domingo, 13 de setembro de 2009

Sou uma espécie de Highlander, sinto todos os corações pulsando. Porra, que choppinho bão, sô!

Heim. Cama na estrada? Terremoto? Que? Quem? Ah. Busão. Café da manhã. Heim? Todo mundo já se alimentou? Bem, cato umas coisas aqui e ali e mando um café com leite pra dentro. Back to bus. Apago de novo. Caraio, que porre.

Coisa de uma da tarde e estamos entrando em Nova Lima, grande BH, cidade grudadinha na capital de Minas Gerais. É aqui que fica o Hard Rock Café, nosso palco mineiro desta noite. Porra, aí é aquela água de um monte de instrumentos, roupas e souvenires de gente famosa pelas paredes. Calça do Nikki Six do Mötley Crue, gaitas do Mick Jagger, taco de beisebol do Bruce Springsteen, bota do Bono Vox, guitarras de um monte de gente, violões e etc, tudo em exposição, até roupa da Madonna. Atrás da batera, no palco, tem um carro antigo pendurado (Chevrolet Impala, 1960). A placa diz que foi o batera do Jota Quest, Paulinho Fonseca, quem restaurou.

Resolvemos aproveitar a tarde e passar o som, ensaiando músicas do novo cd, para implementar nos shows. Mas antes disso, a "graxa" tem que montar o som. Então, resta-nos explorar os arredores deste shopping que tem como destaque uma torre altíssima parecida com aquela do Homens de Preto 1. Sabe aquela torre onde o "gafanhotão" tenta levar a mocinha e que vira uma nave espacial? É isso. A nave ta lá em cima, parece um disco voador pousado a 110 metros de altura. E olha que o próprio shopping fica no alto de um morro. Aqui da varanda do Hard Rock já rola uma puta vista de BH. Mas lá em cima deve ser mais do caralho ainda. Nosso contratante, Francisco, diz que para subir tem que pagar. Será?

Bem. Começo minhas investigações entrando numa porta meio mocosada no pé da torre. Olha a escada aí. Começo a subir e depois de quatro lances as luzes se acabam. Não dá pra subir esta porra á pé! Dou a volta e, olha o elevador ali, seu animal!

Uma família sobe comigo. Só tem dois andares. Aperto o segundo e...e...E o primeiro andar é o mais longo do mundo...Olha só...ainda estamos subindo. Opa, chegou. Uma pontezinha sobre um laguinho cheio de carpinhas e uma tartaruguinha. É um restaurantezinho de comidinha japonesinha. Puta visualzinho. Carainho. Dou um rolezinho e concluo que preciso de um choppinho com aquele visualzinhi á disposição. Vai tomar no cu, Paulão!

Desço de novo. O maldito primeiro andar é o maios longo do mundo, indeed.

- Banas, me dá dez paus preu tomar um chopp vendo a cidade!

Papai me emprestou dez contos e to no elevador de novo. Sim, sim, o primeiro andar ainda ta rolando. Oh, yeah!

O chopp custa 3,90. Compro dois. Sento e fico olhando o mundo. Gente, eu conheço aquela mocinha de cabelo curto e cara de oriental. Fernanda Takai, do Pato Fu, com mãe, filhos e tudo. Depois o guitarrista chega tb, o John. Tão comendo, claro, peixe cru e estas porras que os japas gostam de empurrar pra gente sem assar.

Tomei o primeiro. Tomei o segundo. Tuca e Cavalo estiveram aqui, disseram que iam pegar grana com Banas e voltar, mas nada. Acabou a grana. Vou embora. Porra, queria beber mais um. Será que peço uma grana pra Fernanda Takai que nunca me viu mais gordo? Ela ta bebendo um treco verde, um suco certamente. Ela deve ser algo como vegetariana. Bem, uma vegetariana não deveria comer peixe. Ou deveria? Ok.

O chopp ta circulando no meu ser e eu to conectado a todos os seres vivos de BH, que ta lá embaixo. Sou uma espécie de Highlander, sinto todos os corações pulsando. Porra, que choppinho bão, sô!

Ligo pro Tuca e pergunto se ele não vai voltar. Ele diz que ta rolando o almoço. Bem, hora de descer pra rangar!

Down. Pratos feitos com macarrão, arroz e salada. Feijão, molho á bolonhesa á vontade. Uns filés de frango meio michos. E refrigerantes, sucos ou água. Nada de breja incluída na refeição que o Hard Rock está nos oferecendo. Hum. Daqui a pouco, after lunch, subo no reaturante japa e mando mais um ou doze chopps.

Terminei meu rango e to convencendo Banas a tomar umzinho lá em cima. Não foi muito difícil. Tamo subindo, eu, ele e o Simon. O palco já ta quase pronto pra gente tocar. Mas ainda dá pra subir e tomar uns e outros.

Vão descendo vários. E ta uma delícia este chopp Brahma geladinho. Na mesa do Pato Fu só tem suco. Hum! As crianças dão comida ás carpas. E Banas foi ao banheiro. E eu tb quero cagar. Abro a porta do reservado do banheiro masculino e dou com nosso empresário sentado no trono e absolutamente abismado com o visual da janela que é a parede toda vidro. Caraio!

Saio do banheiro de homens e entro no de deficientes que tem uma parede de vidro ainda maior que a do outro mictório, com a cidade lá embaixo. Que vontade não parar mais de cagar.

De volta á mesa. Mais chopps. Tamo procurando o Mineirão no horizonte. Olha lá! Não! Ali? Não! O garçom auxilia, o pessoal da mesa do Pato Fu tb quer ver. Explico que para ver tem que beber chopp.

Caran aciona Banas pelo rádio e tamo descendo de novo. Ensaio. Vamos passar algumas canções pra tentar executar mais tarde. Passo primeiro A Última Partida de Bilhar. Tuca se perde na ponte. A gente começa de novo e agora vai. Adoro este refrão: "ahahahaaaaaaaahhh...a ultima partida de bilhar". Beleza.

Passamos para FDP. Beleza tb. Vou ter que fazer cola das duas letras. Juju e Roy passam seu dueto, "Strip'n'Blues". Du caraio. E deu. Vamos enfiar as três novas e mais o Gênio hoje á noite. Bora pro hotel. O show vai ser cedo, tipo umas nove da noite.

Vamos de van e o busão fica. Hotel Mercure na Rua Guajajara. Os quartos tem uma suíte e um quarto com duas camas. Vamos ficar em três nos quarto. Rico, da luz, e Caran, do som estão comigo. É um apartamento amplo, um flat mesmo, com cozinha, sala e dois banheiros.

Vou pro quarto e ta rolando Inter e Cruzeiro na tv. Vou cochilando e ouvindo o jogo. Seis e pouco e o Cruzeiro ganhou de 3 a 2 em pleno beira Rio. A porcada tb perdeu do mesmo placar pro Vitória, em Salvador. Os Bambis devem estar soltando rojões. Com isso eles estão um ponto atrás do líder verde. E o Timão tb vai se aproximar na quarta, quando a rodada deste fim de semana se completará com Coritiba e Timão. O jogo é fora, mas se a gente ganhar a distancia pro líder passa pra 5 pontos. E nós vamos chegar! Vamos ganhar a tríplice coroa, mano! Uhu!

Seis e meia da tarde to fazendo colas das letras. Sete e tamos eu, Caran e Rico na porta do hotel, esperando o povo. Desce todo mundo menos Juju. O atraso motiva uma longa sessão de aplausos irônicos prela, quando entra no veículo. Tamos a caminho.

Vinte minutos e o Hard Rock Café ta lá fora. Nós tamos dentro do camarim. Tem quatro bandas tocando antes da gente, todas de metal, pelo que saquei. O palco tem meio metro de altura e deve ser aquela rotina de nego subindo e pulando.

Camarim divertido e grande. Chuveiro, banheiro, espelhos, araras, luzes. Cool. Cíntia do Plêiades, banda de metal Junior que o Francisco empresaria, ta meio que produzindo a comida e a bebida. Os outros meninos do Plêiades tb tão na área. Bebe, bebe, fala merda. O liquidificador, exigência de camarim, não funciona. O cara da cozinha do Hard Rock traz um liquidificador industrial gigante. Rico ta mandando espanholas pra gente. Pessoal de um site vem nos entrevistar. O Tripa da Galo Metal me dá uma camiseta da torcida. Todo mundo sabe que sou Corinthians, mas não custa entrar com a camisa do cara. Banas me avisa que os Cruzeirenses não vão gostar.

- Me dá uma do Cruzeiro que eu uso tb!

O show vai começar. Tamos zuando Roy que vai estrear cantando no dueto com a Juju hoje. Ele parece meio nervoso, mas sei que vai desempenhar!

To alongando. O set ta assim:

1. Cubanajarra
2. Rafaela: eu amo a sua mãe!
3. Muito bem comida
4. FDP (nova)
5. Tudo que a gente faz
6. A mulher do diabo
7. Strip'n'Blues (Nova, Juju + Roy)
8. Se Deus não quisesse
9. Homem Lindo
10. Siririca baby
11. Última partida de bilhar (nova)
12. Blues do velcro
13. Abre essas pernas
14. Gênio da Garrafa (nova)
15. Uns Drinks
Bis
16. Raul: Abre-te Sésamo
17. Raul: Aluga-se
18. Raul: Rock das Aranha
19. A minhoca que acendia o rabo/Beijos de corpo

Cavalo diz que se alteramos mais uma duas canções já temos um set novo. Cool. Bora. FDP é cantada em cima da cola, mas vai bem. Vejo incógnito o dueto de Ju e Roy da cabine de som, sobre o palco, á direita do povo. Ta legal. Juju puxa e a galera canta o refrão junto. Cool tb.
Na hora da Última Partida de Bilhar noto que a cola que fiz foi surrupida dos retornos por algum fã. Ok. Faço sem cola. Vai sair na raça. E sai. E a galera curte e vem junto, apesar de ser uma baladona. E o Gênio segue sendo o carro chefe contagiando logo de cara.

Bises e tudo mais. Acabou. Não sei se por causa da bebedeira com meu sobrinho ontem ou se pelo fato de que não sou mais menino, estou mortaço. Cansado mesmo.

Ajeito os trapos molhados na mala e vou ter com a galera. Povo mineiro caliente. Moças com namorados e maridos dizendo que me amam.

- Cuidado com o que falam meninas, senão os caras me mandam ver um show do Raul Seixas!

A galera da Galo Metal ta feliz que eu usei a camiseta, mas o pessoal do Cruzeiro ta puto. Prometo usar uma camisa da Máfia no próximo show. Não sou Galo e nem Raposa, sou Timão. Esta richa é local e não tenho nada com ela.

Ok. Atendi todo mundo. Vou até o busão rezando por uma poltrola tranqüila pra depositar minha carcaça velha e ressacada. No caminho encontro dois gordos, loiros e branquelos, com toda pinta de turistas. Eles falam inglês comigo. Me dizem que curtiram o show e que sou um "great entertainer". Uau! Os caras são canadenses e curtiram o som, mesmo não entendendo o que eu falava. Digo que meu sobrinho tá estudando no Canadá. E eles vão embora deitando elogios. E agradeço. Mesmo!

Porra, o motora não tá no busão. Sento no meio fio e fico ali desolado. O local é alto e venta. Frio, apesar do calor da noite que, em seu início, estava pelos 23 graus. Opa, Marquinho Motora na área. To no busão. Os outros vão chegando. Cavalo tb tá cansado.

- Tamo ficando velho, Paulão.
- Justamente quando estamos ficando famosos e ricos.

A esta frase se segue uma gargalhada geral. Rico e famoso de cu é rola!

Hotel. Banho. Área. Mais uma noite dormindo na estrada. Minha vida é andar por este país, pra ver se um dia, descanso feliz, né Gonzagão?