sexta-feira, 2 de outubro de 2009

- Tenho uma doença terminal e preciso urgentemente de uma latinha de cerveja antes do vôo sair!

Oito de la matina. Jump. Jornal. Merda!

É hoje que vão definir a sede das olimpíadas de 2016. Continuo achando que vai dar Madri. Sorte pro Rio e pro Brasil.

Ronaldo voltou da resolução dos "imbróglios" pessoais na Espanha, treinou e joga amanhã contra o Furacão no Pacaembu! Ronaldo em campo só tem um adjetivo: alegria!

O terremoto no sodoeste da Ásia matou mais de mil e a coisa pode subir ainda mais. Puta merda!
Tutty Vasques lembra que se a mulher do Barack Obama for a Copenhague ajudar Chicago a ganhar a sede da Olimpíada de 2016 com "aquelas" alcinhas, não tem pra ninguém! Depois dizem que as Velhas Virgens é que são taradas. Todo mundo só pensa em sexo, mano! Ele fala tb de um encontro entre Massa e Nelsinho Piquet num kartódromo. E no encarte de esportes está lá a foto. Massa com uma cicatriz ainda pronunciada na testa e completamente sem graça abraça o cara que, com um acidente forjado, tirou suas chances de campeonato naquele maldito Grand Prix de Cingapura, entre outras coisas! Foda! Olha! O que este rapaz, filho do lendário tri-campeão, fez é coisa muito séria para quem gosta de esportes. Muito séria. Ele deveria ser banido do esporte, sabe!

Os cientistas estão analisando o esqueleto de um ancestral humano (Ardi) que viveu na terra, mais especificamente na Etiópia, e que esteve por aqui um milhão de anos antes da até então mais antiga parente nossa, a Lucy. Ardi, tb fêmea, viveu há 4,4 milhções de anos. Um chimpanzé metido a Oscar Schmidt, eu diria.

E a porra do vazamento da prova do Enem? Caraio! Que cagada. Diz a matéria que "dois homens" procuraram o Estadão pra vender a prova. Os jornalistas teriam lido a prova, decorado algumas questões e com este testemunho convenceram as autoridades de que era preciso transferir o exame. Alunos perguntados sobre o ocorrido se dividem entre "...ainda bem, pois posso estudar mais" e "...eu já estava preparado para o exame e vou sofrer com o adiamento". Eh estudantaiada que só olha pro umbigo. A prova foi divulgada antes de ser aplicada, buceta. Isso é fraude, crime. Acaba com a possível isenção e veracidade do exame. Tem que transferir, mesmo. Lembro bem que quando um dos meus irmãos fazia faculdade, conheci um estudante que, pasmem, vivia de vender provas de vestibular dentro da escola. O cara não podia se formar, pois se terminasse os estudos não teria mais acesso aos exames e não poderia mais comercializa-los. Olha que filho da puta!

Quantos caras não se fuderam porque perderam sua vaga pra alguém menos preparado que comprou a prova e passou? Hoje tem faculdade a cada esquina, mas a coisa não era assim há 20 anos. Vc vai lá, estuda pra caralho e se fode porque alguém tem grana e comprou seu futuro profissional! Foda!

Hum. Uma matéria sobre os melhores pastéis de feira de São Paulo no Guia do fim de semana. Hum, hum, hum!

E chega de papo. Bora atualizar. To ouvindo "O amor é outra coisa" no repeat do CDMan que um dia soquei porque pulava e, surpreendetemente, voltou a funcionar. Leva-lo-ei para tentar decorar as letras novas!

E já, já vou me mandar pro SBT. Fazer sets, colas, fichas, roteiros e tudo que me envolve nesta sexta. Lá pelas três da tarde tenho que me mandar pra Cumbica. Vou com meu carro e vou deixá-lo por lá até terça de manhã! Bora!

Puta transito louco na Marginal. Era tudo que eu precisava neste eterno atraso em que vivo. Olha só, tem um caminhão parado na faixa central da pista lateral. Na frente, uma moto atravessada, um capacete no chão e um motociclista em pé. É o dono da moto. Não há vítimas. Por que não tiram esta porra deste caminhão com moto e tudo para a lateral e param de prejudicar a vida de milhares de pessoas que estão sendo afetadas por este congestionamento? Puta que pariu!

Consigo superar esta merda de cenário de acidente, ando um pouco e pára tudo de novo. Olha lá: na mesma faixa em que estou tem uma moto estabacada no chão. Os caras do CET cercaram a moto com cones e interromperam a circulação naquela faixa. E pára tudo de novo. Porra, se tivesse alguma vítima ali, ok, isola o local. Mas não tem ninguém humano caído: tira a porra da moto daí, porra! Vai tomar no cu, CET!

SBT. Faço as fichas do palco do "Vc não vale nada...", faço a ficha da estréia do TV Animal. Começo a ajeitar as colas e sets pros shows do fim de semana. Tem que imprimir tudo! Magrão vem bater papo e nota que minha mesa, zoneada igual á dele, tem um monte de letras de músicas e sets que nada tem a ver com o Domingo Legal. Vejo em seus olhos até uma certa vontade de perguntar que porra é aquilo. Mas ele sabe exatamente o que é: coisas das Velhas Virgens.

O pessoal vai almoçar e me convida, mas mal tenho tempo de fazer tudo que preciso. Quando já to arrumado e pronto pra sair, Jotaerre me chama para alterar algumas coisas nas fichas do Celso. Lamento, to indo, véio. Pede pra galera que eles consertam a parada. Fui.

To no busão do SBT, sentido Barra Funda. A marginal ta tão trancada que o motorista opta por fazer o trajeto pela Lapa. E mesmo assim, a coisa demora. Chego á Barra Funda pelas quatro. Fila grande para comprar bilhete para ir de metrô até a estação Tietê, de onde sai um busão direto pra Cumbica, onde pegarei meu vôo pra Curitiba pelas 19h48.

Metrô. Quando chega na baldeação da Sé para a coisa lota pra valer. Ok. To na linha azul, sentido Tucuruvi. Desço na Tietê e me dirijo ao guichê para comprar a passagem pro aeroporto. Por volta de 16h30. A vendedora me diz que os ônibus estão saindo com uma hora de atraso. Sairia 17h05, mas vai sair é 18h05. Porra, se levar mais uma hora pra chegar dá mais de sete da noite. Num dá! Reconsidero, pego a grana da passagem de volta e vou atrás de um táxi. No caminho uma moça loira emparelha comigo e me diz que tava torcendo pra mim, no CQC, claro!

- Vc era o melhor, que pena que vc não entrou!

Agradeço e sigo todo cheio. Isso é simplesmente incrível. Esta resposta das pessoas é absolutamente inesperada para mim.

Táxi. O motorista diz que ta tudo parado na marginal e eu sugiro que cortemos pela Vila Maria. É o que acontece. O telefone dele toca insistentemente e dá pra sacar que é sua companheira. Ele desliga uma, duas, três vezes e na terceira, ao me ver bater boca com a Dex via fone tb, comenta que "mulher é tudo igual, né?"

Eh, eh, eh !

- É, companheiro, elas sabem ser chatas quando querem!

Puta transito na Dutra. Pára, anda, corta pra lá, vem pra cá. O taxista faz o que pode, mas a Dutra parece um clone da Marginal. Que cidade impossível de se movimentar está se tornando São Paulo.

18h10 e to descendo do Táxi. Gastaria 32 reais de busão e gastei 65 reais de táxi. E cheguei! Nada mal.

Faço o check in eletrônico. Pronto. Agora é só tomar umas e outras. Lembro que não almocei. Ok. Comi um misto rapidinho na Casa do Pão de Queijo na Tietê. Mas isso não é almoço. Almoço é isso: uma Guiness. Uhu!

Peço tb uma coxinha e depois um chopp 400 ml da Heineken. Lembro que dentro da área de embarque tem um bar da Devassa e resolvo experimentar. Pago e vou. To aqui no balcão do Bar da Devassa. O som ambiente é Zeca Pagodinho. A decoração é simpática, os alemães falam daquele jeito que ninguém entende ao meu lado. E mando um chopp Índia, a versão Devassa da Pale Ale. 500 ml. Uau! Geladaça. Delícia. Começo a falar mais que o homem das cobras. Sabe aquela fase em que o álcool deixa a gente meio eufórico? To nessa fase.

Peço um copo de vidro e os caras me conseguem uma caneca. Mais uma. Delícia! Bato papo com um cara que bebe vinho ao meu lado! Falamos de política e outras bobagens. Opa, ta na hora. Pego uma "ruiva" pra viagem e vou pro portão 5. Não há nada lá. Pergunto pruma moça "cadê o vôo de Curitiba?". Mudou pro portão 3 que era na frente do Bar da Devassa. Vou matando minha Ruiva Long neck enquanto sigo na fila. Matei. Jogo a garrafa no lixinho e vamos lá. Não sei se já disse, mas to bem atrapalhado. E feliz!

Minha poltrona é na última fileira. Entro e vou direto pro banheiro mijar uma parte desta cerveja toda. Ao sair jogo aquela baba de quiabo no comissário de bordo:

- Tenho uma doença terminal e preciso urgentemente de uma latinha de cerveja antes do vôo sair!

O cara não ri, argumenta que não pode servir nada antes da decolagem. Eu digo que to na última fileira e que ninguém vai saber. Ele diz ok!

To aqui, sentado na janela, ao lado de um cara que pela quantidade de galões na farda é um comandante de vôo, piloto, capitão. Passo a chamá-lo de comandante e a gente vai conversando durante todo o vôo, euquanto a cerveja corre solta. É matando uma e acendendo a seguinte. O papo com o comandante é ótimo. Na verdade, empolgado pela cerveja que corre nas minhas veias, passo a entrevista-lo a là Banas. Descubro que as tripulações têm ligação com o tipo de aeronave em que trabalham. Por exemplo, um avião "x" que faz rotas nacionais tem uma série de possíveis tripulantes. O cara pode estar em qualquer vôo que aquele tipo de avião faça. Se o avião tiver autonomia pra fazer vôos internacionais, vc vai pra fora do país. Ficou claro? Não? Foda-se. É conversa de bêbado, mesmo!

Comandante não quer beber cerveja durante o vôo mas diz que tem um churrasco á sua espera em casa, numa cidade próxima de Curitiba. Pergunto sobre este papo furado de desligar celulares e aparelhos sem fio e tal, se isso realmente pode atrapalhar algum procedimento ou se é lenda. Ele me esclarece que, um dia, fazendo um pouso num aeroporto de difícil aterrissagem, acabou tendo que fazer uma arremetida. Na segunda tentiva o avião desceu. Ao taxiar, o piloto notou que seus radares internos indicavam a pista de pouso em dois pontos diferentes. Averiguando o que ocorria na aeronave, descobriu que, antes mesmo de autorizados, os passageiros começaram a fazer ligações de celular para os familiares, premeditando um acidente e realizando despedidas telefônicas. E que o acumulo de ondas provenientes dos celulares teria descalibrado os aparelhos que localizam a pista de pouso. Olha ai, um fato, uma coisa real, que prova que as ondas sonoras ou sei lá que tipo de onda podem prejudicar mesmo o funcionamento das aeronaves.

E neste papo furado todo, estamos no chão.

Despeço-me do gentil comandante. E bora. Ligo pro Banas. Ele não pode vir me buscar. Pego um táxi. To no Hotel. Vou direto ao quarto do Banas. To doidão! Conversamos sobre o set e tal. Vou pro meu quarto. Ligo pra galera que ta jantando e peço que passem no meu quarto pra gente definir o set do show tributo ao Raul, com Marcelo Nova, Tico Santa Cruz, Nasi, Relespública, Baia e tal.

Ligo pro restaurante e mando vir um tal de brasileirinho, um rango com arroz, feijão, couve e um picadinho, tudo delicioso. Enquanto rango, o povo chega.

Bem, temos uma hora de show, cortamos algumas canções, mantemos praticamente tudo do Raul e ta tudo certo. Preciso desta definição pra montar meu set de figurino. Ok.

Tomo um banho. Fico andando pelado pelo quarto. Quando vejo, ta na hora de descer. Vamos pro palco pelas três da manhã. Uma e meia e tamo embaixo, no hotel, prontos pra sair.

Bora pro moinho. Camarim. Caraio, olha o Ricardinho, meu amigo de faculdade, com quem fui estagiário no início da 89 FM, a rádio rock, em 1986. Ele agora trampa na rede Jovem Pan e ta visitando Curitiba. Porra, saudades do cara! Corinthiano vagabundo!

Vou ao camarim ao lado e encontro Nasi. Comento de uma foto de divulgação onde ele aparece de chapéu e charuto como bluesman, mas que, na verdade, ele ta mais prum babalorixá, que é a religão que ele está praticando, o candomblé. Ele ri e diz que tudo está se "candombleizando", música, cultura em geral. Acho que o teor do papo é este.

Volto pro meu camarim, papos furados, drinks, lá no palco vai rolar uma jam com todo mundo cantando "Aluga-se" do Raul. Vamos eu e Ju. Cumprimento Marcelo Nova no palco. Digo que ele ta elegante. Tamos todos cantando. Acabou.

Os caras ainda tocam mais uma. To no camarim de novo. Colocando minha roupa de "Virgulino Sparrow", provavelmente pela última vez nos próximos tempos. O pirata inspirado em "Piratas do Caribe" cumpriu poderosamente sua função de abrir os shows de duas turnês e agora vai pro meu museu de figurino. Próxima atração: Genelvis, amanhã em Ponta Grossa.

Fazemos um set mais curto, sem Homem Lindo e Blues do Velcro que também estarão sendo devidamente colocados em férias, sem data pra voltar. O show começa muito estranho, com falhas incríveis de retorno. Ouço mal minha voz, o baixo do Tuca e um poquinho de batera. Nada de guitarra nenhuma. Porra. Me dá vontade de parar e mandar acertar a cagada. Na frente, o povo não reage muito o que me faz crer que também não estão ouvindo muita coisa. Hum! A partir da segunda e da terceira música as coisas vão se normalizando no retorno, exceto pela minha voz que sumiu de vez. Quando sinto que há algo errado com o som "peso" na coisa teatral pras pessoas não pensarem no som. Exagero nas latadas, nas caminhadas pelo palco, enfim, chamo a atenção do povo pra mim.

Saio pra trocar de roupa, lembrando que esta rotina específica de mudança de figurino tb está acontecendo pela última vez. Marcinho vem ao camarim me perguntar como está o som e ouve o óbvio.

- Não ouvia nada de guitarras no início e não ouvi nenhuma vez a minha voz!

Quando volto, a voz, surpreendentemente está perfeita. Alguém explica? Nem eu!

Entre uma canção nossa e outra, alguém menos paciente com nosso repertório reclama querendo que toquemos Raul, como se estivesse diante de alguma banda de axé ou pagode que desconhece a importância vital da obra de Raul Seixas dentro do rock brasileiro. Páro o show e explico, meio alterado.

- Raul Seixas começou tocando covers de rock'a'billy. Se um dia ele não assumisse o risco e resolvesse cantar suas próprias canções, ninguém conheceria Raul Seixas. É exatamente o que estamos fazendo aqui, falando pela nossa boca. Eu prefiro falar pela minha própria boca a repetir o que outros já cantaram. Meu respeito a quem tocar cover. Eu canto o que penso!

A galera compreende, até porque quem está no palco tem competência para falar de rock no Brasil. E o show segue.

Ao final, antes mesmo que show acabe, saio correndo, coloco a também "agonizante" roupa de mago e volto pra fazer os covers do Raul, com prazer e orgulho. Limamos "Aluga-se" que foi cantada antes pela jam. Incluímos "Conversa para Boi dormir" e "Sábio Chinês" e finalizamos com "Rock das Aranha". Boa noite, Curitiba! Bye, Bye, Cubanajarra!

Bebedeiras no camarim. Caganeira. Drinks com o Ricardinho e a galera. O show terminou mais de quatro e meia da matina. Quando saio pra falar com a galera, não há mais ninguém. Fico ali bebendo no camarim. Busão. Quarto. Café da manhã. Bode. Saída meio dia!