Oito da manhã. Olha o trio elétrico em andamento: jornalzinho, cagadinha e banhinho. Punhetinha? Siiiim! Vou ter que atualizar orkuts, pois ontem não deu. Dex marcou com o cara que vai...que vai...sei lá que porra o cara vai fazer com o sofá que ela comprou. Lavar, talvez? Tirar manchas? Sei lá! Bem. O cara tá embaixo esperando a Dex que tá no banho. Dona Rosa tá fazendo o dela. E eu o meu.
Me entreto demais com a internet e quando vejo já passa das onze. Preciso ir pro SBT, caraio. Oi nós dentro do carro, eu e minha bolsa masculina. Toca o celular e é o Jotaerre perguntando pelo roteiro que fiquei escrevendo até tarde ontem.
- Porra, mandei pelo e-mail, Jr.
Ele não recebeu. Passo minha senha pelo fone e peço prele pegar no desktop que ainda está com o login da antiga coordenadora de redação, que se mandou com o Gugu pra Record. Boa menina, a Lu. Trabalhei com ela na última vez em que estive no Domingo Legal (99 a 03). Dentro em pouco ele me manda um torpedo dizendo que achou e imprimiu. Menos mal.
Caraio, no primeiro roteiro já dar uma pisada na bola é foda. Tenho experiência e prestígio com a galera, mas não posso fazer merda. Sempre que a gente muda de trampo, ainda que na mesma empresa, pinta uma certa insegurança. "Será que eu seguro esta barra?" "Será que tenho competência?". Já fiz este trampo, mas eu era mais jovem e a estrutura é outra. As pessoas são outras. A ocasião é outra. É um desafio. E isso me move!
To a caminho. Transito médio. Anhanguera livre.
Pronto. Cá estou no Sistema Brasileiro de TV.
Já tá chovendo trampo na minha mesa. Domingo Legal é, na verdade, uns quatro ou cinco programas juntos dentro de um.
Mão á obra. Um quadro de recosntrução de casas, fichas pro Celso, uma correção de locução a ser feita pela locutora (minha amiga Gislaine Martins).
Levo um papo com a galera da redação que ainda está, como toda a produção, na pilha do diretor anterior que gosta de trabalhar botando pressão. Digo que Tv é uma coisa muito legal e divertida de fazer. E que ao invés da pressão, a gente tem é que curtir, fazer com prazer. Eu já disse aqui: entusiasmo pode ser a mais poderosa força do universo. E temos que lembrar que trabalho é só uma parte da vida. Tem muitas outras coisas pra fazer e não vale á pena morrer por causa de trampo.
E o Magrão trabalha assim, num clima de felicidade. Conheço porque já trabalhei com ele. Ele é um demente gentil. Um gigante forjado na Moóca, mas com bons sentimentos. Palavrões mil, histórias de putaria da época que ele bebia. Tenho que admitir que o "Magrão way of Life" me influenciou muito no modo esculhambado que levo a vida. E nos milhões de palavrões que pronuncio. Ainda tenho a camiseta com a estampa da sua foto e a frase: "soldado do exército do Magrão" que a produção toda usou num de seus aniversários. Havia dois diretores no programa, na época, e queriam desestabilizar Roberto Manzoni. Fizemos nossa parte mostrando solidariedade.
Almoço. Eu, Dante, Nádia, Wagner Mafezzoli e Jorge. Bom papo. Piadas. É assim que se almoça, longe de pensar em trampo.
De volta e segue a chuva de atividade na mesa. Não consigo falar com o Miranda sobre o novo cd das VV. Tô tentando falar com o cara que me convidou pra fazer uma parada no Dublin. André. Tá viajando. Íamos tocar lá com o Walking Pussys. Agora tem que esperar ele voltar. Dex me liga que vai ao cinema com as amigas. E eu fico aqui trocando idéias com Dante. Antes falei pro Dirlan que terei probelmas pra estar no programa ao vivo no domingo e ele disse que tá tudo ok. Obrigado amigo!
Dante se foi. E eu vou pro bar. Preciso beber uma. No caminho vou lembrando que o Timão estará em campo já, já, contra o Sport. Porra, podia ir a um bar que tivesse "pay per view" para ver o jogo. O Terra Nova não tem. Aquele bar vermelho perto da casa do André eu acho que tem. Ligo pra elel e ele diz que não tem.
- Só tem o 39 - diz ele.
Ok. 39 eu tb tenho. André me chama para beber uma na casa dele, mas lembro que vi pouco a Dex esta semana. E mais: viajo pro show de Cascavel amanhã á noite e só volto domingo á tarde. Vou pra casa. Bebo lá. Grazie pelo convite, amigo.
Marginal cheia e lenta ás nove da noite. Quando eu voltava da Band neste horário pela 9 de Julho a coisa sempre estava muito melhor. Blz.
Vou pescando e amaldiçoando a cidade. Escapei. Eng° Caetano. Vou indo e cheguei.
Dex ainda não voltou. Vou largando minhas coisas. Jorge me deu dois livros que fizeram parte de um quadro institucional do DL, Memorial de Aires (Machado de Assis) e Capitães de Areia (Jorge Amado). Este último, já li. Não vou atacar o Machado tão cedo, pois to no Pornopopéia do Reinaldão.
Ligo a Tv e checo as informações do André dando conta que perdíamos por uma zero e que o gordinho fez dois de cabeça e virou o jogo. A bambizada segue perdendo do líder Atlético, cuja torcida ta em estado de graça com a perda da Libertadores pelo Cruzeiro.
Dex chega. Beijinho. Ta meio tristinha. Foi ver "Era do Gelo 3" e cochilou. Ta tomando uns remédios que a deixam meio sonolenta.
Abro uma SteenBrugge Blond. Jesus e Maria: que cerveja é esta? A melhor que já bebi na vida. Belga, claro. Uma cerveja de Abadia que já descrevi aqui. O que é isso? Líquido das veias do criador? Puta que pariu. Dex não quer experimentar. Vou comendo e prestando atenção nela e no que dizem de futebol lá em cima. Um no gato, outro no peixe. Terminei.
Eu e Dex subimos pra ver um pouco de TV juntos. Ela não curte futebol, claro. Os Bambis tomam mais um. Uhu! Segunda divisão! Caraio, nós fazemos três a um. Mas na seqüência os caras fazem dois e ta tudo igual em três. Porra. Dex pede que eu pregue o ferro que sustenta a cortina na parede. Tento fazer o serviço usando uma chave de fenda. Tiro a estrutura da parede e tento desapertar um parafuso. A chave escapa e invade o tecido da minha mão. Ai! Caralho. Sangue. Dex me ajuda. Papel higiênico pra estancar o sangue. Band Aid. Deixa este serviço pro zelador, amanhã. Dá uma gorjeta pra ele que ele faz melhor que este desajeitado que atende pelo nome de seu marido.
Moradei fez o quarto e tamos ganhando. Preciso passar fio dental, mas o pequeno ferimento volta a sangrar quando firmo a mão pra fazer minha assepsia bucal. Ok.
Jogos terminados. Bambizada em crise. A gente sobe um pouco na tabela. Dex me bolina, mas ta menstruada. Isso não chega a ser problema, sabe. O problema é o cansaço que se apodera de mim a estas horas. Quase meia-noite. Uns chamegos e cama. Uma lidinha no Reinaldão e apago solenemente.