Não sei que horas são, mas é domingo. Por mim, dormia o dia todo. Mas preciso escrever o blog, que já matei ontem e tá dois dias atrasado. E preciso estar ás quatro da tarde no HSBC Belas Artes pra ver o nosso documentário na telona. E preciso comer. Então, antes de qualquer coisa, tento um ataque á Dex que tá gripada e com dor de cabeça. Dor nas costas. Dor em tudo.
- Se vc fosse eu, Dex, tentaria me comer agora?
Ela rosna um não. E momentos depois eu já tô aqui no computer escrevendo. Uma hora depois, mais de onze da matina, ela levanta, andando trôpega como quem tá bêbada. Lá vai ela escada abaixo dar um jeito na zona da festa de ontem. São vários os ruídos que vêm do térreo: torneira da pia aberta, copos batendo, vassoura raspando, máquina de lavar louça em andamento e o celular dela despertando. Ela esquece de desligar e ele fica reclamando de hora em hora. É uma delícia. Caralho!
Mais de meio dia e meia e Dex sobe. Ela preparou uns sandubas com o delicioso pernil produzido pelo Rodragg. Antes disso eu vou pro banho. Pronto. Tô pronto, com camisa das Velhas e tudo. Ela já comeu o rango dela. Eu ataco o meu. Ela sobe pro banho. Meu cunhado liga perguntando que horas vamos sair pro cinema. Quinze pras três, diz a Dex. É mentira. Vamos sair ás três, mas ele é um atrasado de marca, então tá valendo o terror.
Duas e quinze. Dex saiu do chuveiro. Eu tô passando fio dental e logo após escovo os dentes. Bufa no ar. Peidei a noite toda numa seqüência tão filha da puta que quase não consegui dormir. Dex também mandou os dela. Que fedentina da porra!
Rodragg chegou. Coloco o pernil pra aquecer no micro e o pão no forninho elétrico. Vinte pras três. Rodragg tá comido. Dex pinta um dos olhos. Pergunto se podemos ir. Faltam dez pras três. Ela pergunta se pode pintar os dois olhos ou se tem que sair com um pintado e outro não. Ok.
- Pega minha jaqueta preta? - diz ela.
Tá na mão, amore. Vamos descendo. Todos no carro. Sou contra esta maldita lei anti-fumo que tá pra entrar em rigor no Estado de São Paulo. Sou contra qualquer lei que vá contra a liberdade das pessoas. Até porque, dentro do meu carro, nunca vou me ver livre de Dex, "A Chaminé Humana" e Rodragg, " O Homem cigarro". Tá frio lá fora e eu sou obrigado a andar com vidros abertos preles pitarem. Se fecho, eles reclamam. Fumaça eu suporto. Mas frio não! Caralho, buceta, pinto, porra, cu, vai se fuder!
Cidade tranqüila neste domingo sem Corinhians. Sim, o timão só joga quarta. Nossa já faz uns dois dias que a gente não ganha um título. Ah,ah,ah.
Pacaembu, Dr. Arnaldo, Consolação com Paulista. Chegamos. Um estacionamento? Aqui. Pronto . Dex e Rodragg "sartam". Os manobristas demoram. Caraio. Ca-ra-i-o!
Pronto. A caminho. Poucos metros e tô na bilheteria. Compro quatro ingressos. Além de mim, do Rodagg e da Dex, a prima Carlota tá vindo de Santo André prestigiar o documentário das VV. Ela é demente e acha que não vai achar este endereço na esquina da Paulista com a Consolação. Impossível. Mas Rodragg vai pra esquina espera-la, por via das dúvidas. Ingressos comprados, vou atrás e descubro que fecharam o acesso da Paulista na Consolação. Porra, assim Carlota se perde mesmo. Olha ela ali. Rodragg tá no carro com ela. Ops, te um estacionamento bem atrás. Para lá, prima, e vamos á pé!
Tamos indo. Tento dar a mão pra Dex, mas ela tá carregando a blusa, a bolsa, sei lá eu que caralho e me empurra. Dou a mão pro Rodragg e vamos num clima de casal gay. Eh, eh, eh!
Hall do cinema. Cavalo e Juju. A irmã de Juju com o namorado, Paula, madrinha do Pedroca e uma amiga. Alguns caras com camiseta das VV. A galera do Massaroca. Edu e a namorada. Tuca. É isso. Várias pessoas na área. Sala seis. Mário de Andrade. Já pode entrar, seu lanterninha? Não? Ok.
Hall do cinema. Cavalo e Juju. A irmã de Juju com o namorado, Paula, madrinha do Pedroca e uma amiga. Alguns caras com camiseta das VV. A galera do Massaroca. Edu e a namorada. Tuca. É isso. Várias pessoas na área. Sala seis. Mário de Andrade. Já pode entrar, seu lanterninha? Não? Ok.
Ah, já pode.
Tamos aboletados. A maioria dos amigos e conhecidos sentados juntos. Confesso que será uma emoção diferente ver o documentário numa tela grande, além de sacar a reação das pessoas que nunca viram a bagaça.
Tá rolando. Mostra a doideira da gente e lentamente vai entrando na nossa vida pessoal e quando vc menos espera tá falando de morte, amor, filhos. As pessoas riem muitas vezes. Silencio é possibilidade de choro. Grande trabalho do Angelo Ravazzi e da galera da Massa Real.
Acabou. E aí, vamos beber? Sim. Encontro histórico das Velhas Virgens e da Massa Real produtora, bebendo juntos sem estar trabalhando. Achamos um bar não muito caro na Rua do Sujinho e vamos a pé. Parece excursão: mais de vinte pessoas.
Acabou. E aí, vamos beber? Sim. Encontro histórico das Velhas Virgens e da Massa Real produtora, bebendo juntos sem estar trabalhando. Achamos um bar não muito caro na Rua do Sujinho e vamos a pé. Parece excursão: mais de vinte pessoas.
Todos sentados. Seu garçom, faça o favor: desce umas doze cervejas, caraio. Ele desce. Ficamos na parte de dentro bar, no restaurante, que foi onde pudemos juntar todas as mesas. Tem gente pra caraio. E vai breja. Uma porção aqui outra ali. Estamos felizes com o resultado de uma produção baratíssima que foi finalizada muito mais na raça que com tecnologia e, no entanto, ficou muito legal. Mais brejas. As garrafas já se avolumam num balcão próximo. Pergunto qual será nossa próxima produção conjunta e sugiro uma mini-série chamada "Os 12 Homens do Samba", de minha autoria. Explico por cima o que é e a galera, já semi envolvida pelo álcool, parece curtir. A ideía de uma série envolvendo os doze principais nomes da história da MPB, misturada á ficção é boa mesmo. Ficamos de falar no assunto.
Mais brejas. Bate oito da noite e são 38 as garrafas de Brahma sobre o balcão, fora umas long necks de breja preta. Conta pedida, conta dividida. Saideira pedida. Duas míseras garrafas pra quase trezentos paus de conta é pouco. Mas vale!
Os caras do Massaroca/ Massa Real vão ficar e beber mais. Alguns me tiram evocando minha fama de bebão sem controle.
- Depois de dois dias de shows e uma festa julina ontem, tô mortão meninos. Fui.
Cavalo e Ju ficam com eles. Eu, Dex, Carlota e Rodragg vamos dar cabo das sobras da festa de ontem. Rodragg veio com Carlota e aproveitaram e pegaram Bafo e Bio. Tô bebendo vinho á força. Breja não tá descendo. sanduíche de pernil. Hot Dog. Bafo tá a toda andando e falando pela casa. Sistema papagaio, ele vai repetido o que a gente fala. Lindo!
Ai, vou morrer. Tô com sono. Carlota se foi. Rodragg, Bio e Bafo tão indo.
Eu e Dex juntamos mais uma vez a tralha e colocamos na pia. Comida na geladeira. Um minuto de TV, juntinhos, meia noite e dez.
Quero ver futebol e ela quer ver as porras dos realities do People & Arts. Porco ganhou mas os bambis perderam. "Alô galera do Morumbi, a segundona tá chegando aí".
Dex nota que eu tô absolutamente no piloto automático de tão cansado. Começa a amassar minhas partes íntimas mas não vai adiantar nada. Tô sem forças pro sexo. Desta forma, segue o Feitiço de Áquila sexual que nos envolve: quando um quer o outro não tá a fim ou sem condições. E assim eu apago na cama e ela fica com a TV. Amanhã é outro dia e quem sabe a gente se encontra. Ela em torno de mim. Eu dentro dela.