domingo, 31 de maio de 2009

É bom ser casado. E dormir enredado.

Acordo cedo por conta da tosse. Dex se levanta e diz que vai comprar pão e remédio pra mim. Quer me levar ao médico, mas eu reluto. Ela sai e eu apago. Ela volta e me chama pro café. Sete da manhã. Capuccino. Pão fresco. Trimedal. Vamos ver se tudo melhora. Internet. Atualizações. Sono ou banho. Veremos. Sono. Dex vai pro banho.


Eu fico enrolando na cama. Ela me cutuca. Quer que eu vá pro banho. Chupeta que é bom, nada. Ah, tem sim. Uhu! Eu vou. Inclusive pro banho. Quem é que diz não pruma mulher? Banho tomado. Meus sogros estão lá embaixo. Vamos ao cemitério. Dex e seu Ricardo ainda não tiveram a chance de ir até lá. Não vai ser uma coisa muito fácil.

Estamos todos no carro da Dex. Ela tá dirigindo, pois eu aleguei que tô doente e não dá pra dirigir. Viadagem pura. Antes de sair, dei um tapa numa dose de Vinho do Porto que no século 19 era usado como anti-gripal. E ainda dizem que com o tempo a ciência progride. Preferia uma garrafa de Vinho do Porto a esta merda de Trimedal. Todos bebem. Até seu Ricardo que é avesso a alcool.

O cemitério é bem próximo. Cinco minutos de carro. Dex encosta na via lateral. Atravessa a rua com a mãe pra comprar flores. Eu entro por uma porta lateral que não é a que eu entrei no dia do enterro. Mas tenho a sensação que por aqui é mais perto. E eu to certo. É só virar á esquerda, depois à direita e tamos aqui. As coroas continuam sobre os azulejos. Seu Ricardo está na entrada do cemitério esperando a esposa e a filha. Vou lá tb. Seu Ricardo passa por mim e vai em direção do túmulo onde tb está enterrado seu pai. Eu acompanho as mulheres. Pronto. É agora. Lágrimas silenciosas descem nos olhos castanhos de Dex. Seu Ricardo se apoia na parte superior do túmulo e baixa a cabeça. Ele tá sentindo muito a perda da mãe. E mãe, velho, é foda!

Fico de lado e só entro em ação em alguma possivel emergencia. Deixo Dex chorar e observar o local. Quando sinto que ela tá precisando forneço meus braços e meu ombro. Dona Lívia faz o mesmo com seu marido. Porra, pra eles é como se fosse agora. É neste momento que os dois estão encarando a morte da pessoa querida que era a vovó, especialmente para eles. Não sei se rola esta história de preferidos, mas se rolar, este é o filho preferido e ela a neta preferida. Sem dúvida. Seu Ricardo chacoalha a cabeça como que discordando de tudo. Dex joga uma medalhinha que comprou na viagem dentro do túmulo. Tiro o vaso comprado pela Dex do pacote, subo no túmulo ao lado e coloco num ponto mais alto. Se ficar ali no meio das coroas, será varrido como lixo na segunda feira. É isso. Saímos todos dali. Pego a direção do carro e quase provoco um acidente. Esperei Dex e seu Ricardo entrarem e tive a nítida sensação que dona Livia tb havia entrado. Soltei o carro, já que estávamos numa descida. Dona Livia ainda não havia subido e desequilibrou-se pra calçada. Nossa. Que susto. Sorry, sogrinha! E vcs aí parem de rir que eu não faria isso nem com a sogra. Até porque Dona Livia, "A Improvável", é muito querida. Ela não se conforma de eu dizer que ela é improvável. Eu explico que ela faz e fala coisas inacreditáveis, mas como ela existe não pode ser chamada de impossivel. Então, é "Improvavel". Já Dex é "Indomável". Ninguém manda nesta mulher. E eu a amo inclusive por isso.

Bem, de volta ao nosso condominio, entro em casa pra pegar um pacote de carne comprada pelos meus sogros que ficou na nossa geladeira. Seu Ricardo não tá legal. Não quer ir almoçar com a gente. Vai trocar de carro com o Rodragg e depois vai pra casa. Vamos eu, Dex e D. Livia almoçar. Um telefonema pra Rodragg define o local: Bar Brahma do Campo de Marte. Oba, vou provar aquele Virado que o André comeu outro dia. Deixo as moças na entrada e vou estacionar. Longe. Beleza. Tô de jaqueta de couro e cachecol. O calor faz o suór descer. Gripe é um pé no saco. Mesa. Peço um "Blood Mary". Dex pede chopp. Rodragg chega com Bio e Bafo. Ele me vê e fala algo parecido com Paulo. Eh,eh,eh. Eu amo este menino, porra. E estes olhos azuis? Tá lindo!
Uma criança na mesa gera o que se pode chamar de pandemonio. Ninguém come sossegado. Ele é elétrico. Ele quer os talheres, o saleiro, a toalha, os pratos, tudo. Fico ensinando ele a falar seu apelido, "Bafo". É ouvir e repetir. Dex sai andando com ele. Rodrigo pede chopp. Bio idem. Dona Livia vai de suco de laranja e Virado. Virado pra mim e Dex too. Rodragg pede picanha. "Blod Mary" ruim. Peço mais suco de tomate e menos gêlo. O garçom gentil faz a alteração e segue ruim. Ponho sal, pimenta. Ruim. Vamos beber do mesmo jeito. Matei. Peço uma coca zero. Do lado de fora há uma grande banda tocando Jazz. 

O dia tá frio, mas ensolarado. Dex volta com Bafo e Bio sai passeando com ele. De repente, foram todos fumar e estou só na mesa. Chega a comida. To faminto. Começo a atacar o Virado que tá ótimo. Os outros chegam e começam a comer. Rodragg reclama da picanha muito passada. Dona Livia do Virado, assim como Dex. Eles têm paladares apurados. O meu é mediocre. Pra mim tá bom. Comemos nos revezando com Bafo. Eu, não. Eu como mesmo. As moças e Rodragg é que se revezam. Terminei. Sai com Bafo no colo. Ele segue repetindo o próprio apelido que eu ensinei: "Bafff...Bafoo".

As pessoas de paladar apurado reclamam da comida com o maitre. Eu mostro aviões e o palco pro Bafo. Agora quem toca é um trio de jazz. Volto pra mesa. Peço café. Conta. Área.

Rodragg sai prum lado e eu com Dex e a sogra pro outro. Sogrinha entregue em casa. Eu e Dex a caminho da nossa. O rádio anuncia o segundo gol do Santos sobre o Timão B. Estamos com os reservas e eu tô longe do meu lugar da sorte, no sofá de casa. Assim que chegar a coisa melhora. Cheguei. Noto que Dex tá procupada com a influencia da derrota do timão no meu humor dominical. Explico que estamos jogando com o time reserva e a derrota era previsivel.

Casa. Começo de segundo tempo. A torcida o Santos reclama uma goleada, mas os reservas marcam direito e até contra atacam bem. O tal de Marcinho faz boa jogada e Morais chuta. Fabio "cuzão" Costa solta e o jovem zagueiro Renato mete pra rede. Dois a um. Num falei que no meu ligar da sorte a coisa melhoraria? Em mais uma ou duas arrancadas de Morais poderíamos ter empatado. Os adversários tropeçam na bola. Curiosamente, com time completo e em casa, com a torcida do lado, estão afobados. O Juiz expulsa injustamente Lulinha que já havia cagado um passe que resultou em gol no primeiro tempo. Com um a menos é foda. O Santos faz mais um no finzinho. Beleza. Era isso mesmo que eu esperava, mas o reservas até que engrossaram a coisa toda. Dex quer ver tv. Zapeia, zapeia. Opa, ás oito da noite tem Homem de Ferro legendado no 64. Ela não quer ver. É só daqui uma hora e meia. Oba, Two and a Half man. Oba, Big Bang Theory. Dex vai deitar e eu engato no Homem de Ferro. Merda de dublagem, mas o filme vale. Já vi no cinema. Começa com Ac/Dc, Back in Black. Uhu!

No meio do filme acordo Dex, como ela pediu. Ela fica ao meu lado semi morta. Peço prela fazer um macarrão ou pedir ma pizza. Ela enrola. Enrola. O filme termina. Desço e como pão frio com molho gelado. Ela desce e faz sanduiche quente prela. E este vai ser nossa janta. Mais filme? Não. Sono. Cama. Encho o saco dela por ela não ter feito e nem pedido a comida. Fico me lamentando enquanto ela finge de morta. A gente ri. É bom ser casado. E dormir enredado.

sábado, 30 de maio de 2009

Na estação seguinte, Santana, um casal de dinossauros adentra o vagão.

Aeroporto de Cumbica. Desembarque Internacional. Tem um grupo com bexigas verdes e amarelas, flores e uma faixa. Será que algum jogador brasileiro tá vindo no mesmo vôo da Dex? A faixa tá enrolada e não dá pra ver o nome da pessoa que eles estão esperando. São cerca de seis da manhã. Tá frio. Eu tô ao lado deste grupo de dez, doze pessoas. Não tenho bexigas e nem faixas, mas porto uma Hortencia pro meu amor. Tem gente pra caraio esperando gente. A cada vez que a porta automática abre, alguém suspira, alguém sorri, alguém procura, alguém caminha. O vôo, inicialmente marcado para descer ás cinco, aterrisou com meia hora de atraso segundo o placar do aeroporto.

Eu, com esta tosse selvagem e interminável, pulei da cama vinte pras quatro. Procurei um chá destes que a gente bebe quando tá gripado e mandei pra dentro. Odeio remédios, mas esta gripe tá me tirando do sério. Acho que contive os sintomas o quanto pude com bebida. Mas bastou parar de beber que ela veio como um tsunami. Vi um pouco de tv. Li o jornal. Caguei. Simbora pro aeroporto.

E cá estou. Cadê ela? A galera da recepção verde e amarela segue fazendo barulho. Opa. Abriu a faixa. "Glau: welcome, we love you". É uma moça e se chama Glaucia. Cheguei a achar que era algum jogador brasileiro do Barça, campeão da europa. A final foi em Roma. Se fosse, teria que ser o Silvinho, ex-Corinthians. Mas não é. Aliás, saquei que não poderia ser, pois algumas pessoas da "tchurma" vestem camisas da Inglaterra. E o Barça venceu o inglês Manchester United, sorry, o "Unidos de Manchester". Mas é uma tal de Glaucia. Será alguém do atletismo? Sei lá. Nada mais importa. Olha minha moça vindo ali, de tênis, jeans e o rosto mais bonito que eu já vi. Corro e a abraço. Beijos e choro. Nem sei se apenas pela vovó ou de saudade mesmo. Seu Ricardo passa reto e quando me dou conta ele está na lateral. Entrego a flor pra ela. Abraço meu sogro e vamos pro carro. 

Comentários negativos sobre o Cairo e o Egito. Natural. Eles tiveram problemas lá e foi lá que souberam a morte da vovó. Dex diz que a cidade parece ter sido bombardeada. Lixo pelas ruas. O Rio Nilo podre. Mas das piramides eles gostaram. Evito falar da morte. Carro. Esqueci de pagar o estacionamento. Volto. O local do pagamento é praticamente onde estávamos, ao lado do desembarque. A moça que a galera estava esperando chega. A balbúrdia e os gritos são o alarme. Dou uma volta até lá pra ver . Hum. Baixinha. Sorridente. Não, ninguém famoso ou conhecido. Apenas familiares e amigos saudosos esparando alguém querido.

Ok. Tá bem frio. Tô com uma touca cinza de caveira que a Dex me deu. Carro, de novo. Estrada. Vou de mãos dadas com Dex. Os comentários sobre a viagem seguem. Tá cedo. O transito está bem bom. Quebro pela Vila Maria. Estamos na casa dos pais de Dex. Dona Livia e seu Ricardo se abraçam longamente. Ela comprou pão e fez café da manhã pra todo mundo. Ela conta detalhes da internação, da morte e do enterro. Lágrimas escorrem dos rostos dos recém chegados. Ok. Café da manhã. Dex me presenteia com uma garrafa de Vinho do Porto. Taí meu remédio pra gripe. Hora de sartar. À saída Rodragg chega com Bafo. Dex e seu Ricardo recolocam sorrisos no rosto ao encarar o mais jovem da família. Ainda dentro do carro, Bafo olha pra mim e fala algo parecido com Paulo. E sorri. Fala "vovô", "Dedé"...tá falando tudo. Fala cabeça e mostra onde fica a dele. Simbora voltar pra dentro. Além da gripe me derrubando, não dormi nada nesta onda de pega-los no aeroporto. Quero ir pra casa bodear. Mas o Lorenzo merece este pequeno atraso. De volta á cozinha, estão todos brincando com ele. Ele escolhe os colos. E dá aquele sorriso que só criança sabe dar.

Agora vamos. Back home. Dex diz alô pra nossa casa como se ela fosse responder. Desço malas, flor e tudo que veio com ela da viagem. Rodragg deve vir pra cá com Lorenzo em seguida. Sinto muito, mas preciso dormir. Às duas horas preciso estar no centro de doação de sangue do Hospital das Clínicas, pra participar de uma campanha chamada Sangue Corinthiano, que três vezes por ano conclama os seguidores desta seita chamada Corinthians a doar sangue. Não posso doar. Tô gripado e fiz tatuagem a menos de doze meses. Mas posso ir lá dar apoio. Foi isso que os meninos ligados á campanha pediram quando foram a um ensaio das VV entregar camisetas e tirar fotos promocionais. Não posso doar, mas posso apoiar. Mas isso é só lá pras duas da tarde. Agora, bode. Dex me dá outro presente. Tô meio zureta e não compreendo a camiseta com dois homens estilizados. Um se chama "You" e tem o pau pequeno. O outro se chama "me" e tem o pau grande. Sacou? Eu demorei um pouco, pois tava meio anestesiado.

Dex deita o meu lado. Eu tô com a cara inteira dolorida, sinusite, acho. Dói abrir a boca. Os dentes doem. Gripe filha duma puta. Ficamos alguns minutos abraçados. O interfone toca e Rodragg tá na área. Dex tá viajando há quase vinte e quatro horas e tb queria descanço. Ela desce e eu apago. Quando me dou conta é meio dia e muito e Dex já está ao me lado de novo. É bom te-la na cama outra vez. O latifundio está menor e mais quente, agora. Levanto e vou pro chuveiro. A idéia é ir de carro até a Gabaju, deixa-lo lá e acionar o metrô até a Estação Clínicas. Mais rápido, barato e seguro. A água quente minimiza os sintomas da gripe. Dá vontade de ficar aqui pra sempre. Tô me trocando. Coloco a camisa da campanha. Dex levanta e diz que vai tb. Será cu caraio. Mas ela vai tb apenas até a casa da mãe. Diz que tá com fome e quer ingerir comida caseira. Vamonóis.

Dex tá entregue. Volto até a estação Jardim S. Paulo. Dex me emprestou dez reais pra passagem. Tá comprada. Tô no metrô. Na estação seguinte, Santana, um casal de dinossauros adentra o vagão. Ela é uma pterodátila de seus cento e cinquenta quilos. Ele, um tiranossauro de mais de duzentas tonaledas. Ai, meu Deus. Vão se sentar sobre mim. Não. Ao meu lado. Porra, não sou um cara pequeno, mas ao lado destes macróbios fiquei espremido. A dinossaura fala pra caralho e ele apenas diz que sim com a cabeça. Depois de muitos minutos falando sem que ele responda, ela pergunta se ele está ouvindo. Ele diz que sim. Mas tenho certeza que não. Marido é tudo igual. A porta se abre em outra estação e um Japa emo com brinco de cruz na orelha entra com sua namorada tb japa. Ele carrega um case de instrumento musical. Um cavaco? Não creio. Um violino, mais provavelmente. 

Outra estação. Uma moça de calça branca e cintura fina se aproxima do banco onde estou cercado pelos dinos. Bela. Sandália nos pés com unhas bege. Calça branca é bonita até no varal. Os dinos seguem se beijando a um palmo da minha cara. São noivos e não casados. E se curtem. Ela faz piadas, ele responde com tatibitati. Uma dá um piparote da orelha do outro. O outro aperta o nariz do outra. A porta se abre em outra estação e uma morena toda de preto com cara de pecadora e boca carnuda se apresenta. Há uma inscrição na camiseta dela: "há mais de 30 anos fazendo sua vida ser melhor". Que frase é esta? Que lugar é este? O japa do violino troca sorrisos com sua japa. A gostosa da calça branca se move, encantando os arredores. A morena pecadora se vira e mostra a patrocinadora da frase e da camiseta ás suas costas: "Gruta Azul". É uma conhecida boite de Porto Alegre, um puteiro de classe. A moça é patrocinada e aparentemente sua cara de pecado é mais que intuição minha. Danada! Baixinha, atarracada e sexy. Lá se foi ela. 

Chegou minha hora de baldear pro ramal da avenida Paulista. Basta atravessar a plataforma. Uma japinha de camiseta amarela sem mangas e salto alto está do outro lado. Deve estar passando frio. É bela. As mulheres são belas. Os dinos tb desceram.

Pronto. Mais um casal de japas adentra esta nova composição. Este é menos emo. Já sua acompanhante usa aqueles chinelos com meia. Horrivel. Mas isso tb não é da minha conta. As estações deste ramal da avenida Paulista são amplas e bonitas, me lembrando o metrô de Madri ou de Paris. O de Londres é legal tb. A diferença é que lá sempre tem alguém tocando nas estações e aqui, não. Clinicas. Desço. Subo. Atravesso. Onde será a doação de sangue? Gente com camisa do Corinthians pra lá e pra cá. Devo estar perto.

O prédio é este. A rampa, dois pavimentos abaixo. Uma bandeira do timão na porta e fila de gente pra doar. O pessoal parec feliz com min ha chegada. Não sou nenhuma celebridade, mas tenho fãs aqui, além da causa ser das mais nobres. O pessoal tira fotos e grava entrevistas comigo. Tem gente com camisa de outros times vindo doar. Vi vários bambis. Porco, nenhum! A campanha chega á sua terceira edição e cresceu muito. Parece que são 38 pontos de doação, incluindo quatro deles no Japão. Cool. Fico observando uma camisa do Timão toda autografada pelos jogadores que vai ser sorteada entre os doadores. Tem até assinatura do Fenômeno, mas pra mim a mais importante é a do Mano. Este é o cara! Beleza. Força proceis, rapazes. Mesmo com uma puta dor de cabeça e a gripe me desnorteando, acho que valeu ter vindo apoiar a iniciativa pessoalmente.

Metrô. Baldeação. Personagens. Eu cochilo. Cheguei. Dex me liga e pede preu pega-la na casa da mãe. Eles iam ao cemitério, mas resolveram deixar pra amanhã. Caminho de casa. O porteiro me entrega um pacote com a gaita que mandei consertar na Bends.

Casa. Eu e Dex engruvinhados no sofá, vendo tv. Cutuca, alisa, mexe, chupa. Tamo na cama. Depois de mais de quinze dias, minha lingua, a dela, meu sexo, o dela. Os corpos. Hum, adoro esta nêga. Seus gemidos. Seu sabor. Sono.

De volta ao sofá. Bobagem querer manter os olhos abertos. Seis da tarde e vamos prum cochilo. Que não termina mais no dia de hoje.

Toca o telefone. O relógio diz que são nove da noite. Ricardinho da Móoca bebum quer que eu vá a um churrasco lá agora. Explico a gripe, Dex e desligo. Dois minutos depois, Marcão liga do mesmo lugar. Eu havia pré marcado uma bebedeira com ele na sexta. Mas antes de Dex dizer que chegaria no sábado. Aí ficou inviável. Ele manda condolencias pra ela e diz que a gente se vê semana que vem. Blz.

A gente nem jantou. Mas o cansaço é mais. Acho que hoje eu só acordo amanhã.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Duas gordinhas lerdas tomam minha frente, me atrasando ainda mais.

Tô rolando na cama desde as nove e meia. Acesso de tosse interminável. Até me lavantei, li o jornal, caguei e tal. Voltei pra cama e tentei dormir de novo. Mas a tosse não pára.


Meio dia e o fone toca. Dona Livia me pergunta se falei com Dex e seu Ricardo. Eles estão voando. Se não estiverem indo do Cairo pra Roma, é de Roma pro Brasil. Reitero que vou busca-los ás cinco da manhã de sábado. Ela diz que vai fazer um café da manhã pra gente. Grazie, sogrinha.
Bem, já que não durmo mesmo, banho e cinema. Checo os horários dos dois filmes que me propus a ver durante a viagem da Dex e que, eventualmente, conseguirei ver um no último dia antes dela voltar. Eu bebo demais, isso sim.

Anjos e Demonios, baseado no livro do Dan Brown que eu li é sensacional. E tem Wolverine. Aliás, este livro do Dan Brown me foi arremessado no peito num show. Amei. Wolverine dó tem de noite. Anjos e Demonios tem no Center Norte uma e vinte da tarde. Não tenho muito tempo. Banho. Caraio, meu cu não pode ver a privada que quer cagar? Que seja: merda de novo! Agora sim, banho.

Roupa. Rápido. Center Norte. Faltam poucos minutos pra uma e vinte. Duas gordinhas lerdas tomam minha frente, me atrasando ainda mais. Sabe quando vc tenta ultrapassar e as desgraçadas vão andando em "s"? Dou um tranco e passo. Entro na fila do ingresso. Cartão de débito. Escada rolante. Depois do filme, que dura quase três horas, darei um jeito de passar na choperia Munique e comer algo. Sem breja, que ainda vou pra Band. Além disso, Macedo, que é garçom na choperia, me ligou e disse que tem algo pra mim. "Algo"?. Quem lê pensa que é algum carregamento de droga, né? Hum! Macedo é nordestino e deve ter tirado férias na terrinha. É bem capaz de ter trazido algum presente pra mim. E eu sou amigo de todos os garçons, sacou?
Mil trailers. O filme é sobre uma conspiração no Vaticano durante a eleição de um novo papa. Tom Hanks na área como Robert Langdon. Vc viu O Código da Vinci? Não! Pois leia e veja. Este livro, Anjos e Demonios, é ainda melhor e to curioso pra ver o filme. Além do mais, a parada toda se passa em Roma. Que puta cidade linda. Durante meu tour pela Europa com Dex, ano passado, estivemos lá. Até então, Paris era a campeã de beleza e charme. Roma nos bestificou. Que coisa absurdamente linda. Medalha de prata para a capital francesa.

Coloco o celular no vibracall. Ele tá tremendo. É o Fernando do Sex Privê. Mando um torpedo: Cinema! Me deixa, caralho!

E sigo vendo o filme. Que puta filme. Aquelas praças de Roma, o Vaticano. Tem que ir, tem que ir, mano.

Tô comendo na Munique. Uma puta carta de brejas importadas e eu bebendo H2OH de maracujá. Foda. O Macedo não está aqui, aquele corno. Terminei. Não aceitam cartão de débito. Tô com meu novo cartão Visa no bolso, mas tá bloqueado. Tento (e consigo) desbloquear via celular.

Conta paga e área pra Band. Frio. Chuva. Gripe pentelha. Dor de cabeça. Sono. Tô aqui, no canal do pau dentro. O maldito anão tá comendo todas as gostosas, inclusive a Monica Mattos. Porra. Assim não dá. Atualizações. Chega. Vou pra casa. Muito sono.

Páro no caminho e compro uma flor pra Dex. Mais uma parada, agora no Pão de Açucar. Produtos para lavar roupa. Macarrão pro jantar. Coca zero. Queijo ralado e miojos mil. Casa. Coloco a planta na porta, preu tropeçar nela e não esquecer ao sair pra buscar minha princesa. Compras na mesa da cozinha. Amaciante e sabão em pó na máquina. Tô batendo as roupas de cama. Depois tem as toalhas. Jantar. Ligo o carro da Dex. Ajeito o lixo. Subo. Escrevo. A roupa tá lavada. Penduro. Coloco as toalhas pra bater. Lixo na rua. Água. Comprimido do triglicérides. Chega. Banho. Tv. Penduro a roupa. Despertador pras quatro da manhã. 

Já, já eu to de volta!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Non cambia niente: tutti morto.

Cama. Nove da manhã. Fone. É a Bio. Vovó faleceu. Ela pede preu dar um jeito de avisar Dex. Levanto da cama meio desnorteado. Encontro D. Rosa que veio fazer a faxina, finalmente. Ela tb trabalha na casa dos tios da Dex. Me diz que ajudou a carregar a vovó pra ambulância na terça. Se entristece com a morte dela. Tento ligar pro hotel da Dex no Egito. Ela me deu duas opções de ligação e ambas, diz a gravação, são de números que não existem. Dex era muito ligada na vóvis. Ela e o pai. Curioso ambos estarem longe. Curioso ou a mão do homem lá de cima? Hum.

Mando a notícia via e-mail. O velório será num cemitério próximo, onde está enterrado o marido da Dona Zenaide. A partir de uma da tarde. Enterro ás cinco. Portanto, Dex, não há mais pressa pra nada. Tadinha. Que ela esteja bem, viu Jesus.

Já vi a morte na face dos meus pais. E não é bonito. Nem feio. É nada. É silencio. É estátua. É frio. É fim. Ou quem sabe, começo. Pra quem olha daqui é fim. E eu to aqui. Mas creio em algo mais. Tenho que crer. Se imaginar que acabamos num paletó de madeira, solitários e com frio. Aí é de foder. Aí me candidato a Deus, pois tenho algumas idéias. Mas não precisa. Deus ta lá, sacando muito mais que nós. Vamos dar um voto de confiança prele.

Vou pro banheiro com o fone sem fio. Rodragg me liga. Dex me liga. Ela já leu o e-mail. Ela volta antes, sábado de manhã. Eu a amo. Ela pede que eu me despeça da vovó por ela. E não há muito mais o que fazer.

Antes de ir pro velório, preciso passar numa produtora de vídeo em Santana. Sabe aqueles caras que gravaram nossa participação na Virada Cultural? Então. A idéia deles é fazer um reality com nossas peripécias e para isso vão precisar de nossos depoimentos. É isso que eu vou gravar. Número 80 da Rua Conselheiro Saraiva, conjunto 1. Paro no estacionamento da rua de trás. Me apresso, pois estou atrasado pra variar. Toco. A porta se abre e a bagaça é no sub-solo. Escada abaixo e lá estão eles instalados. Escritório, edição e um espaço com um sofá vermelho que será o nosso set de confissões.

Thiago é o diretor. O outro cara que faz câmera e cuida do áudio eu esqueci o nome. Batemos um bom papo antes, sobre tv e tal. Ele me pergunta por que, sendo roteirista, não faço algo pras Velhas.

- Esta história de concepção visual de clipes é com o Cavalo – Respondo.

Papo vem, papo vai, ele me conta que trabalhou em tv, mas se encheu e saiu. Papo vai, papo vem, ele me explica que vai fazer perguntas sobre o show da virada e outras mais gerais sobre a banda. Papo vai, papo vem, a gravação começa. Papo vai, papo vem, a gravação termina. Pra mim passpu rapidinho. Olho no relógio e já são quase duas da tarde. Parece que eles ficaram satisfeitos. Tb, com um falador como eu, não vai ser por falta de palavras que a coisa deixa de sair. Brigado, galera. Tamo torcendo. Lembrei que o Ângelo Ravazzi, que dirigiu um documentário sobre nós, me mandou um e-mail dando conta que a produção foi selecionada prum festival que vai rolar em sampa e no Rio agora em junho. Cool.

Dou a volta na rua e o cara do estacionamento tem a impressão que vou sair e praticamente me dá a chave do carro. Explico que vou comer algo na esquina. Sei como funciona esta onda de velório: todo mundo triste, todo mundo chorando e barriga vazia não combina com isso. Faço um pedido clássico: coca zero e churrasco com queijo e tomate no pão. Pra abrir o apetite, uma coxinha. Ah, sou coxinhólatra tb.

Tudo pra dentro. Volto ao estacionamento, pago e sigo pro velório. Inicialmente achei que seria no mesmo cemitério onde estão meus pais, mas não. São dois cemitérios bem próximos, mas este fica na Maria Amália mesmo e acho que é conhecido como Cemitério do Tremembé. O dos meus pais é o do Horto. Non cambia niente: tutti morto.

Se não me engano o velório é na rua lateral. Estive aqui velando meu padrinho e minha madrinha tb. Ao descer do carro sou saudado com uma pancada repentina e intensa de chuva. O cara que toma conta dos carros quer saber se pode olhar o meu. Como eu odeio estes guardadores de carro! Aproveito a correria da chuva e passo sem falar nada.

Ok. São quatro espaços reservados a velório. Vovó Zenaide está no quarto, sala D. No passado eu tinha receio de ver gente morta. Eu não gostava de ver dead people. Mas depois da morte dos meus pais, Dona Nita em 87 e Seu Benjamin em 89, não tem mais problema. Se pude ver as pessoas que mais amava sem vida, posso ver qualquer coisa.

Vou cumprimentando as pessoas, tias, tios, amigos, gente que Dex conhece melhor que eu. Um abraço mais forte em Rodragg, meu cunhado, na prima Carlota e nos seus pais, Tia Sandra e Tio Wilson. Um abraço no marido da Carla, meu melhor inimigo Marcelo Alvarez e em seu pai. Vovó ta ali, Paralisada. Com uma blusinha de lã verde, um machucado no rosto maquiado. As mãos roxas. Ta ali. Como um morto fica. Imóvel. Sempre dando a impressão que a qualquer momento pode abrir os olhos e falar com a gente. Coroas de flores ao lado do caixão, pessoas chorando, pessoas falando. Velório: vc já esteve num destes.

A chuva vai e volta. Enterro com chuva na cabeça não é mole. Tenho um grande guarda-chuva no carro. Creio que será útil. Este é um cemitério antigo e, sendo assim, guarda aquele aspecto tétrico, com túmulos que se parecem com casas, cheios de imagens por cima, uma coisa sombria mesmo. A chuva dá um tempo e resolvo caminhar pela parte mais nova, á procura do túmulo do meu padrinho. Queria rezar por ele. Rodo, rodo, mas não acho. Rezo alguns pai nossos gerais pra galera que ta enterrada. Prece não faz mal a ninguém. Ta chegando a hora dura, a hora dramática, que é quando o caixão é fechado. Vovó Zenaide adorava ir á missa e o seu padre favorito acaba de chegar. Eles faz os ofícios fúnebres e diz palavras reconfortantes. Boa, padre. Acho que todos se sentiram melhor com esta sensação de que agora ela contempla a face do senhor. Que ela está nos braços de Deus. Não há melhores braços pra se estar, eu creio!
Mais um role. Mais chuva indo e voltando. Dona Lívia chega. A chuva aperta muito e o dia fica noite. Resta esperar um pouco. Melhorou. Ajudo a fechar o caixão. Ajudo a carregá-lo pro carrinho. Carregar um caixão pra mim é uma honra. É a última coisa que a gente pode fazer por uma pessoa querida. O funcionário do cemitério pede ajuda na hora de subir uma rampa. O caminho é íngreme e está molhado. Curva pra esquerda. Outra curva e o túmulo onde a vovó será enterrada junto com seu saudoso marido fica numa descida. Seu Guerino, pelo que eu sei, faleceu há cerca de 29 anos. Ela morria de saudade dele, cansou de dizer.

Ajudamos a colocar o caixão na boca do túmulo que é daqueles que tem uma portinha com tranca. Acima do nível do chão há o mausoléu de azulejos avermelhados. Abaixo estão as gavetas. O coveiro está em pé lá dentro e sua cabeça não está visível daqui de cima. A profundidade deve passar de 4 metros. O caixão desceu. As coroas estão sobre o túmulo. Os homens trabalham num breu terrível lá embaixo, neste fim de tarde chuvoso para São Paulo e particularmente triste para a família e os amigos de Dona Zenaide. Chega.

O guardador de carros pede grana. Dou moedas. Ele disse que daqui a pouco vai embora, pois o local é perigoso.

Em minutos to em casa. Fico só de calça jeans sob o cobertor vendo TV. Dex e seu Ricardo teriam sofrido muito mais intensamente se estivessem aqui. To deprê. Sozinho. Muito sozinho. Cochilo. Acordo com Two and a Half men na tv. Eles são ótimos e tiram alguns risos de mim.

Tem um encontro mensal de radialistas e pessoal que trampa em TV chamado Festa da Tapadeira, que rola num barzinho próximo á Tv Record. Quem organiza é minha amiga e produtora Simone Grieco. A festa ta completando um ano e a Simone tb faz aniversário. Quer saber? Vou lá cruzar os amigos. Ficar em casa não vai resolver nada. To com fome. No caminho paro prum sanduba. To indo. O combustível ta meio que acabando. Cheguei. Depois abasteço. É um bar relativamente pequeno, mas com um palco no fundo onde quem discoteca é Théo Werneck. Muito samba rock, forró pé de serra, música dançante. Eu gosto de Led Zeppelin. Mas posso suportar esta onda. O Théo é talentoso e vai me mostrando coisas que eu, definitivamente, nunca ouviria. Tim Maia Racional é pérola. Conheço todo mundo. Trampo em tv desde 86. Os mais velhos são contemporâneos. Os mais novos já trabalharam comigo. Diretores, produtores, assistentes, redatores, divulgadores de gravadora, apresentadores da Record. Até o Fernandinho do canal pornô ta aqui. Muitos e muitos abraços em velhos amigos e amigas que eu não via faz tempo. Não dá nem pra citar. To me sentindo em casa. Que bom que vim aqui. Um amigo da mooca me pergunta da Vovó. Ele lê o blog e sabe tanto da minha vida quanto. Muita gente tem se aproximado de mim e dito que ta lendo o blog. Cool.

Eu e Fernando tamos tomando umas e outras e conversando. Peço duas pingas pra ver se a maldita dor de cabeça provocada pela gripe some. Não to legal. O sanduba de rosbife desceu meio torto. Tento dar um golão na pinga e quase que ela volta. Caraio. Há quanto tempo uma cachaça não faz o caminho de volta da minha garganta. Fico na breja. A cada minuto aparece mais um antigo companheiro ou companheira de trabalho. O som ta alto e minha voz debilitada pela gripe. Ta difícil de alguém me entender. Mais breja. Uma caipirinha. Hum! Desceu. Mais brejas. Resolvo ir pra Roosevelt. Fernando vai comigo. Ele virou a minha pinga e a dele. Ta doidão.

Roosevelt. A chimangada ta toda no Parlapatões. Bora beber, mãinha. Papo com Brum, Marião, Lingüinha, a galera. Já disse que gosto daqui? Que me sinto em casa? Quem bom que sai hoje, caraio. Deu.

Tuca me liga do Terra Nova. Eu e Fernando nos abalamos pra ZN. Antes, uma parada estratégica pra por álcool no posto. Salgadinhos e duas long necks de Brahma Extra. ZN. O Terra ta fechado. Só entran os amigos. Mais de três e meia da manhã. Uma pinga de maracujá. Serra Malte. Fernando ta alucinado e vira a pinga. Rapazinho sedento, este. Simbora. Levo meu comparsa até a casa dele, no Limão. Na volta paro num Mac e mando um sanduba com batatas fritas e coca zero pra rebater.

Dia longo. Terminou. Dex ta chegando. E eu to meio cansado de balada atrás de balada. Tosse maldita. Será que vou conseguir...d...or...mi..zzzzzz

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Introduzo um tufo de papel higiênico na bunda e corro pro aparelho.

O telefone toca pelas dez da manhã e é Rodragg, sem muitas novidades sobre a vovó. Aproveito e dou um cagão, com jornal e tudo. Hoje tem Timão contra o Vaxco. E tem Inter contra Coritiba. E o Grêmio pela libertadores, sei lá contra que time gringo. E São Paulo e Cruzeiro, no Mineirão. Provavelmente vou ver o Corinthians no Tuca.

Como era esperado, a bebedeira melhorou muito a gripe. Restou a tosse e alguma constipação. Eu sabia. Álcool sempre melhora minhas gripes.

Toca o telefone e corto a merda. Introduzo um tufo de papel higiênico na bunda e corro pro aparelho. É Dex. Ta chorando. Ela já sabe. O pai ta ao lado dela e tb já sabe. Tava rolando uma polêmica sobre avisar os viajantes ou não sobre a situação da vovó. Eu votei por contar. Acho que não temos o direito de esconder uma informação tão vital de uma neta e um filho. Eles estão tentando se articular pra voltar antes. Estão no Cairo, Egito. Eu digo que a amo e que morro de saudades. Peço que ela me mande um e-mail com fones e localização deles. Eles pretendem cancelar a parada em Roma e voltar na sexta, com chegada no sábado. Infelizmente, não sei se a vovó resiste até lá. Triste. Ela pede preu ir ao hospital vê-la. Eu vou. Bye, Love.

Volto pulando pro banheiro, com o papel no cu. Cago mais um pouco e toca o telefone de novo e o processo de empapelar o rabo se repete. É meu cunhado querendo noticias do pai e de Dex. Explico que eles já sabem e Rodragg diz que deve ter sido dona Lívia quem contou. Ok. Desligo e volto pra privada. Assim que dou mais uma jorrada de merda, toca o fone novamente. Papel no cu. Atendimento. É minha sogra. Confirma ter contado tudo. Desligo e volto pro trono. Papel sujo arrancado e arremessado na água. Telefone parou. Termino, me limpo e caio na cama de novo. Durmo, acordo, durmo, acordo, durmo, acordo até que passa da uma e meia e tenho que tomar banho e me vestir pra ir pro hospital. Ok.

Tudo resolvido. Transitinho danado. To no Santa Cecília. Encontro Carlota e Tio Wilson prontos pra subir e ver o estado da vovó. Fico embaixo aguardando. Vou até a lanchonete e como um x-bacon, um kibe e um mousse de chocolate. Trident. H2OH de maracujá com limão. Bão demais! Cabei. Voltei pra sala de espera.

Na TV ta rolando a final da Liga dos Campeões, entre Manchester e Barcelona. Adorei conhecer Barcelona, povo legal e cidade linda. Sou Barça, mano. E o Manchester tem a bichona do Cristiano Ronaldo. Vai se fuder. Começa o jogo com pressão do Manchester United. United pra negas deles. Pra mim é "Unidos de Manchester". Contra ataque e Eto'o vai lá e guarda. Um a zero pro Barça. Uhu!

Carlota cutuca meu ombro. Eles descem e me dizem que a coisa ta mesmo feia. Estado gravíssimo. Foram 20 e não 15 os minutos sem oxigênio no cérebro. Septicemia em andamento. Eles estão combatendo com antibióticos. Pescoço e abdome inchados. Ela tem 91 anos e no estado em que está não dá pra pensar em cirurgia. O negócio é rezar. Ta na mão de Deus. Boas mãos pra se estar, não acham? Abraço os dois. Só o que posso fazer é doar solidariedade.
Band. Vontade louca de cagar. Caguei. Trampo.

Atualizei as paradas todas. Deu oito da noite. Simbora pra casa do Tuca ver o Timão. Passo em casa, pego camisa da sorte autografada pelo Neto, pego um saco de carvão e é noise. Ambiente idêntico ao da semana passada. Churrasco rolando, Ian no computador, Igor zoneando pela casa, Tuca na churrasqueira. Zé Boy foi ao mercado comprar mais munição. Chega de volta com Nando, mas esquece a breja. Como alguém pode esquecer a cerveja? Dá-lhe voltar! To beliscando, falando com as crianças e com o Tuca. Epa, opa. Todo mundo a postos e jogo em andamento. O Vasco, empurrado pela torcida, tenta tomar a iniciativa do jogo. Mas não produz nada muito consistente. Bala na área pra Dentinho. Alguns acham que está impedido. Um rapaz com apito na boca chamado juiz não acha. E é ele quem importa. Pé direito na bola. Redes vascaínas devidamente estufadas. Um a zero Timão. Começa aquele papo imbecil de que na Copa do Brasil gol fora vale dois.

- Então, opá, está dois a zero e não um?

Gente. Geeeeeente. Os portugueses são eles. Um a zero é um a zero, caralho. Pra efeito de desempate, depois do segundo jogo, gol fora de casa vale mais que gol dentro, porra.

Depois do gol o Vasco desanda. Trauma da segunda divisão. Creiam, eu sei o que é isso. O time quando cai pra segundona fica de moral tão baixa, com a autoestima tão destruída, que mesmo jogando bem, basta tomar um gol que a casa cai. É por isso que quando cai, tem que passar um tempo na UTI da segunda, pra se recuperar. É o caso do Vasco. Mas tem mais. Este time do Vasco é muito fraco, mano. Falta organização tática, falta categoria. Pra segundona serve, mas pra encarar times de cima é complicado. Eles estão sem o Carlos Alberto que é um merda, mas sabe jogar. E esta habilidade, este timing de segurar a bola e pensar o jogo faz falta. Estamos sem o Ronaldo, mas estamos bem postados no campo. Fim de primeiro tempo. Começo de segundo tempo. Magoo, amigo da galera e porcolino de merda, chega com mais dois comparsas: um corinthiano e um santista. Ta foda a entrada de gente não alvi-negra. O Vasco procura, procura, nosso time perde chances e Felipe começa a se destacar. Acaba que o tal de Pimpão. Eu disse Pimpão. Vc ouviu? Um ataque que já teve Roberto Dinamite agora tem Pimpão. Num passe açucarado de calcanhar dentro da área, Pimpão vai chutar mas é nosso zagueiro que chuta, a bola bate no pé do Pimpão e vai pra rede: um a um. Elias ainda perde uma cara a cara. Felipe faz mais uma ou duas defesas difíceis. Com o empate a torcida, esta nada tem de segunda divisão, infla os ânimos vascaínos e no bumba meu boi até que ele poderiam ter virado a bagaça, sim. Mas que o time é limitado. Isso é. Acabou. Semana que vem, no Madison Square Pacaembu, precisamos de empate sem gols pra encarar a final que, ao que tudo indica, deve ser contra o Inter, que virou em três a um contra o Coritiba, lá em POA. Mas o jogo é no Paraná e dois a zero bastam pro Coritiba surpreender a máquina gaúcha. 

Pela Libertadores, o Grêmio empatou com o Caracas fora e decide em casa por uma vitória simples. E a bambizada perdeu dos bambis mineiros. Posso estar errado, mas se o São Paulo não passar pelo Cruzeiro começarão momentos turbulentos no Morumbi. Não, não. Eles são tri do mundo e lá não tem crise, né? E tudo começou com aquele gol do Cristian. Aquele dos dedos pra torcida deles. Paulistinha não dá nada, disseram eles. Ganhar Paulista, caros bambis, realmente não dá nada. Mas perder é foda.

Fui. Entro no Terra Nova pruma saideira. Desta vez não fui abduzido, entrei mesmo. Pinga de maracujá. Serra Malte. Opa, Lola se enganou e trouxe original. Eu bebo, no problem. Chega. Fui. Gripe segue incomodando. Vou dormir bonitinho. Sou bom menino. Especialmente quando estou dormindo. Bas noite.

terça-feira, 26 de maio de 2009

O Saco de Ratos, na verdade, não é uma banda. É uma quadrilha de assassinos.

Abri os olhos com uma idéia na cabeça: nada de jornal, banho e computador. Pelo menos agora. Vou sair pra caminhar. Cagar... É, cagar não tem jeito. É mais forte que eu! Bem, já que estou cagando, passo os olhos no jornal. Ok. Chega.

Simbora pra rua, sem celular, mas com I-Pod. Um documento no bolso pra não acontecer comigo o que aconteceu com o Marcelo Frommer dos Titãs, que saiu pra caminhar sem documentos, foi atropelado e quase foi enterrado como indigente. Se bem que, depois de morto, importa mesmo como a gente vai ser enterrado? Ok.

Vou curtir as novas canções das VV caminhando pela vizinhança. A idéia é ir até o Horto Florestal, que fica relativamente perto e depois seguir ouvindo os sons e andando. Boné na cabeça, bermuda, aqueles tênis que usei pra caminhar pela Europa e bora.

Sem pressa, sem desespero. Pouco mais de dez e meia da manhã e to afim é de viajar nos sons.
É muito louco este lance de andar ouvindo um som. Vc mal presta atenção no transito para atravessar a rua. Aposto que o Marcelo Frommer tava com fones de ouvido. Sinceramente, desencanei de tal forma que quando vi já estava voltando pelo caminho que passa pelo canil da PM. Olhei o relógio e já passava de uma da tarde. To com fome. Não costumo fazer este esforços a esta hora. Entro numa Conveniência e pego uma H2OH. Quase penso em tomar uma breja. Mas ainda tenho que ir pra Band e já falei pra vcs: só bebo no trabalho quando o trampo é com as VV ou musical.

To em casa. Banho. Porra, que sensação boa de fazer algo saudável. Ligo o computador e enquanto inicializa desço pra botar água pra ferver. Vou fazer mais uma carga de macarrão e finalizar aquele molho com lingüiça de ontem. Epa, que porra é esta que ta piscando na secretaria eletrônica do telefone? Cinco recados? Quando saí eles não estavam aí. Será que...Puta que pariu: Dex me ligou. Os recados todos são da telefonista internacional indicando chamada a cobrar. Porra. E eu não tava em casa. To morrendo de saudade dela, caraio. Ela não manda e-mail desde sexta e falou comigo via fone pela última vez quinta, acho. Caraio. Ela tentou várias vezes. Podia ter me ligado no celular. Porra, eu não levei o celular. Merda. Paciência.

Vamos ao macarrão. Só sobrou o parafuso. É com este que eu vou. Misturo o macarrão quente com o molho gelado. Ficou tudo morno. Pra dentro. A coca zero ajuda a empurrar. Eu curti este meu molho de lingüiça. E foda-se. Vamos ver o que a Internet me reserva.

Dani Mel me mandou link do clip da música "Que merda que eu dei". Caraio. Tá cheio de celebridades. Nasi, Rodolfo Gamberini, Ronald Ésper, Andreas Kisser, Zé do Caixão, os caras do Pânico, Jorge Kajuru. E ela lá, no makin' of, dirigindo a bagaça. Muito bom. Mandou tb outras letras. Muito legais tb. Preciso ver se dá pra encaixar algo no nosso som. Mas que é muito bom ter uma visão descarada feminina sobre sexo, isso é. Cool.

Ouço tb o som da Banda Antiga Roll, de Manaus. É três, quatro e tome rock, numa onda meio Ramones. Tá tosco pra caraio, mas tem uma energia sincera que é fundamental no rock'n'roll. Leio o release e olha lá, estamos entre as influencias da banda. Honra nossa. Força meninos.

Bem que Dex podia ligar de novo, né? Hum. Opa, toca o fone. Atendo. Um barulho estranho. Será ela? Caralho. Caralho, é um idiota dizendo que ganhei um premio do Domingo Legal. Mando tomar no cu. Ele fica puto, pois pretendia me mandar antes. É um trote for sure. Merda. Ok. Simbora pra Band.

Muito trampo, véio. Pauta de amanhã da afilhada da Rita Cadilac. E roteiros da Núbia. Muito trampo é o caraio. Terminei. Rodragg, o cunhado, me liga com uma notícia nada boa: vovó teve uma parada cardio-respiratória na manhã desta terça feira e ta internada na UTI de um hospital de sampa. Puta que pariu. Além do drama natural da possibilidade de perder uma pessoa da família, Dex e seu Pai (filho da vovó) estão no Egito. E aeh: contamos ou não? Que é que eles poderão fazer de lá? Interromper a viagem? Mas, por outro lado, tenho o direito de esconder de uma neta e de um filho uma informação destas? A polêmica fica no ar. Amanhã, pelas três da tarde, vou ao hospital ver como as coisas estão. E, pelo visto, estão feias.

Gente. A gripe tá em cima de mim. Nariz escorrendo, dor de cabeça, espirros, tosse. Vou mandar cerveja por cima e vamos ver se ela resiste.

To sartando da Band. Vou pra Dublin, pra reunião. Depois eu conto.

Conto já. O papo era com o Elias da Jack Daniels, mas ele ta com conjuntivite e converso com o André, um dos donos do bar. O Dublin tem ótimas cervejas importadas. É um típico pub Irlandês cujo palco fica escondido atrás de espelhos que ficam por detrás do balcão. Vc chega e fica se perguntando onde será o show cujo couvert vc terá que pagar. Na hora "h" a parede abre e a banda surge tocando atrás do bar. André me conta que era barman (ou bartender) e que trabalhava no Charles Edward, cujo palco fica no lado oposto ao do bar. Diz ele que sempre que começavam os shows, a galera ficava de costas e parava de beber. Daí ele e os futuros sócios pensaram: "porra, no nosso bar, o palco vai ficar na mesma direção do bar, pro pessoal seguir bebendo mesmo durante a apresentação". Cool. Aliás, conversamos pra caraio. Viagens, mulheres, bebidas, noite, vida. Puta cara gente boa, apreciador de uma boa breja. Mandou descer várias delas, até uma La Trappe Holandesa Quadrupel. Coisa chique mesmo.

A proposta é armar a participação de convidados num dia em que a Jack Daniels faz uma espécie de promoção no bar. E o convidado sou eu. Ele disse que tanto posso trazer músicos, como tocar com a banda da casa. Nasi e Roger já vieram. To achando ótimo. De repente trago o Walking Pussy. Tem até grana na parada. Eu quero minha parte em cerveja, claro.

E falando em cerveja, mandei Guiness por cima da gripe e to beleza.

Be-le-za!

Porra, tava quase de saída e encontrei o Fernandão, baixista e vocal, que, pelo que entendi, vai tocar aqui no Dublin, hoje. O Fernandão é grande amigo do Fabio Haddad, produtor de uma pá de CDs das VV. E exatamente por isso, Fernandão sempre fez back vocals em nossas canções. Se minha voz presta, preste atenção, a voz do Fernando está lá no fundo, compondo, apoiando, afinando.

Ele me diz que ta fazendo um cd solo e quer uma canção antiga minha chamada "Só e Bem". Bro, é sua, com prazer!

Fui. E o André ainda liberou o estacionamento. Disse pra ele que quem paga breja prum cara como eu arruma um amigo pro resto da vida. Fui.

Bixiga. The Wall. Já chego calibrado. A raça ta toda reunida. O Saco de Ratos, na verdade, não é uma banda. É uma quadrilha de assassinos. Eles trucidam os sons com a competência de assassinos de aluguel, de mercenários. Rick Vecchione, batera, é o esquartejador. Vai mantendo a pulsação como se estivesse destrinchando um cadáver. Pagoto é o estrangulador. Suas linhas de baixo prescindem de outros instrumentos. Bastam os dedos e as mãos pra acabar com o assunto. Os guitas Fábio Brum e Marcelo Watanabe são atiradores de elite. Carabinas, pistolas automáticas, metrancas, rifles, eles vão se revezando no fuzilamento dos inimigos, ás vezes com tiros unidos e certeiros, ás vezes com rajadas destruidoras. E Mario Bortolotto é o "capo" da família. É aquele que coordena as ações destes meliantes da música. Destila seu veneno pétala a pétala. Ta cantando muito e deixou de lado alguns exageros no modo de cantar. Ele tinha mania de esticar demais "esses" e "maneirismos" que tiravam a sinceridade de suas letras. Agora, não! Ele diz o que tem que dizer, com sentimento, fúria, mas deixa que a mensagem fale por si. E ele tem uma puta figura cheia de carisma no palco. É ou não é uma família de mafiosos. Don Bortolotone, meus respeitos.

Fui bebendo, ouvindo, vendo, papeando, bebendo mais. São tantos amigos que parece até uma festa de faculdade. Fome. X-Salada. Breja. Bons papos com Fernanda D'Umbra, Dani Mel, Marcio Américo, Oswaldão Vecchione. Opa, terminou. Marião disse que me chamou pra fazer uma com eles, mas não ouvi. Eles querem seguir bebendo na Roosevelt. Incluam-me fora desta.

Passa das quatro da manhã e estou bem encaminhado na chapação. Vou pro Estadão. Já é quarta feira e por este horário já tem feijoada. Quer melhor jeito de rebater tudo? Feijoada garganta abaixo. Um chocolate de sobremesa.

To a caminho de casa. To subindo a escada. To tirando a roupa e colocando o pijama. Escova de dente. Água. Comprimido pro triglicérides. Posso dormir até bem mais tarde. Meu primeiro compromisso é às três da tarde no Hospital Santa Cecília pra ver como está a vovó. A coisa parece estar mesmo preta. E eu pareço estar indo.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Dex sumiu do e-mail desde sexta. Terá sido trocada por um camelo?

Acordo. Tô na minha cama. De Pijama. Se não tô pelado é que a coisa não foi tão complicada. Checo tudo: carro, pochete, chaves, celular e tá tudo bem. Ok. Sobrevivi. Preciso cagar. Lendo o Estadão, claro. Nada de novo, a não ser o Santos que meteu quatro a um no Fluminense de virada no maracanã: caralho! O Santos é nosso próximo adversário no brasileiro, na Vila. Os caras estão mordidos pela perda do campeonato paulista. Vamos jogar sem Ronaldo e, muito provavelmente, com time misto. Segura esta, Mano Menezes. Só vc pra sair da Vila famosa com um resultado positivo. Mas, como vcs sabem, "Corinthians, eu acredito". Falando em futebol, Porcos e Bambis em pataram em zero com ajuda de São Marcos. Filho da puta. Porcolino maldito. Sou fã dele. Argh!

Banho. Computer. Que fome. Vou pro banco depositar uma grana que o Banas me adiantou e aproveito, atravesso a Luis Dumont Vilares e como algo. Dito e feito. Porra, um quilo a pampa, com tutu de feijão, linguiça, bisteca: Virado á Paulista na área. É noise!

Tô bem comido e vou pra Band. A idéia hoje é trampar até as oito e voltar pra casa pra dormir. Vamos pianinho que amanhã tem uma reunião com o Elias da Jack Daniels ás nove da noite e depois "Saco de ratos" no The Wall, Bixiga.

Abro o blog do Marião e descubro que é aniversário da escritora e nossa amiga Clara Averbuck, com bebedeira no Mercearia São Pedro. Ô, ô!

Bem, vamos trabalhar.

Escrevi todos os textos da Nubia. Ainda subi pra tomar um café com a galera no quiosque que mais parece do Guarujá. Cool. Terminei o trampo e fui pro carro espirrando, tossindo. Uma gripe tá tentando entrar e toda vez que eu fico um tempo sem beber, ela cresce. Mas hoje não vai ter jeito: eu vou pra casa, que tô mortão. Dex sumiu do e-mail desde sexta. Terá sido trocada por um camelo? Ou dois? Ou terá se afeiçoado de algum grego? Isso não! Eu amo aquela nêga. Volta logo, Nêga. Eu sei, eu sei: só semana que vem.

Transito ótimo. Tô ouvindo nossas novas canções, gravadas no ensaio. Não dá pra mostrar pra vcs. Tá muito...Muito...Muito...Muito tosco. Mas dá pra sacar a onda. Cada vez que eu chego em "Todo Poderoso Timão" os olhos, como diz a letra, enchem de lágrimas. Eu sou Corinthians!
Casa. Fome. Vou cozinhar. Passei na loja de conveniencia antes e peguei dois litros de Coca Zero. Olha a minha receita:

Macarrão, Puta que pariu!

Ingredientes:
Macarrão (o que tiver, puta que pariu)
Linguiça (três gomos)
Lata de molho de tomate (qualquer um)
Sal
Tempero de alho e cebola (o mais velho e vencido possivel)
Manteiga (acabou o azeite)

Modo de preparo:
Coloque água pra ferver. Ferveu? Adicione o macarrão. Fique de olho pra ficar al dente. É só ir testando com o garfo e queimando a lingua.
O Macarrão tá legal? Jogue no escorredor.
Na frigideria, frite a linguiça. Fritou? Corte em fatias. Pode beliscar. Belisca, caralho! Na panela onde vc fez o macarrão, jogue a manteiga e deixe derreter em fogo baixo. Derreteu? Jogue sal, tempero de alho e mexa pra não queimar. Jogue a lata de molho. Deixe borbulhar um pouco. Borbulhou? Adicione a linguiça. Deixe tudo cozinhar um pouquinho em fogo baixo. Vc tá com fome? Não tem paciencia? Jogue o macarrão no prato e o molho com linguiça sobre ele. Encha um copão de Coca Zero e mande tudo pra dentro. Ficou bom? Não? Coma do mesmo jeito. É macarrão, puta que pariu!

Ok. Tv. Uma. Duas horas vendo nada. Nem filme, nem esporte, nem uma ceninha decente de mulheres se chupando preu tocar uma bronha. As porras dos debates esportivos que não adiantam nada.O porco ficou com inveja do nosso gordinho e contratou Obina. Ah,ah,ah! Amo muito tudo isso!

Tô espirrando. Vou dormir que esta segunda foi um monte de porra nenhuma. Mas amanhã tem mais.

domingo, 24 de maio de 2009

Ele não é viado, mas fica numas de beijar os caras na boca.

Não é meio dia ainda. Ainda poderia dormir mais. Mas quando morrer eu durmo. Hoje, que eu to vivo, quero viver. Desço pra pegar o jornal e ver como foi a vitória do Timão. Antes ligo o computer. Aproveito pra tomar o comprimido do cabelo. Pronto. Vamos escrever presse povo de meu Deus. To cagando merda dura. Muito bom. Lá embaixo rola o ruído da máquina lavando a roupa dos shows no fim de semana.


Dex me ensinou a não misturar roupa branca, com preta e colorida pra não manchar. Roupas delicadas, só dentro da fronha. Mas roupa de show eu jogo tudo junto, indistintamente. E deixa a coisa rodar.

O Timão venceu bem, mas Felipe fez uns milagres. O importante são os três pontos. Fomos pra quatro e, até que se encerrem os jogos deste domingo, estamos em oitavo. To crendo que ao final da rodada estejamos entre décimo e décimo segundo, pois outros times vão nos passar. Vamos começar a remar, mano. Ou Mano!Se por acaso der merda na Copa do Brasil, ainda temos quatro vagas pra libertadores no brasileiro. Mas creio que, com garra, raça e coração, o time do povo tem chance contra qualquer um. Corinthians: eu acredito!

Chega de cagar. Desço e faço um capuccino. Computer.

Porra, preciso ligar pro Brum e ver a quantas anda nosso som de hoje, com a banda Walking Pussy. Já inventei vários nomes de bandas sazonais. Os "Quatro Irmãos Barbado", por exemplo. Teve tb "Pussy Lovers". Cada vez é uma formação, mas é divertido.

Parece que a bagaça começa ás sete da noite. Armo de chegar lá no Espaço Rio Verde (por que não espaço alvi-negro?), na Vila Madalena. Parece tb que o dono do espaço é o Guga Stroeter do Heartbreakers, uma banda de standards instrumentais. O Guga, se bem me lembro, toca vibrafone. Caraio, ou estou muito enganado, ou ele era de uma banda de reggae/salsa dos anos 80 chamada "Sossega Leão", onde tocava tb o Skowa, que hoje ta no Trio Mocotó. É uma galera que gosta de tocar sons latinos, dançantes.

Antes do Rio Verde, pelas cinco e meia, tenho que passar perto do Parque Antactica pra pegar nosso batera, Rick Vecchione. O lance será acústico. Ou semi. Odeio passar na área do chiqueirão. Do porcódromo. Me dá arrepios, náuseas, nojo, tudo de ruim. Pareço um vampiro na Igreja. Eca. Disconjuro!

Bom. Tudo escrito, tudo programado. Pego a estante e monto a pasta com letras dos sons. Que mais? Simbora. Não almocei que não deu tempo. Mas quero chegar á casa do Rick rápido, pois ta tendo Bambis contra Porcos no chiqueiro e eu não quero pegar o congestionamento da saída dos torcedores. Beleza. Rick ta dentro, com as tralhas de todo baterista. Porra, tem um comando policial na Avenida Sumaré e ta um puta congestionamento. Daqui a pouco acaba o jogo e vai virar um pandemônio. A polícia não tem mesmo que fazer, né? Montar um bloqueio policial ás seis da tarde nas imediações de um estádio de futebol com clássico é coisa que só pode vir de Portugal. E vamô relinchar.

Opa, cheguemô. Lugar bonito. Tem um coreto e um bar ao ar livre cercado de árvores. É aqui que vamos tocar. São vários os ambientes: tem um circo, para as crianças, tem uma grande sala de convivência e um estúdio onde os Trovadores de Bordel vão fazer seu som. Pilotando a churrasqueira do Churrasco'n'roll, Batata. Tem uma porrada de amigos e conhecidos. Rubens K, Eldo, algumas mulheres que não sei quem são. Marião ta entrando. To na mesa com o Geléia, um dos vocais do Trovadores, que é uma mistura de tango e bolero com rock e brega. É muito bom. Eles me convidaram pra fazer uma participação no som deles a partir das nove, em "Litrão de Pinga", um cover dos Movidos a Álcool. Olha a letra aí:

Litrão de pinga
"Só porque eu cheguei um pouco tarde
e vomitei no tapete da sala
não prescisava pegar tão pesado
com esse podre bebum desalmado
Fui encontrando espalhados no chão
os pedaços do meu violão
os meus discos de Lindomar Castilho, estavam
todos jogados no lixo, isso tudo até
dá pra aturar,mas quebrar o meu litrão de pinga
aaaaaai não dá
você quebrou! O meu litrão de pinga![2]
você realmente não tem coração!
você quebrou! o meu litrão de pinga![3]
(Quebrou tudo sua Diaba)
Era da boa, era do interior
era safra tipo exportação
mas você sem dó nem piedade
jogou meu litro de pinga no chão"


Até imprimi, mas não tô lembrando direito da melodia. Foda-se, subo lá e faço uma onda com os caras.

Porra, ainda não almocei. E como tava cagando liquido, não ficou nada no meu estômago. To zerado desde ontem. Tem um latinha na minha mão fornecida por Fabio Brum. Corro no Batata e roubo um espetinho de carne. Mais um de linguiça. Agora vai.

Oswaldão Vecchione, Ayala e Juju chegaram na área. As mesas estão todas tomadas. Cool. Simbora tocar. Sou baixista de origem, mas como nas VV quem opera o baixo com muito mais competencia é o Tuca, sempre fico um pouco inseguro de tocar e cantar sem muito ensaio. Sou um baixista medio, mas bem ensaiado vai. Sem ensaio é arriscado. Beleza. Começamos com "Vampiro", das VV, um som sobre pessoas que chupam bucetas menstruadas. Ai, que nojo, né?

- Tá com nojinho, zéro dois? Nunca será!

O baixolão do Tuca tá plugado e tá fazendo uns estalos horriveis no retorno. Eu páro a música no meio e peço pro técnico dar uma ajeitada. Beleza. Agora rola. Simbora de novo. Hum. O esquema é assim, uma, duas partes de canto e solo do Brum. Fomos mandando em sequencia coisas nada a ver como "Slave to Love" (Brian Ferry), "O Vendedor de Bucetas" (Ary Toledo) e "Modern Love" (Bowie). As putarias sempre fazem sucesso. A galera não conhecia este som do Ary e entrou no clima: "olha a buceta, bucetinha e bucetão".Teve Velhas Virgens, "Prostitua", teve Smokey Robinson, Bread, Cuelho de Alice e tudo terminou com "Minha vida é o rock'n'roll", com participação do Oswaldão e do Marião. Legal. Terminamos com chave de ouro.

Vou beber. Batata me arruma um pratinho de plástico com farofa, vinagrete e linguiça. Flavinho, que organiza toda a bagaça, me apresenta loira Dani Mel, locutora, cantora, performer. Uma época ela fez um programa com Ricardo Corte Real e Marcelo Nova que ia ao ar na Tv e no rádio. Lembro dela. Ela escreve umas letras de putaria com o ponto de vista feminino. Interessante. Me diz que o seu texto circula na internet como se fosse do Luis Fernando Veríssimo. Eu já li isso: "ainda bem que eu dei", "ainda bem que eu não dei". Um papo assim. É muito bom. Trocamos e-mails e vamos ver o trampo dela. Mulher que escreve putaria sempre pode render alguma coisa legal pro nosso show. O Trovadores tão começando a tocar e vou pra lá. Tem umas vinte pessoas dentro do estúdio. Todos parecem conhecer o repertório das banda. As músicas são assim: "Farinha", "Vida de Solteiro", "Morro dentro da lei", "Seringa" e por aí vai. A banda tem um batera e dois percussas, baixo, guitarra, dois vocais e um naipe de metais com trompete e trombone. Tudo muito afiado. A sensação é meio de uma banda de Mariachis diretamente do a Vila Madalena. É bem legal. Gélia me chama pra cantar o som do Movidos a Alcool. Não lembro de nada, mas vou improvisando. A galera é muito gente boa. Na sequencia rola " Morro dentro da Lei". Procurem na internet que é do caraio.

Volto cá pra fora e sigo bebendo com Rubens K, Marião, Brum, Eldo e algumas amigas deles. Dani Mel tb tá por aqui, assim como Fabi Vajman, que tá discotecando. Flavinho Vajman pede meu cartão pra liberar a entrada e algumas cervejas que eu bebi. A partir de agora se continuar bebendo tenho que pagar. Mas é impossivel. A cerveja acabou. E, sendo assim, este se tornou um lugar inabitável pra mim. Antes de me mandar ainda falo com Geléia que, descubro, é tatuador e me oferece uma tatoo na faixa. Gente, tatoo na faixa é melhor que feijoada. Vamos marcar, véio!
Área pra Roosevelt. Parlapatões. Bebida comendo. 

Ligo pro Robério Santana, do Camisa, e ele desce com seu cão Jack Daniels, para se juntar a nós. O bar tá cheio. Gente nova, gente velha, atores, atrizes, habituês da Roosevelt. Jordão que participou do clipe "Um trago Com Deus", do Cuelho, fazendo seu papel, ou seja Deus. André Cecato com a maior napa do universo. Ele não é viado, mas fica numas de beijar os caras na boca, só de sacanagem. Aperto o saco dele e ele desiste da minha boca. Quem viu "Carandiru" sabe quem é ele: um cara barbudo que toma uma paulada na cabeça quando impede outro cara de pendurar a roupa no varal. Deste conflito, diz o filme, pode ter começado a histórica rebelião que terminou em chacina. Eu tiro ele, dizendo que revi Carandiru e que ele é cuzão, pois apanhou no filme. Não dá nada. Cecato é bródi.Surge um violão. Pego o baixolão no carro. Pronto, tá armada a esbórnia, o furduncio, a bagunça, com todo mundo bebendo, cantando e músicos se revezando nos instrumentos. Cerveja desce a rodo. Jack Daniels, que é a bebida favorita do Marião e do Robério, tb. Uma. Duas. Três. Quatro. 

Que horas são? Onde estou? Quem sou eu? Receba-me, senhor, em seus braços.

sábado, 23 de maio de 2009

Tem uns filhos da puta jogando pedra.

O despertador toca por volta de meio dia. Tenho coisa pra caralho pra fazer. Atualizações, blog, arrumar mala, preparar almoço, tudo isso até duas e meia, quando a van vem me pegar. Bora. Primeiro, banheiro, claro. Afinal, apaguei cheirando a sangue, suor e cerveja. Se Dex ta aqui eu ia apanhar. Ai, que gostoso. Adoro apanhar dela. Adora esta nega, porra. Que saudade. Pela minha conta, devido ao silencio de rádio, ela deve estar nas ilhas gregas. Carlota, prima querida, esteve lá em lua de mel recentemente, junto com meu melhor inimigo, o porquinho Marcelo Alvarez. E relatou que nestas ilhas é comum achar mulheres tomando sol nuas. Espero que só mulheres.
Este papo de Internet toma tempo. Mas to adorando escrever as peripécias diárias. Vcs sabem que, tecnicamente, peripécia é um artifício usado em roteiros, poemas...Bem...Habla, Michaelis:

"peripécia -
pe.ri.pé.cia
sf (gr peripéteia) 1 poét Acontecimento num poema, numa peça teatral etc., que muda a face das coisas. 2 fam Caso estranho e imprevisto, que surpreende e comove."

Porque escrevi isso? Sei lá. Demência pós e pré show.

Já resolvi praticamente tudo. Não sei se vcs sabem, mas este papo de blog nasceu pra servir como um diário da gravação do próximo cd das VV. E a idéia é parar de escrever assim que o cd sair. Quando comecei a publicar aqui, já tava com quase um mês escrito, material que continua inédito. Mas isso é parte de um outro projeto literário.

Almoço. Adivinhem qual o cardápio? Bife com arroz. É o último dos que estava no congelador. Mas tem umas lingüiças que sobraram do churras, então, a partir de amanhã, passo a comer arroz e lingüiça. Já muda, né?

Modéstia á parte eu faço excelentes bifes. Não tem segredo, mas adoro carne e sendo assim, ta tudo em casa. Duas e vinte e cinco e estou com a porta aberta, a mala arrumada, o telefone sem fio ao meu lado no sofá, á espera do toque mágico do Banas preu sair e adentrar esta nau de insensatos chamada Velhas Virgens. Porra, posso aproveitar e dar uma ligada no carro da Dex. Já fiz isso ontem? Não lembro. Faço de novo pra evitar detonar a bateria. Ta lá o carro bufando. Chega. Caraio, já fiz de tudo. Até dente escovei. E agora? Uma breja? Não, ainda não.

Fone. Van. Tuca já tah dentro. Banas e Jorjão idem, claro. Tuca levantou cedo e foi mostrar uma casa do pai dele pra alugar. Deve estar mortão.

Gabaju. Roy ta atrasado. Acordou agora e ta na Vila Mariana. Banas quer comer o fígado dele. Eu explico várias coisas, do mais geral ao mais específico. Guitarristas são assim mesmo: quanto mais talentosos, mais desligados, atrasados, chapados. É assim. No caso do Roy, o cara mora sozinho (na verdade ele divide com o Dimitri "Gravano", ex batera do Surto) na casa que foi de sua família. Uma casa grande que é, como vou explicar, uma zona absoluta. Imagine a casa onde vc mora, caro leitor. Imagine que vc é um gigante. Pegue sua casa e chacoalhe como se fosse uma coqueteleira. Pronto. É a casa do Roy. O cara é jovem, solteiro e músico. Não tem horário, não tem rotinas. É um bom menino, educado e tal. Mas é uma porra dum guitarrista, a coisa mais próxima da imprevisibilidade feminina sem ser gay que eu conheço. E não é só ele: todo guitarrista é assim. Então, caro, Banas, façamos o seguinte. Quanto tivermos shows com chegadas e saídas muito próximas, não deixemos que ele volte pro cenário do furacão onde ele mora. Coloquemo-lo em minha casa, na do Tuca ou na gabaju. Qualquer lugar onde possamos alcança-lo com a mão e chacoalhar sua carcaça prele acordar na hora devida.

E vamô pra padoca tomá uma que demorô. Banas relutou. Vou com Tuca. Vc paga, baixista. Eu to zerado. Ok. Cavalo foi pra Santos na correria, beijou Juliana por seu aniversário e voltou. Este Cavalo ta me saindo um puta cara sério no casório. Mesmo estando sem dormir e sabendo que não ficaria mais de três horas ao lado da esposa, não deixou a data passar na distancia. Quem te viu e quem te vê.

Original. Desce uma. Tuca gostou do primeiro gole, mas eu não. Gostei mais do segundo que do primeiro. E mais do terceiro que do segundo. E é isso que me leva a estar pedindo outra garrafa. Jorjão ta tomando um refrigerante. Não pode beber. Tem estrada. Será que quando ele bebe liquido a bagaça escorre pelos buracos de bala? Não.

Banas e Cavalo chegaram na padoca. Café, pão, salgados. E eu na breja.

Roy chega. Atrasado, se desculpando cheio de simpatia. Mas barbeado. Guitarristas são mais imprevisíveis que namoradas de TPM. Peço uma latinha pra ir bebendo. Ofereço uma pro Roy. Ele quer. E como quer. Outra latinha pra ele. Banas paga a despesa toda e joga isso em contas da banda. Tamo na Fernão Dias. Bons papos. Bom clima. Tuca caiu. Cavalo caiu. Juju, claro, caiu. Banas Caiu. Sobram acordados Jorjão (graças a Deus), Roy e eu. To com o Ipod. A previsão é de pouco mais de duas horas de asfalto. Exceção feita a paradas pra mijar, seguimos muito bem e aportamos no recinto do Churrasco'n'roll por volta de seis e meia. A feira, evento, sei lá, termina ás dez. Nosso show ta previsto pras oito. Logo, estamos com horário legal. Cara, a porra é muito grande. É um puta evento. Dizem pra mim que o lance ta com mais de quatro mil pessoas. Várias tendas, breja e churras a vontade. Gente, quando buceta! Uhu! Onde tem buceta tem beleza, não tem briga. Onde tem buceta tem perfume, simpatia, não tem confusão. Onde tem buceta tem alegria. Onde tem buceta, tem buceta, porra.

To na área vip comendo lingüiça e arroz carreteiro. Não devia. Isso costuma soltar o meu intestino. O certo seria jantar depois do show. Vai dar merda. Mas não resisto. Uma fotinho aqui e volto pra tenda que fica ao lado do palco, nosso camarim. Billy Mutreta no palco. Banda de Campinas que já abriu vários shows nossos. O palco não é gigante, mas é coberto. O contratante ta meio breaco e disse que viu a gente no Entorta Bixo em Ribeirão. Gente boa. Ele e a namorada. Tamos conversando no camarim. O show deve atrasar pra oito e meia. E as dez tem que acabar. Vou ter que encurtar os discursos.

Rico faz umas batidas com o liquidificador fornecido pela produção que é parte das nossas "reivindicações de camarim". Um dia posto aqui a lista toda. Muitas vezes os contratantes não cumprem nada. E a gente toca do mesmo jeito. Muitas vezes não tem camarim e a gente mesmo tem que "criar" um. Muitas vezes, como hoje, não tem banheiro acessível e a gente mija e caga (este sou eu) em baldes com gelo. É assim!

Ta chegando a hora. Roy ta doidão. Os outros tranqüilos. Troco torpedos com Ronaldo Brigadeiro, meu plantão esportivo em sampa, sobre o placar do jogo do time misto do Timão contra o Barueri, no Pacaembu. Um a zero, Souza. De penalti. Só assim. Eta grandão bobo. Dois a zero, Jean, de cabeça. Noise.

Notei que o chão do evento é todo composto por brita, pedrinhas. Se algum bebum demente resolver jogar isso no palco vai ser uma cagada.

Paro de checar o placar no celular. Alongamentos. Aquecimento. Pirata. Brinde. Bora.
Meu retorno de voz ta du caraio, mas só ouço baixo e a batera. Sem guitarra no retorno fica difícil sentir o peso do som e cantar, especialmente num lugar aberto como este. O set seria o mesmo de ontem. Mas, como vcs vão ver, vários acontecimentos inesperados vão alterar o previsto. Tem, como sempre, um povo animado cantando tudo na frente do palco. Velhas Army, Mr. Voigt! Mais atrás, numa segunda onda, tem umas pessoas interessadas e casais, observando curiosos. A terceira onde é de gente que não tem a mínima idéia de quem somos, do que tocamos, porra nenhuma. É gente que consome indistintamente pagode, sertanejo ruim e funk carioca. Rock? O que é rock? Pensam eles. Estes são a maioria. HUM!

Tamos indo. Como é muita gente, não dá pra seduzir a todos. A proporção é a seguinte, segundo um papo que tive com Edu (o homem da barraquinha das VV) antes do show. Sim, dei um rolê absolutamente anônimo no meio da galera pra saber "qual era a deles". Fui até nossa lojinha e Edu falou que era uma coisa assim: mil conhecem a gente e três mil não.

Vamos aos gritos de guerra. Cubanajarra não teve "aquela" resposta. A citação dos "no, no,no" de Rehab em Rafaela foi média. "Pôe tudo" idem. O "ma,ma,ma" de "Tudo que a gente faz", assim, assim. Tequila tb não empolgou. Ah, eles gritaram com gosto "Edu viado" quando anunciei a posição da lojinha. Juju no palco. Eu me trocando. Tem uma japinha querendo foto ao pé da escada. Num dá, tenho que colocar o sutiã e a batina. Marcinho desce ao camarim pra ver como tão as coisas. Com a ajuda da japinha, coloquei o sutiã. To pronto. Vontade de cagar. O balde. Merda fina sobre o gelo. To me limpando e a canção da Ju, no palco, terminando. Deu. Troco a guarda com Juju e sigo com meu discurso em "Se Deus não quisesse". Como sempre faço, interrompo no fim quando eles cantam o refrão "Deus é pai e a cachaça vai" e digo que ta uma merda. Faço sempre uma pergunta do tipo: "estamos ou não estamos em Minas Gerais, terra de cachaceiro filho da puta? Então, por que vcs estão cantando como uns viadinhos?". Geralmente isso deixa os caras mordidos e eles cantam com mais raiva e mais alto. Mas o xingamento é aquele de brother, nada pra ofender os mineiros, cariocas, gaúchos ou seja quem for. 

Mas noto que algumas pessoas compreendem a parada mal e a partir dali, ainda que a resposta tenha sido boa, começo a sentir pequenas triscadas em minha perna. Tem uns filhos da puta jogando pedra. Em mim. Enquanto coordeno minha mente pra seguir cantando, penso se devo ou não parar o show pra reclamar. Quando isso acontece, é uma faca de dois legumes, certo seu Vicente Matheus? Tanto pode deixar os três ou quatro engraçadinhos sem graça como pode dar a idéia a outros dementes. E uma galera de 4 mil pessoas jogando pedra é um apedrejamento. Resolvo ficar na minha. Não vou dar cartaz prestes filhos da puta. Em toda festa que tem cerveja de graça acontece outro fenômeno: os caras jogam litros e litros de breja gelada na minha cara e no palco todo. Por mais que esteja calor (e tava bem frio em Santa Rita), cerveja gelada na cara quente, sob as luzes do palco, é horrível. Eu odeio esta merda. Acho que os caras pensam: pô, se ele toma banho, deve gostar de cerveja na cara. Filhos da Puta. 

E o pior de tudo é que, além de molhar instrumentos, retorno, microfone, se a gente devolver arremessando cerveja neles, eles amam. Abrem a boca e sorriem em orgasmo. É a vibe da galera, porra. E eu tenho culpa, pois tomo banho de breja. Mas tomo quando quero. Não quando eles querem. Mas boa parte da culpa disso é minha, confesso. Foda-se.

Tamos indo. "Siririca" tem um bom retorno. Dou meu recado sobre fumo, bebida, bares. Aviso pra prestarem atenção em quem votam, pois os "políticos filhos da puta" querem fechar os bares e proibir tudo. Madrugada e meia vai bem. Começa "Abre essas pernas" e sinto uma pontada no cu. Vou ter que cagar de novo. Preciso ir até o fim, pois é a música mais conhecida e depende do meu dueto com a Ju. Meto a unha sob a unha, me belisco forte pra tentar tirar a atenção do corpo do cu. Dá semicerto. As pessoas tão cantando sem notar meu drama intestinal. Olho pro Cavalo e digo pra fazerem "Aluga-se" na seqüência, enquanto desço e cago. E ele, com lucidez, sugere que terminemos o show com "Abre...". Ok. Tamos indo. Aviso os outros que vai acabar. Juju enrola na última frase. Chego em seu ouvido e digo:

- Acaba logo, caralho, preciso cagar, porra!

Ela sorri. Fim. To cagando de novo no camarim vazio e fedendo igual uma fossa. Alguns se arriscam a entrar, mas logo desistem. O pessoal ta pedindo bis. Dou a letra e Cavalo volta com "Não vale nada". Terminei. Me limpei. Fotos na porta da tenda. Volto pro palco a tempo de falar o texto de Augusto dos Anjos que vem no fim da balada. Apresento Cavalo. Mesmo sem o visual de mago, falo do Raul e mandamos três. Aviso que cerveja e churrasco free apenas até as dez da noite. Depois a coisa termina. Mandamos mais duas nossas. Retorno até interessante. 

As pedradinhas pararam. O show acabou. To no camarim, com um frio do caralho e todo molhado tentando juntar minhas roupas, adereços e acessórios antes que virem souvenires dos fãs. Papo. Fotos. Não sei se foi a caganeira, as pedradas, a demora do público em reagir, o frio, sei lá. Não to legal. Parece que os fãs de hoje tão mais bêbados e alguns muito mais chatos que o normal. Serei eu, ou serão estes três ou quatro, como este casal com quem já fiz pose mais de dez vezes pra foto e eles continuam dizendo que a foto não saiu. Claro que não saiu. O cara ta tão chapado que não aperta o botão. Na milésima tentativa acho alguém pra tirar a foto. Só pra ter ceretza que saiu. Sou o cara mais paciente com os fãs. Nem sempre a banda toda sai pro corpo a corpo após o show, mas eu sempre saio. Raras são as vezes que não vou pra frente do palco conversar, dar autógrafos e tirar foto. Bebo de todas as canecas, autografo calcinha, tênis, peito, braço, cueca, tênis. Mas este casal está me tirando do sério. A todo momento eles se apresentam, dizem os nomes como se fossemos íntimos do orkut. Como vou lembrar? Escrevo diariamente em cinco perfis. A mocinha até é gentil, mas tem outras pessoas querendo um tostão de atenção, fotos e tal. E eles não deixam. 

Caraio, lá vem eles de novo. Tem um outro mala que me pede baquetas e palhetas.

- Eu não uso palhetas e baquetas, filho. Pede pro batera e pros guitarristas.

Ele quer que eu entre no camarim, pegue os presentes e traga pra ele. Daí-me paciência, senhor.
Chega. Desapareço. To na van, no escuro. Peço pro Jorjão descolar uma breja pra mim e como num piscar de olhos, olha a garrafa na minha mão. O Jorjão é mais que um motora: é um produtor e tanto. Grazie amigo. Vou ser sincero: ao final do show tudo que eu quero é encostar num canto calmo e silencioso e beber uma cerveja em paz. Posso até conversar, mas prefiro o silencio. Nunca dá e eu entendo. São estes fãs que querem um contato mais próximo que nos mantém vivos, que nos alimentam com sua paixão de torcida de futebol. Mas o ideal é um canto tranqüilo, com breja e paz. É isso que consigo agora na Van. Cavalo tb já ta aqui. Juju idem. Os outros estão vindo. A feira ta se desfazendo. Dez da noite e todo mundo indo embora. Eu tinha pensado, aproveitando o fato do show acabar cedo, em curtir um pouco da feira, da cidade, da noite. Mas não dá. To com frio, todo molhado (muito mais pelos arremessos de breja no palco que por suor, creiam) e meio passado pela diarréia. Não. Não. Olha o casal na porta da Van pedindo pelo amor de Deus uma foto.

- Mas eu já tirei mais de cem – suplico

Eles pedem preu sair. Eu não vou. Fecha a porta. Eles ficam lá fora gritando meu nome. Puta que pariu.

Estrada. Roy ta alucinado. Derrubando hi-fi e breja pelos bancos, sobre ele, sobre o Tuca. Ta demente. Ele grita seu bordão:

- Já disse que amo vcs?

Os outros dormem. O cara ta tão louco que derruba o cigarro. Achei. Tó. Ele segue falando mais que o homem das cobras. Eu to com frio. Peço pra fecharem os vidro. Peço pro Jorjão ligar ar quente. Não sinto muitos efeitos de calor artificial, não. A van ta na porta de casa.

- Novamente, foi uma honra dividir o palco com vcs, Velhas Virgens. Fui.

Depois desta frase profética, casa. Mala desfeita. Roupa molhada no chão da lavanderia. Banho quente. Obrigado meu Deus. Arroz com liguiça. Uma da manhã. Ainda. Saio? Não. TV. Vejo o gol do Jean. Duas e meia. Tentei peidar e me caguei no sofá. Mijo pelo cu. Me limpo, me lavo. Coloco um tufo de papel higiênico no cu e vou pra cama. Chega de cagadas por hoje.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Eu sou um “dorme sujo”, porra.

Olha só que amanhecer fagueiro e sublime? Noite bem dormida e a vida sorri novamente. Quer dizer, bem dormida é o caralho...Rolei na cama paporra. Bem que me falaram que quando a gente acostuma a dormir de casal, na falta da parceira, o leito vira um latifúndio. Ok. Aquele ritual defecante-informativo-asséptico se dá novamente sob o testemunho das paredes do banheiro. 


Ta bem cedo, ainda. Pouco mais de nove da matina. Às dez preciso estar na imobiliária onde vendi meu apê para assinar a escritura. Depois tenho que ir ao correio e enviar minha gaita que desafinou para o Melk disse que eles consertam. To muito feliz com a Bends. Não sou um gaitista de solos poderosos, mas de riffs. Se fosse guitarrista estaria mais pra Keith Richard que pra Erics Clapton. Mas como to sempre chapado, molhado e descontrolado, não raro, agrido e molho demais o instrumento. E as danadas seguram a porrada. Esta gaita em ré que vou mandar pra manutenção só veio desafinar uma notinha depois de quase um ano de estrada.

Simbora pra Santana. Fui extremamente feliz neste apartamento que vendi ano passado. Água Fria, 295, apê zero três. Mudei pra lá em noventa e nove em meio a uma separação da Dex. Morávamos juntos eu e o Caio, ex-guitarrista das Velhas. A separação (uma delas) durou uns oito meses. Mas tivemos bons momentos in there. Churrascos, baladas, farras. Foi demais. Tomamos várias multas por causa de barulho. Uma vez fiz um protesto, escrevendo com pincel atômico na porta do meu apartamento algo assim:

"Este é um lugar triste onde moram pessoas ruins e mal amadas, criando um clima nocivo á alegria e ao bom humor. É um asilo de velhos amargos e falidos. Eu não pertenço a este lugar".

Era uma velharada (salvo raras exceções) que queria ver novela e onde a gente nem podia gritar nos gols. Mesmo assim, a vida inside the apartament era ótema.

O pessoal que comprou tem cães e como é um apê térreo, tem até quintal Dois, aliás. Eles parecem felizes. Os donos. Um casal. Abraços em todos, assinaturas mil e cá estou eu pela Voluntários da Pátria, principal artéria do transito de Santana, procurando o correio pra enviar a gaita pro Melk. Pronto. Como parei o carro num estacionamento pago, aproveito e resolvo almoçar num quilo que se me apresenta na esquina. Caraio, não são nem onze horas e já vou comer? Vou.

Arroz, salada, lasanha, picanha, lingüiça, jiló, farofa. Tudo pra dentro. Um halls de limão com não sei o quê e um trident tra tirar o bafo. Simbora pra Band. Vou pelo centro ou pela Marginal? A chance de um congestionamento, especialmente por ser sexta feira, é sempre grande.
Centro. Tudo tranqüilo. Band.

Imediatamente me debruço na pauta da feira erótica, que é a décima quarta. Quer ler o que to escrevendo? Se liga!


14ª ERÓTIKA FAIR
8 MIL PESSOAS JÁ VISITARAM OS PAVILHÕES DA EROTIKA FAIR.
MAIS DE 30 MIL ITENS EM EXPOSIÇÃO.
43 EMPRESAS DO BRASIL, ESTADOS UNIDOS E JAPÃO MARCAM PRESENÇA NESSA EDIÇÃO.

VINHETA:GRAVAR A ENTRADA DA FEIRA, COM CARTAZES, PASSEAR COM A CAMERA PELOS CORREDORES, EVENTUALMENTE ENTRANDO NO STANDS. ISSO SERÁ EDITADO EM FAST, COMO UMA VINHETA PARA TODAS AS MATÉRIAS LIGADAS Á FEIRA.

ABORDAGEM TWISTER:
PERGUNTA PARA AS PESSOAS NA FEIRA – CURTO E GROSSO O QUE É QUE VC TÁ FAZENDO NA ERÓTICA FAIR ?

DESTAQUES DOS STANDS

Ø ADÃO E EVA: VIAGRA FEMININO. VIBRADORES DISFARÇADOS E NOVAS BONECAS INFLÁVEIS
Ø DESEJOS E PRAZERES:STAND COM CONCEITO DE ARTE(?).
Ø ELOS DO AMOR:MINI VIBRADORES.
Ø FEITIÇOS AROMÁTICOS:GÉIS COMESTÍVEIS (CAIPIROSKA, BRIGADEIRO)
Ø HOT FLOWERS:MASTURBADOR MASCULINO, PROVOCADOR DE EREÇÃO
Ø LU POMPOAR: DEMONSTRAÇÃO, UTILIDADE PARA SAÚDE.
Ø NEW STAR: ACESSÓRIOS EM COURO. DEMONSTRAR NUMA GOSTOSA. VERIFICAR SE É CONFORTÁVEL
Ø SEX BRASIL: CINTOS DE CASTIDADE

PODEMOS ENTREVISTAR CONCORRENTES/ PORNO STARS:
1. QUANTOS FILMES JÁ FEZ?
2. JÁ FOI PREMIADO?
3. QUE TIPO DE CENA CONSIDERA SUA ESPECIALIDADE?
4. QUE TIPO DE CENA NÃO FARIA NUNCA?
5. HOMENS, MULHERES, GRUPAL OU O QUE VIER? POR QUE?
6. QUE PARTE DO SEU CORPO É SEU CARTÃO DE VISITA?
7. TEM TATUAGENS? PIERCINGS? QUANTOS? ONDE, MOSTRA PRA GENTE.
8. PRA QUEM VC OFERECE ESTE PRÊMIO?

FAIR DOGGING: PRECISAMOS EXPLICAR O QUE É O DOGGING, QUEM PRATICA, ONDE SE PRATICA, COMO FUNCIONA?
SE DER, DEMONSTRAR, COMO SE FOSSE CÂMERA ESCONDIDA. PODEMOS FAKEAR MOSTRANDO ALGUÉM TRANSANDO NUM CANTO.

SÁBADO Á NOITE TEM UMA FESTA DE FETICHE. PERGUNTA TWITER: QUAL SEU FETICHE? O QUE ESPERA DA FESTA?


Sabem o que é Dogging? Vc avisa na internet que vai transar com alguém num lugar público. Na hora marcada, vc transa e uns caras vão lá ver, coisa de voyeur, saca? Porra, isso é um canal pornô, caralho!

Apesar de ter credencial, eu não vou trampar nesta cobertura. Temos shows hoje e amanhã e domingo eu toco com o Brum. Ano passado eu fui e gravamos vários números de sexo explícito. Interessante. Mas a coisa é profissa. Entrevistei (sem aparecer) vários atores/atrizes/stripers ainda sujos de líquidos íntimos. Dex não curtiu muito este meu lado repórter. E, de forma inesperada, parei de ir nas matérias. Quem "tem", tem medo!

Pronto. Atualizações internéticas. Postagem de blog. Pesquisa da letra de "Litrão de Pinga" dos meus amigos do Movidos a Álcool, que eu devo cantar junto com os Trovadores de Bordel no domingo, no mesmo espaço Rio Verde, após o acústico com o Brum.

Preciso ajeitar um set. Já deu minha hora e preciso ir. Tem alguém me deixando recados na caixa de voz do celular. Aqui no canal pornô, no calabouço da Band, o sinal de celular é muito ruim. Não dá pra pegar o recado. Vou checar. E vou pra casa descansar pro show. Noise.

Recado triste do Roberto Seixas dando conta da morte do filho dele. Mil abraços, amigo. Tava acompanhando seu drama com ele na UTI e agora só dá pra rezar.

O outro que deixou recado foi o Robério Santana, do Camisa de Vênus. Ele mora na Roosevelt e a gente tem se desencontrado por lá. Mas esta semana a gente dá um jeito. Preciso ligar pra ele.
Home. Lixo separado pra por pra fora. Água nas plantas da Dex. Mala arrumada pro show. TV? Não. Jantar. Arroz e bife? Depois. Agora, cama.

Deito pelas sete da noite. Despertador ligado pras nove. Meio que não durmo. Um transe meio maluco.

Hora de levantar. Agora sim, jantar. E agora? TV. Porra, um programa muito legal do Canal Brasil, Som do Vinil, apresentado pelo Charles Gavin, batera dos Titãs. Em cerca de meia hora ele conta a história da gravação de discos clássicos. Hoje ele ta mostrando o disco "Catedrático do Samba", gravado em 1968 por um pinta, uma figuraça chamado "Germano Mathias", uma espécie de versão paulistana do Moreira da Silva, do Rio. Ou seria o Kid Morengueira uma versão carioca do Germano? Um típico discurso de malandro das atingas, que aprendeu a cantar vendo a batucada dos engraxates da praça da Sé em tempos ancestrais. É por isso que ele leva sempre uma tampinha de graxa, onde batuca. Diz ele que é uma herança das batucadas de frigiderias, típicas de Sampa. O tipo de samba que ele canta é chamado de Samba Sincopado, uma coisa com um swing, cheio de breques e expressões bem paulistanas. Este Germano é de foder. Sou fã dele. E o programa é muito legal tb. A cada música citada, entram fotos antigas ao som da própria música, localizando a época e a cara das pessoas envolvidas. Olha algumas gírias do cara: meia é luva de baixo, sapato é pisante, chapéu é bombeta e relógio, claro, é bobo.

Puta programa legal. Charles ta muito bem como apresentador e entrevistador. Queria ver quem dirige e, principalmente, quem escreve. Curti o roteiro. O problema é que me deu vontade de cagar e do banheiro, apesar de enxergar a tv, não dá pra ver os créditos.

Ta passando "De Volta pro Futuro". Eu amo este filme. Aquela onda de voltar no tempo pros dourados anos 50, onde o rock nasceu. Porra, isto me faz pensar numa coisa: os americanos mandam no mundo desde a segunda guerra mundial e exportaram sua cultura, incluindo o rock'n'roll, pra toda parte. Olha as Velhas Virgens aqui mostrando isso na prática. Somos filhos desta história toda. Mas me digam uma coisa: e se os alemãos tivessem ganho a guerra? Aí os americanos não mandariam no mundo e talvez o rock nem fosse inventado. Ou, mesmo sendo inventado, não viajasse o mundo como viajou. Que será que a gente estaria tocando? Nossa, que medo.

Banas toca o telefone. Ele ta saindo de casa com a Van e vindo me pegar. Bom falar com ele. A sensação de estar indo pra estrada e pro show dá tesão. Opa. Ele já chegou. Levo duas latinhas. Abrax no Jorjão baleado, nosso motora. Esqueci de tirar o lixo. Volto e tiro. Pegar o Tuca. Feito. Gabaju. Todo mundo aqui. Roy ta com cara de merda. O que houve? Hum, quase foi assaltado. Passou, passou. Juju conta que entrou numas de acender vela pro anjo da guarda em casa e quase pôs fogo em tudo. Ela tem uma poodle branca que ficou preta. É demente, ou não é?
São Caetano. Victória Hall. Aniversário de dez anos de um bar chamado Sincinato. Parabéns. O Sergião é o dono. A mulher dele faz aniversário tb. Vai ter que "dar" a da semana hoje, véio. Eh,eh,eh.

Ta tudo atrasado. Mas o camarim é bem legal. Muita breja. Tem uma banda no palco. Saiu. Entrou Doors Cover. O cara tem a voz do Jim Morrison. Eu vou lá cantar ao lado do palco. É só a voz. O vocal é barrigudo e careca. Parece comigo. Bem, no momento to cabeludo. Mas não dura muito, eu sei.

Cabou o Doors. To descalço e de samba canção. Clima ótimo no camarim. Francisco, pai dos meninos e menina da banda Plêiades (metal, adolescentes) ta aqui tb, mas sem a banda. Sou fã destes meninos. Mas são todos menores. Ainda não podem beber e meter. E isso não é papo sobre menores. Olha eu em cana, ai. Eles são de BH e Francisco já levou a gente pra tocar lá várias vezes. Ele ta planejando repetir a dose em setembro. Saudades de BH.

Outra banda no palco. Cabou. É noise. Mesmo set de Sorocaba. Mesmo bis de Raul. Show longo, quase duas horas e meia. Mas muito legal. Povo curtindo. Mandei o governador e o prefeito de sampa tomarem no cu. Tenho orgulho disso. Os caras querem acabar com a noite da cidade, querem proibir fumo, bebida. Vão se fuder.

Show finalizado. To com o nariz cortado. Errei a latada na primeira música e o sangue desceu. É assim.

Diversão e bebedeira no camarim. Diversão e bebedeira na Van, dia amanhecendo. To em casa. Capuccino. Cama. Sem banho. Dex não ta aqui. Posso dormir sujo. Eu sou um "dorme sujo", porra. Eu sou "sem janta". Tomo banho quando levantar pra ir pra Santa Rita do Sapucaí. Bom dia!

quinta-feira, 21 de maio de 2009

No meio da música me vem a sensação de que vou desmaiar. Puta que pariu!

Acordo zuado. Vou ainda pro computador. Quero ouvir o Hino do Timão. Por quê? Sei lá? As lágrimas descem. Aproveito e ouço alguns gols narrados pelo Luciano do Valle, pelo José Silvério e pelo maior de todos, Osmar Santos. E larga chorar. To completamente tonto, chapado, caraio. To ficando velho. Duas baladas seguidas e dou PT. Jornal, merda, banho. A faxineira não veio. E o chão é um rinque de patinação. Toca o telefone e é chamada a cobrar. Porra, é ela. É ela. Que saudades. Ela ta em Atenas, lá são sete da noite.

- Eu te amo – digo

Ela tb me ama, ela diz. Nossa, nunca fiquei tanto tempo sem ouvir sua voz. Pelo menos nos últimos cinco anos. Acho. Foi rápido. Mas ajudou a diminuir a sensação de vazio. Volta logo, porra.

Consegui o fone da Tânia, que limpa a casa da mãe da Rita e da própria Rita. Ela vem no fim da tarde. Graças a Deus. E agora?

Almoço. Picanha e arroz. Água nas plantas da Dex. Tenho que ir pra Band. Mas to completamente zureta. Heim? Como é? Já cheguei. Fui teletransportado?

Tudo atrasado na net.Tenho que escrever a pauta da feira Erótica. Mas, nada dá certo. Sabe aqueles dias que as coisas vão se encavalando, se enrolando e no fim, nada rola? O computador deu pane e não ta colando texto nos e-mails. Como é que eu posto o texto do blog, caralho? To suando frio. Soltei um peido terrível. A galera saiu correndo. Se pudesse, eu mesmo sairia de perto de mim.

Porra, quase quatro e meia da tarde. Às cinco eu deveria estar no ensaio. Não escrevi nada. Quer saber: chego mais cedo amanhã e escrevo. Vou pro ensaio. Transitinho danado. Levo cerca de uma hora. Passando mal. O ar condicionado no talo. Ai, meu Deus, é hoje que eu vou morrer. Que ressaca é esta?

Começamos passando "A Ultima partida de bilhar", agora comigo no vocal. Erro um pouco, mas já ta bem melhor. No meio da música me vem a sensação de que vou desmaiar. Puta que pariu. Roy se liga e me arruma um banco. Pronto. Vou ensaiar santado. Passamos pra "Bunda Boa". Boa. Duas porradas: "Aonde é que este velho vai" e "Esta mulher só quer viver na balada". Pra terminar, a "BBB: Boca, a Buceta e a Bunda".E eu vou dar óbito. Vou "marrer". Copio as canções do outro ensaio pro I-Pod.

Carona pra Cavalo e Simon. Ta um puta transito. Eu não mereço isso. Me ajuda, Senhor, a chegar ao box do banheiro e deixar a água quente me dar um sopro de esperança.

Deixei os dois. To em casa. Hoje não saio. Agora a coisa ta assim, chapo num dia, quase morro no seguinte. Tinha show da banda dos amigos, "Saco de Ratos". Mas não dá. Banho.

Jantar. Quatro salsichas e arroz. TV. Internet. Simon mandou as músicas de hoje pela net. Coloco todas as músicas no I-pod. Gole gigante de água. Pra caminha, pra caminha, pra caminha. Amém.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Quando Deus criou as drogas, Ele estava no maior alto astral

Nada de novo nesta manhã. Jornal, merda, banho, bronha e Internet. Porra, me mandaram um vídeo do John Lennon, Eric Clapton e Keith Richard tocando juntos. Tem tb o Mitch Mitchell (que tocou com o Hendrix) na bateria. É parte de uma espécie de documentário/show dos Stones. Na abertura Mick e John conversam. Mick chama John de Winston. John ta com um prato de sopa na mão. No fim ele entrega o prato pro Mick. Mick pega, mas não toma a sopa, repare. Aí, que nojinho! Aí começa o som, Yer Blues, dos Beatles. Cool ver a galera toda jovem. O Keith tá no baixo. Guitarristas não costumam gostar de tocar baixo. John age como líder, mesmo. E Clapton, bem, Clapton is God.

Ok. Dei uma olhada no possível repertório com o Brum e tem várias idéias legais. Vamos ver o que ele aprova e depois eu conto proceis. Vou comer algo e me mandar pro ensaio. Olha só, Dex ta on line. Diz que hoje termina sua tour pela Turquia, seguindo pra Grécia. Os gregos é que me preocupam. Diz que fez um passeio de balão com o pai e que ele inicialmente relutou, mas que no fim curtiu. Era uma surpresa. Que bom que deu certo. Ela ta encanada com meu desparecimento da tarde de ontem. Se ela lesse o blog ia saber que eu tava bodeado após a festa das estrelas e do copo livre. Ela diz que tem que sair do computer.

- Me liga- escrevo

Ela não responde. Queria ouvir sua voz. Sei que nesta onda de viagem é meio complicado ligar e mandar notícias. Mas, porra, liga a cobrar, caralho!

Bem, deu a hora, não dá tempo de cozinhar e nem de comprar algo pra comer aqui. Vou pro Brum e no caminho paro e como algo. Parei. Comi uma coxinha, um sanduba de lombo com mussarela (muçarela é o certo, sabiam?). Coca Zero. Suflair. Trident. De volta á rua. Centro meio engarrafado. Brum mora no Anhangabaú. Carro no estacionamento. Esqueci o celular. Tasca voltar. Pisei na merda. Porra. Limpei. Brum não atende o interfone. Uma. Duas. Três vezes. Com o Brum pode ter acontecido qualquer coisa. Ele pode estar acompanhado. Ele pode ter esquecido. Ele pode estar caído bêbado em alguma parte do planeta. Ou pode ter bebido até de manhã e deitou faz meia hora. São duas da tarde. Ligo no celular. Ele atende. Ele ta lá em cima. Bebeu até agora há pouco, como suspeitei. Se eu tivesse dado uma olhada no blog do Marião, teria sabido antes. Ta lá. Bebedeira até o sol nascer.

To no elevador. O olho bom dele tá mais fechado que o ruim. This is Fabio Brum lifestyle. Tamaí.
Olha o poema do Bukowski que ele me mostra;

Yes Yes

Quando Deus criou o Amor, Ele não ajudou à maioria
Quando Deus criou os cães, Ele não ajudou os cães
Quando Deus criou as plantas, Ele foi assim-assim
Quando Deus criou o Ódio, nós ganhamos uma ferramenta utilitária
Quando Deus me criou, Ele me criou
Quando Deus criou o macaco, Ele estava apagado
Quando Deus criou a girafa, Ele estava de porre
Quando Deus criou as drogas, Ele estava no maior alto astral
Quando Deus criou o suicídio, Ele estava no maior baixo astral

Quando Deus criou você deitada nua na cama
Ele sabia o que estava fazendo
Ele estava de porre e estava doidão
E criou o fogo a água e as montanhas ao mesmo tempo

Ele cometeu seus erros, é verdade
Mas quando Ele criou você deitada nua na cama
Ele gozou por sobre todo seu abençoado Universo

Bom, né? Vamos ás canções...

Sugiro uma balada linda do Bruce Springsteen, Drive all night. Tito & Tarantula, After Dark, da trilha do Drink no Inferno. Não Vale nada, das Velhas. Que mais? Trago com Deus e Mulher de Escorpião, do Cuelho de Alice. Covers? Guitar Man do Bread, Happy Together do Turtles, Modern Love do Bowie. Vários blues e rocks das Velhas Virgens, Siririca, Uns Drinks, A Minhoca que acendia o rabo, Eu não quero mais, Se vc tem dinheiro, Vampiro, Buceta, Abre essas pernas. Convenci Brum a converter umas marchinhas/sambas em rock ou coisa parecida: O vendedor de bucetas (Ary Toledo), Aposentadoria de Malandro e á capela Praia de Paulista é o bar. Que mais? Cruisin do Smokey Robinson e Slave To Love do Brian Ferry não podem faltar. É por aí. Parece que Rick Vecchione vai levar caixa e bumbo e tocar com a gente. Sem ensaio. Três, quatro e vamolá. Podemos fazer tb Boêmios Errantes, parceria minha com o Brum. Na verdade, eu só escrevi um verso, mas ele curtiu e viramos parceiros de composição, além de entornação.

Quando veio de Campo Grande pra Sampa Brum morou uns dois meses comigo. Grande sujeito. Pena que põe muita pimenta na comida. E, quem sabe, o maior guitarrista com que eu já subi ao palco. Ele é o cão!

Fui. Transito bom pelo centro. Band. Desci com o baixolão do Tuca. Não dá pra deixar no carro. Atualizações interneticas. Preparo roteiro pra gravação da Núbia semana que vem. Hum. What now? Não consigo distrair do jogo. Timão e Flu, tonigth. Vcs sabem, os empates são nossos. Um a zero preles é penalty. Dois a um é noise. Diferença de dois gols é deles. Ronaldo só jogou duas vezes no Maracanã e perdeu as duas. Com o Cruzeiro foi um a dois pro Mengo. E com o Brasil foi zero a um pra Argentina. Se o Timão perder de dois a um leva a vaga pra semifinal. Se perder de um a zero, a disputa será em pênaltis. Em setenta e seis dividimos o Maracá com os “pó de arroz” e ganhamos no penalty. Vamos classificar. E o gordo vai fazer o dele.

E chega de trampar. Um cagão, um role e área pra ZN. Devo ver o jogo no Tuca. Sei que em casa eu dou sorte. Mas ele diz que em sua nova goma o Timão ta invicto. Passo em casa, pego minha camisa da sorte, cerveja e bora lá. Corinthians, eu acredito!

Foi assim. Estávamos lá Eu, Tuca, Zé Boy, mais um mano que eu sempre esqueço o nome e o André Cabeça, fora as crianças Ian, Igor e Dudinha, linda filha do Zé. Churras comendo forte e gol de falta do Chicão. Nhenhenhém, nhenhenhém, gol do Jorge Henrique. Dentinho deu o passe. Dentinho tb sofreu a falta do primeiro gol. Dentinho comeu a bola. Somos Bambi Killers. Ok, ok, dois gols e sufoquinho o segundo tempo. Ué, se não fosse assim, não era Corinthians. Ganhamos. Alo Fluminense: vcs são lixo! Vamo pra cima do Vasco. Mas é só semana que vem.

O Flamengo perdeu no fim. Pena. Liguei pro meu amigo Gegê no Rio e ele tá puto. Pena, amigo.

To aqui no Terra Nova. Passei na frente e fui sugado pra dentro do bar. Cachacinha. Cervejinha. Vou pra casa? Vou pra Roosevelt. Parlapatões. Muita cerveja descendo. Marião e a galera. Sentei pra bater papo com uns caras e uma mina que conheci ali. A galera foi pra outro bar. Eu já vou. Fui com os caras com quem eu tava conversando. Breja. Porções de carne. O quê? Seis da manhã? Fui pra casa. Quando bebo só cerveja fica tudo sob controle. Casa. Cama. Morte.