Passei a noite em guerra com a Dex. Ele diz (e eu creio) que eu ronquei como um urso. Em casa, como vcs devem ter percebido, ela sempre vai dormir antes de mim. Mas ao voltarmos da festa eu tava chapado e ainda por cima tinha dormido quase nada, sem falar em quase quatro horas dirigindo direto. Então, deitei e apaguei. Ela tb tava alcolatrada. Mas quando a "anestesia de vodka" passou ela acordou ao lado de um animal urrador. Disse ela que começou a briga comigo no sonho, de tão alto que eu tava roncando. Bem, sou obrigado a citar minha adorada Rita Lee: "São coisas da vida...E a gente não se vai ou se fica...". Aparentemente, Dex ficou. Não muito feliz, mas ficou.
Quando acordei de verdade, lá pelas nove de la matina, Dex foi pro banheiro e deixou um aroma de merda que só seria superado pela minha cagada matinal. Gente, aquele quarto ficou parecendo um bueiro. Que coisa fétida. Ela saiu pra tomar café eu eu fiquei vendo o final do Gran Prêmio do Bahrein vencido pelo Jenson Button, da equipe Brawn, a mesma do Barrichelo. E aí, ainda meio breaco, comecei a filosofar com meus botões. Peraê, que papo é este de "meus botões". Tô pelado. Só se for com o botão do cu. Então é um só. Ok.
Vamos, então, filosofar com meu botão. Este Barrichelo é mesmo um merda. O cara é o recordista de corridas na fórmula 1. Já esteve na Ferrari e nunca foi campeão. Ok, foi na época do Shcumacher. Mas mesmo assim, a Ferrari era o melhor carro. Beleza. Depois de mil anos correndo, já em decadência, ele teve a sorte de ser chamado pra esta equipe justamente num ano em que, até o momento, ta tudo virado do avesso em termos de hierarquia, já que algumas regras mudaram e Ferrari e Maclaren, para citar dois exemplos, tão comendo miudinho na mão das menores, notadamente a Brawn. Mesmo assim, quem ta liderando o campeonato com três vitórias em quatro provas é o companheiro dele, Jenson Button. Sabe quantas vezes uma coisa dessa acontece na vida de um esportista? Nunca! Entrou em decadência sem ter feito nada, geralmente vai pro buraco. O cara ta tendo uma oportunidade raríssima e mesmo assim, se enrola, tem problemas, em resumo, é um cagão.
E vejam bem, ele foi escolhido pra este equipe em detrimento do Bruno Senna por questões de experiência, de saber acertar carro. Ô Barrichelo, porque vc não vem acerta minha pica?
Seu Felipe Massa tb ta bravinho, pois este seria o ano do seu campeonato. Mas, pelo menos até agora, a coisa tb ta fedendo pra "ela". "Ela" sim! A Felipa Massa é bambi. Disse que adorou ver o Timão na segundona. Então, bambi de merda, enfia o aerofólio e o deflator no cu. O companheiro de equipe "dela", com os mesmos problemas, ontem marcou pontos. Já nosso querido Nelson Piquet Jr, que pintou tão bem nas categorias menores, não ta conseguindo andar na F-1. O dono da equipe tem tirado sarro dele. Ele não tem os culhões do pai. E se continuar assim, não emplaca mais duas corridas.
Na vida, minha gente, ou vc tem estrela ou vc tem que remar. Eu não sei o que é ter estrela, falando de música. Nada nunca caiu do céu pra mim e nem pras Velhas Virgens. Mas como eu sou um otimista, leia-se iludido, creio que nossa hora ainda vai chegar. Os Ramones, com tudo o que fizeram, com toda a quantidade de gente que influenciaram, chegaram ao fim da carreira sempre dizendo isso, que um dia eles iam estourar? Caralho, será que eles não viam que já estavam estourados e estariam por muitos anos e anos? Caralho, será que eu não vejo a dimensão das Velhas Virgens? É. Não sei. Tb não sei o que é sorte, estrela, nada disso. Eu sei remar. Eu sei ralar. Não tive pai rico, não sou filho de político, não tenho buceta (sim, uma buceta bem comercilizada abre postas, gente). Por isso sei o quanto foi duro cada centímetro deste caminho. Eu estive lá, ralando em todos eles. Eu não sei o que é ter estrela. Eu sei remar!
Onde é a sala de café da manhã? Sem saber, fui até a portaria e a mocinha dos "Croc Croc" veio gentilmente até mim pra indicar. Olha só, ela ta de sandalinha. Ah, e os pés...Eu havia acertado...Unhas brancas, dedos bem feitos, o dedão maior que os outros, mas não muito maior. O segundo dedo quase do tamanho dedão. Beleza. Stop looking, senão Dex lê isso e me mata.
To no café da manhã e to sentindo que a coisa hoje vai ser uma onda meio futebol, meio Fórmula 1. Nem sei bem porque, mas fazia tanto tempo que eu não via uma corrida que aquilo ficou na minha cabeça. Café com leite pra mim, café puro e suco "sei lá de quê" pra Dex. Pão com manteiga pra ela e misto frio pra mim. Pão de queijo pra ambos. De volta ao quarto e a certeza de que não encararíamos praia ali hoje. No caminho encontramos Helena esbaforida após correr uma São Silvestre matutina pela estrada. Deus, inclua-me fora desta vida saudável! Voltei á portaria pra pagar o que restava da diária e os sanduíches. Helena tb tava lá, acertando. Despedidas e fui pegar as coisas, Dex e zarpar.
Estrada novamente. Cerca de onze e quinze da manhã. Estamos perto da balsa, mas Helena falou pra Dex que tem um centrino na ilha, com lojinhas e etc. E fomos averiguar. Graças a Deus, não encontramos e fomos pra fila da balsa. Dentro do carro, Dex faz uma graça duvidando que eu ponha meu "talento" pra fora. Hum. Bastou duvidar. Quer me tirar, mana? Aqui é da ZN.
- Guarda isso, Paulão.
Aqui tem um bando de louco, filha. Eu e "ele". O pinto é o alimento mais completo que existe: tem carne, leite, ovos e se consumir direitinho enche a barriga por nove meses. Eh,eh,eh!
Foram só dois reais de taxa pra voltar pro continente. Diz a moça que é uma taxa ambiental. Papo vem, papo, vai, Dex ta tirando sarro da minha cara por eu ter feito amizade com o Marquinho da Mooca. Olha o humor ferino da Dex em ação:
- Ô Marquinho – me imitando – vamos fazer castelos na praia? Vc é meu amiiiigo!
Vaca. Demos risada juntos. Este é um dos segredos de ficar casado. Se não há remédio, ria junto, nem que seja de vc mesmo.
Na balsa. Saímos pra olhar as redondezas aquáticas.
Na estrada. Ao invés de voltarmos pra Caraguá pra subir aquela serra maldita, fomos pro outro lado, em direção a Maresias, Boiçucança, Bertioga, para subir a serra pela Mogi-Bertioga. Esta região do litoral norte parece muito com Floripa e é maravilhosa. Acampei muito aqui com Rick, Franck e Clarice, lá por 1983, 1984. A pista sinuosa e estreita corre com o mar á nossa esquerda e Dex, fanática pela natureza, vai dando suspiros pelo sol, pelo mar, por esta porra toda. Eu to dirigindo e não posso apreciar. É bonito mesmo, mas, como já disse, gosto de atormentá-la e finjo que não ligo. Outro segredo de ficar casado: atormente com classe! Nesta caminho passaremos por algumas praias deliciosas, como Toque-Toque Grande, Toque-Toque Pequeno. Nesta última há uma cachoeira do outro lado da estrada que dá nome á praia. Esta fechada, após um desabamento. Mas cheguei pegar, junto com meus manos da época, bons momentos pré-desabamento. Saudades. Passou Paúba, onde já estive por uns dias na casa do William e do Warteco Tucci, junto com o Tom.
Santiago é uma praia só com casas e sítios de pescadores. Era nestes sítios que a gente acampava. E foi aqui que nasceram as Velhas Virgens, durante uma bebedeira em 1985. Dex quer ver a praia. Entramos, paramos o carro e estamos caminhando pela areia branca de Santiago. Ela já ta descalça com os pés na água. Eu ainda to calçado. Puta que pariu, minhas primeiras viagens sozinho com pouco mais de dezoito anos foram pra cá. Daquele lado esquerdo de quem olha pro mar tem umas rochas que parecem uma tartatuga. Do mesmo lado, mas na areia da praia, tem umas pedras que escondem uma mini-cachoeira, na verdade um fio dágua gelada que desce da montanha. A gente tinha que se sentar na pedra pra tomar banho ali. Eu odeio água gelada. Então, muita coquinho descia antes de eu me arriscar a tomar banho. Dex voltou pra água. Simbora, mulé. Tem Timão hoje, porra.
Estrada de novo. Maresias. Primeiro acampamento quando separei meu primeiro casório. Fiquei uns quinze dias aqui. Eu e Dex estamos conversando sobre onde compraríamos nossa casa na praia, se tivéssemos dinheiro. A idéia inicial, curiosamente aprovada pela Dex, era comprar uma casa exatamente na praia onde surgiram as Velhas Virgens, Santiago. Mas levando em conta a experiência de assaltos na casa da família dela em Peruíbe, só nos resta procurar condomínio fechado, o que encarece mil vezes o preço do que não temos grana pra pagar. A conversa segue e resolvemos almoçar em Juquehy. Antes disso passamos por Boiçucança e Cambury, locais onde já me hospedei e acampei, respectivamente. Saímos da estrada e estamos chacoalhando nas ruas de calçamento irregular de Juquehy.
Puta que pariu, bati a frente do carro numa valeta. Vai tomar no cu.
Paramos no mesmo restaurante da última vez. É um estabelecimento chique, que coloca tendas quase árabes na areia da praia e te serve lá. Se vc ta molhado, fica bebendo lá até secar pra poder entrar e almoçar a dois metros do mar. Se vc quer se lavar, tem chuveiro exclusivo. E se vc quer deixar as calças, tem preço de arrancar as órbitas oculares. Uma long neck é seis paus. Vai roubar lá longe. Pedimos um prato de frango grelhado com polenta e arroz biro-biro pra dois. Bebi coca zero, pois to dirigindo. Este prato era a coisa mais barata e acessível do cardápio e tudo ficou por cinqüenta paus. Dá-lhe cartão de crédito. Duas e vinte da tarde, estamos entrando no carro pra tentar chegar em sampa até a hora do jogo. To achando que não vai dar pra pegar o começo. Tuca me liga, me chamando pra ver o jogo na "goma" dele, com direito a churrasco. Não dá, veio.
To na estrada. A partir de então, se sucedem Barra do Una, Boracéia, Riviera de São Lourenço e a intersecção com a Mogi-Bertioga á direita. To pisando bem para padrões "um ponto zero" do Fox. Dex ta nervosa pois sabe que eu to correndo pra chegar a tempo de ver o jogo. Pelas minhas contas eu teria que levar 30 minutos em cada um dos três trechos: Juquehy até a entrada da Mogi-Bertioga, dali até a Ayrton Senna, e da rodovia do nosso campeão até em casa.
Hum. Três e meia e ainda to na serra. Fabinho me liga e Dex atende. Ele ta acertando todos os placares das finais corinthianas. Não dá pra falar, pois to ultrapassando. Peço que Dex pergunte o placar. Ele crava: 3 a 1, Timão claro. Depois de tantos acertos, não me atrevo a duvidar. Beijo, Fabinho de Ogum! Que sua boca seja a de um anjo.
Dez pras quatro. Dez pro jogo começar e eu acabei de entrar na Ayrton Senna. Trinta e três quilômetros até Sampa. Puta que pariu. Cento e vinte de média é a velocidade permitida, mas é utopia. Eu sabia que este domingo teria algo de fórmula um na minha vida. Quatro horas. O jogo começou, puta que pariu! Ligo pro Fabinho e peço pra ele ir me dando boletins. No silêncio da estrada, estou vendo a TV na minha mente. O Timão deve estar de preto, pois o dono da casa joga com uniforme número um e o do Santos é branco. Aquele cuzão do Pelé deve estar no seu camarote, torcendo pro seu time. Enquanto Pelé, ele é Rei. Enquanto torcedor do Santos é inimigo: ei, Pelé, vai tomar no cu!
O telefone toca. Quatro e dez no relógio do painel do carro. Fabinho grita. Chicão de falta. É nóis. Eu buzino na estrada e muita gente buzina tb. Corinthianos sofrendo sem ver o time como eu.
Tô acelerando o quanto posso. Acendeu a luz do combustível. Só faltava eu ficar na estrada agora, caralho. Não vou parar pra abastecer de jeito nenhum. Vai ter que chegar em Sampa no cheiro do álcool. Não vou perder tempo num pit stop. Olha a fórmula um aeh!
Quatro e quinze, sai da Marginal e passei em frente do center norte. A luz do combustível continua acesa. Paro ou não? Se não parar e o álcool acabar aí perco mais tempo ainda. Simbora. Virei á esquerda na Leôncio de Magalhães, perto da casa da mãe da Dex. Tenho que deixa-la primeiro, pois ela vai ao aeroporto resolver alguma coisa da viagem com o pai. Na esquina tem um bar com cadeiras na calçada. Gente pulando com bandeira e camisa do timão. É gol. Só pode ser gol. O cabeludo grita "Ronaldo". Eu buzino. É dois, é dois, caralho. Toca o telefobe e Fabinho confirma o segundo gol do Fenomeno. Larguei a Dex. To indo pra casa. Parei no farol. A luz do painel. O jogo comendo. Quatro e meia da tarde. Abriu o farol, tem um posto na esquina. Ah, caralho. Entrei. Splash and Go. Fórmula um na área! A moça pergunta como vou pagar.
- Põe vinte paus que eu vou ver o timão, caralho. É em dinheiro.
Pronto.Vou costurando a galera de tartarugas e domingueiros que aparece á minha frente. Parece um video game filho da puta. Entrei na garagem. To no sofá. Faltam cinco minutos pro fim do primeiro tempo. Tô vendo na Band, que tem dado sorte. Tô no mesmo lugar do sofá, que dá sorte. Fechei a janela, que dá sorte. Sabem quem dá sorte: Ronaldo! Felipe pega uma bola no cantinho. Caralho, vai começar o sofrimento. Madson pega a bola. Costura. Nada. Acabou o primeiro tempo. To mijando. Abri uma Serra Malte. Vi os melhores momentos. O gol de falta do Chicão. Olha a matada do Ronaldo no segundo. Chupa Fabio Costa da minha rola. Chupa Pelé.
Fabinho disse que iam ser três a um. Ele não erra, resta saber se faremos o terceiro antes deles fazerem o primeiro. Se fizermos os terceiro o sofrimento é menor. Que nada. Um cruzamento despretencioso do tal de Triguinho e o Felipe pôs pra dentro. Agora fudeu. E se o Fabinho resolver errar justo hoje? E se o Santos empatar esta merda? Bola esticada pro Ronaldo, limpou, olhou, encobriu a bichona do Fábio Costa. Gol. Gol de placa. Golaço. Uma pintura. Olha a cara do Pelé. Parece que tá meio mamado. Pelé, dá uma olhadinha pra mim: chupa Pelé. Vai ser rei pra suas negas. Hoje a tarde é do Fenômeno. É três. É três. Acabou. Baixei o hino do Timão no DreamMule. Pûs no repeat. To bebericando e comemorando. Me distraí. Oito da noite. Caralho! Eu já tinha que estar no Roy pra ensaiar. Saio voando deixando Dex a tomar lanche com seu pai e a Vovó. Transito maldito. Estes caras estão voltando de viagem e não sabem acelerar. Vão tomar no cu.
Cheguei. O baixo do Tuca está com uma corda quebrada. Ele não tem outra pra trocar. As cordas ficaram no case do outro baixo. Opa, Roy tem um baixo de uma amigo aqui. Simbora ensaiar. Claro que antes disso comemoramos abraçados mais uma vitória do Timão. Todos exceto o Roy, que é porco. Mas tá de boa. Serão as cinco últimas músicas a serem passadas, fechando dezessete. Opa, dezesseis. Cavalo diz que não lembra de uma e ela está fora. Faltam quatro. Vamos na primeira. Eis um trecho da letra:
Bortolotto blues (chifrar dá muito trabalho)
Meu bem, eu não te traio por que dá muito trabalho
Chifrar é uma coisa complicada pra caralho
Precisa ficar atento a bilhetes e telefones
Precisa ficar ligado demais e eu não consigo
Meu bem, eu não te traio porque cansa demais
Transar com mulher nova tira a nossa paz
Precisa descobrir o que é que excita á outra
Depois tem que fazer um esforço filho da puta
Então vê se goza logo
Pra gente voltar pro bar !!
Fiz a letra em cima de uma frase do meu brow e dramaturgo e ator e vocalista Mario Bortolotto. Tem mais letra e parece que o Cavalo alterou algumas coisas pra dar mais liga. Mas a onda é esta aí. Rapidamente tudo se encaixou. É um Ragtime meio como "Dreamers ball" do Queen. Harmona meio complexa, com acordes diminutos, com nona, com sétima. Coisa de guitarrista.
Depois fomos em "A Última partida de bilhar", outra letra minha com música do Cavalo. Baladaça. Meio autobiográfica, conta a história do sujeito que resoveu largar a boemia e ficar um cara sério. Linda de morrer. Pedi pro Cavalo gravar pra mim com a voz dele, pois a melodia tem muitas nuances e eu tô achatando tudo. Mas já saiu bem legal. Roy solou de rola dura e como gente grande logo de primeira. Que disco vai ser este.
As outras duas músicas são meio que adendos ao CD. Podem só sair na Internet e não integrar o álbum. Vamos ver. São canções passionais. Uma é "Todo Poderoso Timão", que eu fiz pro meu time, porra. É um hard rock com refrão forte. Simples, direto. Em determinado momento eu cito vinte e cinco grandes jogadores do time na história. Tive a idéia de procurar cada um deles para que gravassem com sua voz dizendo o seu nome. Tuca me mostrou que isso ia ser difícil, pois além de correr atrás dos caras, ia ter que pedir autorização e muita gente, sem sacar que somos uma banda independente, pode querer grana em troca. E grana no hay, comprende? Fiquei pensando em outras possibilidades sem chegar a uma conclusão. Chamar um locutor de rádio e pedir que fale os nomes como se escalasse um time: Hum. Pode ser! Mas o certo é que a coisa ficou bem encaminhada.
Todo poderoso timão
Essa lição que tive, trago do berço
a tradição que aprendi com meu pai
de amar meu time acima das coisas do mundo
uma paixão que não muda, um amor que não trai
abaixo apenas de São Jorge e do Nosso Senhor
meu alvi-negro apressa meu coração
mais duradouro que o dinheiro e o amor
desde menino eu sou do...
Todo poderoso timão,
coringão,
meu amor
Russo, Casão, Wladimir, Sócrates, Edilson, Marcelinho
Rivelino, Zé Maria, Amaral, Zenon, Viola, Geraldão
Ronaldo, Ronaldo Fenômeno, Neto, Rincon, Márcio, Tupãzinho
Dida,Vampeta, Ricardinho, Tevez, Gamarra, Herrera, Luisão
da fazendinha pro Brasil, o primeiro dono do mundo
de São Basílio, São Matheus e São Brandão
correm as lágrimas quando ouço este hino
desde menino eu sou do...
todo poderoso timão,
coringão,
meu amor
eu já troquei de cerveja, eu já troquei de mulher
eu já mudei de partido e até de religião
eu já te vi cair sem nunca perder a fé
eu já te vi levantar e ser de novo campeão
Maracanã dividido em 76, quem já fez?
meu time me emociona a fiel me carrega pela mão
Sport Club Corinthians Paulista
pra toda vida eu sou do...
todo poderoso timão,
coringão,
meu amor"
Uau. Quando leio isso fico arrepiado. É de foder! Eu sou Corinthians.
A canção seguinte Cavalo fez para sua mais jovem paixão: seu filho e meu afilhado Pedrão. Confesso que quando ouvi a música pela primeira vez achei, como deveria ser, infantil demais. Pensei, porra, se pelo menos parecesse uma declaração de amor entre dois homens poderia ficar interessante no nosso repertório. Mas a verdade é que fica claro que é uma onda de amor de pai pra filho.
No entanto, ontem mudamos algumas coisas de lugar, mantivemos peso e dinâmica sugeridas pelo Cavalo e a canção ficou demais. Demais mesmo. Adorei canta-la. Tem um certo humor e aquela declaração de amor sincera e bacana, um sentimento que espero sentir pelo meu filho quando tiver um.
Depois disso voltamos cada um pra sua casa. Cama. Deixo vocês com os versos do Cavalo. Pedi prele mudar o nome, mas vou colocar o original aí. É curioso eu fazer uma música apaixonada pro meu time, que me deixa louco nos domingos á tarde enquanto o meu compadre faz uma música apaixonada pro filho dele, dizendo que ele faz esquecer seu time no domingo. A vida é mesmo movida a paixão. Em breve estaremos eu, Cavalo e Pedrão sofrendo com o Corinthians. Vc nem sabe, Pedrão, mas já é uma inspiração e tanto.
Você
Você me faz
Perder noites de sono e a paz
Me faz
Perder todo filme em cartaz
Me faz
Querer ser um bom rapaz
Você me faz
Perder a cervejada dos amigos
Me faz
Esquecer meu time no domingo
Me faz
Deixar rasgar todos meus livros
Eu te quero tanto
E você nem sabe quem eu sou
Te vejo nos meus olhos
Só preciso do seu amor