quinta-feira, 7 de maio de 2009

Será que a Dex guardou gorgonzola embaixo do sofá? Não. É meu pé!

Dia ressaquento em andamento. Tenho que ir pro consultório do procto ás duas e torcer por um encaixe...de colsulta, não no meu cu! Depois visito o Brum, se der tempo. Aí é Band. E na sequencia , ensaio. Por enquanto, internet. Já era. Agora banho, jornal, merda, bronha. Almoço e fui pró médico.

Tô atrasado. Claro. Óbvio. O trânsito, só pra me fuder, empaca. Tem sempre um corno que fica olhando pro sinal aberto e esquece que carros precisam que o acelerador seja acionado pra irem pra frente.

Eu tava pensando em deixar o carro no Pastorinho. Vcs não sabem o que é Pastorinho? É uma porra dum supermercado, caralho. Aí vc estaciona lá dentro e finge que vai comprar algo. Mas não é nada disso. Vc sai sorrateiramente pela porta da frente, deixando seu carro num estacionamento coberto, relativamente bem vigiado e sem pagar uma buceta dum caralho dum tostão por isso. Sacou, porra? Mas o transito tá demais e resolvo parar na rua mesmo, uma travessa antes da entrada do estacionamento do mercado. Preciso ganhar tempo.

Eu deveria estar no consultório pelas duas da tarde, pra secretaria do doutor me arrumar um encaixe. Já disse que não é no meu cu.

Sala de espera. Ela já me mandou assinar a guia. Tô no aguardo. Passo os olhos numas revistas. Caras, Contigo. Adoro olhar estas revistas pra ver as gostosas e admirar seus pezinhos. Bundas e peitos tb, mas eu gosto muito de pé feminino tb. E no caso da Caras o legal é saber a idade da galera. Susan Sarandon e Andie MacDowel já passaram dos cinquenta. Estas atrizes americanas tem os pés mais feios do universo. Já as brasileiras geralmente têm os pés bem cuidados. Olha os pés da Lilia Cabral. Tão direitinho, mas como ela já tá meio (ou muito) balzaca, os pés dão sinais de excesso de feitura. Eu disse excesso de feitura. Quer dizer, quando vc vai ficando velha e já fez os pés milhões de vezes, as cutículas vão ficando mais grossas, as peles ficam permanentemente inchadas.

Entrou um cara com uma criança. E agora, o que posso achar nesta merda de Revista? Uma foto da Tiazinha. Eu gosto da Suzana Alves. Que mais? Olha a Silvia Abravanel, minha patroa. Ela tem estado muito bonita. De vez em quando eu a encontro no corredor do SBT.

Chega desta merda de leitura. Porra. Será que ainda demora? Sala de espera é uma merda. Vou roubar uma bala. Pronto.É daquelas que arranca obturação. Porra. Pegou no meu dente. Fudeu. Calma.Vamos esperar esta merda derreter. Entrou mais um velhote. Vai tomar dedada, tenho certeza.

Hum, que mais? Uma bronha? No banheiro do consultório? Não tô com tesão, não. Só pra passar o tempo. Nada disso. O cara saiu. Será que o dr. vai me chamar. Chamou. Yes. Dr. Dedada, digo, Dr. Aguinaldo tem um bigodão de vassoura e é super gente boa. Só tem o péssimo costume de enfiar o dedo no cu da gente. Desta vez ele só vai ver os exames. Hum. Diz que o colesterol melhorou, mas o triglicérides continua alto. Vai me receitar outros comprimidos pra baixar a porra toda. Ele comenta que voltou a tocar bateria e se lembra que eu tenho uma banda. Digo o nome e claramente ele não conhece. Digo que fizemos um show na Virada Cultural e que havia 40 mil pessoas. Ele se admira. Tira minha pressão. Diz que tá tudo bem, preu tomar os remédios durante três meses, refazer os exames de sangue e voltar. Ok.

Bem, são três da tarde. Dá tempo de ir visitar o Brum. Ligo pra ele e ele tá lá. E aí: compro óculos pra esconder a cara torta ou uma garrafa de whisky? Sim, sim: whisky! Entro no Pastorinho e vejo que a porra de uma garrafa de whisky bom custa caro. Este tá com um preço razoavel: Grants. É esse mesmo. Entro no carro. Ligo. O sinal de falta de combustível tá aceso. Mais essa. Tem um posto aqui perto, quase em frente do mercado. Como é? Tá em reforma?

Sigo em direção do Centro, onde o Brum mora, com a porra do sinal de falta de álcool aceso. Tem outro posto ali. Em obras, tb? Caralho, todos os postos desta buceta estão em obras? Vamos indo. Na entrada da Tiradentes tem um que tenho certeza que não tá em obras. Transito do caralho. Um viado na minha frente deixa um puta espaço para o carro da frente. Cada vez que os carros se movem ele demora e alguém entra na frente dele. Filho da puta.

Levo quase meia hora pra chegar no Anhangabau, onde mora Fábio de Oliveira Brum, grande guitarrista e mano. Parei na rua e não coloquei zona azul. Posso tomar uma multa. Foda-se. Tô no elevador. Décimo primeiro andar. Apê cento e treze. Porta aberta. Cadê o cara? Tá aqui. Hum. A cara tá meio inchada do lado esquerdo. O olho um pouco roxo. Visivel mas nada absurdo. Brum me diz que tá com a cara cheia de titânio. Coloca um som da banda dele, o "Saco de Ratos", resultado da gravação do primeiro cd. A gente bate papo sobre a situação do meu tb amigo Oswaldo Vecchione que perdeu a mulher recentemente, minha amiga Débora.

Brum resolve abrir o presente. Me oferece. Eu não gosto de Whisky. Bebo, eventualmente, mas não curto. Ele me oferece breja. Não vou beber nada. Tenho que ir pra Band.

Colocamos nossa conversa quase em dia. Eu tô toda hora olhando meu carro na rua, com medo de levar uma multa. Preciso ir. Brum segue me mostrando o disco do "Saco..." Tá muito legal. É um saco de feras. Brum e Watanabe comem as guitarras, Rick Vecchione é um puta batera e Pagoto um baixista poderoso. Marião tá cantando cada dia melhor e escreve coisas sensacionais. Grande banda. Não é á toa que o Robério Santana quer produzir os caras. Fui.

- Não esquece de tomar o remédio, Brum!

Ele fica, com o copo de whisky na mão, e eu desço. Semana que vem, quando Dex viajar, poderei beber e me divertir com este bom amigo e toda a galera da Roosevelt. Não é putaria, não. É saudade dos amigos de noite.

Um transito do cão até a Band. Nove de Julho, Cidade Jardim, túnel, Oscar Americano. Alô Band, cheguei.

Pautas mil. Quero dar um perdido amanhã e evitar cruzar a cidade numa sexta feira. Escrevo duas pautas, então: uma sobre um musical inspirado em cabarés, Teatro de Revista e vedetes chamado "Olere! Olará!", que será gravada domingo. E outra sobre pompoarismo, que vai rolar nesta sexta á noite. Pompoarismo vcs sabem o que é, exercitar os músculos e anéis da buceta de modo a executar movimentos para aumentar o prazer do parceiro e da mulher tb. Segundo pesquisei, dá pra homem fazer tb, mas é com o cu. Opa. To fora. Terminei as pautas. Oito da noite.Vou jantar e me mandar pro ensaio.

Salada, carne de panela e pernil. Mui bueno, señor. Antes de vir trabalhar aqui na Band, ouvi misérias sobre o bandejão. Não sei se a coisa mudou, mas a comida que encontro aqui é bem legal. Pra mim é legal. Sabe por que qualquer comida me apetece? Porque morei sozinho mais de dez anos e comi minha própria comida. E, sendo assim, posso garantir: quem come minha comida pode comer qualquer coisa e achar bom. Eu sou o pior cozinheiro do mundo.

To no farol que dá acesso á Oscar Americano. To na ponte da Cidade Jardim. To no túnel da Nove de Julho. Sigo na Nove de Julho. Avenida Brasil. Quebradas. Vila Mariana. Casa do Roy.

Cá estão Simon, Cavalo, Roy, claro, Dimitri e cadê o Tuca? Ensaio marcado pras nove, deu nove e meia. Deu dez da noite. E só lá pra dez e quinze surgiu Mr. Carlos "solteiro" Augusto. Veio acompanhado do seu sócio no escritório e nas noitadas, Paulo Ursinho, que já foi até roadie nosso em tempos abissais. Paulo ta chapado. E Tuca não ta como acordou. Não sei o que foi, mas que os caras estiveram festejando nesta tarde de quinta, ah, isso estiveram. Pode parecer ranzinzice da minha parte (e até é mesmo), mas quando estamos nesta fase de ensaio de disco novo, quando as músicas ainda não estão definidas, mapeadas, chegar meio "atrapalhado" dificulta e atrasa o trampo. Ainda mais com uma hora de atraso. Ainda mais com um convidado que ta bebum e não ta sacando que está atrapalhando. Não por mal, Paulo Ursinho é amigo. Mas ta chato pra caralho. Todos me olham e devem estar pensando que eu já fiz muito mais vezes e muito pior. Ok. É verdade. Mas não no ensaio dos outros, ca-ra-lho!

Entre umas comidas de rabo e empurrões pra tirar o Paulo do meu ombro, entre fotos e o recebimento de camisetas alusivas ao dia da torcida corinthiana doar sangue no HC (recebemos dois fãs/amigos eu estão divulgando este evento que vai rolar dia 30 de maio), o ensaio começa justamente com o único e até agora maior terror: a canção "A Boca, A Buceta e a Bunda". Das 16 músicas que passamos, esta é a mosca na sopa, a pulga atrás da orelha. A letra, o tema, ta tudo certo. Mas não conseguimos achar o formato ideal. Quando compus, ouvindo Amy Winehouse, achei que ela poderia ter uma cara mais soul. Mas não rolou. Tentamos meio ska, quase indo pro reggae e, graças a Deus, não rolou tb. Não sei se já disse. Já? Não? Eu não gosto de reggae!

Em relação á música, não sabemos exatamente o que fazer. Eu tenho duas levadas pra canção, uma pra parte b e outra pro refrão. Esta do refrão ta difícil de arranjar. Então, resolvi ir por partes, como o Jack. Acertamos primeiro a parte b, numa levada bem hard blues. Faltou o refrão. Mantivemos a mesma levada da parte b e eu comprovei algo de que já desconfiava: uma das levadas é dispensável. Ela só funciona na voz. Se colocar a banda tocando na mesma divisão quebra a porrada. Isto posto, seguimos melhorando o arranjo pesado, apenas revezando com uma levada mais reta no baixo.

Porra, ficou do caralho. Inventamos um começo mais falado e assim quebramos um compasso goiano que eu tinha colocado, um compasso com contagem quebrada. Aí ficou tudo certo. No fim demos realce pro coro, comigo cantando junto. Quase um contra canto, com Cavalo falando "a boca a buceta e a bunda, a bunda, a buceta e a boca" ininterruptamente e eu cantando em cima. Ficou forte. Fechamos a porra, caralho.

Paulo Ursinho segue tecendo comentários, após ir buscar brejas pra galera. Eu não to tomando. Bebi e fumei ontem. E quero guardar meu fígado e minha energia pra sexta em Sorocaba. Em dia de show é sempre mais legal. Ta certo, sem beber eu fico bem mais cretino que normalmente. Mas o cara ta chato. Chato pra caralho. A gente não precisa de pitacos enquanto desenvolve a canção. A gente tem que chegar a um formato, pra depois ouvir opiniões, acertar detalhes.

Passamos pra "Ninguém beija como as lésbicas", que precisa ficar pronta primeiro pra, eventualmente, a gente soltar antes na Internet. A gente já havia mapeado esta, mas a memória é um problema. Passamos uma, duas e a coisa meio que voltou. Minha dificuldade nesta canção é que ela é uma mistura (não uma parceria) entre uma versão do Cavalo outra minha pruma mesma letra. Então, tenho gravada uma concepção na cabeça e Cavalo tem outra. E a banda um mix das duas. Demora um pouco pra gente afinar. Mas já ta encorpada, sim! Beleza.

Passemos pra "Esta mulher só quer viver na balada". Esta é reta, meio Ramones, meio Engenheiros do Hawai. Saiu relativamente rápida. Passamos pra outra veloz, "Aonde é que este velho vai". Começa com o bolero brega. Este começo ta demais. Interessante, direta, objetiva narrativa das aventuras de um velho "muito louco" segundo o Tuca. O Tuca, definitivamente, não tá muito legítimo. Deve ter tomado uma ou doze. Eu compreendo esta fase de libertação pós-separação. Mas o cara é tão fudido, tão bom músico, que mesmo trabalhando meio atrapalhado ele toca bem. Às vezes toca até demais. Com a saída do Caio acho que ele é o cara que tem mais compreensão de harmonia, é o cara que vê mais a música como um todo. Tem bom gosto. E precisamos muito dele. Sóbrio!

Quase meia noite e meia e o mizão do baixo do Tuca explode no finzinho da música do velho que eu não posso negar, é meio autobiográfica. Chega, né? Corda quebrada. Quinta feira braba, véspera de show. Olha lá: Paulo Ursinho dormindo em cima das letras na sala. Roncando como o seu apelido indica. Que mala! Mas gosto deste corno. Bem, fui.

Os solteiros ficam. Dou carona pra Simon e Cavalo. To meio pilhado. A gente ta com a pré-produção atrasada e seria legal mantermos horários, sanidade e evitar convidados, digamos, "extravagantes" até que as canções estejam claras como pilsen.

Desce Simon. Bye, Cavalo. Home. Roubo uns pedaços de salame na geladeira. Checo se a porta do quarto está trancada como de hábito e não está. Entro, beijo a Dex. Ela nem se toca. Volto pra sala. Enquanto ponho o pijama, ligo a tv. Nossa, que cheiro é este? Será que a Dex guardou gorgonzola embaixo do sofá? Não. É meu pé, cheirando a bacalhau. Porra, eu deveria lavar esta merda antes de dormir, senão vai empestear o quarto. Lavar é o caralho. Ainda escovei os dentes antes de desligar os motores. Dex pergunta que horas são. Digo que são duas e meia, mas que já cheguei faz tempo. Falo com a autoridade de quem nada bebeu e apenas trabalhou, caralho.

Ela ronrona. Eu encosto meus pés nela. Se eu não tivesse tanto sono comeria esta gaja. Deixemos pra amanhã. Tomorrow never knows.