Sai da cama ainda semi destruído lá pela uma e meia da tarde. Dex disse que fomos convidados a comer Lasanha na casa da mãe dela nesta sexta feira santa. E quando dona Lívia cozinha, o paraíso entra nas panelas. Vai cozinhar bem assim na puta que pariu. Caguei, me banhei, Dex tb se banhou e fomos pra lá. Havia duas variedades de lasanha: uma só de queijo e outra com presunto. Não contente e achando que era pouco, Dona Lívia ainda aqueceu um feijãozinho tropeiro, uns pedaços de lombo com molho, cebola e lingüiças. Puta que pariu. Que comida é esta, mamãe? Devorei vários pedaços de lasanha. Depois parti pro feijão tropeiro, lingüiça e lombo. Voltei pra lasanha. Uhu!
Meu cunhado Rodrigo chegou com esposa Bio e o Lorenzo, o bebê da família, que fez um ano semana passada. Seguiu a comilança. Dex se derrete ao ver o Bafo, meu apelido carinhoso pro bebê. Pra mim este menino tem bafo de cachaça. Minha sogra acha que é de leite. Seu Ricardo acordou e ficamos todos na cozinha, comendo, conversando. Agora até que nem tanto, mas Dex segue meio trombuda, ainda. E eu já to ficando de saco cheio deste mau humor sem fim. Não sei se já disse pré vcs: ela ta menstruada desde domingo. E, sinceramente, acho que boa parte de toda esta treta tem a ver com isso. Ok. Comemos, brincamos com Bafo e voltamos pra casa. Ela ta dormindo e eu to perdendo minutos valiosos nesta sexta feira santa na frente do computador pra contar isso pra vcs.
Rodrigão faz aniversário na segunda e pediu pra fazer um churras aqui em casa amanhã. Permissão concedida. O problema é que amanhã tem show em Santos e churrasco e bebedeira nunca combinam com bons shows. Terei que ir bebendo na mãnha pra não prejudicar o melhor momento da vida que é subir no palco com as Velhas Virgens. Talvez eu vá a pé até terra Nova, meu buteco quartel general, tomar umas e outras hoje á noite. Vamos ver como as coisas caminham.
Na verdade saímos mesmo á pé, mas até um restaurante Japonês que fica mais ou menos á mesma distancia do buteco, porém em outra direção. Ali, comendo tepanhaque (legumes, uma sopa chamada missuchiro, arroz papa com carne) e bebendo Itaipava e saquê voltamos a conversar como casal. Dex revelou ter ficado chocada quando ouviu de mim, no meio da discussão, que eu ia embora. Claro, tava um pau terrível e em meio á raiva a gente fala coisas sem pensar. Não quero me separar dela, até porque eu a amo.
Procurei explicar pra ela que durante toda aquela semana pensei como seria viver sem ela. E sei que seria muito ruim. Ela disse que até então achava nosso relacionamento indestrutível, mas que após a treta ela pensou em separação também. Eu lhe disse que sempre procuro pensar em tudo, antecipar todas as possibilidades para minimizar o sofrimento de qualquer perda. Disse ainda que depois da morte dos meus pais fiquei mais fatalista, mais pessimista em relação a surpresas ruins. Perder meus pais (e isso foi em 87 e 89) foi uma dor inimaginável pra mim e depois disso procuro sempre estar preparado pra tudo. Da-lhe mais saquê. Matamos o tepanhaque e pedimos tempurá de legumes e camarão. Nada de mais, apenas comida empanada, tudo com muito shoyu, que eu adoro.
Dex disse tb que está numa parte do livro em que, andando pelo bairro da luz vermelha em Amsterdam, eu relembro todas as vezes que fui a boites suspeitas e puteiros, desde a primeira vez, tímido e sem graça, até as vezes em que o porteiro já conhecia meu nome e mandava preparar minha mesa. Ela disse que ler minhas incursões na putaria a desagradou. A verdade é que elas aconteceram sempre em momentos em que estávamos separados, quero registrar. E nestes treze anos em que nos conhecemos, já nos separamos várias vezes. Isso antes de morarmos juntos, de dois anos e pouco pra cá. Depois de juntarmos os trapos temos nos mantidos bem unidos.
Sobre o relato da putaria, ela disse que ficou decepcionada com algumas coisas que eu escrevi que, na opinião dela, caberiam prum adolescente, mas não prum cara de 43 anos. Eu lhe disse que me sinto como um adolescente e que escrevo pros fãs das Velhas Virgens. Quem ta falando ali é o PaulãoVV. Ela disse que ela casou foi com o Paulo de Carvalho e, devido ao saquê correndo solto, ficou difícil seguir conversando com alguma lógica. Fiquei preocupado quando ela disse que em virtude das coisas que aconteceram nesta semana alguma coisa morreu dentro dela. Que foi bom ela perceber que nosso casamento não é intocável mas igual aos outros.
Leio isso como um aviso de que sempre é preciso estar atento e cuidadoso em nossas relações, sempre trabalhando para que elas sejam as melhores possíveis. A Cor do Som sintetizou isso numa canção que diz assim: “é como a flor, de água e ar, luz e calor;o amor precisa para viver de emoção e de alegria e tem que regar todo dia”.
Voltamos pra casa trançando as pernas e “ataiando frango”. Dex tava mais chapada que eu e queria beber mais. Abri um Erdingger diferente com um sabor mais acentuado de trigo, sei lá. Bebemos vendo tv. Ela perguntou se poderíamos desligá-la e ouvir música. Antes que eu respondesse, inebriada que estava, ela foi pro quarto e apagou. Ainda vi uns filmes pornô e um programa sobre casais que fazem suingue, com moças que diziam ir a estas festas pra pegar a mulherada. Mulheres se pegando sempre me deixam doidão. Relaxei depois da bronha. Time to sleep.
sexta-feira, 10 de abril de 2009
"Depois de juntarmos os trapos temos nos mantidos bem unidos..."
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