quinta-feira, 30 de abril de 2009

Uma contração indica que me caguei

Hum...Cama quente. Soninho bom das oito e pouco da manhã. O despertador tocou e eu desliguei. Tá delícia, tá gostoso. Travesseiro na cara pra evitar os raios solares que sorrateiramente penetram no meu quarto de homem casado. Dex já foi e tenho a cama de casal inteira pra mim. 


Hum, tem um peidinho engatilhado. Não posso correr risco, pois a diarréia continua. Amoito o peido e dou prioridade pra preguiça matinal debaixo das cobertas que tá rolando. Mais um cochilinho. Epa, soltei a porra do peido. Passei a mão na bunda. Caralho, borrei o pijama. Pulo da cama lépido como um atleta de salto em altura. A coisa tá bem molhada lá atrás. Checo pra ver se vazou no lençol. Aparentemente, não. Corro pro banheiro. Tiro o pijama e a nódoa fétida tá lá, do tamanho de um polegar. Arranco as calças, dou uma lavada na pia pra disfarçar. Sento-me no trono e o ruído é de liquido. Estou evacuando em spray. 

Esta merda desta caganeira começou no Terra Nova terça á noite, ganhou força na quarta com a feijuca e com o miojão da Dex e agora tá de vento em popa. Puta que pariu. Dei uma limpadinha básica e desci pra pegar o jornal. Voltei com a coisa quase escorrendo pelas pernas. Que situação! Tô lendo e mijando pelo ânus. 

A porcada é destaque no caderno de esportes. O Raul vai me torrar o saco! Não o Seixas, o que trabalha comigo no SBT. Tem um suplemento com a programação da Virada Cultural. Tamos em destaque no palco rock. No Palco do Raul (Seixas) tb estamos citados. Tá bom pruma banda genuinamente independente, formada por tarados, bebuns, drogados, boemios e putanheiros. 

Vou pro chuveiro. Caraio, tá uma maçaroca aqui atrás. Quando os pelos do cu se unem em torno de substancias fecais foramando bolotas a gente dá o nome de badalhoca. Lavo, lavo e a coisa vai descendo pelo ralo, com pedaços vegetais que a gente não digere. Tá com nojinho? Tá com nojinho, zéro um? Nunca será! Eh,eh,eh!

Saio do chuveiro e a colica vem novamente. Mais mijo fecal. Me limpo e é só água mesmo. Bem, uma caganeira sempre ajuda a gente a emagrecer. Tá em casa.

Dona Rosa tá lá embaixo limpando. Dex deu um "migué" e não deixou a grana da faxineira. Curiosamente, consulto minha pochete e, pra minha surpresa, encontro uma nota de cinquenta. Mais uma de dez. Só faltam mais dez preu não ter que ir até o caixa eletrônico e voltar aqui pra pagar. Mais uma nota de cinco. Duas de dois. Caralho, só falta um real. Moedas. Pronto. Fiquei liso, leso e louco. Tô duro. Sem vintém. Sem o vil metal. No tengo la plata. Liguei pra ela. Ela disse que tem grana dela em algum lugar. Deixa pra lá.

Tô na pista. E ninguém vai me segurar. Liguei pra Dex outra vez pra lembrar da reunião do condominio hoje á noite. Ela reclama que eu já falei isso, que eu vivo repetindo as coisas. Fico puto com a grossura matutina crônica dela e desligo. Tá rolando Body Count no I-Pod.

Im a cop killer, better you than me.
Cop killer, fuck police brutality!
Cop killer, I know your familys grieving,
(fuck em!)
Cop killer, but tonight we get even, ha, ha.

Puta sonzeira. Tô bem pra ouvir isso. Dex me deixou bem puto. Não há nada que você faça por uma mulher que baste. Nada que a satisfaça de verdade. Segunda feira levantei seis e meia da manhã pra levá-la até o metrô. Terça fui de táxi buscar seu carro na oficina e ainda paguei a bagaça. Ela diz que vai me devolver, mas eu não quero. Eu não quero dinheiro, Tim, eu só quero amar. E ser amado. Porra. Dá pra ser um pouquinho mais educada de manhã? É foda.

E neste papo furado tô entrando no SBT. Começou a tocar "Goodbye Blue Sky" do Pink Floyd. Se um dia vcs tiverem a oportunidade de vir ao CDT da Anhanguera, sede do SBT, ao subir vão ver muita grama bem aparada, jardins bem cuidados, árvores geometricamente podadas, pássaros...Isso somado á esta trilha sonora cria uma imagem paradisiaca. Os regadores automáticos estão espalhando água em movimentos semi circulares repetitivos. Após a primeira subida, curva á direita. À esquerda suge uma quadra de tênis. Ao lado dela um campo de futebol, quadras, churrasqueiras. Curva á esquerda e do mesmo lado está o parque aquático, onde o Silvio grava as provas do seu programa. Há muitas árvores, piscinas e cenários, neste momento, sem ninguém. Mais uma subida e chegamos ao pátio principal, em frente aos estúdios. Sempre cumprimento os seguranças com um "bom dia". Em frente até o fim e á esquerda, carros do SBT estacionados á esquerda tb. O estacionamento destinado aos funcionários que têm a regalia de parar aqui fica mais pra frente, do lado esquerdo. Pink Floyd comendo solto. Últimos acordes. Bora pro trampo. 

Tô com vontade de cagar. Tomo meu café de máquina. Entro na sala do Raul e ele delira. Tem uma bandeira e uma camisa do porco estendidas. Ele urra. Diz que adora ter um "gambá" como eu por perto. Quando o time dele ganha, claro. Eu o cumprimento. Digo que foi uma vitória suada e que ele sentiu o que é ser corinthiano. Ele não gosta muito do comentário, mas segue urrando, gritando nome de seu time. Pronto. Vou pra minha sala.

É meu último dia no SBT antes das férias. São férias mandrake, pois ainda tenho trampo na Band e shows. É só um jeito de dormir até mais tarde e descansar um pouco. O SBT dá férias pros terceirizados assim: a gente não vem um mês e eles pagam do mesmo jeito. Não tem adiantamento, não tem vantagem nenhuma de funcionário contratado. Mas tá valendo.
Marcão tá surtando de alegria, pois Silvio Santos viaja semana que vem e ele tb vai ter férias. Parla, Marcão:

- Férias é pra fumar maconha, tomar cachaça e sair com prostitutas. 

Exceto pela maconha e quem sabe a cachaça, duvido que ele cumpra o prometido. Ele é um homem casado. Como eu. Mas que é divertido, é. Porra, já fui cagar em spray mais uma vez. O Donizeti do Diário de São Paulo me liga e me entrevista para completar a matéria que começou com as fotos com o Nasi ontem. Ele tb é corinthiano. O Donizetti, não o Nasi. Diz que a taça do paulistão tá exposta na sede do jornal. O papo é rápido mas legal. Volto preste meu dia de fingimento. Almoço. Salada, bife á milanesa, contra-filé. Tudo vira mijo anal minutos após a ingestão. Se ficar assim mais uns dias perco uns dois quilos. Oba. Tá dando minha hora. Ainda tem Band. Depois tem ensaio geral do Raul no Roy. Dex que ligou. Fui frio. Até onde pude. Ela diz que me ama ao desligar. Eu não respondo. Ela me cobra. Eu digo que tb. Eu amo esta cretina, merda! Bora pra Band. SBT só dia 3 de junho. E férias, bem, o Marcão já disse.

Ah, em primeira mão, a versão que fiz pra "Minnie The Moocher" (Cab Calloway) e que pretendo entregar pro Nasi na Virada Cultural.

O Rei da Putaria
(Paulo de Carvalho)

Eu vou contar agora a estória de um travado
Que bebia noite e dia, cachaceiro descarado
Trabalho não era com ele, seu negócio era boemia
Conhecido no Bixiga como o Rei da Putaria

Madrugada sonolenta e pinga com limão
Pediu a saideira pendurado no balcão
Uma dona entrou no bar, virou cachaça, vinho e gim
Ele pensou apaixonado: quero tudo isso pra mim

Ela era uma gostosa, uma bêbada vadia
O prato preferido do Rei da Putaria
Os dois beberam quase tudo que tinha no bar
E se beijaram antes de parar pra vomitar

Estavam largados na sarjeta enquanto o sol nascia
Quando ela perguntou porque é que ele bebia
O vagabundo respondeu que nem bebia tanto
"eu só tomo o primeiro gole e o resto é pro santo".

Esta é a história do Rei da Putaria

Imprimi a letra e esqueci na impressora. Cheguei no carro e tive que voltar pra pegar. Quando a cabeça não pensa, o corpo paga. To indo pra Band. To indo. Indo. Indo. Cheguei.

Ao passar pela portaria senti uma pontada. Porra, será que vou cagar de novo? Não, não, acho que não! Observando bem a parte interna da Band consegui descobrir porque me sinto em casa aqui. Ela se parece muito com a primeira sede do SBT onde eu trabalhei na Vila Guilherme, Rua Santa Veloso. Lembro direitinho dos estúdios, do café, da agência bancária, das enchentes, do barbeiro, dos banheiros. Era um grande galpão e tinha apenas 4 estúdios (acho), sendo que um era bem pequeno, apenas usado pelo jornalismo. Os cenários e equipamentos técnicos acumulados nos corredores, como aqui. 

A Band me lembra muito esta época romântica do SBT. To descendo as escadas, pois o Sex Prive fica bem lá embaixo, ao lado da garagem e do estúdio 4. Hum, as pontadas estão maiores. O cubículo onde funcionam máster e produção é vedado, sem janelas, com uma pesada porta de ferro que vive trancada. Nosso conteúdo é censurável. Bati na porta como quem acessa a porta de um local onde são feitas reuniões secretas. Só falta abrir uma portinha e mostrar só os olhos do porteiro interno e o cara pedir a senha. A porta se abriu. E dei meia volta.

- Porra, tenho que cagar – disse e sai em passo apressado.

Aqui mesmo neste páteo da garagem tem um banheiro que faz parte do vestiário masculino. Como uma porrada de gente passa por aqui, geralmente não ta muito limpo. E ainda tem aquele budum de macho tomando banho. Geralmente prefiro ir num que fica no andar de cima, o das produções, ao lado do Bradesco. Mas acoisa ta feia e não sei se chego lá em cima. Entro no vestiário e as duas portas estão fechadas. Uma tá só encostada e quase fico feliz. O problema é que a privada ta cheia de merda. Dou descarga e a bacia enche, quase derramando. Ta entupida. A porta do lado está trancada. Saio em passo ainda mais apressado. Preciso chegar ao banheiro do lado do Bradesco. Será que eu resisto. Tem atalho pelo fundo do páteo. Dois lances de escada, a porta do banco, duas portas de camarim. A merda liquida querendo sair. 

Entro no banheiro e quando ponho a mão na maçaneta do box uma contração indica que me caguei. Entro no reservado e começo a checar a situação. Primeiro jogo a pochete que eu já havia tirado no caminho no chão. Abaixo a calça rápido pra evitar o contato da água intestinal com minha roupa. Sento na tábua sem sequer ter tempo de averiguar se está mijada. Minha bunda não detectou nada úmido. Enquanto o cocô líquido sai pela porta de trás em velocidade difícil de estimar, passo os olhos pela cueca e detecto uma freada molhada, pastosa, de cerca de três centímetros. A calça não foi atingida. 

Bem, agora é acabar de me aliviar e pensar num modo de limpar esta, literalmente, merda. O plano é pegar dois tufos volumosos de papel higiênico e embebedar um em água e outro em sabonete líquido de lavar mãos. Aí é só passar o sabonete pra limpar a cueca e tirar o cheiro e a água para tirar o excesso de sabão. Perfeito, né? O problema é que o banheiro ta movimentado. No box ao lado acabou de sentar um cidadão que está lendo o jornal, gemendo e peidando. Dá pra ouvir o barulho da merda caindo na água. Puta que pariu. To fudido. 

Não vai dar pra sair do reservado com as calças arreadas. Alguém pode entrar. Bem, como já terminei meu "serviço", estou me limpando. Haja papel pra limpar esta porra. Pronto. Ao lado, o filho da puta parou de ler e parece estar se limpando tb. Coloco um tufo de papel no cu, como um absorvente. Separo os outros dois tufos grandes. Enquanto levanto a calça e colo o cinto, o vizinho sai, se lava e se manda. O banheiro, aparentemente, ta vazio. Hora de agir. 

O tema de missão impossível começa a tocar dentro da minha cabeça. Porta do box aberta, um jato d'água num tufo. Dois, três apertões no sabonete líquido. Volto pro Box. Abaixo as calças. Me melo de sabonete. To sem calças e sentado no trono novamente. Esfrego o papel com sabonete na cueca. Agora espremo o papel com água. A coisa pinga e tenho que esticar as pernas pra não molhar a calça. Mais papel seco para tirar a umidade. Pronto. Dou uma cheirada na cueca. Ta com cheiro de sabonete. Meio molhada, mas limpa. Papéis arremessados no cesto. Descarga. To novinho. Antes de sair, coloco novamente um tufo de papel higiênico seco e limpo no cu, como um absorvente. Se peidar de novo, pelo menos não sujo a cueca. Missão encerrada. Esta privada se autodestruirá em cinco segundos. Quatro. Três. Dois. Um.

De volta ao Sex Privê, com Ju Pantera, uma morena estonteante, gemendo e dando feito louca. Aqui a gente trabalha com tesão. São sete da noite. Às oito me mando pro ensaio. Dex me ligou e foi tomar uma breja com a prima Carlota. Escreci uma pauta sobre o concurso de Cheerleaders realizado durante o Campeonato pPaulista de Futebol, que terá premiação amanhã no Memorial da América latina. Fernando e Marcelinho vão gravar. Os dois estão eufóricos por causa das meninas. Vagabundos!

Dei mais uma olhada nos orkuts, Twiter, esta merda toda e deu meu horário. No caminho pro Roy uma jornalista que já me entrevistou em Campo Grande e agora ta trampando na Rádio Cultura me liga e faz uma nova entrevista, agora por telefone, sobre a Virada Cultural. Nesta de conversar com a moça, me distrai e perdi a entrada da Avenida Brasil. Parei o carro. Terminei o papo e tasca procurar um caminho pra voltar. Opa, cheguei ao Monumento do Empurra-empurra no Ibirapuera. Agora é teta.

To no Roy. Parece que um problema elétrico limou toda a energia da sala onde a gente toca e vamos ensaiar meio que na penumbra. Até que é legal, pois no escuro eu não consigo ver as letras e tenho que cantar sem colar. Passamos todas as canções e estão praticamente perfeitas. Não precisei ler nada. Errei uma ou outra palavra. 

Em "O conto do sábio chinês" deu uma jazzinho, mas passamos de novo e tudo ficou perfeito. Porra, se pudéssemos fazer este show outras vezes ia ficar bem legal. Ok. Ensaio encerrado, é nóis no Terra Nova. Simon foi pra casa cuidar das crias. Tamos eu, Cavalo, Tuca e Ju. Sopa de ervilha pra eles, provoalho pra mim e pro Tuca. Sigo com o papel higiênico no cu, prevenindo mais alguma freada molhada. Tomamos algumas, mais um pinga. E eu não to muito legal. Tuca ta de moto, então deixo Cavalo na casa dele. Cavalo vai desfrutar da hospitalidade do Tuca esta noite. Tuca quer que eu entre pra beber a saideira. Eu não to legal e quero ir pra casa.
Instalo Ju num dos quartos, me troco e caio na cama. 

Eu não to legal.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Hoje os palmeirenses souberam como é ser corinthiano

Ressaquinha mixa. Não resistiu ás primeiras gotas de água quente do chuveiro. To inteiro. Ainda na cama, antes de levantar, li mais um pouco do livro do Tim Maia. Porra, o cara tá passando de folclórico e engraçado pra agressivo e egocentrico. Toda vez que alguém se acha maior que todos acaba tropeçando na empáfia. Já dizia aquele samba do Paulo César Pinheiro, acho, gravado pela Beth Carvalho: "Eh, maior é Deus pequeno sou eu...". Beleza.

Tô na loja de fantasias onde frequentemente compro suprimentos pras minhas performances nas VV. Resolvi comprar uma fantasia de Mago pro show do Raul. Ela é azul e é uma coisa meio Merlin, saca? Com um chapéu em forma de cone, cheio de estrelas. Tem uma foto clássica do Raul vestido de mago, sabem qual é? Então! Esta não é identica, mas vai evocar este espírito. Vi um chapéu de cowboy com estampa de couro de vaca. Parece um sorvete de flocos. Comprei tb. E segui pro SBT. Tava aqui respondendo orkuts e coisas do gênero quando o Edu do Astros me pediu pra fazer um trampo sigiloso. Já agilizei.

No meio de tudo isso, fiz uma pausa pra ingerir o néctar divino das quartas feiras:

Feijoada nossa que está na panela
Santificado seja vosso caldo
Venha nós o vosso feijão
Seja feita a vossa farofa
Assim no prato como no garfo
A bisteca nossa de cada dia nos daí hoje
Perdoai os nossos peidos
Assim como nós perdoamos os vossos arrotos
E não nos deixei esquecer a couve refogada
Mas livra-nos do regime
Amém

Ah, feijuca, como te amo. Ah, feijuca, como te adoro, Ah, feijuca como te como. Adorei.

E já tô na correria pra ir ao estúdio onde aparentemente o Nasi está ensaiando sua apresentação no palco do Raul. Parece que um jornalista vai lá falar sobre o evento e eu vou tb. Dia corrido. Fui
Antes de chegar ao carro, uma caganeira me ataca. Corro prum banheiro que tem aqui perto. Quase, quase borro a cueca. Pronto simbora.

O estúdio onde o Nasi tá passando os sons do Raul é no Butantan, caminho da Band. Desconfio que é um estúdio onde já gravamos em 1996, Macan, quando do lançamento do "Vcs não sabem como é bom aqui dentro". Gravamos nossa primeira marchinha aqui, "Marcha do Tira a roupa". A dona era a Márcia, um ex-cantora ou chacrete, não lembro. Virei á direita na Vital Brasil que depois muda o nome para Corifeu. O estúdio é do outro lado, na mão de quem vem de Osasco.
É isso mesmo. To aqui. É o mesmo estúdio onde gravamos, com a mesma fachada com uma janela em formato de estrela.

E olha só quem abriu a porta: a própria Márcia. Lá dentro já estava um fotografo, mexendo no seu lap top. Lá em cima Nasi mandava ver "Al Capone". Os arranjos estão bem próximos dos originais, pelo que eu saquei. O fotógrafo começou a fazer umas fotos minhas. Ao mesmo tempo, ligou pra redação e descobriu que o jornalista vai me entrevistar por telefone outra hora. Peguei umas lanças medievais que estavam enfeitando a parede e o cara saiu fotografando. Dali a pouco Nasi fez um intervalo e veio fazer as fotos tb. A orientação era fazer fotos juntas. Conheço o Nasi pessoalmente, já bebemos umas em bares pela noite. E sou fã do cara que também é sempre gentil comigo. Pegamos as lanças e fingimos uma briga. Mas a melhor foto foi uma ao lado da mesa de som em que eu abracei o cara. O fotógrafo zuou ele, dizendo que ele era "quase firmeza", fazendo referencia ao fato do Nasi ser torcedor do São Paulo. Ele levou na boa. 

Fotos findas, falei pro Nasi que tenho uma versão para português da música "Minnie The moocher", com gravação original do Cab Calloway. A minha se chama "O rei da putaria". Ele curtiu a idéia, mas como não costuma acessar internet, fiquei de mandar a letra em mãos durante a Virada Cultural. Beleza. Cumprimentei os músicos, especialmente meu bom amigo talentoso e multi-instrumentista Johnny Boy. Andando pelo estúdio lembrei que tava namorando com Dex fazia pouco tempo na época em que gravamos aqui. E lembro que nesta mesma sala onde Nasi tava ensaiando eu e ela tivemos um momento muito, digamos, íntimo. Uhu! Ô nega gostosa! Me despedi de todos e me mandei pra Band.

Puta merda. Entrei espremendo as pernas de vontade de cagar. Diarréia do caralho. To aqui na privada, me desfazendo em líquido. Pronto. Deixa eu fazer um "agazinho" antes de me mandar. Não tenho muito tempo. Às oito preciso estar na Barra Funda, pra falar sobre redação em TV na Oswaldo Cruz. Respondi uns e-mails, discuti umas pautas e etc e tal e simbora. Caraio, á saída mais uma cólica e larga mijar pelo cu novamente. Isso tá virando uma caganeira crônica. Só falta me dar vontade de ir ao banheiro durante a palestra. Dez pras sete, trânsito violento no túnel da Nove de Julho. Minha idéia é sair à direita antes da Praça da Bandeira e me embrenhar pela região da Augusta, depois Minhocão e ao final virar á direita, cruzar a Avenida Pacaembu e... pronto: Conselheiro Brotero, 475, campus de RTV das Faculdades Oswaldo Cruz. 

Eu já fiz palestras sobre ser radialista para galera de colégio, numas de ajudar a definir que carreira seguir. Mas para universitários é a primeira vez. Quem me convidou foi a Alê, decupadora e, não tenho certeza, estagiária do SBT. Tentei entrar por uma portaria, não era aquela. Me mandaram pra outra pra fazer cadastro. Não tem crachá pra mim. O segurança me acompanha pra outra portaria e da catraca pra dentro, uma mocinha me direciona ao estúdio de rádio e tv. Na minha época de FAAP as faculdades não eram cheias de catracas como estações do metrô. Deste jeito, os caras controlam exatamente quem entra e quem sai. Portanto, não dá pra assistir aulas sem ser aluno. 

Encontro o responsável pelo curso, Alexandre Ferroz. Papo vem, papo vai, descubro que ele cuidou da redação da GPM, uma produtora do Gugu que prestava serviços pro Domingo Legal na mesma época que eu era redator do programa. Fomos meio que colegas.

Os outros palestrantes foram chegando, todos do SBT: Marcello editor iria falar de direção e edição e Fabiano de Produção Executiva. Assim como a Alê, que faz Oswaldo Cruz e trabalha no SBT, tem várias estagiárias na turma que tb militam na rede de Silvio Santos. Vamonóis pro auditório. Grande, semi-preenchido. Muitas carinhas jovens olhando pra gente.

Garrafinhas d'água sobre a mesa, certificados de participação nos envelopes, um kit com caneta e chaveiro, microfone. É nóis!

Cada um fez uma breve apresentação de si, abordando a formação acadêmica e a experiencia na área. Eu fiz Faap de 83 a 86 e me formei Bacharel em Radio e Televisão. Depois fui estagiário de programação na 89FM, assistente de produção na TV Cultura, free-lancer como redator de histórias policiais na Rádio Globo, Produtor do programa Gilberto Barros na Rádio Globo, free-lancer como pesquisador e redator de verbetes na Editora Nova Cultural por duas vezes, produtor de pauta de Otávio Mesquita, redator do programa TV Itália co-produzido com a RAI. Como redator no SBT a partir de 1990, fiz vários programas como Mariane, Mara, Nações Unidas, Programa de Vídeos, Sabadão, Domingo Legal (os últimos quatro com Gugu), Concurso de Paródias com Moacyr Franco, Fantasia, Tempo de Alegria com Celso Portiolli, Hot Hot Hot com Silvio Santos. Na Record fiz um programa dominical com a Eliana. Participei de três edições do Teleton, dois realitys e há dois anos to no pool de redação do SBT, tendo escrito Viva a Noite, o humorístico Sem controle, Uma Hora de Sucessos, Nada além da Verdade, Programa Silvio Santos e agora Astros. 

Os outros fizeram o mesmo e começaram as perguntas. Algumas pertinentes ao curso e á carreira, outras apenas curiosidades sobre razões de mudanças na grade, dispensa de apresentadores, fofocaiada em geral. Em determinados momentos de silêncio fiz questão de lembrar que ás dez tinha Corinthians na TV, levando a galera às risadas. Aliás, foi o que mais fiz, contando alguns "causos" de bastidores ou emitindo opiniões diretas e objetivas sobre assuntos variados, sempre cometendo a gafe de incluir muitos palavrões em cada frase. 

Eu sou assim. Eu falo muitos palavrões e acho, mesmo, que os palavrões dão cor a um diálogo e são a verdadeira manifestação da alma humana. Em determinado momento uma aluna perguntou se eu já escrevi um texto que realmente me emocionou. Citei um que fiz pro Gugu quando ele, usando disfarce, visitou um lixão e viu pessoas vivendo no lixo. Ele deveria ter narrado tudo durante a gravação, mas apenas chorou muito, chocado com a miséria humana. Mas, não contendo meu orgulho pelos textos de putaria, li em voz alta algo recente que escrevi pro valoroso canal pornô:

"Um simples pneu furado revela à mulheres deliciosas o potente e grosseiro mundo do sexo com os borracheiros. Meninas de fino trato lubrificam com graxa os mastros destes rudes trabalhadores braçais que espanam as roscas de tudo quanto é buraco que encontram pela frente. Sempre pronta para um último reaperto, a "musa da borracharia" é a próxima atração do Sex Privê Brasileirinhas".

Amo muito tudo isso. O papo caminhou além do horário do início do futebol na TV. E quer saber? Foi bem legal. Acho muito importante mostrar pra galera que tá fazendo faculdade um pouco da realidade da profissão. Não tive nada disso na FAAP.

A coisa toda terminou por volta de dez e vinte. Agradeci e me despedi da galera. Peguei meu carro e fiquei decidindo se via o jogo com André Cabeça num buteco ou se ia pra casa. Dex solicitou minha presença e eu, cãozinho bem treinado, fui pra casinha. No caminho Fabinho me liga dizendo o seguinte:

- Vai ser dois a um, fica tranquilo.

Eu nem sabia que tava um a zero, mas como o homem não vinha errando palpites ultimamente, fiquei um pouco mais tranquilo. Cheguei em casa e dei com Dex bodeada. E o Atlético Paranaense metendo três a zéro fora o baile. Pior: Ronaldo tinha se contundido e foi substituído. Puta que pariu. Fabinho errou feio sua previsão. Lá se foi meu guru futebolístico. É isso que acontece quando eu não assisto o jogo. Beleza, vamos trabalhar pra diminuir o prejuízo. Sentei-me no abençoado lado direito do sofá, pûs na Band e comecei a torcer. Tá dificil. O Timão não se acerta e o Atlético marca forte e contra-ataca bem. Com quem? O artilheiro deles é o tal de He-man, Rafael Moura. Digo que este Rafel Moura é um merda. Pode fazer quantos gols quiser: é fase. O cara jogou no timão e é ruim de bola. Pior que ele só o Marcinho. Enganador, descarado. Bundão de marca! Ah, deu dribles? Hum, chutou a gol? Na hora "h" ele entrega. Pode escrever.

Tá mais pra sair o quarto dos "homi" que a gente marcar um, porra. Três a zero vai ser uma diferença dificil de tirar em cima do Altlético Paranaense no jogo de volta. Eles não são bobos. Portanto, precisamos fazer pelo menos um. Unzinho só. De mão. Impedido. Roubado. Precisamos de um gol, caralho. Opa, penalti pro timão. Elias, sempre ele, cavou uma penalidade que Chicão vai bater...e...e...nas duas traves e pra fora. Vai tomar no cu. O negócio tá de azar. E quando tá de azar, o de baixo caga o de cima, sacou?

Dou uma olhada no canal trinta e nove e a porcada tá empatando com o Colo Colo e saindo da Libertadores. Pelo menos isso. Silencio total na sala de casa. Uma voz fala dentro da minha cabeça: "se quer que o timão faça pelo menos um o outro precisa ganhar".

Porra, esta voz de novo. O outro só pode ser o nosso eterno rival: o porco. É isso, então? Pra gente continuar vivo na Copa do Brasil fazendo um gol os verdes tem que ganhar? Ok, Que seja.
Velho, batata! Passam dos quarenta e o grandalhão, grosso e desajeitado Souza batalha uma falta na frente da área. Cristian, sempre ele, mete a porrada, o goleiro vacila e caixa: gol, caralho. O gol que nos coloca no campeonato de novo. Agora, no jogo de volta, temos que ganhar de dois a zero. É dificil, mas não impossível. Vai acabar. É só segurar a onda. Mas tamos jogando bem. Bola cruzada, Otacilio Neto cara a cara e chuta pra fora. Filho da puta! Bem, meu negócio com Deus foi um golzinho só. Tá bom. Tamo vivo. Vai acabar. Alessandro manda pra área, Souza se desequilibra e faz um corta-luz meio sem querer pra Dentinho. Ele mete na rede. Ele me e na rede, caralho. Fizemos mais um. Três a dois. Obrigado meu Deus. Agora basta uma vitória por um a zéro ou dois a um e é nóis seguindo na Copa do Brasil. Acabou.

Mando pro Sportv pra ver a quantas anda o porcão. Quarenta e três. Os caras precisam de um golzinho. O comentarista diz que o time mandou duas bolas na trave. A Libertadores tá escapando das mãos deles. Pressão alvi-verde. Os caras tem poucos minutos pra meter um gol e seguir vivos tb. Sair na primeira fase da Libertadores vai ser uma paulada na cabeça dos porcos. O dez deles, Cleyton da minha rola, tá no meio da praça, longe do gol toda vida. Limpa. Chuta. Caralho. A bola viaja alto. O goleiro chileno toca mas não o suficiente. Bola na gaveta. Gol da porcada. Caralho! A culpa é minha. Eu diz um trato com "a voz". E o Timão meteu dois no finzinho. O trato era esse. Corinthians marca, o porco marca. Vibração intensa dos jogadores, da comissão técnica. Ninguém cria nesta classificação. Heróica. Hoje os palmeirenses souberam como é ser corinthiano. Ganharam sofrido como nós. A diferença é que com a gente é quase todo jogo. 

Eu não reclamo: sou corinthiano, maloqueiro e sofredor graças a Deus. Tô pensando num porco que trabalha no SBT, o Raul. Ele é o porco mais chato do mundo. Tenho zuado muito ele desde a eliminação do seu time paulista pelo Santos. Ele vai se vingar. Ele vai me torrar o saco. Tem tb o Toninho Lorenzeti, tb do SBT, também baú alvi-verde. Paciencia. Foi o trato com "a voz": pro Timão ganhar, os outros tinham que ganhar tb. Que seja. 

Gente. O jogo acabou e desci pra comer aquele miojo e aquele hamburguer que Dex fez na segunda. Mandei pra baixo. Banho. Tô com uma dor-de-cabeça que prenuncia gripe. Porra, tomei a merda da vacina contra gripe semana passada. 

Merda. Antes de deitar, mais um acesso de caganeira. Mijando pelo cu. Tá foda. Good night!

terça-feira, 28 de abril de 2009

Religiosos de merda, evangélicos farsantes, políticos hipócritas.

- Puta que pariu: esqueci de pendurar a roupa que coloquei pra bater ontem. 


Dex me beijou, partiu e foi isso que eu disse pra ela ao invés de bom dia. Simbora pra baixo pendurar a roupa.

Bem, roupa pendurada, coloquei mais umas peças escuras pra bater e fui ler o jornal, cagar e etc e tal. Saí do chuveiro pouco mais de 8h, estendi a roupa que tava batendo e introduzi mais a maldita toalha cor-de-laranja que só pode ser lavada sozinha. Minha missão, arrumado, banhado e joiado a uma hora destas da madrugada é pegar o carro da Dex na oficina. Sempre sobra pra mim, caralho! O carro havia ficado pronto no fim da tarde de segunda, mas Dex tava enrolada no trampo e ainda por cima sem talão de cheques. Some-se a isso o fato do mecânico não aceitar cartão de crédito. Aí eu resolvi o caso: emprestei meu carro pra "elazinha" ir trabalhar sossegada e no horário, fui buscar o dela de táxi (que ela pagou) e deixei dois cheques de trezentos e cinquenta reais na oficina, um pra hoje e outro pra trinta dias. Isso é que é marido, porra. Se eu pudesse, casava comigo.

Hoje seria aniversário do meu pai. Seria não, é aniversário do meu pai que tá vivo em mim. Ele morreu em uma quarta feira de cinzas, dia 8 de fevereiro de 1989, num acidente de carro em Alagoas. E estaria fazendo 85 anos. Oitenta e cinco anos! É pena. Sinto muita falta dele. De ouvir suas histórias que mesmo sem graça faziam a gente gargalhar. De sua ranzinzice. De seu pulso forte pra unir e defender a família.

Da oficina vim pra cá pro Cemitério do Horto, pertinho de casa, onde ele está enterrado ao lado da minha mãe e do pai da Lena, minha cunhada. Antes passei no Roberto da floricultura, onde compro flores desde que minha mãe morreu em 87. Sim, cheguei a vir com meu pai comprar flores aqui antes de sua morte, pra por no túmulo de dona Nita.

Geralmente peço maços de flores amarelas e brancas. O Roberto e a esposa sabem que eu gosto que cortem os caules e deixem só os botões, justamente preu fazer o que to fazendo agora: escrever a palavra "AMOR" sobre o gramado. Este cemitério não tem tumbas e isso melhora muita aquele visual tétrico dos cemitérios. O sol tá forte na minha cabeça, tô com uma camiseta preta do AC/DC e isso só faz aumentar o calor. Pronto. Agora é hora de rezar um pouco. Rezo pra todos os três: meu pai, minha mãe e seu Nicola. Pros meus pais rezo um Pai Nosso e uma Ave Maria a mais. E pro meu pai, por ser aniversário dele, rezo mais um pouco. Saudades pai. Espero que o senhor e a mãe estejam bem onde estiverem. Amo vocês. Cuida deles, Jesus. Do seu Nicola tb. Fui.

Descobri que da varandinha do meu quarto dá pra ver a ponta do cemitério, lá em cima. É no alto da colina, em plena Serra da Cantareira. Gosto de morar aqui perto. Quando eu morrer quero ser enterrado perto dos meus pais.

Precisei vir em casa pegar minha agenda, crachás, guarda-chuva, blusa e ainda pendurar a maledeta da toalha cor-de-laranja que já está devidamente lavada.

Tô na pista. Separei um cd de baladas do Eric Clapton e o primeiro cd do Lingua de Trapo. Vocês sabem, a vantagem de estar com o carro da Dex é poder ouvir meus cds. Porra, este cd do Língua é do caralho. Só vi tanta variedade de ritmos e criatividade assim no cd do Mamonas Assassinas. Mas as letras do Lingua são muito melhores. Mamonas é Tiririca. Língua de Trapo é Jô Soares. Sacou a diferença? Tem reggae espiritual, tem xote de operario, tem música italo-gastronomica, tem discoteque de índio, tango de corno, sertanejo de comunista e até um Black Sabbath tupiniquim. Laert Sarrumor, um dos principais integrantes do Língua, participou de um show histórico nosso cantando este metal sombrio chamado " Vampiro S/A". Foi no lançamento do "Cabeça no Lugar", em frente ao Museu do Ipiranga, em 2003: 

"levanto da tumba já putrefado, mais tenebroso do que o Nosferatu, eu me chamo vampiro empresário e sugo o sangue de qualquer otário, sou um verme sujo, vil e perdulário". 

Que puta som. Que puta disco, cheio de citações históricas, com referencias á repressão da ditadura militar, ao desbunde subsequente, olha, é um puta disco. E foi isso que eu vim ouvindo até aqui no SBT. Quem sabe o que quer dizer perdulário? Não precisa entrar no Google e nem olhar no dicionário. Perdulário é gastador, esbanjador. Sabem quem me ensinou isso? O próprio Laert.

Bem, o fato de eu estar atrasado não causa mais estranheza. Nem a mim, nem a ninguém no SBT e nem mesmo a vcs, eu suponho. Levei quase uma hora pra atravessar a Anhaguera. Os caras tão asfaltando perto do placar eletrônico e afunilaram três pistas numa só. Alô AutoBAn, vai tomar no cu. Alô prefeito de Osasco que eu nem sei quem é, vai tomar no cu tb. Vcs tão me fodendo pelo menos três vezes por semana faz mais de seis meses.

E tem mais. Eu já tinha levado outros quarenta minutos para passar pela marginal. Isso é vida? Alô prefeito de São Paulo, alô governador, ministro, presidente da ONU: vão todos tomar no olho dos seus cus. Por quê? Vcs são igual mulher de malandro: a gente pode não saber a razão de bater, mas vcs sabem porque estão apanhando.

Tô na minha mesa, respondendo minhas coisas. Daqui a pouco é almoço. É já. Voltei.

Hoje, além de ser aniversário do seu Benjamin, é aniversário do meu inimigo favorito, Marcelo Alvarez, marido da Carlota, prima querida por parte da Dex, esposa daquele porco maldito. Liguei pra ele. A bebedeira foi sábado e hoje parece que ele tem algum compromisso. Pena. Será que ele tá com medo da gripe suína?

Olha, tá a maior palhaçada aqui na redação por conta desta história. A cada dez segundos alguém informa, como se fosse em primeira mão, que o Colo-Colo vai jogar de máscara amanhã contra a porcada. Aí algum fariseu pergunta:

- Mas por quê?
- Por causa da gripe suííííííína
– respondem todos, caindo na risada.

Marcão, o palmeirense da vez, tá puto e manda todo mundo tomar no cu. Dali a pouco outra pessoa anuncia que o jogo entre Colo-Colo e o povo verde será cancelado amanhã. Repete-se o jogral mal ensaiado.

- Mas por quê?
- Por causa da gripe suííííííína
– respondem todos.

E todo mundo rindo. Eh, eh, eh. Eu amo trabalhar neste pool de redação. É o lugar mais legal onde já trampei. Todo mundo é redator, então as pessoas se entendem, saca? Todo mundo pensa meio parecido. Todo mundo está acostumado a se expressar, a ter idéias, enfim, aqui tem gente diferenciada, inteligente, criativa. Mas tb bêbada, maconheira, demente, esdruxula, exótica, exagerada. Melhor que aqui, só na Roosevelt, onde além das pessoas serem tudo isso, eu não sou o pior dos malucos, dos bebuns. Lá eu sou só mais um. E isso me faz sentir em casa. Preciso cagar!

Voltei e André, o atleticano que "mamou" cinco gols do Cruzeiro no domingo, teve a "cachorra" de ir ao ambulatório pegar "aquelas" máscaras pra distribuir.

- Mas por quê?

Bem, vcs sabem a resposta e as gargalhadas ecoam pela sala. Já, já tô na Band. E tô pensando em ir ao Terra Nova mais tarde apenas pra devolver a caixa e os doze cascos de Serra Malte que o Heinz e a Lola levaram á minha casa terça passada, por conta da festa do meu sogro. Tô com sede. Aliás, hoje é dia da sogra. Minha sogra pode ter qualquer defeito, mas ela tem uma virtude culinária que supera qualquer problema. Vai cozinhar assim lá em casa, dona sogra. Fui pra Band. Cheguei.

As pessoas estão comentando a discussão que eu tive com o bambi máster ontem. Dei uma breve resumida no ocorrido e arquivei o caso. To na internet.

Recebi um e-mail que disserta sobre curiosidades do peido. Tem dezoito itens, mas vou citar as três.

As três verdades do peido
1 – O peido é formado por parte do ar que engolimos, que é quase só nitrogênio e dióxido de carbono (pois o organismo absorve o oxigênio) e gases resultantes das reações químicas entre ácido estomacal, fluidos intestinais e flora bacteriana.
Ou seja, dióxido de carbono, hidrogênio e metano. Isso é um peido.
2 – Um peido nunca desaparece do cu. Se vc não o solta por qualquer motivo externo, ele volta ao intestino para ser liberado em outro momento. Um peido não se perde. Ele sempre volta.
3 – Em média, uma pessoa produz cerca de um litro de peido por dia, distribuído em cerca de 14 peidos diários.

Adorei. Tamos aqui, falando merda. Filosofando com o Boy, Master sangue B da tarde. Aquele que é crente e a cada vez que eu imito um zumbi ele grita "apartai-vos".

Banas me liga dizendo que tem um jornal querendo fazer uma matéria sobre o palco toca Raul, amanhã ás quatro da tarde e se eu posso ir dar entrevista. Posso. Me dá o endereço que eu me viro. Sairei mais cedo do SBT, aí faço a entrevista, foto, sei lá, venho pro Sex Prive e depois vou pra faculdade Oswaldo Cruz fazer meio que uma palestra sobre redação em TV. E na sequencia, acho um buteco perto da facul e vejo Atlético Paranaense e Timão, pela Copa dor Brasil. Ta bão ou não?

Hum. Não tenho nada pra fazer. Hum, to com sede. Hum! Será que vou tomar uma no buteco? To no rodízio com o carro da Dex. Teria que ser aqui perto. O que é que eu vou fazer? O bar sempre me chama. Me atrai. Hoje eu já acordei com sede. Eu não tenho salvação. Eu sou um bebum juramentado. Um bebum inveterado. Um bebum sem solução. Vou tentar agüentar e ir beber perto de casa. Me entreti com a internet e deu meu horário. I'm gone!

Cheguei, troquei de carro, coloquei os 12 cascos na caixa de cerveja e avisei a Dex que vou devolver o kit no Terra Nova. Aí aproveito e tomo umas e outras e como algo. Ao passar pela cozinha notei que a frigideira onde Dex assou os hamburguers ontem tá cheia de formigas. Ah, é? Liguei o fogo e fritei todas elas. Odeio invasores. Uma vez, quando eu morava sozinho no apê da Água Fria, descobri um rato. Filho da puta. Tava roubando minha comida. Coloquei veneno, mas o bicho não morria. Aí comprei aquelas armadilhas cheias de cola. Sai pra tomar uma e quando voltei o maldito tava lá, colado. Queimei o bicho. Não se trata de crueldade, mas de rechaçar uma invasão em minha pátria, meu território. Exceto ladrão, em minha casa só entra quem eu convido. Não convidei o rato. E o filho da puta roeu todos os meus livros. Morra queimado, primo do Mickey.

Voltando á vaca fria, joquei água na frigideira cheia de formigas fritas. Beijei a Dex e me mandei pro bar. E tô aqui, no melhor lugar do mundo: o balcão. Tomando uma Serra Malte, bebericando uma "canelinha", saboreando um sanduiche de picanha e jogando conversa fora com a Lola, o Heinz e o Rogério, outro assíduo frequentador do buteco. O bar tá bem vazio. Terça feira nunca foi dia de muito movimento, mas piorou bastante depois da lei seca, da ameaça de proibição de fumo, do Psiu fechando bares por causa de barulho. O Psiu deu uma multa de vinte e seis mil reais pro Terra Nova. É de foder! Parece que multaram tb o Marquinho do Mercearia São Pedro. 

"Eles" estão tentando fechar a gente em casa e tirar as coisas que a gente gosta, como um drink, uma tragada, um bar. E vcs sabem quem são "eles": religiosos de merda, evangélicos farsantes, políticos hipócritas, esta corja toda. Daqui a pouco vai ter toque de recolher. Já tem pra menores de dezoito anos em Ilha Solteira. Deste jeito a ilha vai ficar solteira mesmo!

Desce mais uma, a saideira... Foram cinco... Paguei a conta, as cervejas que ele levou pra minha casa semana passada e ainda ganhei uma dose de minha pinga favorita: a de maracujá. Caraio. Tive um piriri e corri pro banheiro. Caganeira da braba. Voltei pra terminar minha pinga. E fui pra casa, feliz. Eu amo buteco, porra.

Já tô no meu sofá, de pijama. Opa, que horas são? Cinco e meia da matina. Desmaiei no sofá, caraio. Deixa eu ir pra cama, senão Dex vai achar que eu cheguei agora. Amanhã tem mais. Amanhã tem!

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Um viado de bermudinha enfiada no cu!

Tô aqui, dentro do carro, atrasado pra chegar ao SBT. Quase meio dia e eu só vivo atrasado. Caralho. Parece Karma. Tava atrasado pro jogo ontem. Depois tava trasado pro ensaio. Eu sou o Homem-Atraso. Sabem qual é meu super poder? Nunca chegar na hora e viver sempre agastado com o relógio. Merda. Liguei lá e parece que tá tudo certo. Faltam apenas quatro dias de trabalho pras minhas férias.


E o dia hoje começou cedo. Dex me acordou seis e meia da manhã, pois tava sem carro e precisava de uma carona até o metrô. Ok. Nem tirei o pijama. Coloquei o roupão por cima, um boné pre esconder os cabelos desgrenhados e fui cortando pelos atalhos que conheço na ZN.
Voltei pra casa pelas sete e quinze, caguei e li o jornal. Ronaldo está na capa com destaque. É nóis. Executei a limpeza anal com papel higiênico mesmo, fui pro computador e comecei a responder e-mails, acertar minha conta no banco, responder orkut e escrever o blog. Quando vi eram onze e quinze. E eu sem tomar banho. Pelo menos caguei cedo, caralho.

Banho voando, camisa do Timão no corpo e peguei a estrada. E tô aqui, rolando na Marginal. O transito tá indo. Ops, já na Anhanguera tem um caminhão imbuído da missão de passar em cima de mim. Vem, mano! Vamos ver se vc é malandro. Saída 18. Ele vem atrás de mim. Eu tô tentando enxergar a cara deste filho da puta pra manda-lo tomar no cu.

- Ei, caminhoneiro, vai tomar no cu! É, no cu!

Acha que porque é grande me mete medo? Nasci pra morrer, velho. Se não for hoje é amanhã. E se não for amanhã, é depois.

Ele tb me mandou tomar cu com sinais. Só não entendi o motivo de toda esta animosidade rodoviaria. Bem, ele foi prum lado e eu pro SBT. Tô aqui na minha mesa. E ninguém parece ter sentido a minha falta ou notado meu atraso de mais de duas horas. Cool. Então, seguirei entrincheirado, fugindo do fogo cruzado do trabalho. Não quero que ninguém me veja. Ninguém precisa falar comigo. Por mim só vinha aqui no dia do pagamento. Ou nem isso. Eu já não quero mais trabalhar. Quero meter, dormir e me embriagar.

Heim? O quê? Almoço. Me chama que eu vou. Fui. Voltei. Tá todo mundo com camisa do Timão pelo SBT e a cara dos santistas parece indicar que a reversão do resultado de ontem é algo perto da esquina do impossível. André Cabeça tá com meu ingresso. Estarei lá no Pacaembu domingo. Mas nunca vi o Timão ganhar algo sem sofrimento. Então aguardemos. Eu disse aguardemos e não aguardente. Mas poderia ter dito, né? Três da tarde. Já, já é Band. E eu tô com sono. Falei com Banas sobre o esquema dos shows do fim de semana. Reproduzo abaixo o e-mail resultante de nossa conversa que eu enviei pras Velhas Virgens:

"Pedi ao Banas que tenhamos Van pra nos levar e trazer da Virada e ele falou que vai providenciar. Nosso show será de uma hora, portanto teremos que enxugar o set, o que podemos fazer em Ilha Comprida na sexta, todos juntos. Antes do nosso show, quem toca é o Camisa de Vênus, meia noite. Quero muito ver os caras e proponho que cheguemos na local em torno de 11h, 11h30 da noite de sábado. Se todo mundo concordar, beleza. Chegar cedo é divertido, mas cria problemas, pois só teremos camarim lá pra meia noite e meia, uma hora. Pra mim, beleza ficar por lá, falando com a galera. Roy vai tocar ás 19h com o Tutti Frutti e, se achar por bem, pode nos encontrar lá. Entre um show e outro, ao invés da gente aventar a possibilidade de ficar num hotel no local, que tal se voltassemos pra Gabaju pra dar uma encostada no corpo, tomar um banho, qualquer coisa? Aí voltaríamos lá pelas oito horas pro palco do Raul. Banas tá enrolado e não vai a Ilha Comprida. Quem deve ir é o Fred. Não tem hotel e o show periga de ser pelas 23h. Banas vai confirmar a hora do show e levando em conta duas horas e meia de estrada, vai marcar nossa saída no famoso esquema bate e volta. Mais alguma dúvida? Lembrando que temos ensaio nesta quinta, 21h, no Begginers do Roy, Set do Raul em pauta. Isso inclui vc, dona Juliana. Pode dormir lá em casa se quiser. Acusem recebimento e manifestem-se. Silencio será compreendido como óbito. Paulão"

Fui pra Band. Caraio. Que sono. Fazendo muita força pra manter os olhos abertos. Dirigir com sono é pior que chapado. Já no Sex Prive, preciso separar os textos da Núbia pra gravação de quarta que eu nem sei se vai mesmo ser quarta. Tb na quarta pode rolar uma matéria numa boite chamada Nefertiti. Só saberei disso amanhã, então só vou escrever amanhã.

Simbora resolver o roteiro da Núbia.

Tava aqui escrevendo e o operador de Máster, que torce pro São Paulo e trabalha atrás de mim, colocou um vídeo sacaneando o Timão pra rolar alto pra caralho no lap top dele. Todo dia ele chega e ao iniciar seu computador pessoal toca o Hino do São Paulo, o que já me aborrece. Eu não coloco Hino do Corinthians prele ouvir. Eu não tenho que ouvir hino de bambi nenhum. Hoje quando colocou este vídeo falei pra tirar e ele manteve. Fui até o computador dele e comecei a mexer nos botões pra desligar. Ficou puto e quase que saímos na mão. Puta clima de merda. Foda-se. Odeio este tipo de adversário que fica pregando grandeza, mas quando perde um joguinho entra numas de provocar. E chega deste papo. Tenho mais com que me preocupar. 

Meu sono, por exemplo. Tem gente gemendo aqui atrás. É uma japinha levando no rabo. Ela grita:

- Vai, mete desgraçado. Mete, filho da puta. Vai, enfia, ai, ai, ai, ai...

Tai uma trilha sonora melhor que Hino de Bambi e piadinha contra o Timão que ta numa semana abençoada.

O cara saiu pra jantar e ao voltar tentei passar um pano, já que trabalhamos na mesma sala, digo, cubículo. Me desculpei por mexer no computador dele. Não adiantou. Ele quer relações profissionais. Que seja assim. Chamei sua atenção para uma foto-montagem grosseira pendurada na parede com um viado de bermudinha enfiada no cu onde ele colou meu rosto. Deve ter copiado de alguma foto de show e junta com alguém da parada gay. Vejam bem quem começou com as gracinhas. Quer saber? Caguei. E fui embora que tenho mais o que fazer.

A discussão com o bambi me adrenalizou e diminuiu meu sono para dirigir. Deus tem meios curiosos de ajudar a gente. Tô em casa. Dex tá fazendo um miojão com hamburguer e isso quer dizer que a geladeira deve estar vazia e é tempo de fazer compras. Opa, tem frango grelhado e polenta frita que mandamos embrulhar lá em Juquehy. Aqueço e como o fim de refeição que subiu a serra. Ainda ataco o miojão da Dex que tá bem legal. E agora? Ela vê TV e eu tiro o lixo. Coloco roupa pra bater na máquina. Costuro um colete jeans velhíssimo que quero usar no palco do Rail. Era uma jaqueta US TOP, mas foi se desfazendo, perdeu as mangas e agora tá só o pó. Tá puída. Mas é vintage, tem mais de 25 anos e eu a amo. 

To cansadaço. Digo pra Dex que se ela não for deitar logo, vou primeiro e ela vai ter que encarar meu ronco. Pronto. Ela tá dormindo. Passam-se mais alguns minutos. A máquina parou de bater lá embaixo.

Mas eu tô...apa...gan...do... Cama.

domingo, 26 de abril de 2009

Você me faz esquecer meu time no domingo

Passei a noite em guerra com a Dex. Ele diz (e eu creio) que eu ronquei como um urso. Em casa, como vcs devem ter percebido, ela sempre vai dormir antes de mim. Mas ao voltarmos da festa eu tava chapado e ainda por cima tinha dormido quase nada, sem falar em quase quatro horas dirigindo direto. Então, deitei e apaguei. Ela tb tava alcolatrada. Mas quando a "anestesia de vodka" passou ela acordou ao lado de um animal urrador. Disse ela que começou a briga comigo no sonho, de tão alto que eu tava roncando. Bem, sou obrigado a citar minha adorada Rita Lee: "São coisas da vida...E a gente não se vai ou se fica...". Aparentemente, Dex ficou. Não muito feliz, mas ficou.

Quando acordei de verdade, lá pelas nove de la matina, Dex foi pro banheiro e deixou um aroma de merda que só seria superado pela minha cagada matinal. Gente, aquele quarto ficou parecendo um bueiro. Que coisa fétida. Ela saiu pra tomar café eu eu fiquei vendo o final do Gran Prêmio do Bahrein vencido pelo Jenson Button, da equipe Brawn, a mesma do Barrichelo. E aí, ainda meio breaco, comecei a filosofar com meus botões. Peraê, que papo é este de "meus botões". Tô pelado. Só se for com o botão do cu. Então é um só. Ok.

Vamos, então, filosofar com meu botão. Este Barrichelo é mesmo um merda. O cara é o recordista de corridas na fórmula 1. Já esteve na Ferrari e nunca foi campeão. Ok, foi na época do Shcumacher. Mas mesmo assim, a Ferrari era o melhor carro. Beleza. Depois de mil anos correndo, já em decadência, ele teve a sorte de ser chamado pra esta equipe justamente num ano em que, até o momento, ta tudo virado do avesso em termos de hierarquia, já que algumas regras mudaram e Ferrari e Maclaren, para citar dois exemplos, tão comendo miudinho na mão das menores, notadamente a Brawn. Mesmo assim, quem ta liderando o campeonato com três vitórias em quatro provas é o companheiro dele, Jenson Button. Sabe quantas vezes uma coisa dessa acontece na vida de um esportista? Nunca! Entrou em decadência sem ter feito nada, geralmente vai pro buraco. O cara ta tendo uma oportunidade raríssima e mesmo assim, se enrola, tem problemas, em resumo, é um cagão.

E vejam bem, ele foi escolhido pra este equipe em detrimento do Bruno Senna por questões de experiência, de saber acertar carro. Ô Barrichelo, porque vc não vem acerta minha pica?

Seu Felipe Massa tb ta bravinho, pois este seria o ano do seu campeonato. Mas, pelo menos até agora, a coisa tb ta fedendo pra "ela". "Ela" sim! A Felipa Massa é bambi. Disse que adorou ver o Timão na segundona. Então, bambi de merda, enfia o aerofólio e o deflator no cu. O companheiro de equipe "dela", com os mesmos problemas, ontem marcou pontos. Já nosso querido Nelson Piquet Jr, que pintou tão bem nas categorias menores, não ta conseguindo andar na F-1. O dono da equipe tem tirado sarro dele. Ele não tem os culhões do pai. E se continuar assim, não emplaca mais duas corridas.

Na vida, minha gente, ou vc tem estrela ou vc tem que remar. Eu não sei o que é ter estrela, falando de música. Nada nunca caiu do céu pra mim e nem pras Velhas Virgens. Mas como eu sou um otimista, leia-se iludido, creio que nossa hora ainda vai chegar. Os Ramones, com tudo o que fizeram, com toda a quantidade de gente que influenciaram, chegaram ao fim da carreira sempre dizendo isso, que um dia eles iam estourar? Caralho, será que eles não viam que já estavam estourados e estariam por muitos anos e anos? Caralho, será que eu não vejo a dimensão das Velhas Virgens? É. Não sei. Tb não sei o que é sorte, estrela, nada disso. Eu sei remar. Eu sei ralar. Não tive pai rico, não sou filho de político, não tenho buceta (sim, uma buceta bem comercilizada abre postas, gente). Por isso sei o quanto foi duro cada centímetro deste caminho. Eu estive lá, ralando em todos eles. Eu não sei o que é ter estrela. Eu sei remar!

Onde é a sala de café da manhã? Sem saber, fui até a portaria e a mocinha dos "Croc Croc" veio gentilmente até mim pra indicar. Olha só, ela ta de sandalinha. Ah, e os pés...Eu havia acertado...Unhas brancas, dedos bem feitos, o dedão maior que os outros, mas não muito maior. O segundo dedo quase do tamanho dedão. Beleza. Stop looking, senão Dex lê isso e me mata.

To no café da manhã e to sentindo que a coisa hoje vai ser uma onda meio futebol, meio Fórmula 1. Nem sei bem porque, mas fazia tanto tempo que eu não via uma corrida que aquilo ficou na minha cabeça. Café com leite pra mim, café puro e suco "sei lá de quê" pra Dex. Pão com manteiga pra ela e misto frio pra mim. Pão de queijo pra ambos. De volta ao quarto e a certeza de que não encararíamos praia ali hoje. No caminho encontramos Helena esbaforida após correr uma São Silvestre matutina pela estrada. Deus, inclua-me fora desta vida saudável! Voltei á portaria pra pagar o que restava da diária e os sanduíches. Helena tb tava lá, acertando. Despedidas e fui pegar as coisas, Dex e zarpar.

Estrada novamente. Cerca de onze e quinze da manhã. Estamos perto da balsa, mas Helena falou pra Dex que tem um centrino na ilha, com lojinhas e etc. E fomos averiguar. Graças a Deus, não encontramos e fomos pra fila da balsa. Dentro do carro, Dex faz uma graça duvidando que eu ponha meu "talento" pra fora. Hum. Bastou duvidar. Quer me tirar, mana? Aqui é da ZN.

- Guarda isso, Paulão.

Aqui tem um bando de louco, filha. Eu e "ele". O pinto é o alimento mais completo que existe: tem carne, leite, ovos e se consumir direitinho enche a barriga por nove meses. Eh,eh,eh!

Foram só dois reais de taxa pra voltar pro continente. Diz a moça que é uma taxa ambiental. Papo vem, papo, vai, Dex ta tirando sarro da minha cara por eu ter feito amizade com o Marquinho da Mooca. Olha o humor ferino da Dex em ação:

- Ô Marquinho – me imitando – vamos fazer castelos na praia? Vc é meu amiiiigo!

Vaca. Demos risada juntos. Este é um dos segredos de ficar casado. Se não há remédio, ria junto, nem que seja de vc mesmo.

Na balsa. Saímos pra olhar as redondezas aquáticas.

Na estrada. Ao invés de voltarmos pra Caraguá pra subir aquela serra maldita, fomos pro outro lado, em direção a Maresias, Boiçucança, Bertioga, para subir a serra pela Mogi-Bertioga. Esta região do litoral norte parece muito com Floripa e é maravilhosa. Acampei muito aqui com Rick, Franck e Clarice, lá por 1983, 1984. A pista sinuosa e estreita corre com o mar á nossa esquerda e Dex, fanática pela natureza, vai dando suspiros pelo sol, pelo mar, por esta porra toda. Eu to dirigindo e não posso apreciar. É bonito mesmo, mas, como já disse, gosto de atormentá-la e finjo que não ligo. Outro segredo de ficar casado: atormente com classe! Nesta caminho passaremos por algumas praias deliciosas, como Toque-Toque Grande, Toque-Toque Pequeno. Nesta última há uma cachoeira do outro lado da estrada que dá nome á praia. Esta fechada, após um desabamento. Mas cheguei pegar, junto com meus manos da época, bons momentos pré-desabamento. Saudades. Passou Paúba, onde já estive por uns dias na casa do William e do Warteco Tucci, junto com o Tom.

Santiago é uma praia só com casas e sítios de pescadores. Era nestes sítios que a gente acampava. E foi aqui que nasceram as Velhas Virgens, durante uma bebedeira em 1985. Dex quer ver a praia. Entramos, paramos o carro e estamos caminhando pela areia branca de Santiago. Ela já ta descalça com os pés na água. Eu ainda to calçado. Puta que pariu, minhas primeiras viagens sozinho com pouco mais de dezoito anos foram pra cá. Daquele lado esquerdo de quem olha pro mar tem umas rochas que parecem uma tartatuga. Do mesmo lado, mas na areia da praia, tem umas pedras que escondem uma mini-cachoeira, na verdade um fio dágua gelada que desce da montanha. A gente tinha que se sentar na pedra pra tomar banho ali. Eu odeio água gelada. Então, muita coquinho descia antes de eu me arriscar a tomar banho. Dex voltou pra água. Simbora, mulé. Tem Timão hoje, porra.

Estrada de novo. Maresias. Primeiro acampamento quando separei meu primeiro casório. Fiquei uns quinze dias aqui. Eu e Dex estamos conversando sobre onde compraríamos nossa casa na praia, se tivéssemos dinheiro. A idéia inicial, curiosamente aprovada pela Dex, era comprar uma casa exatamente na praia onde surgiram as Velhas Virgens, Santiago. Mas levando em conta a experiência de assaltos na casa da família dela em Peruíbe, só nos resta procurar condomínio fechado, o que encarece mil vezes o preço do que não temos grana pra pagar. A conversa segue e resolvemos almoçar em Juquehy. Antes disso passamos por Boiçucança e Cambury, locais onde já me hospedei e acampei, respectivamente. Saímos da estrada e estamos chacoalhando nas ruas de calçamento irregular de Juquehy.

Puta que pariu, bati a frente do carro numa valeta. Vai tomar no cu.

Paramos no mesmo restaurante da última vez. É um estabelecimento chique, que coloca tendas quase árabes na areia da praia e te serve lá. Se vc ta molhado, fica bebendo lá até secar pra poder entrar e almoçar a dois metros do mar. Se vc quer se lavar, tem chuveiro exclusivo. E se vc quer deixar as calças, tem preço de arrancar as órbitas oculares. Uma long neck é seis paus. Vai roubar lá longe. Pedimos um prato de frango grelhado com polenta e arroz biro-biro pra dois. Bebi coca zero, pois to dirigindo. Este prato era a coisa mais barata e acessível do cardápio e tudo ficou por cinqüenta paus. Dá-lhe cartão de crédito. Duas e vinte da tarde, estamos entrando no carro pra tentar chegar em sampa até a hora do jogo. To achando que não vai dar pra pegar o começo. Tuca me liga, me chamando pra ver o jogo na "goma" dele, com direito a churrasco. Não dá, veio.

To na estrada. A partir de então, se sucedem Barra do Una, Boracéia, Riviera de São Lourenço e a intersecção com a Mogi-Bertioga á direita. To pisando bem para padrões "um ponto zero" do Fox. Dex ta nervosa pois sabe que eu to correndo pra chegar a tempo de ver o jogo. Pelas minhas contas eu teria que levar 30 minutos em cada um dos três trechos: Juquehy até a entrada da Mogi-Bertioga, dali até a Ayrton Senna, e da rodovia do nosso campeão até em casa.

Hum. Três e meia e ainda to na serra. Fabinho me liga e Dex atende. Ele ta acertando todos os placares das finais corinthianas. Não dá pra falar, pois to ultrapassando. Peço que Dex pergunte o placar. Ele crava: 3 a 1, Timão claro. Depois de tantos acertos, não me atrevo a duvidar. Beijo, Fabinho de Ogum! Que sua boca seja a de um anjo.

Dez pras quatro. Dez pro jogo começar e eu acabei de entrar na Ayrton Senna. Trinta e três quilômetros até Sampa. Puta que pariu. Cento e vinte de média é a velocidade permitida, mas é utopia. Eu sabia que este domingo teria algo de fórmula um na minha vida. Quatro horas. O jogo começou, puta que pariu! Ligo pro Fabinho e peço pra ele ir me dando boletins. No silêncio da estrada, estou vendo a TV na minha mente. O Timão deve estar de preto, pois o dono da casa joga com uniforme número um e o do Santos é branco. Aquele cuzão do Pelé deve estar no seu camarote, torcendo pro seu time. Enquanto Pelé, ele é Rei. Enquanto torcedor do Santos é inimigo: ei, Pelé, vai tomar no cu!

O telefone toca. Quatro e dez no relógio do painel do carro. Fabinho grita. Chicão de falta. É nóis. Eu buzino na estrada e muita gente buzina tb. Corinthianos sofrendo sem ver o time como eu.
Tô acelerando o quanto posso. Acendeu a luz do combustível. Só faltava eu ficar na estrada agora, caralho. Não vou parar pra abastecer de jeito nenhum. Vai ter que chegar em Sampa no cheiro do álcool. Não vou perder tempo num pit stop. Olha a fórmula um aeh!

Quatro e quinze, sai da Marginal e passei em frente do center norte. A luz do combustível continua acesa. Paro ou não? Se não parar e o álcool acabar aí perco mais tempo ainda. Simbora. Virei á esquerda na Leôncio de Magalhães, perto da casa da mãe da Dex. Tenho que deixa-la primeiro, pois ela vai ao aeroporto resolver alguma coisa da viagem com o pai. Na esquina tem um bar com cadeiras na calçada. Gente pulando com bandeira e camisa do timão. É gol. Só pode ser gol. O cabeludo grita "Ronaldo". Eu buzino. É dois, é dois, caralho. Toca o telefobe e Fabinho confirma o segundo gol do Fenomeno. Larguei a Dex. To indo pra casa. Parei no farol. A luz do painel. O jogo comendo. Quatro e meia da tarde. Abriu o farol, tem um posto na esquina. Ah, caralho. Entrei. Splash and Go. Fórmula um na área! A moça pergunta como vou pagar.

- Põe vinte paus que eu vou ver o timão, caralho. É em dinheiro.

Pronto.Vou costurando a galera de tartarugas e domingueiros que aparece á minha frente. Parece um video game filho da puta. Entrei na garagem. To no sofá. Faltam cinco minutos pro fim do primeiro tempo. Tô vendo na Band, que tem dado sorte. Tô no mesmo lugar do sofá, que dá sorte. Fechei a janela, que dá sorte. Sabem quem dá sorte: Ronaldo! Felipe pega uma bola no cantinho. Caralho, vai começar o sofrimento. Madson pega a bola. Costura. Nada. Acabou o primeiro tempo. To mijando. Abri uma Serra Malte. Vi os melhores momentos. O gol de falta do Chicão. Olha a matada do Ronaldo no segundo. Chupa Fabio Costa da minha rola. Chupa Pelé.

Fabinho disse que iam ser três a um. Ele não erra, resta saber se faremos o terceiro antes deles fazerem o primeiro. Se fizermos os terceiro o sofrimento é menor. Que nada. Um cruzamento despretencioso do tal de Triguinho e o Felipe pôs pra dentro. Agora fudeu. E se o Fabinho resolver errar justo hoje? E se o Santos empatar esta merda? Bola esticada pro Ronaldo, limpou, olhou, encobriu a bichona do Fábio Costa. Gol. Gol de placa. Golaço. Uma pintura. Olha a cara do Pelé. Parece que tá meio mamado. Pelé, dá uma olhadinha pra mim: chupa Pelé. Vai ser rei pra suas negas. Hoje a tarde é do Fenômeno. É três. É três. Acabou. Baixei o hino do Timão no DreamMule. Pûs no repeat. To bebericando e comemorando. Me distraí. Oito da noite. Caralho! Eu já tinha que estar no Roy pra ensaiar. Saio voando deixando Dex a tomar lanche com seu pai e a Vovó. Transito maldito. Estes caras estão voltando de viagem e não sabem acelerar. Vão tomar no cu.

Cheguei. O baixo do Tuca está com uma corda quebrada. Ele não tem outra pra trocar. As cordas ficaram no case do outro baixo. Opa, Roy tem um baixo de uma amigo aqui. Simbora ensaiar. Claro que antes disso comemoramos abraçados mais uma vitória do Timão. Todos exceto o Roy, que é porco. Mas tá de boa. Serão as cinco últimas músicas a serem passadas, fechando dezessete. Opa, dezesseis. Cavalo diz que não lembra de uma e ela está fora. Faltam quatro. Vamos na primeira. Eis um trecho da letra:

Bortolotto blues (chifrar dá muito trabalho)

Meu bem, eu não te traio por que dá muito trabalho
Chifrar é uma coisa complicada pra caralho
Precisa ficar atento a bilhetes e telefones
Precisa ficar ligado demais e eu não consigo
Meu bem, eu não te traio porque cansa demais

Transar com mulher nova tira a nossa paz
Precisa descobrir o que é que excita á outra
Depois tem que fazer um esforço filho da puta
Então vê se goza logo
Pra gente voltar pro bar !!

Fiz a letra em cima de uma frase do meu brow e dramaturgo e ator e vocalista Mario Bortolotto. Tem mais letra e parece que o Cavalo alterou algumas coisas pra dar mais liga. Mas a onda é esta aí. Rapidamente tudo se encaixou. É um Ragtime meio como "Dreamers ball" do Queen. Harmona meio complexa, com acordes diminutos, com nona, com sétima. Coisa de guitarrista.

Depois fomos em "A Última partida de bilhar", outra letra minha com música do Cavalo. Baladaça. Meio autobiográfica, conta a história do sujeito que resoveu largar a boemia e ficar um cara sério. Linda de morrer. Pedi pro Cavalo gravar pra mim com a voz dele, pois a melodia tem muitas nuances e eu tô achatando tudo. Mas já saiu bem legal. Roy solou de rola dura e como gente grande logo de primeira. Que disco vai ser este.

As outras duas músicas são meio que adendos ao CD. Podem só sair na Internet e não integrar o álbum. Vamos ver. São canções passionais. Uma é "Todo Poderoso Timão", que eu fiz pro meu time, porra. É um hard rock com refrão forte. Simples, direto. Em determinado momento eu cito vinte e cinco grandes jogadores do time na história. Tive a idéia de procurar cada um deles para que gravassem com sua voz dizendo o seu nome. Tuca me mostrou que isso ia ser difícil, pois além de correr atrás dos caras, ia ter que pedir autorização e muita gente, sem sacar que somos uma banda independente, pode querer grana em troca. E grana no hay, comprende? Fiquei pensando em outras possibilidades sem chegar a uma conclusão. Chamar um locutor de rádio e pedir que fale os nomes como se escalasse um time: Hum. Pode ser! Mas o certo é que a coisa ficou bem encaminhada.

Todo poderoso timão
Essa lição que tive, trago do berço
a tradição que aprendi com meu pai
de amar meu time acima das coisas do mundo
uma paixão que não muda, um amor que não trai

abaixo apenas de São Jorge e do Nosso Senhor
meu alvi-negro apressa meu coração
mais duradouro que o dinheiro e o amor
desde menino eu sou do...

Todo poderoso timão,
coringão,
meu amor

Russo, Casão, Wladimir, Sócrates, Edilson, Marcelinho
Rivelino, Zé Maria, Amaral, Zenon, Viola, Geraldão
Ronaldo, Ronaldo Fenômeno, Neto, Rincon, Márcio, Tupãzinho
Dida,Vampeta, Ricardinho, Tevez, Gamarra, Herrera, Luisão

da fazendinha pro Brasil, o primeiro dono do mundo
de São Basílio, São Matheus e São Brandão
correm as lágrimas quando ouço este hino
desde menino eu sou do...

todo poderoso timão,
coringão,
meu amor

eu já troquei de cerveja, eu já troquei de mulher
eu já mudei de partido e até de religião
eu já te vi cair sem nunca perder a fé
eu já te vi levantar e ser de novo campeão

Maracanã dividido em 76, quem já fez?
meu time me emociona a fiel me carrega pela mão
Sport Club Corinthians Paulista
pra toda vida eu sou do...

todo poderoso timão,
coringão,
meu amor"

Uau. Quando leio isso fico arrepiado. É de foder! Eu sou Corinthians.

A canção seguinte Cavalo fez para sua mais jovem paixão: seu filho e meu afilhado Pedrão. Confesso que quando ouvi a música pela primeira vez achei, como deveria ser, infantil demais. Pensei, porra, se pelo menos parecesse uma declaração de amor entre dois homens poderia ficar interessante no nosso repertório. Mas a verdade é que fica claro que é uma onda de amor de pai pra filho.

No entanto, ontem mudamos algumas coisas de lugar, mantivemos peso e dinâmica sugeridas pelo Cavalo e a canção ficou demais. Demais mesmo. Adorei canta-la. Tem um certo humor e aquela declaração de amor sincera e bacana, um sentimento que espero sentir pelo meu filho quando tiver um.

Depois disso voltamos cada um pra sua casa. Cama. Deixo vocês com os versos do Cavalo. Pedi prele mudar o nome, mas vou colocar o original aí. É curioso eu fazer uma música apaixonada pro meu time, que me deixa louco nos domingos á tarde enquanto o meu compadre faz uma música apaixonada pro filho dele, dizendo que ele faz esquecer seu time no domingo. A vida é mesmo movida a paixão. Em breve estaremos eu, Cavalo e Pedrão sofrendo com o Corinthians. Vc nem sabe, Pedrão, mas já é uma inspiração e tanto.

Você
Você me faz
Perder noites de sono e a paz

Me faz
Perder todo filme em cartaz

Me faz
Querer ser um bom rapaz

Você me faz
Perder a cervejada dos amigos

Me faz
Esquecer meu time no domingo

Me faz
Deixar rasgar todos meus livros

Eu te quero tanto
E você nem sabe quem eu sou
Te vejo nos meus olhos
Só preciso do seu amor

sábado, 25 de abril de 2009

Qual mulher quer igualdade na hora de servir o exército?

Abri os olhos e olhei no despertador ao lado da cama: nove e meia da manhã. Ou levanto agora ou miau pro casamento do Fabião em Ilha Bela. Enquanto pensava neste assunto o despertador da Dex tocou e pulei. Como havia tomado banho antes de deitar, ali pelas 6 da manhã, não ia tomar outro banho poucas horas depois. Não dormi cagado, caralho.


Dex passeava pela casa meio sonâmbula. Rapidamente lavei a cara, penteei o cabelo e comecei a arrumar minha malinha. Separei uma camisa branca semi-social, uma calça cinza meio "casual" (que coisa viada!), chinelo do Timão, pijama, camiseta das Velhas Virgens, escova de dente, pente e um monte de badulaques na bolsinha com símbolo do SBT.

To pronto. Dex desceu pra passar a roupa que vai usar no casório. Aliás, este é um casamento bem curioso. O Fábio, com quem trabalho na Band (ele é chefe do Calazans que é o meu chefe), e a Andréa, que eu não conheço, já moram juntos há cinco anos e só estão legalizando a parada toda. Eles marcaram o casamento, civil imagino, num lugar ao ar livre em Ilha Bela, ao por do sol. Parece que será na praia. Tanto que no site do casamento eles avisam pra ir com uma roupa despojada. Algo como "não precisa salto alto, vestido longo e terno". Mas também não vale ir de biquíni. No site que eles criaram para a festa há espaço para mandar mensagens, espaço pra confirmar presença, mapa do local e endereços interessantes na Ilha Bela, como pousadas, hotéis e cabeleireiros. Eles também contam como se conheceram e o porquê do casório ser na Ilha. 

Mas o mais legal é que tem um esquema para dar presentes via Internet, usando cartão de crédito. Como eles vão passar uma semana em Cuba de lua de mel, vc pode clicar em coisas como, passagem de ônibus, caixa de charuto, passeio de Scooter, pagamento de parte do valor da passagem, ingresso para museus e etc. Cada ícone deste tem um valor e uma foto onde vc clica tb para depois colocar o número do cartão e tal. Os valores são variados. Então vc dá o presente sem ter que ir a lojas e mandar entregar. A grana cai na conta deles e só sai da minha no vencimento do cartão. Cômodo, né?

Bem, eram onze horas e Dex comia pão de queijo com café na Conveniência no posto de gasolina. Eu tava abastecendo o carro e sacando uma grana no caixa eletrônico. Pronto. Estrada. Marginal veia de guerra, Rodovia Ayrton Senna e tamos a caminho. Meu carro não tem som, mas eu tenho um adaptador pra dois fones no meu I-Pod e fomos neste esquema, com Dex discotecando e limando os sons que não curtia. Eu tava meio ou muito virado. Mas Dex adora encostar o corpo e me dar o volante. Então, não adianta reclamar. Aliás, eu tava pensando naquele papo do carro dela quebrado. Mesmo que não tivesse sido eu quem indicou a compra, ia sobrar pra mim. Tudo sobra pro homem neste mundo que elas chamam de "machista". 

Vc já deve ter ouvido mulher pedir igualdade, né? Já viu alguma mulher querer igualdade na hora de servir o exército? Hum! Querem igualdade nas coisas boas. Sempre sobra pro homem cuidar de carro quebrado. Mesmo que seja um "nérso" em matéria de mecânica como eu. O que não tem remédio...

Ta gostoso. Ta divertido. Adoro viajar com a Dex. E ela ama ir pra praia. Então ta tudo certo. Meu Fox 1000 é aquela água: quando pega embalo vai bem, mas na retomada da velocidade perde pra uma cadeira de rodas. Fomos indo, à direita na rodovia dos Tamoios, chegamos a Caraguatatuba após descer aquela serra danada de obliqua. Á direita em direção de São Sebastião. Uns 30 quilometros até a balsa. Dezessete reais e quarenta centavos e ói nóis singrando o braço de mar que separa o porto de São Sebastião da tal Ilha Bela. Eu não sei nadar. Eu não gosto de água. Eu tomo banho de bóia nos braços. Então, estar num barco me é uma situação muito incômoda. Desfavorável. Tenho pavor, porra!

Levamos uns 20 minutos até que os pneus do Fox estivessem novamente rodando em terra firme. À direita na rotatória e simbora. Uns quilômetros pra frente, viramos à esquerda, logo depois á direita, esquerda de novo e lá estávamos no Hotel da Ilha, que eu tinha reservado pela Internet durante a semana, seguindo indicações do site dos noivos. A mocinha que nos atendeu era hiper jovem mas não o suficiente para transformar minhas observações em pedofilia. Ela tava usando um daqueles chinelos "croc-croc" e não posso negar que fiquei pensando em como seria o seu pezinho. Foi um pensamento automático e passageiro. Eu sempre olho os pés das mulheres. É inevitável. Tudo rola aqui dentro, no território livre da minha cabeça.

Tamo no quarto. Dex no chuveiro. Sai pra comprar repelente, pois os borrachudos tem tradição neste local. Aproveitei e comprei uma garrafa de água mineral e duas brejas em lata. Fui mamando uma no trajeto de volta ao hotel que, por sinal, é bem legal, com piscinas e etc. O quarto tb é amplo e confortável. Dex ta no banho e eu to bebericando a breja na cama, vendo tv. Ela sai e começa a se maquiar. Ela ta pelada. Eu ataco e ela ta atrasada e sei que não vai rolar nada agora. Hum! Abri a segunda lata. Os x-saladas que eu pedi na portaria chegaram. Eu não almocei. Eu to com fome. Dex fala alguma merda do banheiro.

- Vai começar a chapação cedo hoje, é?
- Dex, vc me aluga muito. Me deixa.

E cortei o papo. Tomei banho. Antes de colocarmos a roupa nos besuntamos de repelente. E olha que eu já tinha sido picado por um maldito borrachudo. Estes insetos de merda são os verdadeiros donos da ilha.

Bem, todo mundo pronto, tamo no carro e a caminho do local. A mocinha do "croc" falou que era só para ir para a esquerda na estrada que a gente, depois de uns sete ou oito quilômetros, ia encontrar um restaurante chamado Almirante. E foi assim. Eu tava achando que a coisa toda ia rolar na praia, mas na verdade o tal Almirante é um restaurante construído na encosta, com o marzão todo lá embaixo e o sol se pondo atrás de onde foi colocado o altar. Que beleza.

Fabião nos recebeu no primeiro patamar da escada com uma camisa social branca, uma calça relax e chinelos. Olha o clima praiano aeh. Parecia bem feliz ao me apresentar sua mãe. E fomos descendo as escadas até chegar ao local onde a festa propriamente dita deve rolar. Tem um DJ com cabelo Black Power, claro, fazendo um som. Encontrei algumas pessoas da Band que eu não conheço direito. Cumprimentei meio de longe. A Maura eu não reconheci. Acho que ela é secretaria do chefão, Edu Ramos. Ela adora ligar pro Sex Prive e me pedir para falar o nome do canal com um jeito meio malandro. Eh,eh,eh. To aqui sentado com a Dex. Ela quer água. Eu não to a fim de ir buscar. Ela reclama e vai. Helena ta descendo a escada acompanhada. Ela trabalha no Band Sports e tb no Sex Prive. Sentaram-se com a gente. Papo vem papo vai descubro que o namorido dela é santista. Isso rende boas conversas. O cara é muito gente boa. Ele e Helena são ratos de academia. Eu prefiro o bar.

Chega Fernando com a namorada. Tamos todos na mesma mesa. Lá vêm descendo um batalhão de padrinhos. Lá vem descendo Fabião com a mãe. Lá vem o DJ black power descendo a escada e executando a marcha nupcial no trombone, ao vivo. O cara toca. E bem! Taí um DJ que eu tenho que respeitar. Este Dj não apenas aperta o play, como toca um instrumento. Lá se foi ele. E agora quem vem é a noiva. A cerimônia começa e o som não ta funcionando, de modo que a juíza de paz tem que projetar a voz pra que a gente ouça. Atrás de tudo isso há uma coisa chamada "pôr do sol" em andamento, fazendo um fundo inacreditavelmente belo. Dex ama estas coisas da natureza e eu faço questão de ficar tirando sarro dela, como se eu não ligasse. Mas é impossível não ligar prum por do sol destes. No site os noivos disseram ter mandado convite pro Sol, mas como vinha chovendo pra caralho desde manhã, ninguém acreditava que ele viesse. Mas veio!

Cerimônia terminada. Começou a festa pra valer. Comida rolando, breja a rodo, whisky 12 anos, pró-seco e caipirinhas feitas na hora. Que bela festa. De vez em quando o DJ pega o trombone e toca afinadinho com as músicas. O cara é fera. Ta todo mundo dançando e bebendo. Um dos garçons é da Mooca e tem o nome Nelson tatuado no braço. Ele me explica que é o nome do pai dele. Ele se chama Marquinho. Falo dos meus amigos na Mooca e a minha mesa passa a ser a única em que há garrafas de cerveja. Nas outras os garçons passam, servem, mas não deixam o vasilhame. Na minha ele deixa a garrafa, cumpadi. E ta todo mundo com inveja. A garrada nem ameaça esvaziar e vem outra. Fernando arrumou umas caipirinhas. Eu tb. O barman coloca folhas de tangerina e a coisa fica ainda mais saborosa. Dex, vira e mexe, sai pra fumar. E a festa vai comendo. 

Em determinado momento ouvi uma buzina quando estava entrando no banheiro. Que porra é isso? Tô mijando e pensando no assunto. Na subida da escada encontro um garçom com algo na mão. Não é o pau: é uma daquelas buzinas com lata de spray. Vai começar outra fase da festa, com a galera vestida de marinheiro e pirata. Porra, ta todo mundo de quepe de marinheiro, capitão e pirata. Eu tb quero. Mas não to afim de ir dançar. Eu não sei dançar. Eu não gosto de dançar. Não vou dançar pra ganhar uma porra de um chapéu. Olha só este garçom de chapéu de pirata. Roubo o chapéu dele. Ele não curte muito, mas Marquinho, o garçom mano, manda o cara deixar o chapéu comigo. To bem bebão. Dex ta de olho. A festa segue.

Marcelinho chegou atrasado com a namorada. Mais uma capirinha. E a breja come solta. Ninguém entende as garrafas que nunca esvaziam na minha mesa. Jo soy malandro, bicho! Dex quer sem mandar. Já estamos bebendo há umas 4 horas. Eu to meio breaco. Ou completamente breaco. Saideira. Completo o copo do Fernando e do Marcelinho. Meu copo ta pelo meio e a garrafa quase vazia. Quer ver só eu fazer uma média com a Dex.

- Vamos embora amor – falo – não vou tomar a saideira.

Dex me olha sem crer. Ela nunca me viu fazer isso. Subimos as escadas trançando as pernas. Uns docinhos ajudam a melhorar o foco. Tamos no carro. Eu to breaco. To alcolatrado. Dex quer dirigir, mas não quer muito. Eu conheço ela. E bêbado por bêbado, confio mais em mim. Vou beeeeem devagarinho. Passo da entrada do hotel. Volto. Direita, esquerda. Garagem do hotel. To tirando a roupa. Liguei o ar condicionado no máximo. Apaguei. Dex tb. Amanhã Marcelinho e Fernando querem ir pra praia e chapar. Querem que eu veja o jogo aqui e suba mais tarde. Mas tenho ensaio depois do jogo. E não curto muito praia. Mas curto beber com os amigos. 

Porra. Bela festa. Grazie pelo convite, Fabião.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Noite de Raul!

Acordei pilhado com o show do Raul. Antes de cagar, bater punheta, ler jornal, fui pra internet pesquisar mais sobre ele, sobre o Abre-te Sésamo , sobre as canções. Conheço um pouco da obra e da vida do Raul, mas queria saber mais. Olha só o que apurei: Raul dos Santos Seixas é filho de Raul Varella Seixas. Seu pai, o Varella, é autor de uma canção do "Abre-te", "Minha Viola", que a gente deixou meio Stevie Ray Vaughn.


O disco "Abre-Te Sésamo" é de 1980 e tem a participação de Celso Blues Boy. A maioria das canções é parceria de Raul com Claudio Roberto, mas há tb a participação da Kika Seixas (sua ex) em "Só pra variar". A canção "Angela" é uma declaração de amor do Raul para a Kika, que na verdade se chama Angela. 

Um assunto que me interessa muito está ligado á canção "Conversa pra Boi Dormir", que nós misturamos com uma citação do repertório do Tim Maia, "Coroné Antonio Bento" (na verdade a música é de Luis Wanderley e João do Vale): eu queria saber como era o relacionamento destes dois gênios da música brasileira. Veja só: os dois tinham fama de não comparacer a shows, os dois se envolveram com sociedade/religiões que influenciaram seu trabalho (Raul - Sociedade Alternativa e Tim - Religião Racional), os dois têm influencia poderosa de vertentes da música americana (Tim do soul e Raul do rock), os dois misturaram esta influencia estrangeira com cultura brasileira, samba, baião e MPB. Eles eram contemporaneos e diz Nelson Motta que na época "Racional" do Tim, ele tentou cooptar o Raul pra sua fé, mas o fato de ter que parar com drogas, alcool e sexo fez Raul declinar do convite. Tim teria ficado muito puto por algumas pessoas confundirem ou tentarem achar semelhanças entre a Sociedade Alternativa do Raul e o seu engajamento Racional. 

Uma coisa era bem oposta á outra, pelo que puder apurar: enquanto os racionais pregavam a purificação dos vícios, incluindo sexo, a Sociedade Alternativa pregava liberdade abslouta, ou seja, "faça o que tu queres, pois é tudo da lei". Tenho que admitir que se tivesse que escolher iria pra sociedade do Raul e do Paulo Coelho.

O próprio Tim Maia desistiu da abstinencia total proposta pelos racionais e voltou ao mundo da maconha, do pó e do whiskão alguns meses depois. Nisso, os dois concordavam. Mas, como diz tb Nelson Mota, eram dois gênios e como tal, não se suportavam.

Então, caberá às Velhas Virgens unir estas duas estéticas errantes no palco, ainda que postumamente? Será que algum fenômeno pode acontecer? Será que os dois, onde estiverem, podem não curtir a mistura? Vai tudo pro Baú do Raul e pra feijoada do Tim Maia, hoje á noite. É noise!

Bem, já perdi tempo demais na internet. Uma passada voando pelo banho, separei a estante, gaitas e coisas a serem usadas na passagem de som, ás sete e meia da noite, que vai funcionar como um ensaio geral. Tô com as letras praticamente decoradas, mas deixarei uma cola no palco só por segurança.

Tô a caminho do SBT com transito livre. Dex me liga dizendo que o seu carro, que ela comprou na Sorana por indicação minha, tá com problemas. O óleo tá uma pasta estranha, o carro está fraco, trepidando e ela quase não chega ao trabalho. Lá vou eu deixar minhas coisas num dia de show pra resolver isso. Liguei pro meu amigo Laércio, que cuida da parte financeira da Sorana e gentilmente me deu assessoria na compra do veículo. Ele disse que ia ver o que dava pra fazer, uma vez que o carro é usado e a garantia já era.

Aviso Dex que pedi ajuda ao Laércio. Tô puto, pois estou sendo responsabilizado por tentar ajudar. Apenas indiquei o local onde ela poderia, se achasse por bem, trocar de carro. Eu já troquei de carro três ou quatro vezes lá e deu tudo certo. Ela diz que tá só desabafando, mas sou eu quem tem que tomar providências. É foda! Mulher independente é o caralho!

Os diretores do Astros me chamaram para falar da nova fase. Fomos nós, eu, Fernanda e Tom, que vai me substituir nas férias. Muito papo, sonhos, viagens, divagações e eu pensando nas minhas férias. Hoje é sexta. Semana que vem tem feriado na sexta, o que quer dizer que só faltam, tirando hoje, os quatro dias da semana que vem preu sumir. Me ajude, São Jorge!, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora Aparecida, Santo Antonio, Santo Expedito, São Judas, São Lucas, Jesus Cristo e todo mundo. Help me!

Fui pro almoço. Voltei do almoço.

Dex resolveu mandar o carro pra oficina da Sorana de guincho. Ok. Menos um rolo.
Preciso correr pra Band, pois vou ter que desaparecer de lá mais cedo pra passar o som. É correria, é demência, é disparate, é loucura e eu no meio. Fui pra Band.

Porra. No caminho eu vim pensando. Será mesmo que nenhum trabalho na minha vida jamais foi bucha? Ou todos foram buchas? Claro que foram. Foram sim! Porque, de um jeito ou de outro, todas estas merdas de trabalhos paralelos sempre fizeram com que eu desviasse meu foco e minha energia da música, do rock'n'roll, que é o que eu gosto mesmo de fazer. Olha só este dia em que a gente vai estrear uma espécie de tributo ao Raul Seixas. Eu deveria ter levantado sossegado, depois do meio dia. Passado o dia pensando no que quero fazer, nas músicas, nos comentários. Pra chegar lá descansado e seguro, uma vez que vou virar a noite no palco. Mas não. To aqui as voltas com estas merdas de programas de TV, textos da casa do caralho, reuniões da minha rola, carros quebrados. Vai tudo tomar no cu. 

Maldita criação responsável que eu tive dos meus pais que me impede de jogar tudo pro alto. Porra. Tem um monte de gente que faz isso. Chuta tudo e foda-se. Mas eu não sei ser assim. Tenho dívidas pra pagar, tenho responsabilidades. Tem gente confiando no meu trampo em várias partes e se eu sair... Claro que posso ser substituído, mas crio problemas. Inclusive pra mim. Eu sou um merda dum cuzão vendido. É isso que eu sou. Não sei dizer não pra nada. Me chamam pra trabalhar aqui e eu vou. Mais um trabalho ali e eu vou tb. Tem que fazer o show novo em homenagem ao Raul? Bora. Tem disco novo. Vamos compor e ensaiar até altas horas. A esposa quer atenção e vc não dá? Que merda de marido vc é! Vai tomar no cu todo mundo, especialmente eu. Pare o mundo que quero descer.

Pronto. Já dei meu pití. Deixa eu voltar pro trampo.

Voltei. Escrevi. To meio que me mandando pra passagem de som. Dei carona pra Soninha. Puta trânsito nesta cidade. Levei duas horas e dez minutos até o Paddys. Tava tudo atrasado na passagem de som. Eu, Cavalo e Tuca fomos pro buteco da frente tomar uma ou doze. No meio do papo, Juju, esposa do Cavalo, chegou com dois amigos. E Tuca fez a demência de pedir uma cachaça preu dividir com ele. Hum. Bebi e a coisa pegou. Caraio! Fiquei meio zureta. Algumas cervejas depois, atravessamos de novo a chuvosa Avenida Luis Dumont Vilares e dentro em pouco estávamos todos no palco, passando cada detalhe do show do Raul. Eu diria que foi um belo ensaio geral.

Dei carona pro Tuca até a casa dele. Voltei pra minha, tomei banho, coloquei meu chapéu pantaneiro na cabeça e minha camisa "Game Over" e voltei pra pegar o baixista. Ele me convidou pra entrar e conhecer sua nova "goma". Garagem pra caminhonete e pra moto, uma escada, sala, cozinha, dois quartos, banheiro, quintal com churrasqueira. Hum. Ta tudo aí. Parabéns, veio! Em poucos dias a coisa toda já está parecendo um lar. De homem solteiro, mas um lar. E, creiam, quando a gente se separa, sentir que nossa casa é um lar evita noites de insônia.

Pegamos também o Banas no caminho. Paramos no escritório do Tuca prele recuperar uma "cola" do show que ele tinha esquecido lá. Ok, sentido Paddys Pub.

Parei na rua de trás que tava infestada de carros. Nunca havia tocado por lá numa sexta feira e parece haver uma boite "da hora" que lota as imediações. Lembrando que "da hora" é minha rola.

Cumprimentei alguns e fui pro camarim, atrás, em cima. Ali fiquei, como sempre fico, bebericando até o início do show. Chegaram cervejas e tira gostos. Pedi uma Guiness, já que a breja do camarim, fornecida pela casa, é Sol (argh!). O grande guitarrista Nuno Mindelis, que eu não conhecia pessoalmente, me foi apresentado e engatamos um puta papo legal, sobre suas recentes andanças por Londres, bebedeiras, mulheres e etc. Ele tava acompanhado de um cara que ele me apresentou como massagista, farmacêutico e amigo, William. Tb gente boa. Papo bom até bem pouco antes do show. Sylvio Passos, o homem do fã clube, o parceiro, o Mr. Raul Seixas, tb subiu por lá pra ver o que deveria fazer na apresentação da nossa performance raulseixista. Marcelão, nosso contratante de Santos, Tilson, Fran, Mickey Rourke e um monte de amigos tb subiram lá. Meu recente tatuador Arthur tava ao lado do palco. Eu vi lá de cima. O pessoal do Skink estúdio, onde me tatuei, é parente dos donos do Pub (Anita, do Pub, é irmã da Luana e do Arthur, das tatoos). E tem o gerente gringo conhecido como "Mister" que é um puta cara legal. Gosto de tocar aqui.

Sylvio foi pro palco e disse que fez questão de nos ter no palco "Toca Raul". Falou umas coisas legais e atacamos com nossa seqüência bem ensaiada. Tava um público bem legal. Quase cheio. Errei uma ou outra letra, sempre mantendo a pasta de colas ao lado, mas acho que ninguém se ligou. Foi um show, eu diria, técnico. Saiu tudo como ensaiado e a galera curtiu. O final teve a participação de Nuno Mindelis e Sylvio Passos em "Rock das Aranha". Porra, o Nuno toca pra caralho.

Depois disso engatamos alguns sons das Velhas e não resisti a dar uma latada na minha testa. Como o povo que tava ali era bastante nosso, a temperadura da bagaça subiu. Meu sobrinho Dani me mandou uma Heineken num momento de secura no palco. Grazie, mano! E a coisa foi bem divertida. Fim de show com Abre essas pernas e simbora.

Pelo que apurei, todos curtiram o respertório do Raul. E nossa demência alcoólico-roqueira foi a esperada.

Desci, falei com a galera, tirei algumas fotos. Bebi várias, voltei pro camarim, assinei o DVD do Roberto Coladillo, nosso fã Londrino e me mandei pra casa. Dois reais pro guardador de carro corinthiano. Gritos de "Eu sou Corinthians" pela noite já sem chuva e dentro em pouco eu comia pizza na cozinha lá de casa. Dentro em pouco eu tava no chuveiro. Dentro em pouco na cama. 

Fui.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Salve São Jorge

Depois de um dia de cão e uma noite mezza-mezza, parece que hoje a vida tá mais relax. A coisa inda ta meio estranha nas entranhas, mas já dá pra encarar o trampo. Nada de novo no jornal, nada de novo no chuveiro além da "Mariquinha Maricota, com a direita e com a canhota".

A faxineira ta lá embaixo fazendo o dela. E eu to me preparando pra ir pra luta fazer o meu, atrasado como sempre. Opa! Eu disse ir pra luta? Não, não! Exagero meu. Pode até ser meio chato de vez em quando (todo trampo é chato), mas trampar no SBT e na Band ta muito longe de ser uma luta. Já encarei buchas bem piores quando trabalhava na Rádio Globo das cinco da manhã até meio dia e depois ia pra Editora Nova Cultural até as dez da noite. Ou quando eu fazia faculdade de manhã e ia pro bar do meu pai. 

Perai, não era tão ruim assim: eu bebia de graça.

Ok, então duro mesmo era quando eu ia pra faculdade de manhã e depois pro Banco Nacional da Vila Maria, compensar cheques. Não, não era tão mal assim. Eu almoçava em casa e saia lá pelas sete da noite pra beber com os gerentes. Porra. Será que nunca me fodi de verdade em trampo?
Ah, já sei. Oito anos de Domingo Legal, trampando no domingo depois de fazer shows sexta e sábado, viradaço ao lado do Gugu. É isso. Isso era de fuder! Mas eu folgava na segunda e ia jogar bola na casa do Magrão, com direito a breja e churrasco. 

Ok. Nunca me fodi de verdade no trampo. Ou talvez seja meu modo de encarar a vida: eu sou um cara otimista, feliz e se ninguém me encher o saco pela manhã posso superar qualquer encheção de saco.

Fui. A marginal ta toda cagada. Vou levar uma hora pra passar por ela. To com a cabeça no show do Raul de amanhã. A gente curtiu tanto as releituras que rolaram nos ensaios que estamos ansiosos pra mostrar o resultado pro povo. Eu quero fazer uma porrada de comentários sobre os sons, como faço nos shows das Velhas. Mas isso só rola no palco, não dá pra ensaiar. Então, fico imaginando.

A maioria das coisas mais legais que falo e falei nos shows das Velhas saíram de improviso, em pleno palco. E a porra do trânsito não vai mesmo. Aposto que vou chegar ao SBT com algum vagabundo já a minha procura. Eu preciso dar uma ajeitada nas letras do show do Raul e na lista de músicas. Fazer uma pastinha, saca? Deixar tudo pronto e imprimir pra apresentação de amanhã.

Passei pela barreira automotiva, to contornando o trevo da saída dezoito da Anhanguera. Eles estão reformando tudo pra inaugurar o retorno do quilometro dezenove. Então, passar aqui tb é um custo.

Celular tocando. Edu Puppo já me procurou na redação. Encostei o carro e a chuva ta caindo. Eta diazinho nublado e triste. Simbora pra ilha de edição ver o Astros 57 com o Edu. Ricardo, o diretor, nos mandou parar o trampo e ir até a sala dele pruma reunião. Não podemos mais usar o locutor nas narrações em off (sem aparecer). Agora quem vai narrar tudo são os apresentadores, Ligia e Beto Marden. Manda quem pode, obedece quem tem juízo... e dividas!

Almoço correndo. Tenhos uns Vips pra distribuir do show de amanhã e preciso mandar uns e-mails. Tem que ser agora, pois já, já o Edu vem na minha bota. Opa, hoje é dia de São Jorge. E eu sou devoto. Claro, sou Corinthiano. Sempre fico arrepiado ao ler a oração do Santo guerreiro. Meu amigo e mestre cervejeiro, dono da Cervejaria Universitária, Reynaldo Fogagnoly me mandou e repasso pra vcs:

Oração a São Jorge

Eu andarei vestido e armado com as armas de São Jorge para que meus inimigos, tendo pés não me alcancem, tendo mãos não me peguem, tendo olhos não me vejam, e nem em pensamentos eles possam me fazer mal.

Armas de fogo o meu corpo não alcançarão, facas e lanças se quebrem sem o meu corpo tocar, cordas e correntes se arrebentem sem o meu corpo amarrar.

Jesus Cristo, me proteja e me defenda com o poder de sua santa e divina graça, Virgem de Nazaré, me cubra com o seu manto sagrado e divino, protegendo-me em todas as minhas dores e aflições, e Deus, com sua divina misericórdia e grande poder, seja meu defensor contra as maldades e perseguições dos meu inimigos.

Glorioso São Jorge, em nome de Deus, estenda-me o seu escudo e as suas poderosas armas, defendendo-me com a sua força e com a sua grandeza, e que debaixo das patas de seu fiel ginete meus inimigos fiquem humildes e submissos a vós. Assim seja com o poder de Deus, de Jesus e da falange do Divino Espírito Santo.

São Jorge Rogai por Nós.

É nóis, São Jorge. Tamo junto e misturado. E lá vou eu pra porra da ilha de novo. Correrias, alterações, palpites e passava pouco das três quando consegui sentar pra escrever o tal roteiro. Terminei pelas quatro da tarde. Vou consertar a porra do set do Raul.

Consertei. Vinte pras cinco e to saindo sob chuva do prédio do SBT. Bora pro canal pornô. Transito do cão. Este dia ta mesmo amarrado. Dei uma gargalhada , sozinho no carro. Tem um operador de máster do Sex Prive que é, pasmem, crente. E ao saber que eu toco numa banda de rock danado ele ficou meio "assim" comigo. Aí eu olho pra ele e viro os olhos, como se estivesse possuído pela tinhoso e ele se benze e diz: "apartai-vos". Ah,ah,ah. Eu morro de rir.

Calazans, chefe e mano, liga e pergunta se estou melhor.

- Tô chegando aí, bro.

A chuva, as nuvens, o transito ruim, dia besta! To aqui no canal de foda. A pauta que eu tava escrevendo caiu. A produção saiu pra gravar até tarde ontem e não tem ninguém aqui. Adiantei um pouco dos roteiros da Núbia da semana que vem. E, quer saber, fui! Amanhã terei jornada tripla, com SBT, Band e VV. Sábado de manhã vou pra Ilha Bela com a Dex no casamento do Fabião aqui do Sex Prive que vai rolar no por do sol, na praia. Cool! 

Não sei em que condições estarei depois do show de sexta que vai começar lá pela uma da manhã de sábado. Mas isso é problema pra sábado. Hoje eu vou pra casa dormir. Acho. Antes de sair eu e o marcelinho tamo sacaneando o outro operador de máster que é Bambi. Ele fica puto. Eles estão todos putinhos. Podem ganhar mil libertadores e mudiais, mas não ganham da gente. O freguês voltou! Uhu! Agora fui mesmo!

Chameguinho, friozinho, tamo nóis aqui em casa. Dex tb se cansou de comer quibe de bandeja e pediu uma pizza, meia mussarela, meia calabreza e eu fui dentro. Ela tá encantada com a viagem pra Grécia, Egito e Turquia, que vai fazer junto com o pai dela. Vai ser em maio. Já inventou de ficar mais um dia em Roma pra bater bunda por lá. O pai, que ela disse que é metódico como eu, sempre diz não. Mas pela minha experiencia com mulheres e com a Dex em especial, logo ele aceita. Ninguém diz não pruma mulher por muito tempo. E quer saber, chega de papo. Time to sleep. 

Boa noite!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Maldita Ressaca!

Abri os olhos com muita dificuldade às dez e meia da manhã. Uma frota de caminhões ta desfilando dentro da minha cabeça, seguida de tratores. Foi numa manhã como esta que compus "Maldita Ressaca". Que dor de cabeça monstro. Que enjôo do caralho.

Nem vi Dex sair. E não há a menor chance de ir pro trabalho. Me arrasto até o chuveiro e abro a água quente. Fico ali, como um zumbi, respirando com dificuldade, com os olhos fechados e o pau mais encruado que uma noz. Caralho, deu vontade de cagar. Sentei na privada molhado mesmo e mandei pra fora uma merda preta, característica de quem encheu a cara de vinho. Volto por chuveiro e fico ali, de bunda suja, sem coragem sequer de lavar o cu. As mãos na parede, os joelhos dobrando, pronto. Cai. Mas foi em câmera lenta. Me viro e fico sentado com o cu próximo ao ralo. Agora dá pra lavar a bunda. Puta que pariu.

Não sei quanto tempo fiquei ali. Mas o frio me atacou e desliguei o chuveiro. Com toda a dificuldade do mundo vou me aprumando e fico em pé. Enrolo a toalha no cabelo sem coragem de chacoalhar a cabeça. Um desfile de tanques de guerra toma conta da praça da minha cabeça. Coloco o roupão sem me secar e dá vontade de cagar de novo. Puta merda. Tasca voltar pro chuveiro pra lavar o cu. Toalha na cabeça outra vez. Porra, a toalha caiu na água. Vai tomar no cu. Ai minha cabeça.

Eu não vou vomitar. Isso é coisa de iniciante. Coloco a toalha mesmo molhada na cabeça. Visto o roupão.Vou até o telefone e aviso meu parceiro Tom que...Não há condições...Nenhuma...Nada de SBT nesta quarta feira. Volto pra cama e caio. Mas não dá pra dormir. O enjôo, o desfile de elefantes e rinocerontes pela floresta do meu cérebro continua. Socorro!

Entre ligeiros apagões e muita dor de cabeça, são três da tarde. Vou pro chuveiro novamente. Calafrios. Chuveiro ligado. Parece que ele tem o poder de melhorar minha circulação e o todo melhora um tantinho assim. Minutos de passam. Vontade de cagar de novo. Lá vai merda. Preta. Cu lavado no chuveiro. Toalha molhada na cabeça. Liguei a TV. Pus no canal pornô. Duas belas morenas se chupando. Á medida que minha rola endurece aumenta em progressão geomética minha dor de cabeça. Não, rola, não pica. Amoleça pelo amor de Deus. Desliguei a TV e fui pra cama. Calafrios. Eu me cubro. Calor. Eu me descubro. Nada de pensamentos tarados. Rola dura não combina com dor de cabeça. Apago de novo. Acordo. Ligo pra Dex. Ela ta em Campinas fazendo uma apresentação de seu trabalho. Tá igual ou pior que eu. Coitada. Ligo pro Sex privê Brasileirinhas. Ninguém atende. Volto pro chuveiro. As coisas parecem estar melhorando. Volto pra cama. Ligo pra Band de novo e Luciano "Patrícia" atende. Digo que não vou. Ok. Dentro em pouco Fernando da produção me liga falando de uma pauta com as mulheres frutas, maçã, jáca, banana, sei lá.

- Faz como vc puder, querido. Eu vou morrer!

Volto pra cama. Penso em ligar a tv no pornô. Meu pau já ameaça endurecer. Fica quieto, desgraçado. Cama. Acho que não vou levantar mais.


Toca o interfone. Rita ta entrando pra falar com Dex que ta chegando. Fico fazendo sala, mas não compreendo nada que ela diz. Eu sequer estou aqui. Eu já morri. Já passei desta pra melhor. Pereci, faleci, sucumbi, fui pro andar de cima. Dex chega. Volto pra cama. Deus tenha pena da minha alma. Nossa Senhora do Bom Parto, me dê uma boa hora.

Subi pra ver TV. Cochilei. Dex sentou-se ao meu lado e, aparentemente, passou-se mais de uma hora. Ela acha que tb vai morrer. A ressaca mortal desta quarta feira é contagiosa. Dex foi tomar um banho de banheira. Dei descarga na privada do outro banheiro e a água da banheira gelou. Ela soltou um palavrão. Acho que a Dex vai dormir. Fui até a cozinha e comi kibe de bandeja que ela fez para o aniversário do pai. Voltei pro sofá. Tá rolando uma rodada interessante da Libertadores e da Copa do Brasil. Dormi. 

Acordei. O Sport ganhou do Colo-colo de virada na Ilha do Retiro. O São Paulo ganhou do América do México de virada e Dagoberto fez um gol de bunda. Coisa de bambi. E o Santos, que precisava ganhar do CSA na Vila pra seguir na Copa do Brasil...Perdeu....E saiu fora. Os caras querem ganhar do Corinthians domingo, mas perderam do CSA. Hum. Devo estar delirando. É a ressaca. 

Vou dormir.