domingo, 10 de maio de 2009

Mandei uma terceira rodada e estou pronto para o parto. Um obstetra, please!

Há cerca de 22 anos que não tenho o prazer de abraçar minha mãe. Então, este dia perdeu um pouco o sentido pra mim. Procuro não ficar melancólico, pois isso enche o saco dos outros. Eu já tive mãe. Hoje não tenho mais. Um dia isso voltará a ter sentido, quem sabe quando eu for pai e providenciar presentes pra mãe do meu filho. Ou quem sabe, quando eu morrer e reencontrar o ser mais maravilhoso que eu já conheci na Terra.

Tem almoço na casa da tia Sandra. Feijoada feita pelo tio Wilson. Isso, eu lhes digo, é motivo de alegria e regozijo. Feijoada do Wil é do caralho. E ver a família reunida é sempre uma delícia preste canceriano sem lar. Ou quase.

Hoje o Timão estréia no brasileirião com time misto contra o Inter de POA. Estamos mais preocupados com jogo de quarta contra o Fluminense pela Copa do Brasil, atalho pra Libertadores do ano que vem, ano do nosso centenário. E olha que um jogo contra o Inter pode ser uma prévia da final da Copa do Brasil, caso a gente passe pelos próximos adversários. E eles tb, afinal neste meio de semana ele encaram o Mengão, páreo duro, em qualquer estádio, em qualquer circunstancia. Pelo que sei só dois titulares entrarão em campo pelo Corinthians, o que deve resultar em rola pra nós.

Antes disso tudo, eu e Dex passaremos para pegar o Bafo na casa da Dona Lívia. E depois é feijuca. Eu amo feijoada. Por feijoada confesso até crime que não cometi. To com uma camiseta que tem a cerveja do Hommer, Duffy, estampada. Por que eu disse isso? Porque o blog é meu e eu escrevo o que quero. Fui.

Já na sogra, devolvemos a dentadura que ela fez questão de dizer que tinha outro nome. Enquanto as pessoas providenciavam comida e banho pro Bafo, comi umas tranqueiras na geladeira para forrar e abri uma Skoll. Antes de finalizar a latinha já tava tudo pronto e fomos, com bebê, doces, salada de frutas, torta e tudo mais pegar a vovó. Este é o expresso da primeira e da quinta idade. Vóvis na viatura, simbora pra casa do Tio Wilson.

No desembarque, entre bebês e velhotas, chuva na nossa cabeça pra facilitar. Alvarez chega buzinando e eu mando tomar no cu sem perceber que é o marido da prima Carlota. Pronto, agora saquei que é ele e mandei tomar no cu de novo. Ele ajuda a subir as coisas pro décimo primeiro andar, incluindo Bafo e D. Zenaide. Rodo na chuva para encontrar um lugar decente pra estacionar. Ok. Elevador. Almoço do dia das mães.

A feijuca do Wilsão ta cheirosa. A cerveja gelada ta na mão e eu to no sofá conversando com vovó Zenaide e com a vó da Carla. Alvarez se junta a nós e o papo vai da geriatria ao futebol. Tio Wilson traz cerveja, Carlota providencia seu delicioso Blood Mary. Meus sogros chegam na seqüência. Salete, tia da Carlota, cuida do Bafo que quer explorar a casa. Tia Sandra vai cuidando da montagem da mesa. Os pais do Bafo, Bio e Rodragg, chegam de Rio Claro e a família ta reunida. Só pra esclarecer, amo todos eles, mas são tios e primos e vovós por parte da família da Dex. Vejo pouco minha família. Avós e pais eu já não tenho mesmo. E os irmãos são meio brigados entre si. Eu falo com todos. Mas eles não se falam.

A sexta idade ta na mesa se servindo. Tio Wilson me intima a me servir e quando me levanto Dex, que não presenciou a intimação, me adverte para deixar os mais velhos se servirem primeiro. Serei eu alguma criança, caralho? Porra, isso é papo? Esperar os mais velhos? Agora é que não vou comer mesmo. Todos se sentam, alguns me chamam e sigo fazendo cu doce dando uma gelada na Dex. Mas diante do aroma da feijuca, minha resistência dura pouco. Dex ta dando indiretas pro Rodragg sobre a mãe deles ter ficado com o bebê enquanto o casal viajou. Isso não é da minha conta, mas ta se criando um clima chato na mesa. Carlota faz um comentário aparentemente brincalhão, mas deixa claro que a troca de farpas ta deixando as pessoas sem graça. Falo isso claramente para Dex, ela se toca e retrai as garras. A feijuca está demais. A cada chance, cutuco Dex, comentando ironicamente algo sobre esperar os mais velhos. Rolou a primeira volta. Vou pra segunda.

Desce cerveja, couve, vinagreta, farofa. A panela de feijuca é enorme e ta abarrotada. Delicia! Mandei uma terceira rodada e estou pronto para o parto. Um obstetra, please!

Fui pro sofá. Ainda tem gente comendo. Me arrasto até a sala de TV pra secar os Bambis de Sampa contra os do Rio na TV. Cochilo, acordo, arroto, peido. Os homens estão todos aqui na sala da TV. O cheiro de peido é bastante intenso. Todo mundo comeu a feijuca, porra. To esparramado no chão. Alvarez ta no sofá, pouco acima de mim. Rodragg deitou de outro lado. Tio Wilson sentou-se ao lado de Alvarez e seu Ricardo Sogrão juntou-se ao grupo. Todos palmeirenses, exceto eu que tenho bom gosto e sou Corinthians. O Nense faz um. O jogo segue. 

Carlota abre a porta e e reclama do cheiro interno de peido. É vero! O Timão toma um gol do Nilmar que dribla seis. Eu disse seis. Com time misto e o Nilmar endiabrado, to sentindo um cheiro ruim vindo do Pacaembu. E é pior que peido. Cochilo. Quando acordo ta tudo encerrado. Os bambis daqui perderam dos de lá. O Timão tomou de um a zero do Inter e ta de bom tamanho. Quando nos enfrentarmos com times completos a gente descobre quem tem garrafa vazia pra encher, gauchada. 

Sorvete. Mais uma breja. Uns docinhos. Hum. Rodragg, Bio e o bebê se foram, assim como meus sogros. Lá vamos nós, eu Dex e a Vovó. Vovó ta entregue.

No caminho pra casa Dex pergunta onde vamos agora e eu a informo que vamos pra casa nos livrar da feijoada. Os peidos se sucedem no carro, durante o período em que vemos TV e até quando arriscamos fazer mais uma boquinha na cozinha.

O que é isso? Mordidas na orelha? Patolagem descarada? Dex ta tarada depois que tirou férias e me violenta no sofá. Caraio, que delícia. A coisa se arrasta até a cama. Esta mulher precisa parar de trabalhar. Ato finalizado com urros de prazer, seguem-se mais peidos, mais tv, mais Fantástico. Dex quer ver a porra do "Pianista". Puta desgracera do caralho, com os alemães fudendo a judeuzada. Porra, não preciso ver esta selvageria num domingo á noite. Zapeia, zapeia, mais peidos de parte a parte. Dex ta peidando com cheiro de lixão. 

Que é que é isso? Opa, ta começando a Força do Destino, com o Richard Gere. Sabe aquele filme que ele faz um aspirante a oficial da marinha e conhece uma menina que trabalha numa industria? Aquele em que o Louis Gosset Jr. faz o instrutor linha dura. Aquele que tem um treinamento parecido com o do BOPE em Tropa de Elite. Vamos até o fim. Adoro happy end. Dormir, minha gente, que amanhã é dia de férias! Eh,eh,eh.

E a sessão de peidos continua noite adentro, como se uma guerra tivesse sido deflagrada na casa 8 do condomínio Bougainville. No meio da madrugada solto um peido tão alto e tão longo que sou obrigado a cortar, senão me cago. Dex ta imóvel: ou ta dormindo pesadamente, ou morreu na câmara de gás. De manhã eu descubro. E mais um peidinho de boa noite.