segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Meus urros de mastodonte mal barbeado ecoam no estúdio e, imagino, pelo Brasil todo.

Durmo e acordo várias vezes e a estrada segue ao meu lado, mas em direção contrária. Ela vai pro Rio e eu pra Sampa. Uma da tarde e tamos em casa, na frente da Gabaju. Dex ta vindo me buscar. Só tenho o CQC em mente.

Me despeço de todos. Dex chega. Lu e Fefê, esposa e filhota do Simon, chegam pra pegá-lo. Epa, vontade de peidar. Epa, opa, é merda física. Corro pro banheiro da Gabaju e dou com Vini e André trabalhando em pleno 7 de setembro. Vida de negro é difícil. Fui.

Dex ta no volante. Vamos conversando sobre o fim de semana dela, cruzando a família, os parentes de Ponta Grossa e de Rio Claro. A "Gira" de sábado á noite. Eu falo dos shows, dos puta shows que fizemos, notadamente o do Rio, por ter sido apenas a quarta vez que tocamos no estado. Home.

Vou desfazendo as malas e arremessando a roupa molhada no chão. O que ainda tem serventia sem ir pra máquina de lavar eu penduro pra secar e esticar. Dex ta preocupada com a saúde da minha cunhada Lena. E eu tb.

Vou pra Internet. Há dois dias de blog para atualizar. Dex dá um longo cochilo no sofá vendo Friends.

Acorda. Ta com fome. Neste meio tempo eu fui cagar umas três vezes. É algo que tem a ver com diarréia e tensão pelo CQC, tenho certeza.

Dex esquenta arroz e frita salsicha com cebola e ta muito bom. A geladeira ta cheia de brejas importadas, mas não tem um puto dum refrigerante. Bebemos suco de uva. Ela come lentamente. Mastiga e rumina. Rumina, não! Ela não é Camelo, porra! Eu engulo rapidamente. Numa espécie de metáfora do agito e da ansiedade que me consomem nesta segunda feira de quartas de final. Volto pra Internet. Publico o que tem que ser publicado nos blogs. Dou uma twitada e por volta de cinco da tarde apago na cama. Seis e meia to em pé. Banho da Dex. Meu banho. Coloco a camiseta com o logo do novo cd das VV: "Ninguém beija como as Lésbicas". O pessoal do CQC pediu que todos vestíssemos as camisetas com a fashion do programa, com a mosca atrás e as letras na frente. Vou tentar dar um migué e fazer uma propagandinha do nosso cd. Minhas intuições estão batendo num liquidificador. Ora, a cada desligada, tenho quase certeza que passo, ora me desiludo pensando que já fui muito longe. Ô, como é duro ser canceriano, ás vezes!

Banas me liga. Combinamos na porta da Band ás 20h30. E vamos pra lá, no carro da Dex que tem rádio.

To bem tenso. As lembranças que tenho da matéria que gravei me deixam inseguro. Uma ou outra passagem realmente legais, mas muitas batidas de cabeça. Posso até vencer a Vivi, mas não venci a mim. Poderia ter ido muito melhor. Mas tem a edição que, como Jesus, dizem alguns adesivos de carro, salva!

É fim de feriadão e vou ouvindo o titio Marco Antonio da Kiss falar de longos e insistentes congestionamentos nas estradas que dão acesso a capital de todos os paulistas. Opto, pois, por um trajeto pelo centro até o Morumbi. Tiradentes, Prestes Maia, Anhangabaú, 9 de julho, Cidade Jardim e aí é " dois palito" até a Band. Dez para as oito da noite e Dex e eu estamos encostando o carro. Trouxe meu chapéu pantaneiro com o nome da Dex escrito na aba para dar sorte. É brega, mas "escrevi seu nome no meu chapéu e a estrela mais linda brilha no meu céu (Daniel)".

Ela reclama do sombrero, claro. As mulheres, algumas delas, sempre reclamam. As que pensam, em geral! Eu amo a minha. Ela, sim, é meu maior prêmio na vida!

Tamos na portaria da Band. A Tutty é uma fã das VV de muito tempo. Ta com a gente. O segurança da Band tb é fã do tempo em que eu trampava no canal pornô. Ele me cumprimenta efusivo. Traz outro amigo e fã com uniforme de bombeiro. Tamos batendo papo.

Chega a Vivi com o pai e a mãe. Esta loirinha só tem 18 anos, mas é espevitada. Parece tímida, mas quando a câmera liga, ela se revela. Alguém me disse que em função da minha experiência e conseqüente inexperiência dela e de termos feito uma matéria sobre Raul Seixas que eu seria favorito. Eu nunca menosprezo as pessoas. Especialmente a Vivi. Aposto que ela se virou bem e fez um trampo legal.

Felipe Voigt ta na área. Veio de Limeira e penou um pouco por causa dos engarrafamentos de feriado prolongado. Cadê Banas e Fred? Vamos entrar. Primeiro eu e Vivi. Vamos conversando. Ela é pequena e aparenta uma fragilidade que eu sei que não tem. Ela é o cão, esta menina!

A produção nos leva pro camarim. Tem rango e refrigerantes. A produtora se desculpa dizendo que como é feriado o "gatering" está fraco. Não vou me arriscar a comer nada. Vai que me cago ao vivo pra todo o Brasil. Era só o que me faltava. Lembrei de uma piada.

"Vamos começar a aula de hoje falando sobre a ganância do ser humano. É sabido que o homem é um ser que sempre quer ter, possuir. Mas uma pessoa não pode ter tudo. Sempre falta alguma coisa. Por exemplo, Mariazinha, o que seu pai tem?

- Ele tem TV de plasma, fessora, carro importado, som surround, casa na praia...
- Mas ele tem lancha a motor? Retruca a professora
- Não, fessora!
- Viu, a gente não pode ter tudo! Sempre falta alguma coisa.

E seguem-se os exemplos da educadora.

- Vc, Carlinhos, acha que seu pai tem tudo?
- Tem sim, pois ele tem tudo o que o pai da Mariazinha tem e ainda tem lancha a motor.

Mas a mestra não se dá por vencida.

- Seu pai tem avião particular?
- Não!
- Viu, Carlinhos: não se pode ter tudo! Sempre falta alguma coisa.

Neste momento sinistro da aula, Joãozinho, o capeta, pede a palavra.

- Meu pai tem tudo, fessora! Pra ele não falta nada!
- Como é que é isso, Joãozinho? Eu já disse que sempre falta alguma coisa.
- Mas pro meu pai não falta nada. É que ontem minha irmã levou o namorado
pra gente conhecer. Quando meu pai viu o cara com a camisa dos bambis, de boné cor-de rosa e pedindo a maquiagem da minha irmã emprestada foi que ele falou: era só o que me faltava!"

Dã!

Rogério "Standupcomedyman" Morgado chega com suas imitações. A julgar pela sua agitação, ta tão nervoso quanto eu. Maquiagem. Camarim de novo. Chega Marcel Oliveira, o homem do programa "Intruso". Eles vão se enfrentar, se é que se pode chamar assim, do mesmo modo que eu vou encarar a Vivi. Hora de ir pro estúdio.

Colocam a gente no meio da galera e isso causa um reboliço. Tem fã pra todo mundo, mas parece que a galera do Marcel é mais organizada. Cadê minha Dex? E meus amigos? Droga. Não vejo ninguém.

As pessoas tentam tirar fotos com a gente. A proximidade da entrada no ar ao vivo faz a produção impedir esta inteiração tietosa. Já estivem em dezenas de estúdios antes, mas desta vez é diferente. Desta vez eu vou pra luz. Desta vez eu sou um dos protagonistas dum concurso cheio de prestígio.

Rafinha Bastos e Marco Luque vem pro palco fazer um esquenta com a platéia. Marco foi eleito um dos homens mais sexies (ou sexys) do Brasil. Os dois fazem graça com o fato. Marcelo Tas na área. Gentilezas com os quatro candidatos a eles. Vai começar. Morgado, ao meu lado, diz que já esteve no programa antes e que o som é tão intenso que parece que a "nave" vai decolar. São os graves da trilha de abertura que chacoalham tudo. Tamo no ar.

Abertura. Pequenos trailers das matérias vão pro ar. Caraio, eles colocaram a parte em que eu entrevisto o cara e ele reclama que eu to com o pinto roçando nas costas dele. Eh,eh,eh. Break.
Mais programa. Link com o CQC original, da Argentina, com direito a gozação por causa do "chocolate" que demos no time do Maradona no sábado. Os Argentinos não parecem muito satisfeitos. Chupa!

Na seqüência entra uma puta matéria legal do Andreoli em Rosário. Break.

Dali pra diante não consigo me concentrar nas outras matérias do CQC. To nervoso. A produção nos posiciona nos bastidores e nos orienta em relação á entrada. Arregaço minhas mangas pra mostrar as tatoos. É meu sinal de guerra!

Há dois "queijos" no chão e Vivi deve ficar no primeiro, mais perto da platéia e eu, conseqüentemente, no segundo. To como antes dos shows, andando de um lado pro outro e rezando. Muito. É hora. Chamam meu nome primeiro e Vivi hesita. Conduzo-a para entrar na minha frente como a produção mandou. Tamaqui. Papinho. Rafinha, dada minha movimentação de peru doido, indo e voltando, pergunta se quero mijar. Digo que é o nº 2. Matéria rodando. Acho duas coisas: a edição conseguiu achar bons momentos meus e a coisa até ficou bem engraçada; Vivi, como eu previa, saiu-se bem. Cumprimento-a ainda no palco!

Do fundo do coração, vejo igualdade no que foi ao ar. Sei que sou mais escroto e isso aparece mais. Mas com alguma sutileza e classe ela fez graça muito bem tb. Tal conclusão tranca meu esfíncter. Perderei? To saindo fora? Help me Jesus. Heim, Tas? O que achei da matéria? Achei que a edição salvou a pátria, pelo menos da minha parte.

Quem fica?
O quê? Eu?
Eu, caralho?
EU, porra, buceta, caralho, pinto, foda. Eu!

Eu to entre os quatro finalistas para 8º CQC. Meus urros de mastodonte mal barbeado ecoam no estúdio e, imagino, pelo Brasil todo.

Na gana da comemoração pego a Vivi no colo. Porra, foi mal Vivi. Pra vc o momento era inversamente tenso.

Dou-lhe um abraço já fora. Todos os CQCs apresentadores vem nos cumprimentar. Todo mundo gentil.

- É uma honra – digo pro Rafinha que se preocupa em abraçar mais intensamente Vivi, aconselhando-a a seguir fazendo vídeos e tal.

Eu agarro Gi da produção e pulo como se tivesse ganho uma medalha de ouro. Uhu! Adrenalina taí uma droga que deveriam vender nos bares.

Vou pra frente do público já que ta rolando o intervalo. Urro em frente da platéia como um gladiador. Eu sou uma comédia. Pra que isso? Maloqueiro do caralho!

Pulo em cima do Morgado. Cumprimento Marcel. Os dois são levados pras posições, pois são os próximos e só pode haver um.

Procuro Dex. Acho Banas e Fred que tão do outro lado. Vou lá. Cadê Dex? Ta perto. Vou até ela e lhe dou muitos beijos. Sou exagerado mesmo, jogado aos seus pés. Beijinho na Tutty que ta ao lado. Do outro Felipe Voigt. Cool. O programa segue.

Matéria do aniversário do Zezé Di Camargo no ar. Rogério ta muito bem, solto. Marcel, contrariando minhas expectativas, nem tanto. Ele é repórter faz tempo. A tendência é (ou seria) estar mais em casa. Mas o que se vê é o contrário. E isso se confirma na degola: Marcel sai, Rogério fica!

Quando volta pra lado de cá, aplaudo Marcel. Rogério, que não trouxe familiares e nem amigos, sai pela lateral. Seguimos assistindo o programa. No Top Five destaque pruma gang de travecos. Não consigo me concentrar. Nem acredito que passei. Terminou.

A galera do auditório pede fotos. Muita gente. To longe de ser um astro aqui, mas faço questão de tirar fotos com todos que me pedem. Em meio a flashes, tento cumprimentar Rogério. Tiramos algumas fotos juntos. Marcel passa por mim e se despede. Mais fotos. Mais fotos. Muitas mais fotos. Desço pra pegar minha bolsa masculina. To de volta. Banas e Fred me cumprimentam e se mandam. Tutty idem.

Antes do programa a galera do Terra Nova havia me ligado dizendo que tava todo mundo torcendo por lá. Prometi passar e tomar uma. Ligo o celular e por quase dois minutos ininterruptos sinto o vibracall avisando que mais um recado entrou. Caraio. É o pessoal me cumprimentando. Tamos a caminho do Terra.

Dex e eu estamos com dor de cabeça, muito provavelmente de fome.

Terra. Abrax em Lola e Heinz. Lola faz uma porção de lingüiça com pão pra gente. Suco de laranja pro meu amor. Serra Malte e pinga de maracujá pra mim. Comentários sobre o programa. Caraio, to mortão.

Terminamos o rango, mato a pinga e a breja e simbora. Brigado a todo mundo que torceu. Por mais duas semanas tenho o direito de sonhar em fazer parte deste programa cheio de prestígio e qualidade. E na frente da câmera, o que é mais legal!

Casa. Entraram 800 novos seguidores no meu twitter. Respondo todos os recados do celular e mando um salve via twitter. São três da manhã e levanto ás sete. Na terça feira, a vida continua!