A tatoo amanhece toda molhada e melequenta, como deve ser. Apaguei forte pela manhã e nem vi a Dex ir embora pro trampo. Dei aquela lavada básica no chuveiro e passei um Bepantol na tatuagem. Tá linda, caralho. Vim pro SBT numa paz do caralho, ouvindo as canções novas que baixei pro I-Pod. A mais legal foi T.Rex, Metal Guru. Mas claro que teve uns melacueca do Bon Jovi. E uma versão piratona do Roger Waters com o Eric Clapton de Wish you were here. Que sonzaço!
Cheguei á emissora e fui responder as doiderias internéticas e falar com as pessoas que tão lendo esta coisa toda on line. Que legal. Tô me divertindo escrevendo esta merda. Dei uma olhada no Blog do Marião e ele postou meu endereço. Du caraio.
O Saco de Ratos, banda dele, do Pagotto, do Rick Vecchione, do Watanabe e do Brum toca hoje na Roosevelt, no Satyros 2. O Brum não toca porque vai fazer uma cirurgia. Não vou dar detalhes. Mas a coisa é do pescoço pra cima e não foi conseguida fazendo amor. Brum, caraio! Larga o boxe e fica com a guitarra, porra.
De manhã tive uma reunião com meu diretor do Astros e a gente meio que acertou os ponteiros em relação ao roteiro da nova fase. Mandei uma sugestão e to esperando ele se pronunciar. Minhas férias ficaram, aparentemente, pra maio. Então é isso. Vou cagar!
Vim pra Band curtindo alguns sons novos do I-Pod. Eu deveria ter me preparado, pois começou com Creedence, Born On the Bayou. Aí passei pra frente de outras coisas que não não tava a fim de ouvir no momento, como Amy Winehouse e Trio Los Panchos (dois sons que eu adoro, mas não queria ouvir naquela hora , caralho). De repente ficou um silêncio estranho e cheguei a pensar que tinha dado crepe em alguma coisa. Mas lá no fundinho começou a entrar um piano, a batera cool. "Us and Them", Pink Floyd. Puta que pariu, caralho, vai se fuder, vai pra puta que pariu, vai tomar no olho do cu. Que puuuuuta som, porra!
O piano vai entrando, vem o vocal, o coro, o solo de sax. Vai se fuder. A gente pode ouvir de tudo, gostar de tudo. Ser eclético, atlético, cruzeiro, timão. A GENTE PODE SER QUALQUER COISA, MAS PINK FLOYD É UMA COISA DE OUTRO MUNDO. E depois ainda entrou Hey You, pra acabar de fuder.
Cheguei á Band em estado de graça. Não achei uma porra dum lugar pra parar o carro. Vai se fuder! Chuva. Guarda-chuva. To aqui no canal, ainda sob os efeitos do Gilmour, do Waters, do Mason e do Wright. Enquanto a Monica Mattos é comida pelo Frota na TV, com mais duas loiras se chupando na mesma cama, eu to pensando numa coisa que o Ricardinho, porco da casa do caraio e embaixador das VV na Mooca, escreveu. Ele disse que pelo que ele tem lido no Blog, eu bebo e cago pra caraio. Beber não é novidade. Mas cagar...Bem, isso tem um histórico proctológico pra se levar em conta.
Proctologia: estudo das afecções do reto e do ânus. Ou seja, estudo dos problemas do cu.
Meu pai tinha um histórico de diarréia em função de alimentação inadequada. E ele nem bebia. Dizem que bebida em excesso solta o intestino. O que ele dizia pra mim é que ele tinha uma coisa chamada colite, ou seja, inflamação no cólon, no cu, porra! E dependendo do que ele ingeria tinha diarréias e tal. Porque eu to contando isso? Porque eu comecei a ter caganeira antes e durante os shows e (pára de rir, corno) isso tava complicando o trampo. Eu tava tendo tb umas pontadas e isso tava me deixando preocupado. Caralho, o cu é meu, porra! Ninguém cuida melhor do nosso cu que a gente mesmo. Daí, de tanto me encherem o saco, fui num, proctologista, um doutor em cu. Entrei no consultório e vi o cara com os braços um sobre o outro de forma suspeita e uma cara de viado que me deu arrepios. Além de levar dedada no rabo, ia ser de um viado. Puta que pariu.
O cara manda vc baixar a calça e se deitar de lado.Levanta uma banda da sua bunda e, usando luvas, vai enfiando o dedo no seu rabicó. Primeiro vc pensa que não é tão problemático, que é só um exame mas dali a pouco ...
- Aiiiiiiiiiiii, pooooooooorraaaaaaaaa !
O cara enfia o dedo sem dó. Puta merda. Que situação! Ao final disso tudo ele disse que tava tudo bem e que o cu tem músculos, como qualquer parte do corpo. Se começasse a sentir espasmas ou pontadas, o segredo era contrair e descontrair o cu, de modo a relaxá-lo. Em resumo: piscar o cu!
- É ou não é de foder? - pensei.
Passou-se mais algum tempo e a caganeira não parava. Lá fui eu procurar outro médico, mas desta vez fui esperto: procurei uma japonesa baixinha. Se é pra tomar dedada, que seja de mulher e com a mão pequena, porra! Contei minha estratégia para a Dra. Japa e ela ria do jeito que só as japas riem (ih,ih,ih). No final, ainda rindo, me disse o seguinte:
- Eu não vou te dar dedada hoje. Mas vou mandar vc fazer uma colonoscopia – um exame como a endoscopia, mas ao invés de olhar o estômago, a câmera é introduzida no cu.
Puta que pariu, lá fui eu, dias depois, em jejum absoluto, após tomar laxante a noite toda pra cagar até o que não comi, fazer o exame. Uma enfermeira velha e podre tirou minha calça e cueca, me colocou aquele aventalzinho de cirurgia que só tem a parte da frente e me mandou esperar o médico. Lá vem ele, com a porra da mangueira com a câmera na ponta. Primeiro me deu aquela injeção que deixa a gente doidão e sem lembrar nada depois. Aí enfiou o treco no meu cu e foi mostrando como meu cu era por dentro. Se era preu apagar, a dose foi pequena. Se era preu não lembrar, idem. Lembro de tudo. No fim ele me disse pra ficar sossegado que eu não tinha problema algum no cu.
Ok. A partir daquele dia, nunca mais tive as diarréias loucas. Ou seja,a coisa era psicológica.
Você pensa que meu drama anal terminou? Hum! Eis que no fim de 2008, numa viagem de busão pra tocar em Curitiba, tive uma diarréia noturna real e poderosa, com cólicas de gritar de dor. Tava bebão no busão e fiquei mal. Detonei o banheiro do veículo, sem dó nem piedade. No dia seguinte, ao limpar a bunda, notei um caroço no rabo. A hemorróida tinha saltado. E não era pouco. A coisa era feia. Parecia um tapa olho no meu cú. Não doía, mas era bem desagradável. Fiz o show meio incomodado, voltei pra Sampa e fui a outro proctologista, agora pouco importava o sexo e o tamanho do dedo.
A coisa estava feia. O médico me mandou deitar de quatro numa mesa e abaixar a cabeça. Fiz isso mas ele não se contentou e esfregou minha cara na mesa, me deixando arreganhado. Pensei que ele ia me enrabar. Pu-ta-que-pa-ri-u! Mesmo que esta vez o problema fosse a hemorróida, ele aproveitou a minha posição desfavorável e o fato de eu já estar com 43 anos e fez o exame de próstata.
- Ta sentindo uma vontade de urinar, né? Aqui é a sua próstata. Ta pequena e saudável. Parabéns.
- Ok, doutor...Que ó-ti-mo!
Respondi absoluta e completamente desconfortável naquela posição. Ele me receitou um creme pra passar na hemorróida e mandou fazer banho de assento em água quente de manhã e de noite, todo dia. Fiz a coisa toda com tanta seriedade que depois de uns 20 dias a hemorróida sumiu. Parecia tudo novinho em folha. Hoje to curado e não sinto mais nada. A não ser saudades do médico, mas isso é outro assunto... (Eh,eh,eh...Brincadeira, galera. Mas, se a piada é boa, como diz meu irmão mais velho, mesmo que me ridicularize, pode contar. Eu perco o amigo, mas não perco a piada. Mesmo que o amigo seja eu).
E já to de saco cheio. Fui pra casa! A semana vai ser foda, com ensaios e shows então, não custa segurar a bronca nesta segunda. Será? Sempre aparece um copo na minha frente. Vejamos.
Na saída da Band, numa parte bem escura do pátio, cruzei com um cara, mas estava difícil saber quem era. Segui meus passos e o cara falou: "Velhas Virgens"? Voltei cumprimentando o cara sem conseguir enxerga-lo por inteiro na escuridão. Mais perto, ví que era um cara conhecido, mas quem? Ele se aproximou e disse o nome:
- Marco Luque.
Claro, o cara do CQC. Ele disse que tinha sido amigo da Claudia, nossa primeira vocalista que hoje mora em Santa Catarina e milita na Igreja Bola De Neve. Disse que conhecia a banda. Convidei-o pra ir a um show e ele lembrou meu nome. Eu agradeci. Não sei bem porque agradeci. Acho que agradeci por ele ser um cara conhecido e ter lembrado da gente. Ok. Não tenho assitido o CQC, então, não sou obrigado a lembrar do cara. Aliás, como disse Silvio Santos outro dia, numa gravação, "eu trabalho em tv, não sou obrigado a ver tv". Faço minhas as palavras da lenda. Vamos pra casa, sem drink e copo até então.
Copo não apareceu mesmo. Segui ouvindo os sons novos que baixei. Caraio, entrou de novo o Bom Jovi e foi então que me dei conta por que esta porra desta baba chamada "Jane, don’t you take (your love to town)" me emociona tanto. É que algumas frases da canção me lembram momentos da minha vida em que eu tentei mudar a cabeça de alguém que ia me deixar. É aquele momento em que vc sabe que a coisa toda desandou e mesmo assim quer manter o relacionamento. E o que vem depois é a sensação de abandono e fracasso. Foi assim quando terminou meu primeiro casamento. Vcs podem me achar um demente por sentir isso ouvindo Bon Jovi. Mas a vida é estranha mesmo.
Pra me salvar, imediatamente após o Bon Jovi, veio Girlschool & Motorhead, num cover dos anos 50 com tempero pesadão chamado "Please, don’t touch". Caraio! O refrão é "don’t you touch me baby ‘cause a shake so much". Algo como não me toque pois eu chacoalho muito. Eu sempre entendi o Lemmy dizer "’cause a drink so much", que me parece bem mais legal. Não me toque que eu bebo demais. Uau!
Mas o pior ainda estava por vir. Entrou um som de piano conhecido, mas que eu não escutava faz tempo. Porra. O Bando do Velho Jack com a mais linda das baladas já feita em língua portuguesa. Eu já tive este cd do Bando, meus amigos de Campo Grande, "Como ser feliz ganhando pouco". Mas uma vez dei uma entrevista numa rádio em Salvador onde os caras juravam que tocavam bandas independentes e deixei todos os cds dos amigos por lá, incluindo Pelebroi, Bulticos, Viuva, Bêbados Habilidosos e um monte de outros. Eu não ia ficar guardando os cds em casa enquanto eles poderiam ser tocados numa rádio e, quem sabe, resultar num show dos meninos em Salvador.
Nada aconteceu e perdi vários cds queridos. Entre eles o do Bando. A balada a que me refiro é "Longe de Você", do meu amigo guitarrista Corvo, descrevendo uma separação conturbada de uma paixão de sua vida. Eu vou colocar a letra aí embaixo, mas procurem a canção, pois a melodia é maravilhosa. Eu amo esta música. Vocais sensíveis do Rodrigo, levada, coro, solo. Linda, puta que pariu! Abrax, Marquinho!
Longe de você
Hoje eu acordei pensando em mim
Nesses anos que passaram... Será que é o fim?
Hoje à noite eu não vou te abraçar e nem
Cuidar do seu sono, baby, até você sonhar...
Hoje à noite eu não vou ver você sorrir
Mas, de alguma forma, seu sorriso está em mim.
Outra noite eu fiz você chorar.
Quebrei nosso sonhos, baby, só pra te magoar.
Você diz que o nosso tempo já passou.
E eu te pergunto se você se acostumou
Com a silada que a vida nos aprontou, babe.
Yeah, eu não sei viver longe de você, eu não sei viver longe de
você...
Eu não sei viver longe de você...
Queria ser um anjo, babe, pra poder te proteger.
Eu não sei viver longe de você, eu não sei viver longe de
você...
Eu não sei viver longe de você, eu não sei viver longe de
você...
Fui ouvindo e as lágrimas foram descendo, meio sem sentido como uma mulher menstruada faz. Sou canceriano, lembram? Música sempre me comove. Não que me lembrasse especificamente alguma situação. Não que a coisa fosse auto biográfica. Só por acha-la linda demais, mesmo. Ou por estar prevendo algo. Hum!
Entrei em casa com lágrimas nos olhos. Ainda bem, que a Dex não viu, senão eu ia ter que explicar o inexplicável. Eu só tava emocionado com uma canção que não ouvia fazia muito tempo. Jantei, tomei banho pra limpar a tatoo e dei um corre na TV. Achei Elvis Costello entrevistando Elton John que disse, entre outras coisas, que os Beatles foram os primeiros a compor, gravar e fazer sucesso com as próprias musicas, o que, naquele momento, acabou com os compositores profissionais que faziam música sob encomenda. Cool. Sou fã do Elton John.
Aí coloquei o último filme do Woody Allen, "Vicky Cristina Barcelona", que se passa na maravilhosa cidade catalã á beira do Mediterraneo que eu e Dex conhecemos na lua de mel, em 2008.
É uma confusão de chifração, encontros e desencontros envolvendo mulheres lindas, entre elas Penelope Cruz e Scarlet Johanson, que por sinal, trocam carícias na película. O filme é todo amarrado com locuções, o que o deixa didático e meio pentelho. Uma obra menor do Allen. Durante a exibição do filme, Dex , que tava na internet, me pediu os endereços dos meus orkuts e eu senti cheiro de confusão no ar. Pouco depois ela começava a olhar algumas fotos que considerou sacanagem da minha parte e uma briga se iniciou. Ciúmes. Tentei conversar, mas não rolou.
Pedi a ela que antes de deitar colocasse aquele filme plástico sobre minha tatuagem, mas ela não quis papo. Tentei saber exatamente que foto a havia incomodado, mas recebi silencio de novo. Ela deitou e fui pro computador. Olhei todas as fotos e achei algumas bem estranhas, especialmente uma em que mudaram o símbolo do timão pelo do São Paulo no meu peito. Porra, quem é que tinha colocado aquela foto ali? Eu é que não fui. E se não fui eu, é sinal que outras pessoas estão tendo acesso ao meu álbum e postando fotos sem minha aprovação. É de foder.
A verdade é que fui dormir com dor de estômago, que é meu sintoma mais sério depois ou durante uma crise importante. Discutir com a mulher que amo é sempre um terror. O silencio e a distancia permaneceram até o dia seguinte. E a dor de estômago tb.