Despertador. Frio. Enrolo. Desabo da cama. Jornal. Correspondência do Detran junto. Caraio, mais uma multa de excesso de velocidade. 4 pontos na carteira. Já são 12. Vou em cana, ainda, caralho! Foda-se.
O quê? O Santos ganhou no último minuto do Náutico. Porcada ganhou de um a zero do Flu que vai cair de novo. Que mais. Ronaldo fez a cirurgia na mão, colocando quatro pinos e 12 parafusos. Sonia Racy diz que ele tb fez lipo, mas ninguém confirmou. Que mais? Um cara lançou uma enciclopédia sobre cerveja, a Larrouse de Cerveja. Política e economia, aquela merda de sempre. Tutty Vasquez diz que os cariocas não entenderam o espírito do Disque Gripe Suína no Wild River, pois tem gente ligando pra dizer que o vizinho ta com tosse. Gente, não é Disque Denuncia Suína, porra.
Boschta. Banho. Dona Rosa em ação lá embaixo graças a mim que deixei a porta aberta. Dex levantando. Eu no micro. Olha que e-mail legal que o meu amigo Maga, redator da Praça é Nossa, me mandou. É sobre três músicas brasileiras falando aparentemente de amor e abandono mas na verdade com histórias mais profundas que a gente imagina. A primeira eu já sabia, "Gostava tanto de vc", que não é do Tim Maia e sim dum cara chamado Edson Trindade, que escreveu a canção não pruma mulher que ele perdeu, mas pra filha que morreu num acidente de carro. A segunda, "O Mundo é um moinho", que o Cartola fez quando soube que a filha tinha se tornado prostituta. E a terceira, mais surpreendente, "Flor de Liz", do Djavan. Se é verdade ou não, eu não sei. Mas que é uma boa história, isso é. Djavan teria tido uma mulher chamada Maria que estava esperando uma filha dele, Margarida. A gravidez tornou-se de risco e na hora do parto o médico teria dito que teria que escolher uma pra salvar, já que uma delas morreria no nascimento. Djavan pediu que salvasse as duas. E as duas morreram.
"E o meu jardim da vida ressecou, morreu. Do pé que brotou Maria, nem margarida nasceu".
Verdade ou mentira? Segue o dia!
Bora pro SBT. Beijos na Dex, despedidas da Dona Rosa e bora mesmo. Frio. Transitinho mais ou menos. Ouvindo meus sons. Ligo pros meus irmãos pra ver como estão. Bi tá numa reunião e está bem. Cá tb. Nada de mais. Só pra ver como estão as coisas. Amo estes caras. Sou o caçula, como vcs deveriam saber.
Tô chegando. Cheguei. Já tem gente me procurando: Thiago quer seu texto pra mandar pra locução. Preciso corrigir o roteiro do Construindo e inserir várias cenas. Jotaerre quer conversar mas não dá. Sou um só e tenho que atender Magrão tb. Peço que Jorjão faça o texto de release dos quadros do programa pro pessoal do comercial vender. Nestas, vou fazendo um monte de coisas pela metade e não termino nada. Ufa. Terminei a porra do texto do Thiago.
Almoço. Salada e bifes. Hum, tem yakissoba, mas vou manter o regime. Os bifes estão legais. De volta ao trampo.
Vou até a ilha ver o que tá rolando no Construindo. Emendo com uma ida ao Assist pra ver o quadro desde o início. O editor marcou os pontos onde vai precisar de texto. E agora eu e Dante vamos encaixar tudo e mandar pro Celso. Sabe que horas conseguimos terminar? Oito e quinze. Dante se manda e eu vou atualizar o orkut. O curso de Decoração que Dex ia fazer e que tava deixando-a feliz foi adiado. E ela tá puta. Porra, que merda. Ela tava curtindo tanto a parada. Nem dei muita atenção pra ela quando me contou.
Aliás, meu irmão Celso me ligou e deixou recado. Não consegui atender. Temos agora a tal reunião com o Paulo Anhaia que deve produzir nosso novo cd. Troquei mensagens com ele pelo Twitter e ele ta, parece, entusiasmado. Oba. Depois tem a Festa da Tapadeira, tradicional encontro mensal de galera da área de Tv lá num buteco ao lado da Record. Vou ver se vou após a reunião e de Dex deixar. Bora encontrar Paulão.
Apesar da chuva, to aqui na porta da casa do cara, numa travessa da Bráz Leme. O mesmo lugar onde nos encontramos para planejar o Cubanajarra, cerca de 4 anos atrás. Encosto o carro e Simon chega na mesma hora. Aperto o botão 12 e Paulão ta vindo nos receber.
Enquanto isso, converso com Simon sobre uma proposta que recebi do Sesc Vila Mariana. Eles querem que eu me apresente cantando músicas bregas em duas datas de setembro, dois domingos á tarde. Imediatamente lembrei da banda paralela do Simon, Clube do Chinelo, especializada em versões de clássicos de Genival Lacerda, Odair José e por aí vai. Eu simplesmente adoro este tipo de repertório tido como brega. Simon tb se animou. Na verdade, eu já havia mandado uma cópia do e-mail que recebi do Sesc pra ele, para que ele falasse com o Neville (baixo) e o André Pedrão (guita) e verificasse interesse e disponibilidade.
Simon já me informa que ta todo mundo a fim. Só precisamos checar se não tem problema com shows das VV. Opa, dia 6 de setembro, a primeira data, estaremos no Rio. Hum. Ligo pro Banas e ele diz que dia 20, a outra data, poderemos estar em Belém. Miou. Merda. Ia ser divertido. Mesmo assim, vou mandar um email pro Sesc e me por à disposição pra novas datas futuras. Seria du caraio tocar estes sons que eu tanto assisti no programa do Chacrinha.
Paulão abriu. Ta de cabelo curto, quase ruivo, e com barba aparada. Quem já o viu com visual de zumbi dos infernos na liderança da banda Monster sabe que o shape mudou bastante. A própria banda dele tá em transição: eles estão captando recursos pra fazer um trabalho misturando mídias e bem grandioso. Boa sorte.
No sofá da sala do nosso produtor (hope so) jaz um cidadão que atende pelo mesmo nome do pai e o meu. Paulinho tá gigante, com 14 anos. Dorme com a tv ligada e imediatamente lembro de que quando gravamos nosso primeiro cd, tb com produção do Mr. Anhaia, em 93 ou 94, a grana foi usada pelo Paulão justamente para o parto deste macróbio que agora habita o sofá e que, descubro, é canhoto e toca baixo e guitarra. O tempo, definitivamente, não pára!
No quarto do fundo do apê fica o estúdio do homem. Cavalo já ta lá. Começamos a conversa e Paulão diz que curtiu a idéia de um disco conceitual. Diz que leu os textos todos para se inteirar da história, mas que não sentiu nas músicas uma linha de enredo. Explico que a amarração foi feita depois e que as músicas não foram compostas para contar a história. A idéia de juntar tudo numa espécie de fábula veio depois do repertório definido. Tuca não chega. Começamos a ouvir música a música dando ênfase para as vinhetas e ambientações que vamos criar entre as faixas para sugerir a seqüência de ações e locais onde a história se passa: o mundo fantástico de "Dentro da Garrafa".
Sendo direto, Paulão curtiu quase tudo, especialmente a putaria descarada, fazendo restrições a duas canções que não o convenceram musicalmente: "Cu de Bêbado não tem dono" e "A Balada do Adney Narigudo". Em ambas ele sugeriu que tentássemos, assim como ele próprio, pensar em algo pra dar mais vida no som. O conceito da palavra "vida" pode parecer vago, mas sacamos o que é. E o Paulão é muito bom nisso: subir o tom em determinado lugar, adicionar mais peso, trocar partes, inventar até mesmo um refrão. Confio nele e se houver alguma saída interessante ele vai descobrir. Confio e respeito muito o trampo do Paulão. Foi ele quem nos ensinou a mapear as canções e limar coisas desnecessárias.
No dueto da Ju e do Roy ele disse tb ter sentido algo, mas menos intenso que nas outras duas. Talvez uma melhor interpretação vocal, mais gás mesmo, ou uma alteração no andamento. Novamente, confio no cara pra produzir a bagaça.
No meio da audição, que se estende até cerca de meia noite e meia, Tuca chega com aquela cara de quem andou pecando que ele tem exibido desde que se separou.
Uma das sugestões do Paulão é usar uma bateria digital (não sei se é este o nome) que pode ser tocada normalmente, mas que ao invés de peças de metal, tem "captadores" em formato de prato, caixa, bumbo, surdo, tudo de borracha. Você coloca sons de qualquer tipo de batera (até do John Bonham) e é possível dar a intenção perfeita do ataque, dada a sensibilidade do equipamento.
Inicialmente a gente não crê muito nesta onda de batera de borracha. Especialmente numa banda de rock que gosta de porrada. Mas Paulão solta alguns sons já gravados ali mesmo, com aquela mesma batera e a porrada é excelente. Coisas da tecnologia. De qualquer modo, Simon é quem escolhe. Se ficar legal e ele curtir, gravamos ali, desta forma digital. Senão vamos pro estúdio do pai do Paulão e captamos a coisa á antiga. Como já disse, confio pra caralho no julgamento do nosso produtor. Ele é meio pai do nosso jeito de acertar e gravar sons.
Tudo definido, a idéia original era começar a gravar uma espécie de mapa dos sons com um click marcando o andamento neste sábado mesmo. Mas o Roy, que tinha algum compromisso e não veio na reunião de hoje, tem show com o Tutti Frutti, banda do pai dele, em Amparo, no sábado. Mas segunda á tarde ele pode. E como posso tirar folga ás segundas em função do trampo de domingo no SBT, ta marcado.
Segunda feira, 3 de agosto de 2009, duas da tarde, começam as gravações de "Ninguém beija como as Lésbicas", o próximo cd das VV.
Tamos saindo. Cavalo diz que vai ficar mais pra acertar grana com Paulão. Já na rua desisto de ir á Festa da Tapadeira. Ligo pra Dex e informo que vou ao Terra Nova comer uma cerveja e beber um sanduba de picanha, uma vez que não jantei e o meu estômago urra por alimento. Ela diz que ta deitada e que até queria ir, mas agora vai dormir. Simbora.
Simon se manda pra casa pra dar atenção pra Fefê que fica furiosa quando tiram seu pai de perto dela. Eu e Tuca, cada qual no seu carro, vamos singrando as ruas molhadas da ZN em direção do nosso QG alcoólico.
Quase chegando, Dex me liga e pergunta se posso pegá-la. Ela animou-se e quer beber umas e outras tb.
- Claro amor. To indo!
Nem bem adentro o portão do condomínio e lá vem Dex já pronta correndo. Já no carro, noto que o porteiro tem dificuldade em entender que apesar de ter acabado de entrar, minha intenção é sair novamente, de ré mesmo.
Entendeu.
Tamos a caminho. Tamos no Terra que já ta naquele processo de ir levantando cadeiras e apagando as luzes do salão quando se aproxima a uma da manhã, temendo multas do Psiu. Vcs sabem que somos da casa e nossa entrada e permanência depois deste horário é liberada.
Tem uma galera de habitues, como sempre. Tuca ta no balcão falando com Rogério. E Calê ta xavecando uma moça perto do local onde ele canta. Sento-me com Dex exatamente na mesa que fica sob o quadro com uma fotografia clássica da gente, ainda com Caio, Lips e Claudia. Sempre que olho este pôster devidamente enquadrado penso que há uma mensagem subliminar nele, ainda que eu não compreenda qual.
Eu e Dex pedimos sanduíches de picanha. Estamos em dúvida entre o que vem com picanha fresca e o que vem com picanha defumada. Pedimos os dois. Dex pediu uma taça de vinho e eu uma Serra. Mudança de planos. Uma garrafa de vinho pros dois. Há uma promoção com vinhos Argentinos a 25 reais. Escolhemos um Syrah. Vou buscar o vinho numa cesta que fica perto de onde o Cale conversa a moça e, tanto na ida quanto na volta, passo a mão na bunda dele. Ele ri. A moça nem percebe. Tudo encaminhado. Tuca vem pra mesa e reclama que pedimos sanduíches. Ele pediu uma picanha na tábua. Vai ser muita comida? Não, a gente devora.
Cavalo chega. Pede um caldinho sei lá de quê e toma vinho com a gente. Tuca vai de Brahma. Seguimos falando do entusiasmo do Paulão em fazer o disco, das suas idéias, enfim, do início do processo já na segundona. Cavalo pergunta como está o lance da falta de trampo pra Dex que diz que ta ficando cheia de ficar em casa.
- Não tem mais o que limpar – diz ela
Falo do trampo no SBT, comento que trabalhei pra caralho hoje e da correria que é o Domingo Legal.
Tamos comendo. E a picanha do Heinz, seja fresca, maturada, defumada ou perfumada, é simply the best, as always. Cavalo diz que ta escrevendo um blog dele e um twitter das VV. Ele ta atacando o caldo. Cool.
Não estamos exatamente falando como antes, eu e ele. O papo entre nos dois segue meio burocrático. Sigo magoado com o fato dele ter colocado nossa amizade de 23 anos em cheque sem me dar um motivo sequer. Mas, simbora fazer o que tem que ser feito.
As pessoas vão se mandando. Aquela mala que parece sósia da Fafy Siqueira tb tava aqui, mas está indo. Indo. Foi, graças a Deus. Uns caras barulhentos e bebuns tb saíram. O vinho desce. Mais uma garrafa. Tuca ta pescando na mesa. Cavalo me lança uns olhares semelhantes aqueles daquele papo ruim no MacDonalds, semana passada. Estarei exagerando? Sei lá! Cachorro mordido de cobra tem medo de lingüiça. Temos um novo cd pra fazer e uma turnê pra começar. E vamos fazê-lo, tenham certeza.
Terminou tudo. Área. Cumprimentos aos amigos no bar. Despedidas entre as pessoas no portão. Tuca chama Cavalo pra dormir na casa dele, uma vez que nesta sexta vamos gravar um lance no programa Bandas de Garagem da rádio Uol e ele terá que ficar em sampa. Normalmente eu perguntaria se ele quer dormir na minha casa, mesmo sabendo que ele ia preferir a casa solteira do Tuca. As coisas não estão muito normais na minha cabeça e não faço o convite. Espero que este mal estar termine logo. É muita coisa, muito tempo juntos pra terminar por uma besteira que eu nem sei qual é.
Um mala pede moedas pelo serviço de guardador de carros. Hum! Odeio guardadores de carro, porra!
Enquanto vencemos os menos de dois minutos de carro entre a porta chuvosa e fria do bar até nossa casa, comento que achei Cavalo agressivo em alguns comentários. Dex diz que to fantasiando, que ele foi bem gentil com ela e que to com pé atrás. Hum. Que horas? Dez pras três. Cama.