domingo, 5 de abril de 2009

"...ia tomar várias durante a feitura da tatuagem.'

Amanheci ainda evacuando em spray. Não fosse por isso, e uma vez que a ressaca estava bem fraquinha, eu ficaria dormindo até mais tarde. Arrisquei uma investida sexual sobre minha esposa que ainda cochilava. Ela colocou os pezinhos sobre mim preu massagear. Eu amo estes pés. Porra, teve uma fase na minha adolescência em que eu tinha certeza que nunca ia ter uma mulher assim, só pra mim. Eu me achava um cretino e me sentia um merda. Olha só, eu com a moça que eu amo, na horizontal num domingo de manhã, desfrutando do seu corpo. Ah, Deus existe.

Isso é que faz um dia começar bem. Tomei meu banho e comecei a me preparar psicologicamente pra tatoo de mais tarde. Dex fez um capucchino e tomamos café como não acontecia faz tempo. Correrias do dia a dia, compromissos, preguiça, sono atrasado. Tudo colabora pra distancia, né? Bem, aproveitei pra dar uma forrada no estômago, pois tinha certeza que ia tomar várias durante a feitura da tatuagem.

Dex ficou vendo TV e eu lendo a biografia do Tim Maia, cada vez mais gordo, encrenqueiro e genial. Por volta de uma e meia da tarde tocou o telefone me intimando a ir por estúdio e começar a riscar o duplo VV on fire. Rumei pro Skink Tattoo, na Conselheiro Saraiva, 315, Santana.

Lá encontrei meu amigo, vocalista e grande gaitista Baby Labarda que tb ia ser tatuado para a gravação do programa. A dele seria na panturrilha direita. Luana, minha amiga do Paddys Pub, me recebeu com abraços e uma Skol. I love it. O Skink é um estúdio familiar, onde o tatuador-pai é o Toni, o tatuador-ilho é o Arthur (irmão da Luana ) e tem tb o Léo que não é da família, outro tatuador. A Luana cuida do bodypiercing. Quer conhecer?

O estúdio, não a Luana, caraio! www.skink.com.br. Hum, estou gostando deste lugar. Comidinhas, bebidinhas e tatuagem. Isso dá um rock, porra! A coisa então tava assim: de um lado Baby Labarda gemendo com sua carpa nas mãos do Tony e do outro eu rangendo os dentes com o antebraço direito pegando fogo nas mãos do Arthur, com cara de moleque mas um traço vigoroso. A galera da gravação, assim com alguns presentes, todos muito e gentis e divertidos, especialmente um torcedor do Inter de Porto Alegre que deixava de lado seu chimarrão pra servir cervejas pra mim e pro Baby, não nos deixando padecer no deserto.

Porra, quando começa aquele motorzinho que lembra cadeira de dentista é que a gente recorda as dores da última tatoo. Não é nada impossível de suportar, mas na hora da pintura o bicho pega. Foi coisa de uma hora e meia duas horas de trampo e risadas e lá estava o duplo V pegando fogo no meu braço. Nest meio tempo contei algumas das minhas histórias com proctologistas, dedadas, colonoscopias e coisas relacionadas ao orifício anal.

Curti o resultado. Belo trabalho do Arthur, que ainda teve a gentileza de riscar um discreto crucifixo no meu indicador direito, em nome das mil vezes que me benzo durante o dia. Cool. Cool de mais. Baby queria tomar mais algumas depois da finalização, mas a tatoo dele era bem maior e ainda precisava pintar. E eu já tava meio breaco prum domingo familiar. Outro dia a gente bebe, Baby.

Voltei pra casa meio mamado a tempo de ver o final dos jogos do paulistão e a definição das semi-finais. O filho da puta do Kleber Pereira salvou o Santos no último minuto e, como é de lei, mandou a Lusinha pro espaço. Porcão e Santos numa semi, Timão e Bambizada na outra, sendo que os fuçadores e as frangas têm vantagem de dois resultados iguais. Após isso, detonei o macarrão com molho branco que Dex preparou pro almoço e desmaiei abraçado no Tim Maia. O livro, caralho!

Acordei perto das dez da noite e fiquei batendo papo com minha esposa sobre a viagem que ela tá planejando pra maio com o pai dela, grande seu Ricardo, pro Egito, Grécia e Turquia. Que inveja. Ela queria muito que eu fosse, mas to com milhares de coisas em andamento, entre shows e trampos e não dá mesmo. Ela vai e eu fico, chorando e bebendo, como convém a um corinthiano, canceriano retardado. Ela disse que eu vou passar 15 dias na Roosevelt. Digamos uns 10, Dex. Eh,eh,eh!

Papo encerrado, ela manifestou suas opiniões sobre minha tatoo (é claro que não gostou) e fomos dormir. Taí um fim de semana bem divertido, apesar de que seria tudo ainda melhor se tivéssemos tocado em alguma parte deste país. Dex tá peidando fedido pra caralho. Desta vez não pude responder á altura, pois to com medo de cagar o pijama. Ela ficou lendo o quase-rascunho do meu livro sobre nossa viagem de lua de mel pra Europa em 2008, "Na terra das mulheres em bunda".

Com meu antebraço envolvido naquele plástico de cozinha e feliz pela tatoo, embarquei.