sábado, 4 de abril de 2009

"Tô curtindo ouvir esta merda e nem por isso tô dando o cu..."

Amanheceu um dia de quase paz. Se não tivesse as festas das crianças, beberia sossegado, em casa mesmo, o dia todo e faria um churrasco só pra mim e pra Dex. Levantei, tomei banho sem bronha pois to a fim de dar "uma" com a esposa. Ela ta se depilando. Uau! Te quiero, amore!

Ela ta atrasada pra manicure. Caraio, como é difícil comer a própria esposa. Vai, vai! Liguei o som da Tv a cabo e tem uma rádio só tocando Kiss, por conta do show em sampa terça e pelo Brasil. Tem umas canções do Kiss que são bem chatas. Claro que tem outras ótimas.

Tenho que ir lá embaixo estender umas toalhas que estão batendo na máquina. Daqui a pouco a moça que passa roupa vem fazer o serviço dela. Claudia? Tânia? Tânia, caralho! Aproveitei a solidão gerada pela manicure da Dex e costurei uma cueca samba-canção que eu adoro usar no shows, uma que tem a cara do Frajola, Patolino, Pernalonga, a galera toda. Quem me deu foi o Magrão, diretor do Silvio Santos, na época em que ele dirigia o Domingo legal que eu escrevia. E o mesmo Magrão que eu cito em "Toda Puta mora Longe":


"...e não esqueça do conselho do Magrão, quem dá ajuda é pai, quem faz caridade é monge, não se meta a leva-la pra casa...toda puta mora longe".


Tava descosturada e eu arrumei. É! Eu lavo roupa e costuro, sim. Quando minha mãe morreu eu tinha 20 anos e as cuecas, meias, roupas em geral não pararam de rasgar. Não sou exatamente um grande costureiro, mas passo uma linha nos buracos e deixo as coisas velhas ainda usáveis. Eu adoro roupa velha.

Bom, daqui a pouco preciso comer algo e começar a bebelança. Tem um monte de brejas importadas e de micro cervejaria que eu comprei pela Internet num site onde me associei chamado Cervejas.net. Os caras são de Porto Alegre e conseguem umas marcas especiais mesmo. Vamos beber agora, depois mais bebedeira na festa. Ah, tem um drama em andamento: quando mudei pra essa casa no fim de 2008, fizemos uma festona de reveillon e chamamos a família toda. O problema é que a família da Dex, incluindo ela, é formada de palmeirenses de merda. E os caras zuaram minha decoração de bexigas com símbolo do Timão. Fiquei bem puto. Mas beleza.

Hoje, no aniversário do Lorenzo, que nem tem nada com isso (mas será palmeirense tb) a decoração é com bexigas do Porco. E então: me vingo da família ou não? Vou pensar. O menino ta fazendo um aninho e não merece isso. E eu não mereço esta vara, esta matilha, este cardume de porcos ao meu lado. Pau no cu do porco! Vou descer e colocar uns vinis na vitrola pra lembrar do monte de amigos dos quais sinto saudade e não vejo faz tempo. "Meus bons amigos, onde estão...noticias de todos quero saber...". É isso, né Frejat?

Ou não! Posso ficar aqui baixando sons pro meu i-pod, coisa que não faço faz tempo. Quer saber, vou abrir uma breja e depois decido.

A passadeira de roupa não veio. Eu fiquei baixando músicas e deixei os vinís pra outro dia. Exatamente como tenho feito com minha vida corrida. Vou deixando as coisas pra outro dia. Caraio, meu amigo Marcão, que fez FAAP comigo. Saudade, porra. E O Bortolotto e o Brum? Estes eu vi não faz muito tempo, mas to com saudades tb. Não sei se foi a melancolia deste sábado, ou se estou enviadando mesmo. Baixei vários sons, de Creedence a Tim Maia, de Manowar a Gary Glitter, mas tropecei numas baladas do Bon Jovi. E curti. Porra, acho que não tenho mais salvação. Baixei até uma popzinha do cd solo do Jon, "Jane, Don’t you take". Maldita música chicletenta que não sai mais do meu pensamento. E foda-se. Tô curtindo ouvir esta merda e nem por isso tô dando o cu, chupando rola ou beijando macho na boca.

O resto é detalhe. Dex voltou da manicure, Tomamos uma Estrella Damm, uma breja de Barcelona, e lembramos um pouco da viagem. Tava lá em cima baixando os sons no Dream Mule e lá vem ela se rebolando na escada. Eta nega ajeitada. Sô loco por essa nega! Ainda bebemos mais umas Leffes e uma Red Ale da Bamberg muito boa tb. Nos vestimos e fomos pra festa. Antes passamos na casa da sogra pra pegar o aniversariante que ali foi deixado pelos pais sob o pretexto de organizar a festa. Hum!

O Lorenzo, que eu chamo de Bafo, é um moleque sossegado. Você coloca ele na cadeirinha dentro do carro e ele fica falando umas coisas na língua dele. A Dex diz que hoje é dia de parabéns e ele começa a bater palma. Porra, quero muito ser pai.

Tava todo mundo da família da Dex lá. E pra mim eles são da minha família. Adoro esta galera toda. Fui tomando uma, duas, um monte de latinhas e comendo os badulaques tipo pastel, pizzinha, hamburguinho e etc. Gê, tio da Dex, tava fazendo o som e tocando umas porras de músicas de festa de criança. Xuxa é o caraio! Fiquei sacaneando ele com meu I-pod na orelha, dizendo que o som da festa tava ótimo. Bons papos, muita cerveja e sai de lá meio mareado.

Eram nove e meia da noite e fomos pra outra festa, a da Lorena e do Rodrigo, filhos do Rick e da Mara, todos meus bons amigos tb. Rolava um rodizio de pizzas. Original de garrafa. Hum! E um Red Label dando sopa e pedindo preu mistura-lo com refrigerante e entornar uns goles. Eu não sei se já disse, mas não gosto de whisky. Bebo, mas não gosto!

Dex não gostou da turbinada. Eu já tava meio gago mesmo, então resolvi como quando estou cansado antes dos shows: é só virar uma talagada que a coisa clareia. Bons papos com os irmãos do casal. Albertão é irmão do Rick e tá tomando só Liber, por que já ingeriu (imagino) todas as substancias possiveis nesta existencia e, segundo o médico, chega de doideira. Will, irmão da Ma, ao contrário, ta na onda mais festeira da vida. O cara é designer de jóias e vive nas baladas mais badaladas de sampa. Saiu antes do fim da festa das crianças pra outro evento. Eu o havia indicado prum teste como apresentador do "Esquadrão da Moda" do SBT. O Will tem um ar meio Morrissey, um puta humor. Grandes sujeitos, os dois. A família toda do Rick é muito querida: temos mais de 30 anos de amizade.

Gole vai, gole vem, fomos embora com Dex dirigindo. A-do-rei! Isso me lembra aquela música do Eric Clapton, "Wonderfull tonight" onde, em determinado momento, ele diz que entregou as chaves do carro pra esposa por estar bebum. Boa Eric. Chitãozinho e Xororó fizeram uma versão em português e, ainda que eu não seja xenofóbico contra sertanejos, ficou uma merda. Prefiro "60 dias apaixonado". Ainda arrisquei cozinhar uma gororoba ao chegar em casa. Peguei tudo que estava sobrando e velho na geladeira e o resultado foi que caguei fino quase a noite toda.