo aos pedaços vai ser reconstruída, gente, é emoção pra caralho. E é isso que eu to vendo aqui. Foda.

Passo praticamente a tarde toda vendo estas porras destes discos, desde a "surpresa" pra irmã que mandou o e-mail pedindo ajuda até o início da demolição que é sempre um show. Tudo isso é o Construindo um Sonho, que eu to roteirizando. A primeira parte vai ao ar neste domingo.
E por falar em roteiro, to aqui botando no papel os dois primeiros dias da obra. O Bruno, que faz a direção das gravações, sob a direção geral do WW, é bom pra caralho. Ele inventa coisas simples que dão um puta molho na pentelhação que é este papo de alvenaria, tijolo, laje. Sou fã deste cara que nos próximos 15 dias vai estar mais sujo de terra e cimento que um pedreiro.
Terminei os dois roteiros e já ta na hora de me mandar. Recebi um twitter dando conta que no próximo dia 1º de setembro, aniversário de 99 anos do Timão, todos os corinthianos do mundo estão intimados a vestir camisa e as cores do clube. É noise!

Minha cunhada (Lena), esposa do meu irmão mais velho (Bi), me liga dizendo que o irmão mais novo depois de mim (Celso), foi á casa dela depois de não se falarem por mais de dez anos. E vai de novo mais tarde. Desculpou-se por erros do passado e parece que está a fim de ficar de boa novamente. Há um problema de herança envolvido neste "embroglio" familiar, mas isso dá esperança de que estes quatro irmãos um dia voltem a se reunir, todos juntos. Eu mantenho contato com todos. Mas eles não se falam entre si. Deus do céu, abençoe este novo tempo na minha família que se separou quase que totalmente depois da morte dos meus pais, em 87 e 89.
E bora pra casa. To meio deprê, nem sei bem porquê. Olha o que ta dizendo o Supertramp no meu ouvido, durante o trajeto pra casa.

"Guess I'll always have to be
Living in a fantasy
That's the way it's got to be
From now on
Guess I'll always have to be
Living in a fantasy
No it won't be really me
From now on
You think I'm crazy I can see
It's you for you, and me for me
Living in a fantasy
From now on"

Viver numa fantasia é algo que me seduz. Mas ás vezes a gente cai no chão e nota o quanto é duro. Olha só a canção que entrou aqui. É uma do Bortolotto com a outra banda dele, a "Tempo Instável". Chama-se "Billy, The Girl" e é parceria com o Paulo "Picanha" de Tharso. Coisa maravilhosa.

"Há muito tempo que eu brinco com a morte,
não é que nós somos amigos,
mas nos conhecemos o bastante pra tirarmos a sorte
A dor é uma espécie de azar

Há muito tempo que eu brinco com a morte,
pra ver quem é mais forte,
eu e ela jogamos assim, todo santo dia eu abro uma garrafa de gim,
uma dose pra ela e outra pra mim, uma dose pra ela e outra pra mim...

Há muito tempo tento enganar a morte,
a ela ofereço a minha cabeça,
que ela guarda com a paciência de um espadachim,
há muito tempo que ela espera por mim,
um brinde pra ela e outro pra mim".

E neste clima bluesy quase auto destrutivo, chego em casa com a sede do mundo. Paulona ta visitando a Dex. Elas estão no fim de uma garrafa de vinho. Dex fez uma deliciosa carne de panela que eu janto com arroz. Paulona é o Rick da vida da Dex. São amigas de escola, coisa de mais de três décadas. Eu e Rick nos conhecemos na 5ª série, 1976. 33 anos, mano! É foda.
Paulona e Dex tão ambas desempregadas. Uma dose pra elas. E outra pra mim.

Abro a primeira Dado Bier Lager de 970 ml que comprei no Frangó. Papeando na mesa enquanto elas mandam vinho pra dentro. Coloco uns vinis pra tocar: João Bosco, Paulinho da Viola, Ismael Silva, João Gilberto. Abro a segunda garrafa de vinho e sirvo as moças. Um brinde pra elas. E outro pra mim. Luiz Gonzaga. Dex me olha sabendo que tô com o coração na mão em função do encontro dos meus irmãos esta noite. Torcendo pra tudo dar certo. A dor é uma espécie de azar. Luiz Gonzaga é de fuder. Abro a segunda Dado.

"Juazeiro, juazeiro
Me arresponda, por favor,
Juazeiro, velho amigo,
Onde anda o meu amor
Ai, juazeiro
Ela nunca mais voltou,
Diz, juazeiro
Onde anda meu amor
Juazeiro, não te alembra
Quando o nosso amor nasceu
Toda tarde à tua sombra
Conversava ele e eu
Ai, juazeiro
Como dói a minha dor,
Diz, juazeiro
Onde anda o meu amor
Juazeiro, seje franco,
Ela tem um novo amor,
Se não tem, porque tu choras,
Solidário à minha dor
Ai, juazeiro
Não me deixa assim roer,
Ai, juazeiro
Tô cansado de sofrer
Juazeiro, meu destino
Tá ligado junto ao teu,
No teu tronco tem dois nomes,
Ele mesmo é que escreveu
Ai, juazeiro
Eu num güento mais roer,
Ai, juazeiro
Eu prefiro inté morrer.
Ai, juazeiro..."

Quem me ensinou a ouvir Luiz Gonzaga foi meu pai. As meninas desistiram do vinho e eu dou cabo de meia garrafa. Pego vinho do porto e sigo entornando. Elas bebem água. Uma dose pra elas e outra pra mim. Paulona se foi. Dex subiu. A vitrola está sendo desligada. E eu to procurando meu pijama. Coloquei pra lavar. Pego uma bermuda e uma camiseta do "Roquenrow Bar". Pouco mais de meia noite. Vou ver Tv.

4h20 da madruga. To todo torto no sofá. Parece que apaguei aqui. Vou pra cama. A noite ta pela metade. Um brinde pra ela. E outro pra mim.