sábado, 3 de outubro de 2009

Ouço piadinhas de que estou mais pra pai de santo ou filho de Gandhi.

To aqui, meio dormindo, meio acordado, deitado, pelado, com a tv ligada sem som, o cd novo no repeat e fritando na cama. Olho o relógio e vou meio que controlando o tempo pra arrumar esta "favela" de roupas penduradas e molhadas pelo chão. Heim? Onze da manhã? Começo a arrumar tudo. É roupa pra caraio, do Raul, de Pirata, do Genelvis, Homem Lindo, duas de padre, roupão, camisetas, samba-canções, joelheiras, tênis, caraio...Coisa pra cacete. Epa, preciso cagar. Caguei. Voltei pra arrumação. Tudo ajeitado e quinze pra meio dia. Banho. Bronha. Pronto. Desçamos, pois.

Tamaqui, na recepção do Bonaparte Express, aguardando a galera, o busão, tudo. Rico, Juju, Cavalo, Marcinho, Rodrigo, Edu já tão. Banas desce depois, Roy é o último. Bora pro busão. Serão cerca de duas horas até Ponta Grossa. Penso em tentar cochilar, mas os sons legais vão se sucedendo no I-pod e abro uma latinha. Depois outra. Mais uma. Já to dançando. E desce outra. Uhu! Quando vejo, já estamos em Ponta Grossa. Antes do hotel, almoço na churrascaria Papai Côgo, do meu amigo Zeca e do irmão dele. Na verdade, da família. O Zeca não ta na área, mas o brother faz a presença. Carnes boas, saladas e que tais. Um skolzinha em sociedade com o Roy. No fim, o irmão do Zeca ainda faz um puta desconto e só cobra as bebidas. Amigo é amigo, né veio? Brigado Papai Côgo. A gente sempre se sente em casa aqui. Antes de sair não faltam fotos e autógrafos. Algumas pessoas fazem referencia ao "Paulão do CQC", mas que eu corrijo: "Paulão das Velhas Virgens".

Busão. Hotel. É o tempo de pendurar as coisas, trocar de roupa e sair pra tarde de autógrafos, lançamento da revista em quadrinhos e do novo cd num shopping da cidade. Pra ser bem sincero, estas tardes de autógrafos nunca são muito concorridas. A gente bebe umas e outras, bate papo com alguns fãs e tal. Minto. A de lançamento da revista em quadrinhos em Porto Alegre foi bem legal e concorrida. Mas em geral não é. Não somos exatamente celebridades, ok!

A gente chega de van, por uma porta traseira do shopping e vamos subindo, pelo elevador de carga até que uma outra porta de abre estamos numa praça de alimentação. Olha a livraria aí! Opa, tem uma galera. Opa, tem cerveja. Caraio. Armaram um lugar com Tv de plasma passando o clip novo do Velho Safado e o cd rolando as músicas novas. Caraio, tem bastante gente. Cool. A gente fica cerca de duas horas no local e a rotatividade de pessoas é intensa. Caralho, este novo disco está prometendo. E tb a revista, o clip novo, todas estas outras coisas que o Cavalo tem corrido atrás. E o buxixo em torno da minha participação no CQC tb. Ou então, o que explicaria estas duas mocinhas com não mais de 12 anos chorando abraçadas comigo, dizendo que eu sou lindo e que elas me amam? Um descontrole de fã que eu só vi acontecer com ídolos populares mesmo, esportistas, gente famosa de fato. A gente é apenas uma banda independente de rock'n'roll, uns bêbados tarados, fazendo o que gostam. Mas confesso que me senti sei lá quem...Fábio Jr? Cavalo diz que somos "emões". É o humor ácido dele! Num sei...Isso nunca aconteceu comigo. Mas é gostoso! Eh,eh,eh!

A melhor tarde de autógrafos de que já participei. Ponta Grossa é mesmo du caraio. No meio da loucura toda, um mano me presenteia com Eisenbahns especiais da Oktober fest. E começo a beber ali mesmo, entre Kaisers(blergh) e Heinekens em lata. Acabou. Fotos com o pessoal da loja.

Bora.

Direto pro Empório passar o som? Não! Não tem nada pronto! Vamos pro hotel dar um tempo. Quando batem quase sete da noite, Banas nos chama pra ir pro bar. A gente não passa som faz muito tempo. Os meninos da técnica acertam tudo e a gente só vai na hora do show. Mas vcs sabem a quantas anda esta estréia precipitada, certo? Temos que fazer um ensaio geral pra acertar detalhinhos e detalhões.

E mesmo assim, o som demora pra aprontar. Na tv o timão ta perdendo de um a zero do Furacão, em pleno Pacaembu. Havia vários torcedores do Atlético Paranaense na tarde de autógrafos e vários trocaram bravatas comigo. Já to vendo tudo que a galera vai ficar me tirando durante o show. Eu e Simon, os mais fanáticos dentre os corinthianos da banda, ficamos ligados no jogo e ao invés de vermos um empate do Corinthians, temos que engolir dois a zero. Vai tomar no cu! Roy sai pulando ao meu lado, porco filho da puta.

- Ah, é assim que vc quer que as coisas sejam? Ok. Deixa seu time se fuder que vc vai ter que me agüentar.

Esta ameaça é minha. Fiquei puto com o segundo gol do adversério e soltei os cachorros pra cima do Roy. Este porqueta vai se fuder comigo! Quer ser malandro? Então vamos ver se vc é mesmo malandro!

Cai o sinal da transmissão. Vamos pro ensaio geral. Caran solta o coro gravado de "Eu vou, eu vou, pra dentro da garrafa, agora eu vou". Contagem do Simon e lá vamos nós de Gênio da garrafa. Ok. Termina e Tuca já emenda Elvis. Beleza. Simon erra o finzinho, a gente refaz e beleza. "Esta mulher só quer viver na balada" eu tento fazer sem ler e erro um pedaço da letra. Mais tarde eu não vou errar, meninos, sorry! Depois são duas antigas: Tudo que a gente Faz e Toda Puta Mora Longe, que está de volta ao set. Ok. Juju entra com Cafajeste. Beleza. Oriento sobre o discurso que ela deve fazer no meio, chamando as moças a cantar o refrão com ela.
Volto e fazemos o Velho Safado em dueto. Ela sai. Eu bebo sim. Beleza. Ninguém Beija como as Lésbicas eu tenho que ler. Letrinha complicada. Preciso decorar. Daí é o dueto da Ju e do Roy. Ótemo. Ela emenda Buceta. Eu combino com eles de entrar depois do segundo refrão e interromper, já vestido de padre, fazendo aquela pasmaceira de sempre, e iniciando a homilia que antecede "Se Deus não quisesse". Ok. A Ultima partida de bilhar eu acho que faço sem colar. Cavalo puxa Siririca. Hum. FDP preciso olhar. Madrugada e Meia. Abre essas pernas! No bis, precisamos passar Juju cantando "Só pra te comer". Antes eu, Tuca, Roy e Simon tentamos fazer "O amor é outra coisa". Não sai. Eu não sei a letra direito. Nem lendo. A guita do Roy não está na pulsação exata. Está abordata da noite de hoje. Um trechinho de Bortolotto Blues e pronto, com Banas já torrando nosso saco, porque a casa precisa abrir. Porra, tamos brincando ou ensaiando? Caralho!

A galera vai jantar numa churrascaria. Peço que o motora me leve pro hotel. Ta muito perto da hora do show, mais de dez da noite. Some-se a isso meu nervosismo de estréia e é melhor não comer nada. Fico no quarto, pelado. Ligo pro Banas pra saber que horas ele nos quer na recepção. Meia noite e vinte. Dou aquela relaxada. O Timão perdeu de três a um. Sem comentários! Numa noite importante e tensa como esta vcs aham que a derrota do Corinthians me afeta? Afeta. Afeta pra caralho! To fudido da vida!

Deu a hora. Montei a mala com os figurinos da noite, a saber: Genelvis, Velho Safado e Padre. Bora. Tamo entrando. Algumas pessoas nos saúdam da rua. Uns gritam CQC. Acho que este lance vai me seguir por algum tempo. Dentro. Ajeitando as coisas do camarim. Tem um programa de Tv querendo nos entrevistar. Fico bebericando e esperando faltar meia hora pra me trocar. Passo as colas com Marcinho. É um risco. O palco é baixo e a papelada estará ao alcance da mão das pessoas. Basta alguém arrancar aquela porra dali e eu ficar perdido em pelo menos duas músicas. E tem tb o sistema de troca de roupas, onde a gente nunca sabe o que pode dar errado. Ok. Estou virando Genelvis. Parei com os alongamentos desde que as dores nas costas chegaram e ainda não se foram completamente.

Pronto. Ouço piadinhas de que estou mais pra pai de santo ou filho de Gandhi. Ok. Os meninos, em suas roupas de croupiers, tb têm uma onda de entregadores de comida chinesa. Mas tá todo mundo estiloso! Os figurinos da Juju é que estão sensacionais! Ponto pra minha comadre Juliana, esposa do Cavalo.

Entrevista antes. Outra entrevista. Bora. Caran solta o áudio "eu vou, eu vou" e tamo no palco. Me esforço pra fazer aquelas poses do Elvis. Vamos pra letra. Ta tudo indo, mas bancar o Elvis tira meu fôlego, que falta pra cantar. Preciso dosar isso. Cover do Elvis não faz muito sucesso. Esta Mulher...rola bem, mas preciso de mais ajuda no coro, pois é muita coisa preu falar. As duas seguintes vão bem, como eu esperava. O show ta indo. Saio e deixo Juju com Cafajeste. Ela se enrola um pouco no texto pra convocar as moças a chamar os rapazes de cafajestes. Mas rola. Cavalo se engana e puxa Buceta. De algum modo eles se acertam no palco e ele para. Começa minha música geriátrica. Volto com barba, bigode e cabeleira branca, cueca samba canção e camiseta para "Velho Safado". O misancene funciona. Juju sai e, já sem peruca e barba, faço Eu bebo sim que sempre funciona. "Ninguém beija como as lésbicas" funciona tb. Sem problemas com a cola. O resto vai indo. Dueto de Ju e Roy ta rolando. Ju puxa Buceta. Passa batida na segunda parte antes do segundo refrão, mas não dá nada. Entro, interrompo como combinado e meto Deus é pai na fita. Ok. Tiro a batina. Ultima Partida de bilhar com a galera cantando junto. Siririca.

Quando saí pela última vez, Banas me informou que tínhamos cerca de 30 minutos de show, passando da metade. Compreendi que precisava pesar no discurso de Siririca para deixar o show com mais tempo. Na verdade, até para diferenciar do outro show, a idéia era encurtar este discurso. Mas precisaremos dele, pelo que to vendo. Beleza. Depois é FDP. Adesão média, leitura da letra boa. Eu havia empurrado a cola para debaixo do retorno com o pedestal do microfone, mas Marcinho consertou. Hum!

Madrugada e Meia é antecedida de discurso. Era outra que deveria entrar direto, sem papo furado. Beleza. Abre essas pernas. Terminou. Caran solta o "eu vou, eu vou". A banda volta pro bis com Juju cantando "Só pra te comer". O nervosismo faz ela passar batida na ponte, mas não dá nada. Volto e começo Beijos de Corpo e a banda não vem. A primeira parte acaba ficando meio á capela e, mesmo sem querer, funciona. A batera só entra no refrão. Ok. Uns drinks. Foi. Cavalo dá o acorde e eu começo a cantarolar Bortolotto Blues, só um trechinho, para ficar repetindo o refrão e chamar a galera pra cantar com a gente. Acabamos abraçados e cantando com a galera: "então vê se goza logo, pra gente voltar pro bar".

Camarim. Ta todo mundo feliz. Salvo algumas desatenções e errinhos, a porra funcionou. O povo de Ponta Grossa, como sempre, foi super receptivo ás novas canções. Ponta Grossa é foda. De zero a 10, eu diria que conseguimos um oito,apenas o que é muito pra um dia de ensaio.

Bebedeiras e abraços. Saio pra falar com a galera e o assédio está acima do normal. As pessoas não estão acostumadas com nossas saídas depois do show. Pelo menos estas que estão ao meu lado. Fotos, abraços, beijos, autógrafos e o DJ que rolou "A Casa do rock", do Casa das Máquinas, ao final da nossa apresentação, está mandando muito bem com AC/DC e KISS. UHU! Momento de êxtase na pista de dança. Vai pra lá, vem pra cá, elogios e bebedeiras no camarim, fui pro busão.

Hotel. Cinco e meia da matina. Banho. Arrumo minhas coisas. Desço pro café. Daí pro Busão. Bora pra Telêmaco. Apago antes que o busão saia.