terça-feira, 28 de abril de 2009

Religiosos de merda, evangélicos farsantes, políticos hipócritas.

- Puta que pariu: esqueci de pendurar a roupa que coloquei pra bater ontem. 


Dex me beijou, partiu e foi isso que eu disse pra ela ao invés de bom dia. Simbora pra baixo pendurar a roupa.

Bem, roupa pendurada, coloquei mais umas peças escuras pra bater e fui ler o jornal, cagar e etc e tal. Saí do chuveiro pouco mais de 8h, estendi a roupa que tava batendo e introduzi mais a maldita toalha cor-de-laranja que só pode ser lavada sozinha. Minha missão, arrumado, banhado e joiado a uma hora destas da madrugada é pegar o carro da Dex na oficina. Sempre sobra pra mim, caralho! O carro havia ficado pronto no fim da tarde de segunda, mas Dex tava enrolada no trampo e ainda por cima sem talão de cheques. Some-se a isso o fato do mecânico não aceitar cartão de crédito. Aí eu resolvi o caso: emprestei meu carro pra "elazinha" ir trabalhar sossegada e no horário, fui buscar o dela de táxi (que ela pagou) e deixei dois cheques de trezentos e cinquenta reais na oficina, um pra hoje e outro pra trinta dias. Isso é que é marido, porra. Se eu pudesse, casava comigo.

Hoje seria aniversário do meu pai. Seria não, é aniversário do meu pai que tá vivo em mim. Ele morreu em uma quarta feira de cinzas, dia 8 de fevereiro de 1989, num acidente de carro em Alagoas. E estaria fazendo 85 anos. Oitenta e cinco anos! É pena. Sinto muita falta dele. De ouvir suas histórias que mesmo sem graça faziam a gente gargalhar. De sua ranzinzice. De seu pulso forte pra unir e defender a família.

Da oficina vim pra cá pro Cemitério do Horto, pertinho de casa, onde ele está enterrado ao lado da minha mãe e do pai da Lena, minha cunhada. Antes passei no Roberto da floricultura, onde compro flores desde que minha mãe morreu em 87. Sim, cheguei a vir com meu pai comprar flores aqui antes de sua morte, pra por no túmulo de dona Nita.

Geralmente peço maços de flores amarelas e brancas. O Roberto e a esposa sabem que eu gosto que cortem os caules e deixem só os botões, justamente preu fazer o que to fazendo agora: escrever a palavra "AMOR" sobre o gramado. Este cemitério não tem tumbas e isso melhora muita aquele visual tétrico dos cemitérios. O sol tá forte na minha cabeça, tô com uma camiseta preta do AC/DC e isso só faz aumentar o calor. Pronto. Agora é hora de rezar um pouco. Rezo pra todos os três: meu pai, minha mãe e seu Nicola. Pros meus pais rezo um Pai Nosso e uma Ave Maria a mais. E pro meu pai, por ser aniversário dele, rezo mais um pouco. Saudades pai. Espero que o senhor e a mãe estejam bem onde estiverem. Amo vocês. Cuida deles, Jesus. Do seu Nicola tb. Fui.

Descobri que da varandinha do meu quarto dá pra ver a ponta do cemitério, lá em cima. É no alto da colina, em plena Serra da Cantareira. Gosto de morar aqui perto. Quando eu morrer quero ser enterrado perto dos meus pais.

Precisei vir em casa pegar minha agenda, crachás, guarda-chuva, blusa e ainda pendurar a maledeta da toalha cor-de-laranja que já está devidamente lavada.

Tô na pista. Separei um cd de baladas do Eric Clapton e o primeiro cd do Lingua de Trapo. Vocês sabem, a vantagem de estar com o carro da Dex é poder ouvir meus cds. Porra, este cd do Língua é do caralho. Só vi tanta variedade de ritmos e criatividade assim no cd do Mamonas Assassinas. Mas as letras do Lingua são muito melhores. Mamonas é Tiririca. Língua de Trapo é Jô Soares. Sacou a diferença? Tem reggae espiritual, tem xote de operario, tem música italo-gastronomica, tem discoteque de índio, tango de corno, sertanejo de comunista e até um Black Sabbath tupiniquim. Laert Sarrumor, um dos principais integrantes do Língua, participou de um show histórico nosso cantando este metal sombrio chamado " Vampiro S/A". Foi no lançamento do "Cabeça no Lugar", em frente ao Museu do Ipiranga, em 2003: 

"levanto da tumba já putrefado, mais tenebroso do que o Nosferatu, eu me chamo vampiro empresário e sugo o sangue de qualquer otário, sou um verme sujo, vil e perdulário". 

Que puta som. Que puta disco, cheio de citações históricas, com referencias á repressão da ditadura militar, ao desbunde subsequente, olha, é um puta disco. E foi isso que eu vim ouvindo até aqui no SBT. Quem sabe o que quer dizer perdulário? Não precisa entrar no Google e nem olhar no dicionário. Perdulário é gastador, esbanjador. Sabem quem me ensinou isso? O próprio Laert.

Bem, o fato de eu estar atrasado não causa mais estranheza. Nem a mim, nem a ninguém no SBT e nem mesmo a vcs, eu suponho. Levei quase uma hora pra atravessar a Anhaguera. Os caras tão asfaltando perto do placar eletrônico e afunilaram três pistas numa só. Alô AutoBAn, vai tomar no cu. Alô prefeito de Osasco que eu nem sei quem é, vai tomar no cu tb. Vcs tão me fodendo pelo menos três vezes por semana faz mais de seis meses.

E tem mais. Eu já tinha levado outros quarenta minutos para passar pela marginal. Isso é vida? Alô prefeito de São Paulo, alô governador, ministro, presidente da ONU: vão todos tomar no olho dos seus cus. Por quê? Vcs são igual mulher de malandro: a gente pode não saber a razão de bater, mas vcs sabem porque estão apanhando.

Tô na minha mesa, respondendo minhas coisas. Daqui a pouco é almoço. É já. Voltei.

Hoje, além de ser aniversário do seu Benjamin, é aniversário do meu inimigo favorito, Marcelo Alvarez, marido da Carlota, prima querida por parte da Dex, esposa daquele porco maldito. Liguei pra ele. A bebedeira foi sábado e hoje parece que ele tem algum compromisso. Pena. Será que ele tá com medo da gripe suína?

Olha, tá a maior palhaçada aqui na redação por conta desta história. A cada dez segundos alguém informa, como se fosse em primeira mão, que o Colo-Colo vai jogar de máscara amanhã contra a porcada. Aí algum fariseu pergunta:

- Mas por quê?
- Por causa da gripe suííííííína
– respondem todos, caindo na risada.

Marcão, o palmeirense da vez, tá puto e manda todo mundo tomar no cu. Dali a pouco outra pessoa anuncia que o jogo entre Colo-Colo e o povo verde será cancelado amanhã. Repete-se o jogral mal ensaiado.

- Mas por quê?
- Por causa da gripe suííííííína
– respondem todos.

E todo mundo rindo. Eh, eh, eh. Eu amo trabalhar neste pool de redação. É o lugar mais legal onde já trampei. Todo mundo é redator, então as pessoas se entendem, saca? Todo mundo pensa meio parecido. Todo mundo está acostumado a se expressar, a ter idéias, enfim, aqui tem gente diferenciada, inteligente, criativa. Mas tb bêbada, maconheira, demente, esdruxula, exótica, exagerada. Melhor que aqui, só na Roosevelt, onde além das pessoas serem tudo isso, eu não sou o pior dos malucos, dos bebuns. Lá eu sou só mais um. E isso me faz sentir em casa. Preciso cagar!

Voltei e André, o atleticano que "mamou" cinco gols do Cruzeiro no domingo, teve a "cachorra" de ir ao ambulatório pegar "aquelas" máscaras pra distribuir.

- Mas por quê?

Bem, vcs sabem a resposta e as gargalhadas ecoam pela sala. Já, já tô na Band. E tô pensando em ir ao Terra Nova mais tarde apenas pra devolver a caixa e os doze cascos de Serra Malte que o Heinz e a Lola levaram á minha casa terça passada, por conta da festa do meu sogro. Tô com sede. Aliás, hoje é dia da sogra. Minha sogra pode ter qualquer defeito, mas ela tem uma virtude culinária que supera qualquer problema. Vai cozinhar assim lá em casa, dona sogra. Fui pra Band. Cheguei.

As pessoas estão comentando a discussão que eu tive com o bambi máster ontem. Dei uma breve resumida no ocorrido e arquivei o caso. To na internet.

Recebi um e-mail que disserta sobre curiosidades do peido. Tem dezoito itens, mas vou citar as três.

As três verdades do peido
1 – O peido é formado por parte do ar que engolimos, que é quase só nitrogênio e dióxido de carbono (pois o organismo absorve o oxigênio) e gases resultantes das reações químicas entre ácido estomacal, fluidos intestinais e flora bacteriana.
Ou seja, dióxido de carbono, hidrogênio e metano. Isso é um peido.
2 – Um peido nunca desaparece do cu. Se vc não o solta por qualquer motivo externo, ele volta ao intestino para ser liberado em outro momento. Um peido não se perde. Ele sempre volta.
3 – Em média, uma pessoa produz cerca de um litro de peido por dia, distribuído em cerca de 14 peidos diários.

Adorei. Tamos aqui, falando merda. Filosofando com o Boy, Master sangue B da tarde. Aquele que é crente e a cada vez que eu imito um zumbi ele grita "apartai-vos".

Banas me liga dizendo que tem um jornal querendo fazer uma matéria sobre o palco toca Raul, amanhã ás quatro da tarde e se eu posso ir dar entrevista. Posso. Me dá o endereço que eu me viro. Sairei mais cedo do SBT, aí faço a entrevista, foto, sei lá, venho pro Sex Prive e depois vou pra faculdade Oswaldo Cruz fazer meio que uma palestra sobre redação em TV. E na sequencia, acho um buteco perto da facul e vejo Atlético Paranaense e Timão, pela Copa dor Brasil. Ta bão ou não?

Hum. Não tenho nada pra fazer. Hum, to com sede. Hum! Será que vou tomar uma no buteco? To no rodízio com o carro da Dex. Teria que ser aqui perto. O que é que eu vou fazer? O bar sempre me chama. Me atrai. Hoje eu já acordei com sede. Eu não tenho salvação. Eu sou um bebum juramentado. Um bebum inveterado. Um bebum sem solução. Vou tentar agüentar e ir beber perto de casa. Me entreti com a internet e deu meu horário. I'm gone!

Cheguei, troquei de carro, coloquei os 12 cascos na caixa de cerveja e avisei a Dex que vou devolver o kit no Terra Nova. Aí aproveito e tomo umas e outras e como algo. Ao passar pela cozinha notei que a frigideira onde Dex assou os hamburguers ontem tá cheia de formigas. Ah, é? Liguei o fogo e fritei todas elas. Odeio invasores. Uma vez, quando eu morava sozinho no apê da Água Fria, descobri um rato. Filho da puta. Tava roubando minha comida. Coloquei veneno, mas o bicho não morria. Aí comprei aquelas armadilhas cheias de cola. Sai pra tomar uma e quando voltei o maldito tava lá, colado. Queimei o bicho. Não se trata de crueldade, mas de rechaçar uma invasão em minha pátria, meu território. Exceto ladrão, em minha casa só entra quem eu convido. Não convidei o rato. E o filho da puta roeu todos os meus livros. Morra queimado, primo do Mickey.

Voltando á vaca fria, joquei água na frigideira cheia de formigas fritas. Beijei a Dex e me mandei pro bar. E tô aqui, no melhor lugar do mundo: o balcão. Tomando uma Serra Malte, bebericando uma "canelinha", saboreando um sanduiche de picanha e jogando conversa fora com a Lola, o Heinz e o Rogério, outro assíduo frequentador do buteco. O bar tá bem vazio. Terça feira nunca foi dia de muito movimento, mas piorou bastante depois da lei seca, da ameaça de proibição de fumo, do Psiu fechando bares por causa de barulho. O Psiu deu uma multa de vinte e seis mil reais pro Terra Nova. É de foder! Parece que multaram tb o Marquinho do Mercearia São Pedro. 

"Eles" estão tentando fechar a gente em casa e tirar as coisas que a gente gosta, como um drink, uma tragada, um bar. E vcs sabem quem são "eles": religiosos de merda, evangélicos farsantes, políticos hipócritas, esta corja toda. Daqui a pouco vai ter toque de recolher. Já tem pra menores de dezoito anos em Ilha Solteira. Deste jeito a ilha vai ficar solteira mesmo!

Desce mais uma, a saideira... Foram cinco... Paguei a conta, as cervejas que ele levou pra minha casa semana passada e ainda ganhei uma dose de minha pinga favorita: a de maracujá. Caraio. Tive um piriri e corri pro banheiro. Caganeira da braba. Voltei pra terminar minha pinga. E fui pra casa, feliz. Eu amo buteco, porra.

Já tô no meu sofá, de pijama. Opa, que horas são? Cinco e meia da matina. Desmaiei no sofá, caraio. Deixa eu ir pra cama, senão Dex vai achar que eu cheguei agora. Amanhã tem mais. Amanhã tem!