Acordo várias vezes, mas a acordada mais veemente é dez e meia. Gosto de cano de guarda-chuva na boca. Chuveiro. Jornal pra quê? Saio e to me trocando no quarto. Vejo Dex descer a escada sem olhar na minha cara. Ok. Ela sai emburrada. Terei trabalho. Vou pro SBT.
Tô ouvindo um som checletento que não sei como entrou no meu I-Pod chamado Stop and Stare, de uma banda chamada One Republic. Ao chegar no SBT vou descobrir o que quer dizer Stare. O Michaellis não vai me dizer nada. O tradutor Google dirá que o verbo é "arregalar" e o substantivo é "olhar fixo". A tradução da letra da música será mais direta: "Pare e olhe". E a fotinho dos caras me sugerirá dois ingleses com aquela cara blasé de enfado de gay. Mas isso só quando chegar ao SBT. Agora não sei de nada. Por enquanto, to apenas ouvindo esta melodia pegajosa. E isso, gostem ou não, é uma virtude num som popular. Não tenho idéia de quem sejam, mas o som é um popzinho hipnótico.
Ligo pra Dex e ela me esculhamba. Peço desculpas pela grossura, mas explico que foi por que ela bateu o telefone na minha cara e não quis me atender depois. Marginal concretada. Depois vou descobrir que uma porra de uma carreta carregada de fósforos pegou fogo sob a ponte da Freguesia do Ó e fudeu a vida da megalópole. Minha Nossa Senhora! O que será de mim, ainda bebão, preso neste sol e neste congestionamento?
Ligo pra Dex de novo e tento explicar que o meu problema é boemia, mas não chifração. Fiquei bebendo e batendo papo. Perdi a hora. Mas nada que pudesse ser chamado de sacanagem.
Bem. SBT. Deus me ajude. Entro na produção fervilhante do Domingo Letal, eu disse realmente "LETAL", com o fone mandando OneRepublic (é junto, mesmo), óculos escuros, pés flutuando. Que dia maledetto será este.
Bem. SBT. Deus me ajude. Entro na produção fervilhante do Domingo Letal, eu disse realmente "LETAL", com o fone mandando OneRepublic (é junto, mesmo), óculos escuros, pés flutuando. Que dia maledetto será este.
- Boa tarde
As pessoas me olham e notam meu estado terminal ao cumprimentá-los na redação. Já tem roteiro de obra pra fazer. Tem alterações no roteiro da entrega da casa da dona Ordália. E tem que transformar este mesmo roteiro em fichas pro Celso. E tem que ver imagens dos depoimentos do encontro e bolar as cenas que serão gravadas para reconstituir partes da história. Socorro.
Olha só, OneRepublic não é inglesa. Os caras são americanos do estado do Colorado. Hum. E daí? Vão dar o cu na Inglaterra que vcs vão curtir, meninos. Ô lugar pra ter viado é em Londres.
"Ai Paulão, vc é preconceituoso. Vc vai pra cadeia!".
"Ai Paulão, vc é preconceituoso. Vc vai pra cadeia!".
Vai tomar no cu vc também. Preconceito é minha rola. Os caras fazem aquela carinha de mamãe quero dar e querem ser chamados de quê? New Romantics? Vanguardistas? Onde está a vanguarda em dar o cu? O cu é dado desde que o mundo é mundo. Não há nada de revolucionário em ser viado. É até bem antigo e previsível. E foda-se, que to de ressaca! E tem mais, viadagem nada tem a ver com dar o cu. Dar o cu é a coisa menos visível de ser viado, saca. É a cara, o jeito, o nhé-nhé-nhém. Tem muita gente que faz viadagem sem ser viado. E tem muito viado , mas muito mesmo, com dignidade. Pau no cu da viadagem. Vida longa aos viados de boa vontade! Caraio. Surtei.
Vamos mexendo no roteiro. To com fome. Dou um jeito de escrever o blog, atualizar as coisas e ainda fazer o trampo. Corrigi as coisas que o WW pediu. Transformei a porra toda em fichas. Almoço.
Yakissoba em dose cavalar. Nem converso com meus companheiros de redação durante o rango. Volto pra redação pra publicar o blog. Mais alterações no roteiro. Vou assistir a porra dos depoimentos para o encontro. Durmo várias vezes.
O quê? Os estagiários da equipe do WW estão perdidos e solitários neste dia que antecede a entrega da casa? Vou lá ajudar a cortar e montar as fichas nos porta-fichas. São dois os estagiários que, como é do conhecimento de todos em TV, não têm alma. Aliás, tem um cara que acabou de voltar pra produção do DL, Felipe, cujo codinome é "Homem sem alma" justamente relembrando seus tempos de estagiário. Parece nome de bandido em faroeste: "A Volta do Homem sem alma".
Então, os estagiários sem alma são estes dois: um carinha que eu esqueci o nome e uma mocinha muito bonitinha chamada Paula. Eles estão meio em choque. Explico pra eles que nem o diretor sabe direito o que vai acontecer. WW é um demente de marca. Mas a coisa vai sair. Digo pra Paula que ela ta fazendo estágio no meio do inferno. Se sobreviver, nada mais a derrubará. Volto pra porra do VT, babando de sono, pra ver os depoimentos.
Vou cagar. Quando estou me preparando para tocar uma bronha para tentar melhorar o dia, toca o telefone e é a Gislaine do CQC, dizendo que agora é um telefonema feliz, pois sou um dos 32 finalistas do CQC.
- Uhu!
Isso é que é melhorar o dia. Tenho que estar na Band segunda ao meio dia. Posso levar até quatro acompanhantes que ficarão na platéia. Eles vão gravar dois programas e imagino que seremos inseridos de passagem nas gravações. Ela me diz que dos 32 ficarão 16 ao final da gravação. Ok. Vamonóis.
Mesmo muito feliz com a notícia que pode, finalmente, me levar pra frente das câmeras, termino o serviço onanista que havia planejado. Ligo pra Dex que fica, claro, feliz com a novidade e aceita (ah se não aceitasse) ser minha acompanhante. Cool.
Termino a pataquada toda. Tento mandar um recado no Twiter pras pessoas saberem que to entre os 32, mas ele ta lento. Depois descubrirei que houve um ataque de Hackers no site que fudeu tudo. A última vez que o Twiter meio que saiu do ar foi na morte de Michael Jackson. Antes de saber a razão da morosidade imaginei que mais alguém famoso pudesse ter morrido. Mas foi só terrorismo virtual. E a gente é tão cuzão que já fica desesperado.
- O que vou fazer sem Twiter? E sem Internet? E sem celular?
Sabe o que vc pode fazer? Vai dar o cu lá no Colorado, terra do OneRepublic.
To indo. A caminho do carro. WW me liga com alterações pro roteiro que eu mandei ontem á noite pra ele. Não posso voltar. Peço que ele mande no meu e-mail que em casa eu conserto. A questão é que não vou pra casa agora. Ta rolando a exibição do nosso documentário na Cinemateca Brasileira. Não chegarei para a exibição, mas pro bate papo posterior espero chegar. Se a buceta do transito deixar.
Olha a operação de guerra. Resolvo ir por dentro, pela Lapa, depois peça Francisco Matarazzo pra pegar o Minhocão, cair na 23 de maio e na seqüência Sena Madureira e cheguei. Nada disso. Nas proximidades do porcódromo lembro que os fuçadores estão jogando com o Grêmio e o transito deve e está uma cagada na área. Saio no sentido da Vila Romana, faço gambiarras e caio na Avenida Pompéia. Dr. Arnaldo. Se conseguir atravessar a Paulista já estarei perto. Mas ao visualizar a porra do cemitério da Dr. Arnaldo ta tudo emparedado. Desço e pego a Henrique Schauman. Ângelo, diretor da película, me liga perguntando se ninguém da banda vai aparecer.
- To a caminho, preso no transito, caraio!
A Avenida Brasil ta uma bosta só. Tamos indo. Leeento! Ângelo liga de novo. O filme vai até umas nove e dez. Acho que vai dar. WW me liga perguntando se já cheguei em casa. Dá-me forças, senhor.
Cá estou. A moçada ta saindo. As pessoas me cumprimentam. Cavalo chega com Ju e Tuca. Tb se fuderam no transito. Simon e Lu estão aqui. A sala, bem legal, estava lotada, me diz Ângelo. O pessoalzinho da O2 tá na área. Bortolotto e Brum tb. Que legal. A galera da produção do filme recoloca o povo nas cadeiras e começa um bate papo entre eles e eu, Cavalo e Ângelo, sobre o filme e tal.
Surgem cervejas. Não gosto de escrever depois de beber (e vou ter que consertar o roteiro em casa), bebo pra relaxar, me divertir. Mas to precisando desta breja. Terminou. Agora vou pra casa consertar o roteiro pro WW (odeio que me mandem trabalho em casa, caralho), jantar, arrumar minhas malas de viagem e levar na Gabaju. Dou carona pro Marquinho e pro demente do médico Paolo. Eles ficam no Mac perto da minha casa. Cheguei. Dex ta carinhosa com um iceberg. Conserto o roteiro. Mando pro WW. Checo se recebeu. Monto minha mala. Janto. Bora sair e deixar a mala na produtora.
Edu ta lá e vai abrir a porta pra mim. Toco a campainha e nada dele. Ta tudo escuro. Ele ta vindo de metrô. Deve ter se atrasado. Passam-se trinta minutos e ele não chega. Caraio, to morto. Preciso dormir. Toco, só por via das dúvidas, a campainha de novo. Agora ele atende. Puta que pariu, ele tava lá dentro o tempo todo. Foda.
Back home. Banho pra tirar a inhaca. Papinho com Dex que fuma no sofá. A partir de amanhã, sob a vigência do AI-5 do Serra, ninguém mais poderá fumar em ambiente fechado no estado. Por falar nisso, boa noite Serra. E vai tomar no cu! Lá no Colorado!