Acordei com Fleetwood Mac na cabeça. Rituais matutinos vencidos, baixo a canção "You make Loving Fun", dos caras. Ela segue tocado em looping enquanto escrevo. A chuva segue caindo. O dia me espera. Trampo no SBT, ensaio depois. Vou com esta canção na cabeça. E um tiro só não vai me derrubar!
"Sweet wonderful you,
You make me happy with the things you do,
Oh, can it be so,
This feeling follows me wherever I go.
I never did believe in miracles,
But I've a feeling it's time to try,
I never did believe in the ways of magic,
But I'm beginning to wonder why.
Don't, don't break the spell,
It would be different and you know it will,
You, you make loving fun,
And I don't have to tell you but you're the only one.
You make loving fun.
You make loving fun"
Tá chovendo e frio. Ligo o ar quente do carro que é 1.0. Ele perde potencia, que já não é lá estas coisas. Mas o habitáculo interno fica aquecido. E bebe um combustível do caraio quando está ligado. Apesar da água que cai, o transito tá legal e em quarenta minutos to no SBT.
E aí, galera. Ed tá com caganeira e não veio. O resto do pessoal tá trabalhando. Dou uma mexida naquele primeiro roteiro do primeiro dia de obra do "Construindo um sonho". Mostro pro Dan que tem mais experiência no quadro. Ok. Aprovado. Magrão me chama pra passar a chamada do filme de domingo no Oito e Meia no Cinema. Superman – O Retorno. Tá feito.
Almoço. Vamos eu, Nadya, Jorge e Dante. Divertido. Papos sobre faculdade. Eu e Dan fizemos a mesma facul e Nadya e Jorge estudaram no mesmo colégio. Falamos tb de drogas e rebeldias acadêmicas. Gosto desta galera! Gosto de gente!
De volta á mesa de trabalho. Vamos eu e Nádya ver se a matéria de Helen Ganzarolli com o time de anões de Juazeiro na Bahia está pronta. Não está. Gente, que mulher linda que é a Helen. Ela tá de Branca de Neve. Bu-ce-tão!
De volta á redação. No caminho encontramos Galvão, que hoje é diretor, mas no início dos anos 90 era Coordenador de Produção do "Nações Unidas", apresentado pelo Gugu, dirigido pelo Homero, produzido pela Nadya e escrito por mim. Já estivemos juntos num mesmo barco, no passado. Lembramos do caso da competição de tirar leite da vaca, cuja bovina teve um chilique no ensaio e disparou pela Ataliba Leonel e sumiu pela cidade, só sendo recapturada na Marginal Tietê. E Galvão correndo atrás pra tentar laçá-la. Muitos risos. Faz tempo.
Que mais? To esperando mais informações da obra. E meio que de plantão pra qualquer pedido do Magrão. Segue a sexta.
Magrão me chama mais umas três vezes na sala dele. Dante tá puto por que foi alugado pelo Walter Wanderley pra assistir uma hora de vt e encaixar três offs mínimos. Calma, bro. Diretores são assim: carentes! Mais que redatores, precisam de terapia e atenção.
Seis da tarde. Produção em ebulição. Gente entra, gente sai. Edição comendo. Redação engolindo. Que porra eu faço com estes textos de mercha? Jotaerre quer conversar sobre um Encontro entre pai e filho pra semana que vem. Armamos a estratégia. Depois a gente afina detalhes. Noise.
Jorjão e Nadya se foram. Tamo eu e Dante. Coloco Fleetwood Mac pra rolar. Depois Eagles. Tô cool. Earth, Wind and Fire pra agradar o Dante. Mandamos uns textos pro Celso locutar e ele ainda não devolveu. Internet, claro! Preciso ir pro ensaio.
Dante pede uma carona até o estacionamento de baixo. Mas antes ele quer passar na edição. E aí o bicho pega. Sem os offs do Celso não dá pra terminar de editar as matérias. Aí alguém vai ter que vir amanhã resolver isso. E esse alguém é quem escreveu: Dante. Por sinal, este fim de semana começamos nosso sistema de revezamento na redação e adivinhem que está liberado pra não vir domingo? Dante. A mulher dele chega de viagem amanhã. Deixa o cara matar a saudade dos filhos e meter a vara na esposa, porra. Mas é exatamente porque ele ta de folga que quer resolver a porra toda hoje á noite e não vir nem sábado, nem domingo e nem segunda, folga natural dos domingueiros legais. Em meio a esta porra toda me despeço do Dante e deixo a pica pra ele. Essa pica não é minha. Essa pica é do aspira.
Chove bastante. To indo pro ensaio e num insight inesperado penso que, na verdade, a pica é minha sim. Sou o chefe da porra da redação, caraio. Paro o carro, ligo pro Dante e pergunto como estão as coisas. Ele ta imprimindo os textos e deixando pra produção encaixar os offs amanhã. Mas o melhor mesmo era o Celso mandar os offs agora. Alguém pode ligar pra ele? Sim, Magrão ta fazendo isso. Celso fica de mandar os offs em meia hora. Então ta tudo ok. Bora ensaiar. Boa folga, Dan, dê beijos na Kátia e nos seus filhos.
O trajeto até a casa do Roy é molhado. Limpador ligado no último e ainda assim segue difícil enxergar. Fechada aqui, derrapagem ali. Tamaqui.
No caminho o Thiago do reality, com "h", me ligou e perguntou se tinha alguém na casa do Roy, pois ele tava tocando a campainha e nada.
- Thiago, esta porra não funciona desde a proclamação da independência.
Parece que ele entrou. Eu tb entro. Dmitri abre a porta. Descobri que o nome dele não tem o "i". O "D" é mudo mesmo. Cavalo e Juliana (a dele) chegam junto comigo, sob chuva. A Ju ta simpática e sorridente como sempre. Seja o que foi que eu fiz que "estremeceu" 23 anos de amizade com o Cavalo, aparentemente não a atingiu. Menos mal.
Simon já tah. Thiago e o parceiro dele que eu sempre esqueço o nome tb. Sorry, bro! Roy já ta maquinado. Ju (a nossa) chega. Falta Tuca. Chegou. A julgar pelo sorriso que tem na cara, não ta como acordou. Cavalo diz que conversou com Fabinho e estamos em fase de definir estúdio e produtor. Vamos ter que chorar o preço com Mr. Fábio Hadad. Estúdios? Pode ser o do Duda, aqui perto. Pode ser um Jundiaí, mas a distancia dificulta. E pode ser um novo estúdio que pintou na área do Jaraguá, pertinho do SBT. Cavalo resolve. Produção executiva é, como sempre foi, com ele.
Vamos ensaiar. Ta todo mundo meio chapado. Converso muito com minha comadre Juliana do Cavalo e ela segue me explicando as concepções estéticas do encarte do cd. Parece, mesmo, bem legal. Com Cavalo tb falo muito, mas sobre trabalho, gravação.
Durante o ensaio, falamos sobre detalhes das vinhetas que devem entrar entre as músicas para ambientar a história do Gênio que sai do mundo real e volta pra sua casa, "dentro da garrafa". Passamos o "Gênio da garrafa" com a vinheta inicial, meio oriental, meio hindu, meio Doors, sei lá. E depois colocamos uma outra vinheta meio psicodélica, meio Police. Muito delay na guitarra do Roy. A coisa tocada em seqüência cria um clima bem legal. Passamos pra "Boca, Buceta e a Bunda". Tuca sugere uma mudança na entrada. Testamos. Testamos de novo. Outra variação. E aí? Ficamos com a primeira, a original. "Bunda Boa" rola bem. Tuca ta fazendo umas firulas malucas no baixo. Ta meio doidão. Ta se divertindo. Não pega nada. Ensaiamos muito bem ontem.
Os caras estão gravando em vídeo esta papagaiada toda. Pedem pra gente repetir "Ninguém beija com as Lésbicas. Que seja. Mais papo. Cavalo sugere que passemos as duas canções da Ju e paremos, pois ta todo mundo cansado e chapado. Meia noite e quinze. Moção aprovada. Os caras da câmera se foram. Deixei o material a ser editado e enviado pro CQC semana que vem com o Thiago, com "h", e ele me prometeu entregar o trampo pronto na quarta cedo. Aí dá tempo de por no correio.
Segue chovendo. Despeço-me de todos ainda tocando. Ta rolando uma jam, mas to a fim de tomar uma cerveja em paz. Ju comadre fica. Ju cantora vai dormir lá em casa. Ligo pra Dex e ela rateia mas me libera pra tomar uma breja no Terra. É assim: vc casa e tem que pedir ordem pra beber. É asi, paulon!
O Terra segue no seu drama de fechar as portas á uma da manhã. Cadeiras em cima das mesas e fregueses pagando a conta. Isso não vale pra mim. Lola disponibiliza uma mesa. Desce cerveja. Só não tem cozinha. Tamos aqui, eu e Ju, batendo papo. Ela não quer beber por que ta tomando remédio. Meu remédio ta na mesa e chama-se Serra malte. Uma pinga de maracujá. Amendoim. Mais uma Serra. Castanha. Mais uma Serra. Paulinho ta com o pé operado e de moleta. Heinz tá aturando uma sósia da Fafy Siqueira chata pra caralho que entrou no meu vácuo.
Paulinha e Calé conversam no balcão, longe da chata. Sé ta tomando uma pelo bar fechado. E depois de me lamuriar um pouco com Ju, sorry cancerianos são assim, vamos embora.
Home. Pego a almofada grande do sofá da sala e levo pro quarto branco de cima que, peço a Deus, um dia será do bebê. Travesseiro e duas cobertas pra Ju. Ta um frio do caralho. Me troco no banheiro. Fio dental. Escova de dente.
Home. Pego a almofada grande do sofá da sala e levo pro quarto branco de cima que, peço a Deus, um dia será do bebê. Travesseiro e duas cobertas pra Ju. Ta um frio do caralho. Me troco no banheiro. Fio dental. Escova de dente.
Dex trancou a porta. Bato. Ela abre. Vai ao banheiro. Eu me deito. Pergunto se ela adivinha quem vai casar neste sábado. Ela rosna. Dex é meio violenta quando esta sonada. Fico puto e não digo que é o Daniel, filho do Heinz e da Lola, grande garoto. Então, ao amanhecer, preciso escrever, comprar o presente da festa de 40 anos de casado do Tio Wilson (á noite), passar na casa da Lola lá pela uma pra dar um abraço no Dani, ir pro churras da turma do Santa Gema, depois pra festa do Tio Wilson. E ás oito e meia da manhã do domingo estar no SBT, pro programa ao vivo. Fiquei cansado só de pensar. Fui.