Perdi o sono lá pelas cinco. Fui pra sala ver tv. Nada de mais. Nem sequer uma cena interessante no canal pornô. Acabei cochilando, mas ouvi Dex sair. Voltei pra cama e bodeei mais um pouco. Quase dez da matina. A faxineira veio um dia antes. Passo os recados da Dex, sobre não lavar o quintal e limpar as duas malas de viagem da dona da casa. Semana que vem, na quinta, ela embarca. E eu vou acampar na Roosevelt. Eh,eh,eh!
Bem, fora o papo internético todo, hoje é quarta e tenho que encontrar um local pra comer minha feijuca. É isso que eu vou fazer. Banho, bronha, caminhada até algum local e deleite. Depois tô pensando em visitar meu amigo Fábio Brum, antes da Band, e ver a quantas anda sua recuperação depois da confusão em que se meteu. Nada de bebedeira, porque depois tem trampo e eu não bebo antes de trabalhar. Exceto quando se trata das Velhas Virgens, eu já disse.
Dei uma olhadinha no canal pornô e tá rolando um filme sobre trocas de casais. Uma loirinha, semi-nua, na cama, pergunta ao marido se em seis anos de casados ela já desejou outra mulher.
- Não caia nesta, amigo: a resposta será sempre não! - penso eu.
Ele nega com certa classe, mas a moça diz que ela é que tá a fim de transar com uma mulher. Uhu! Ele exige duas coisas pra satisfazer o delicioso tesão da esposa: ele escolhe a fêmea e quer assistir. Quero ver esta merda. Vou cagar e ler o jornal enquanto isso. Voltei da leitura e tá rolando a cena do marido e a esposa e uma japa maravilhosa com toda a cara de puta possível. Hum, que fantasia legal. Mariquinha, maricota, com a direita e com a canhota. Vou pro banho.
Saí a pé pra procurar uma feijuca nas imediações. Tá um belo sol e eu tô com a camisa do Viúva Negra, banda do meu amigo Glauco, de Jundiai. O problema é que esta camisa é de manga comprida. E eu tô passando um calor do caralho. Fui indo, indo e cheguei àquele quilo onde comi com Dex num destes domingos. Antes de tudo perguntei se tinha feijuca e ao ouvir a resposta positiva, aboletei-me e mandei-a pro bucho. Torresmos especialmente carnudos. Um pouco esturricados. Feijão consistente, bem temperado. Couve a contento, carnes médias. Bem, foda-se, ainda que tivesse merda dentro eu comeria. Eu sou feijoadólatra, caralho.
Dali, meio empalado, meio empanzinado, meio grávido da feijoada, saí andando a procura de um camelô que vendesse óculos. A idéia era comprar óculos pro Brum, um par bem grande, a la Lenny Kravitz, prele dar um migué no olho atingido pela barra de ferro. Nem sei se a coisa está tão visível assim, mas na dúvida quero ajudar. O problema é que este centrinho aqui no Tremembé não tem camelôs. Vc crê que próximo a algum comércio em São Paulo não exista um mísero camelô? Só na minha vizinhança mesmo. Aproveito e ligo pro Brum meio que pra marcar a visita pra hoje á tarde antes da Band. Mas ele vai pra Atibaia pegar alguma coisa na casa do Oswaldo Vecchione, do Made in Brazil. O Brum, pra quem não sabe, toca no Made. Ok. Se ele não vai estar lá, depois eu vejo um presente pra ele. Se não pensar em nada, compro uma garrafa de whisky que sei que ele vai amar.
Bem, bem, bem. Tô voltando pra casa, já suando em bicas, e passo em frente de uma loja que só vende importados, notadamente vinhos e whiskys...E cerveja! Fudeu. Entro e dou de cara com umas latas de Amsterdan com alta gradução alcóolica. Pego quatro. Pego mais umas alemãs, duas NewCastle, mais uma Colorados, que não são importadas, mas muito boas. Bem. Enchi uma porra de uma caixa de papelão e a conta passou de cem paus. Depois que inventaram o cartão de crédito não tem covardia. Só vou pagar dia 2 de junho.
E hoje tem jogo do Timão, então não custa reforçar a parada. Esqueci que tô a pé e larga carregar a caixa preciosa por três ou sete quarteirões. Porra, suando, com a camisa de manga comprida, caraio. Que cagada. Mas não vou desistir da minha carga preciosa. Nada disso. Levarei esta porra até minha geladeira, custe o que custar.
Beirando o óbito, cheguei. Claro que as brejas estão quentes, senão eu teria bebido pelo menos uma. Coloco pra gelar. Pego o violão e fico dedilhando, esperando a hora de ir pra Band. Não posso chegar muito cedo, pois não tem computador suficiente. E além do mais é difícil pra caralho estacionar carro antes das cinco por lá. E por mais que eu me adiante, antes das oito o trânsito é muito pesado e não dá pra sair mais cedo. Logo, o ideal é chegar pelas cinco mesmo.
Porra, tem um som dedilhado que me acompanha faz tempo. Vivo tocando isso e ainda não achei local pra enfiar e nem mesmo uma linha melódica pra escrever uma letra, sei lá. Basta eu pegar o violão que ela vem á minha cabeça e ás minhas mãos. Parece uma destas introduções lentinhas do Metallica. Um dia acho o que fazer com isso. Sigo fazendo uns clichês do Police, do Yes, do Black Sabbath. Um reggaezinho que fiz pra Dex faz teeeeeempo! O que mais? Que sono. Que cansaço. Siesta time. Desabei no sofá.
Heim? Deu a hora? Precisdo cagar. Será a feijuca? Já? Mandei pra fora. Tô indo. Carreguei a bateria do I-Pod e vamo simbora ouvindo de tudo. Ouço vários sons, mas um deles é aquele tipo de som que parece que foi composto pra mim. Já ouviu uma música assim? Que parece que foi baseada na sua vida? Muito bem, olha esta do cd solo do Paulo Miklos, dos Titãs. Poderia ser o hino da minha vida:
Vai Acontecer de Novo
Está anoitecendo
E vai acontecer de novo
Eu vou sair
Pra me divertir um pouco
Anoiteceu
E eu preciso ir
Espere aqui
Eu não demoro
A noite é pra se divertir
Vou ser feliz e já volto
Eu não me enxergo mesmo
Não me vejo fazendo
As coisas que dizem
Que eu ando fazendo
Posso ouvir os conselhos
De quem me quer bem
E tem medo
Mas não entendo o que eles estão dizendo
Eu não tenho medo
Que me achem um tolo
Se quem é feliz
Parece agir como um louco
Eu não tenho medo
De sofrer de novo
Se posso aproveitar
E ser feliz um pouco
Procurem a canção e ouçam. É do caralho. Sou muito fã do Paulo Miklos.
Olha aí: cheguei cedo demais e não tem onde parar o carro. Encostei lá em Belo Horizonte. Porra. E agora? Que fazer aqui? Hoje os chefes estão todos por aqui. Fabião comenta de sua viagem a Cuba. Olha o que ele diz:
- Cuba parece um lugar que foi assolado por um furacão e nunca foi consertado.
É por conta deste embargo econômico americano. O país vive nos anos cinquenta. Os carros são os de antes da revolução, então, segundo ele, parece que estamos num filme antigo. Ele diz que as pessoas parecem felizes e orgulhosas. Mas achar internet, por exemplo, é tarefa quase impossível. Combina. Eles não sabem o que é ter progresso e por isso não podem sentir falta. Têm saneamento básico, saúde decente e não lhes falta alimento. Mas não podem criticar o governo. Não têm liberdade. E ainda que liberdade não encha barriga, é um bem valioso e faz falta. Pena que esta ilha que já fomentou sonhos revolucionários de liberdade hoje seja uma triste ditadura de esquerda. E ditadura nenhuma presta. O Brasil tem todos os problemas de terceiromundismo, mas pelo menos a gente pode dizer o que pensa.
E aeh? Caiu a matéria da casa noturna pra sexta e depois ficou pra semana que vem. Mais uma semana sem gravar. Isso é foda. Fernando parece ter arrumado uma matéria sobre teatro no domingo. Tem que rolar, caralho.
Precisavamos achar uma pauta pra fazer na sexta. Caralho! Porra!
Vou fuçar. Achei uma mulher que dá aula de pompoarismo. Fernando tá tentando engatilhar a pauta. Meu irmão me manda um e-mail sobre a meia idade que diz várias coisas, mas a seguinte é a frase que mais gostei:
"Na infancia fazemos careta no espelho e na meia idade o espelho se vinga".
Cool. Fui tomar uma.
Deste vez ninguém me acompanhou e eu adorei. Assim posso ficar bebendo e curtindo um som no fone. Com gente na mesa a gente acaba conversando, o que tb é legal. Mas ás vezes, como o Lenine, eu quero sair só. Fui até a geladeira do St Marchê e encontrei uma Leffe que eu havia deixado pra gelar da última vez que bebi neste mercado chic ao lado da Band. Pode ser coincidencia, mas duvido que outro demente tenha colocado uma breja desta marca pra gelar. Fui eu mesmo. Tá no ponto. Normalmente nesta geladeira só tem Heineken, Original, uma ou outra irlandesa, uruguaias e até alemãs, mas belgas nunca. Peguei tb um Original e levei pra mesa. Tem que pagar antes, afinal é um mercado, claro.
E tô aqui, ouvindo um som e curtindo a Lefffe. Este mercado é curioso: tem manobrista. A granfinada chega e entrega o carro pro cara e depois, ao sair, o cara traz o carro. Tem umas coroas ajeitadaças. E uns velhos com pinta de James Bond. E altas carangas. E um bebum da ZN, sentado só, usando um copo emprestado pela mocinha da lanchonete. Cantarolando alto Benito di Paula, Biafra e Claudia Telles.
Resolvi chamar a galera pra ver o jogo lá em casa. Liguei pro André e ele topou. Mandei torpedo pro Simon e pro Tom. Liguei pro Fabinho que tá comprando o presente da mãe dele e não sabe se vai dar. Olha só, Tom me respondeu e confirmou presença. Eu, ele e o André estávamos juntos no Pacaembu no título de domingo, então a energia tá afinada. Precisamos ganhar do Atlético Paranaense, que não é nada disso, mas merece respeito. Entra uma ligação no meio da leitura de um torpedo. É meu amigo Gegê, do Rio de Janeiro, campeão carioca. Ele tá com a mulher bebendo uma Patricia, e me pergunta se eu conheço. É como perguntar como se reza o pai nosso ao vigário. É uma cerveja pilsen uruguaia cujo grande atrativo é vir em garrafas de 960 ml. É feita pela mesma empresa que fabrica a Norteña e a Pilsen. Boa. Não é uma Leffe. Mas é boa.
Combinamos dele vir pra Sampa com a esposa ver um show das Velhas em junho. Agora temos quarto sobrando e dá pra ficar em casa com a gente. Uhu! Gegê é um amigo feito de longe, via internet, numa época que ele e eu sofríamos nas mãos de Andréas. A dele deu área. Mas eu casei com a minha. A gente combina, amigo!
Muito bem. Lá se foi a Leffe, que é pequena, 350 ml. Mas foi tb a Original, 600 ml. E lá vou em pra casa, 95 kg ou mais. Antes entro no mercado procurando petiscos pra comer e servir durante o jogo. Nada me apetece. Vou fazer isso no Pão de Açucar perto de casa. E faço mesmo. Venci o trajeto entre o chic Morumbi e a sweet home ZN em pouco mais de quarenta minutos. Pego uns pães pequenos, uns frios. Mais uma cervejas, pra garantir. Umas batatas fritas com gosto de frango e algumas cervejas a mais, pra assegurar. O que mais? Queijo? Sim. Salsichinhas em conserva. Blz. Coca-zero. Ok. E mais umas Skol pra ter certeza que não vai faltar. Eh,eh,eh!
Tô em casa. Dex tb. Ela vai fazendo sandubinhas enquanto eu levo a mesa de plástico pro andar de cima, ao lado da TV. Ligo o aparelho na Band. Tem que ser. Dá sorte. Pego um isopor pequeno e coloco algumas brejas, junto com pedras de gelo que sobraram de algum churrasco e eu congelei. Levo tudo pra cima. Batatas, salsichinhas, sanduiches, brejas. André chegou com a Camila. O jogo começa. Dex tb tá aqui, vendo o jogo. Hum, palmeirense costuma dar...dar...não dar sorte!
Tom se atrasa e chega com dez minutos. Jogo igual, Atlético fechado, contratacando com perigo. André Santos cara a cara chuta em cima do goleiro. Os caras tb ficam cara a cara e Felipe milagrosamente toca. Ainda bate na trave. Caraio, quase me cago. Ronaldo faz uma jogada pela esquerda. Passa o pé sobre a bola e manda. Bate no zagueiro e ainda assim passa raspando a trave. Terminou o primeiro tempo. Neto tá se esgoelando, dizendo que tá tudo errado. Ele não curtiu a escalação do Mano. E estamos sentindo a falta do motor do time que é o Elias. Beleza.
Segundo tempo. Tá todo mundo tenso. Eu tô com uma camisa do Timão que tem o autógrafo do Neto. Tô com aquele chapéu de vaquinha que usei no palco do Raul. Este chapéu, pra futebol, não sei não! Tirei o chapéu e coloquei ao lado da TV. Caralho, olha o Gordo, limpou pro pé direito, ameaçou uma, na segunda passou a bola pelo meio das pernas do zagueiro. O goleiro voa. Toca. Ela segue. Ela entra. Gol. Caralho, gol do gordo, puta que pariu. Chupa Furacão da minha rola. Chupa He-man. Vai se fuder Geninho bêbado do caralho. Bem, ser bêbado é virtude, na verdade. Dizem que o Douglas, nosso camisa dez, bebe mais que eu. Taí, quero ver.
Bola na área. O gordo cai. Não interessa se foi ou não foi penalti. O que interessa é o dedo em riste do juiz apontando a marca da cal. Penalti. No replay fica claro o drible rapidíssimo e desconcertante que o Fênomeno deu em dois zagueiros na área. Só no replay é que dá pra ver. Ele vai pra bola, com paradinha. O goleiro despenca pra esquerda. Ronaldo joga caprichosamente na direita do gol. Chuuuuuuuuuupaaaaaaaaaa! Dois a zero. Eles ainda vem pra cima mas não dá nada. Mandamos o Furacão pra casa. É nóis.
Coloco o Hino do Corinthians, versão original, pra rolar com direito a repeat. Mais papo. Vibrações e abraços. Surge um baseado. Bora dar um pega. Ou dois. Eles querem ir embora. Tom vai ver a namorada na Móoca e André deu a moleza depois das substancias ingeridas e das emoções futebolísticas. Mandamos pra dentro metade das importadas que eu havia comprado mais cedo. E ainda umas Skol, Brahma, Itaipava e Serra Malte. Dex foi deitar e eu preciso limpar a coisa toda.
Tô meio breaco/doidão. Com cuidado. Pisando em ovos. Desço tudo. Não quebro nada. Resta uma breja holandesa, forte que nem o cão e com um sabor difícil, mas com alto teor alcoolico. Resta tb uma alemã de rótulo cor de laranja, a melhor da noite. Bebos as duas. Tá passando Matrix Revolutions, o último da trilogia. Eu amo Matrix. Tô doidão, vendo a parada. O garoto que não perde a fé no salvador vivido pelo Keanu Reaves berra: Neo, eu acredito. Porra. Porra. Poooooorra!
Corinthians, eu acredito. Bora dormir.