sexta-feira, 10 de julho de 2009

- Paulão! Eu sou Jesus e vim te buscar.

Sete e cinco, segundo meu relógio de pulso que tem luzinha. Comecei a pensar em Domino Legal, em eventualmente sair do canal pornô e do pool de redação e perdi o sono. Basicamente vou ganhar no Domingo Legal, caso role mesmo, o mesmo que ganho nos outros dois trampos. Isso pode significar menos correria, mas tb acaba com um lance de segurança. Sim, pois é difícil a coisa "miar" ao mesmo tempo em duas emissoras diferentes, saca? Além do mais, curto a galera do pool e a possibilidade de sempre poder pegar outro trampo quando um programa termina. E o clima no Sex Privê Brasileirinhas, exceto pelo master bambi com quem tretei, é dos melhores. Sem pressão de IBOPE, com a possibilidade de faltar pra tocar e etc. E nessas acabo levantando e iniciando meu dia mais cedo. Dex pergunta o que houve e explico que perdi o sono pensando "nas coisas". Ela levanta tb. Procuro não fazer barulho na escada pra não acordar a Bia.

Jornal. Banheiro de porta trancada que temos visita. Olha aí. Uma pesquisa recentíssima revela que o nosso Ronaldo é o jogador de futebol o mais querido do Brasil, passou o mala do Kaká que consegue ser mais coxinha que o Raí. Se a gente ganhar tudo o que pretende ano que vem com Ronaldo fazendo a diferença, nenhuma pesquisa vai impedir a torcida do timão de ser a maior do Brasil. O apelo do Ronaldo é muito grande, gostem ou não os rubro-negros. Alô Gegê, tem que aturar! Eh,eh,eh!

E o casamento do Robinho? Tem a foto aqui. Esta loira gordinha com cara de bolacha é a mãe do filho dele, né? Olha, sem sacanagem, a bagaça é ruim. E com a gigantesca oferta de bucetas que persegue jogadores do naipe do Robinho, das três, uma: ou é amor (ah,ah,ah) ou é namorada de infância que não tinha como despistar ou é corna assumida e deixa ele comer o que pintar. Dá só uma olhada a mulher que o Pato casou. Porra. Jogador de futebol pode escolher. É só top model. E o Robinho, que é um vagabundo de marca, com aquela gorducha? Hum! Aí tem. Eu tô parecendo aquelas fofoqueiras de novela. Vai se fuder, Paulão. Se a mulher é gorda ou não é problema de quem casou.

Porcos receberam um não do Muricy. Ninguém quer treinar aquele lixo. Lula vai negociar a chegada do Sarney. Solução diplomática. Eh,eh,eh. São Paulo colocando jogadores á venda. Técnico de merda. Crise. E eu rindo. Obrigado senhor!

Chuveiro. Saio e noto que Bia não está mais na cama. Me troco com a porta do quarto fechada. Dex brinca dizendo pra não fazer barulho pra não acordar a Bia que claramente está lá embaixo tomando café ao lado dela. Tô pronto com minha camisa do Jimi Hendrix que me foi arremessada por um fã num show que não me lembro qual.

Desço. Bia vem me dar um beijo. Ela tem dez anos ou por aí. Tomo um capuccino rápido com as duas e subo pra escrever. Já que levantei cedo, vou fazer o dia render. Bia sobe e começa conversar comigo sobre meu trabalho no SBT, que pra ela é uma surpresa. Chega de papo, preciso trabalhar, mocinha!

Dex resolve leva-la para a casa do Rodragg, o pai, pra ter com a família. Eu tô atrasado. Novidade. Dex tá meio chorosa, pois só vai me ver de novo terça á noite, com a ajuda do criador, claro.

Transito médio. Uso o retorno recém inagurado do SBT, um quilometro á frente do maldito Trevo do Jaraguá que vive fechando por causa de engarrafamento. Olha só que beleza. Já tô aqui.

Pool de redação. Ligo as coisas. Vou até a sala do Domingo Legal ver a quantas anda a transferencia. Não sei porque, mas tenho uma sensação que algo vai "miar" nesta coisa toda. Será?

Encontro meu eterno diretor e amigo Roberto "Magrão" Manzoni que tb me dá as boas vindas. Ele tb tá voltando. Cumprimento Mariano, tb eterno produtor de elenco e o cara que tem o telefone de todo mundo, até do banheiro da Xuxa. Vou revendo pessoas. Pergunto ao Dirlan se ele vai falar com a Telma,que coordena o Pool de Redação, sobre minha mudança. Ele diz que sim, mas que não, que não sabe. Dou um look no meu fututo computador. Cruzo com o Jorge, um dos redatores que teoricamente eu chefiarei. Ele me chama de chefe. Chefe é o caraio!

Ainda tem a Nádia, o Ed e o Dante. Exceto pelo Jorge com quem nunca trabalhei, Nádia é minha amiga, Ed e Dante foram indicações minhas pro Dirlan há algum tempo atrás. Dante, aliás, é meu amigo de faculdade. Tô em casa. Volto pro Pool e Telma foi falar com Sergião, o gerente que pode bater o martelo da minha transferencia. Ele diz que seu chefe, Leon Abravanel, não está e só ele pode abençoar a troca. Então, sigo consertando o roteiro do piloto do Tv Animal e aguardando.
Parece que só na segunda a coisa vai ser oficializada. Como só volto do sul na terça, não adianta tentar fazer nada hoje.

Almoço. Salada.

Pool. Preciso saber mais duas coisinhas pra finalizar o trampo do Tv animal. Depois é pegar o carro pra Viracopos, fazer o check in sem bagagem e achar um bar para virar copos. Sacou o trocadilho?

Fui até a sala do Ocimar e defini o que faltava. Agora é adicionar no roteiro. Deixei meu fone e meu e-mail particular com a produção. Qualquer terror, podem me ligar na segunda.

- Se eu parecer bêbado ao telefone é por que eu estou bêbado mesmo!

Fui pra Viracopos. Fazer o quê? Virar copos...eh,eh,eh!

Estrada. Pedágio. 6,10 reais. Estrada. Sono. Muito sono. A excessiva tranquilidade da estrada está me fazendo pescar. Que perigo. Outro pedágio. Dou vários tapas na minha cara. Belisco meu braço. Acorda filho da puta. E nesta toada, vou por cerca de uma hora até chegar no aeroporto.
O estacionamento é aberto. Peno um pouco pra achar uma vaga. Ok. Troco de blusa e pego esta verde (argh!) que é mais grossa. Agenda, meu livro do Reinaldo Moraes, I-Pod e simbora. Tá quente, sabia. Mas dizem que tá nevando no sul, então preciso levar o agasalho. Heim? Onde fica o check in da Azul? Ali? ok! Tô na fila. Uma mocinha se aproxima e me diz que se estou sem bagagem, posso fazer check in automático. Minhas malas já devem estar em Balneario Camboriu, a estas alturas. Onde é o check in? Ali? Ok! Bora.

É só colocar o código e a coisa vai saindo automática. Quando o bilhete é impresso tem que pegar o carimbo de outra mocinha. É tudo automático, mas no fim precisa da conferencia da mão humana pra verificar o documento. Alô Bill Gates: você ainda não é Deus.

Tudo certo. São quatro e meia da tarde, to com a passagem na mão, com embarque previsto pra quinze pras seis. Isso quer dizer que tenho mais uma hora pra me em-be-be-dar!

Hum. Tem dois bares na área . Um aqui embaixo, Umberry, com bandeira da Schin. Hum. O de lá de cima eu num sei. Abordo um segurança.

- Se você fosse escolher um bar pra tomar umas e outras, vc iria neste (Umberry)?

Ele diz que se fosse eu, ele iria no outro bar, o Grand Café. Assim seja. Tô aqui. Chopp Brahma. Bom. Puta merda, o primeiro gole do dia. Que momento sublime! Que benção de Deus.
Abro o livro do Reinaldão. O personagem acabou de pegar uma peteca de pó:

"Tava precisando sair dessa lucidez de rodapé que me azucrina, me anula, me seca a medula – be bop a lula."

Peço uma latinha de skol. E tô mergulhado na leitura. Peraê. O outro bar tem bandeira da Schin...E a Schin comprou a Devassa, a Eisenbah e a Baden Baden... Brejas de responsa. O chopp deve ser Schin, meia boca. Quer dizer, meia boca não necessariamente. Eu tinha chopp Schin no meu bar (Roquenrow Bar) e conseguia tirar um chopp legal. Não era um Brahma, mas era bem bebível. Mas não tem jeuto: Schin é Schin! Porém sou capaz de apostar que o bar deve ter cervejas em garrafa das marcas que eu citei. E aí, vale á pena mudar de buteco. O segurança me indicou o Grand Café, mas ele certamente não costuma tomar estas outras brejas que, além de tudo, são mais caras. É isso. São cinco e quinze . Se só tiver chopp Schin, tomo uns dois e embarco. E se tiver breja boa, bebo. Bebo. Bebo!

Olha aí. Balcão. De cara já vi que tem um chopp Weiss da Eisenbah. Manda aeh! Na prateleira vejo garrafas da Devassa e da Baden. Bingo. Puxo conversa com a atendente chucra. De tudo. Não sabe falar. Não quer conversar. Lá se foi o chopp. Me dá uma Baden Red Ale. Delicia!
Mais papo jogado fora. Ela não entende o que eu falo. E quero conversar. Manda uma Devassa Tropical Dark. Noise! E tem mais um lance: a cada troca de breja, vem um copo personalizado. Ela é meio tapada mas faz o serviço direitinho. Beleza. Tenho que ir. A conta! Visa. Fui. Hum. O embarque tá atrasado. E tem outro bar ali. Heineken. Uhu! A mocinha que me serve tem duas crianças numa correntinha no pescoço. São os filhos dela: Márcio e Fernando. Bonita mamãe!
Tô sentado de olho no meu portão de embarque. Não vou colocar o I-Pod, pois posso perder algum aviso sonoro. Uma moça loira senta-se na minha frente. É meio balzaca, mas tem um belo rosto. A bunda tb é respeitável. Ela tá olhando pra mim. Será que se afeiçoou ou tá achando que sou o Inri Cristo? Ás vezes esqueço que com o cabelo e a barba que estou usando acabo chamando mais atenção do que imagino. E não necessariamente pela beleza. Foda-se. Olha só: ela mexe o pezinho dentro da sandália enquanto lê a revista. Sexy. Eu amo pé de mulher.

Opa, hora de embarcar. Bora. A gente vai á pé. Lá está a aeronave. Tô dentro. Acomodo as agendas e o livro do Reinaldão. Tiro a blusa. E preciso mijar, pelo amor de Deus. O fluxo de passageiros não permite que eu vá até o banheiro. Vou nadando contra a maré. Senão mijo nas calças. Tô quase. Tô quase. Cheguei. Hum, o primeiro jato saiu na cueca. Merda! Agora sim, to mijando legal! Pronto. Dou uma secada na cueca com papel higênico. De volta ao meu lugar. Tô sozinho. O vôo até Navegantes vai durar uns quarenta minutos. O pessoal de bordo oferece refrigerantes e salgadinhos. Já tá melhor que a Gol. Por que ninguém mais serve cerveja nos vôos? Que merda de procedimento politicamente correto é este? Eu quero alcool, puta que me pariu. Por que não vendem? Pode cobrar, caraio. Eu quero é beber! A mocinha passa anotando os pedidos (?).

- Eu quero costela de porco e uma garrafa de La Trappe!

Ela ri e diz que só tem refrigerante e batata frita. Então não quero nada. Nem água? Nada. Grazie!

Meu I-pod só pode ser ligado quando o processo de decolagem terminar. Ok. Terminou. Amy Winehouse. As aeromoças dão aquele texto sobre cintos, portas de emergencia e eu ouço Back to Black. Daria um clip legal. Estão trazendo as bebidas. Eu não quero merda de refrigerante. Batatinhas e uns trecos de chocolate tipo Bis eu quero sim. Turbulencia. Forte. Esta porra vai cair. Aliás, que belo avião da Embraer. Novinho. Opa, estamos na descendente. Chove lá fora. Aterrissagem danada. Na saída eles dão guarda-chuvas pra gente. A galera fica presa ao lado da esteira, esperando as malas. A única mala que trago sou eu mesmo. Saio. Ninguém se aproxima de mim no saguão. Vou achar um bar. Subo a escada seguindo a indicação de um cartaz da Eisenbah. Nada. Mas na casa do Pão de Queijo tem breja. Me dá esta Brahma Extra. Oba. Desço novamente pro salão de baixo. Um cara me aborda.

- Paulão! Eu sou Jesus e vim te buscar.

Será que o avião caiu e eu morri? Porra, Jesus veio me buscar. Um moleque de cabelo enrolado e pinta de surfista. É de verdade mesmo. E eu tô vivo! Boa, mano. Mandaram o filho de Deus pra cuidar de mim. Isso é que é prestígio!

O trânsito tá foda e Jesus resolve atravessar o rio Itajaí de balsa. Não gosto de balsa. Peço prele parar preu comprar uma breja, pois a Brahma Extra já era. Os caras não aceitam cartão. Simbora na sêca.

Jesus tb tá com sede. Paramos numa conveniencia e mandamos duas skol daquelas de boca larga. Papo vai, papo vem, Jesus é paulistano e morava na Zona Norte. Tô meio breaco, pra falar a verdade. E pela minha experiência ao invés parar de beber, a estas alturas, melhor é manter o nivel alcoolico. Senão vou pro palco de ressaca.

Voltamos á estrada. Estamos atravessando Navegantes pelas quebradas. Cerca de nove da noite e o filho do criador me desova na porta do Hotel. Meu quarto. Minhas malas. Tô bem doidão. Não consigo ligar a TV. Ligo pra recepção. Eles vão mandar alguém. Chegou. César é Argentino. Tô doidão. Começo a falar espanhol com ele, mas passo pro inglês. Ele ri e não entende nada da minha mistura de línguas. A tv, bastava ligar o botão. E a fonte pra ligar minhas caixinhas? Muda a chavinha de 110 para 220, seu burro. Lá se foi Cesar. Vou ajeitando minhas roupas, pendurando os figurino. Onze da noite tenho que estar lá embaixo. Passa um pouco das dez. Não posso dormir e nem nada. Peço um sanduiche pelo telefone.

Hora de descer. A caminho do show. Chuva. Os contratantes estão preocupados. Assim que chegamos á porta do local a chuva pára. E bora aquecer, beber, me vestir. O camarim improvisado é num cantinho.Tomo um golinho só de cuba e tô ainda mais doidão. Espero não derrubar o show.

Começou. Tá tudo indo. To segurando a onda. Tem uma galera muito jovem na frente por palco. Não tá lotado, mas tem gente suficiente. E mesmo que não tivesse, a gente tocaria da mesma forma. A coisa vai no piloto automático. Esqueço uma ou outra palavra e dou aquele migué de chamar o povo pra cantar. Sempre dá certo. O pessoal curte Raul, no bis. Mas curte ainda mais "A Minhoca que acendia o rabo" e "Beijos de corpo". Terminou. Mais bebida. Agora posso chapar em paz. Saio pra falar com a galera. Um pessoal de Blumenau me trouxe um kit com seis brejas da Eisenbah. Grazie. Quem me dá cerveja arruma um amigo pra toda vida. Papo com a galera. Bora pro hotel. Vespera de aniversário. To bebendo ao som do meu I-pod no quarto. Edu, Tuca, Juju e Roy estão aqui tb. Peço mais brejas. O rapaz que traz é o Marcelo, fã da banda, que faz questão de me cumprimentar.

Deu a hora do café da manhã. Marcelo surge com um bolo e uma vela em cima. Parabéns pra mim. Puta gentileza do cara! Busão. Sol a pino. Eu bodeado. Veranópolis, here we go!