domingo, 12 de julho de 2009

- Pega no pau dele. Se vc não pegar, pego eu!

Nasci mesmo ás seis e vinte da matina. Faz 44 anos que isso aconteceu. Caraio. Mais de dez da manhã. Tô atrasadaço. Começo a recolher meus panos de bunda do chão. Roy tá dormindo meio sentado na sala. Acorda vagabundo. Entramos no busão com meia hora de atraso. Simbora pra POA. Três horinhas.

A gente passa sobre uma ponte bonita. Não sei o nome do Rio, mas faz uma curva bem legal nesta área. É na divisa com o municipio de Bento Gonçalves. Meu fone toca de minuto em minuto. As pessoas me cumprimentam pela data. Amo muito meus amigos.

Estamos próximos de Porto Alegre. Parada pra almoçar. Entre tantos telefonemas de amigos e parentes, preciso destacar o do meu sobrinho Duda, direto do Canadá! Uhu!

Mais estrada. Hotel em POA. Quarto amplo. Onde acende a luz? Quero cagar. Vou fazer no escuro. Meu primo me liga. O celular numa mão. Tentando abrir a calça com a outra mão. Preciso cagar. Tudo isso no escuro. Cavalo, que tá no quarto ao lado, acha a chavinha e a luz chega. Obrigado cumpadre. Meu primo me cumprimenta enquanto a merda deixa meu cu e adentra ás águas da latrina. Cagada deliciosa. Mariquinha maricota? Por que não?

Roupas espalhadas. Favela montada. Vamos pra internet atualizar as coisas. São dois dias sem postar. Vai dar trabalho. Pelo menos aqui no Master Hotel o computador baixa os arquivos. Tô permanentemente chapado. A cerveja não pára de circular e fico naquele estado meio de quem acabou de acordar. Doidim, doidim.

Terminei. Quase sete horas da noite. Vou bodear. Antes ligo pro Banas que me diz que ás sete saímos pra jantar. Eu não vou. Oito e meia é a saída pro show. Aí eu vou. Devemos estar no palco pelas dez.

Ok. Bode. Bode o caralho. O telefone segue tocando. E a galera segue me cumprimentando. Pinduca, poeta, compositor e escritor que conheci através do Bortolotto, tá em POA e vai ao show. Cool. A última vez que ele se aventurou num show meu foi o do Cuelho de Alice no Manifesto. Quando a gente começou a tocar ele não suportou o barulho e saiu. Aí só ficaram três pessoas assistindo nossa apresentação. Vamos ver se hoje ele suporta pelo menos umas cinco músicas das VV.

Recepção do hotel. Mala de figurino ao meu lado. As pessoas vão chegando. Como não jantei, não tenho nada pra cagar durante o show. Mas nbão to legal, não! Sempre fico mais nervoso que o comum em POA. Os caras que vão no show sacam de rock e são exigentes. É como se cada Portoalegrense vibrasse por duas pessoas. É uma puta energia. Mesmo.

Camarim do Opinião. Bebidas. Os meninos da banda "Eu, o Zé e os caras" que abriu nosso primeiro show nesta casa vão fazer um esquenta antes da gente. Boa. Outra característica do povo daqui é a pontualidade. Se o show tá marcado pras 10, quando dá 10 ele começam a chiar em alto e bom tom. Mas tá cedo. A banda de abertura, formada por gremistas, tá mandando som e me sacaneando, dizendo que apesar de ser corinthiano eu sou gente boa. Meninos, ser corinthiano é que me faz um ser humano melhor!

Como ontem, já vim com parte da indumentária do pirata. Bebedeiras, troca de roupa, alongamento, tô pronto. Tava me sentindo mal, ressacado ao extremo, mas bastou tomar uma breja e um drink louco que o Rico faz que...fiquei bom!

Palco livre. O cara anuncia nosso show com furia. E lá vamos nós, furiosos. Além das canções do set, algumas coisas mais ou menos não previstas merecem destaque. Em Siririca baby desço do palco e vou no meio da galera sacanear um casal.

- Pega no pau dele. Se vc não pegar, pego eu!

E peguei mesmo. Pica bem pequena, aliás. Um parabéns á voce seguido de "Envelheço na cidade" não chega a ser novidade, mas logo após a galera puxa um parabéns tipicamente gaúcho, eu imagino, e aí sim eu tô emocionado. Apesar do frio, o calor deste povo é impar. Só tem aqui em POA.

Juju faz Blues do Velcro com a Bibiana, mulher do Piska, nosso amigo. Ela, inicialmente, tá um pouco tímida. Mas no fim já está fazendo até a dança da garrafa. Uma outra mocinha ruiva sobe no palco e rola aquele bololô. Como sempre, tento roubar seu tênis pra beber cerveja dentro e derrubo todas elas, menos a Ju que fica montada em minhas costas. Como diria Milton Leite do Sport TV, "que beleza!"

Olha o Pinduca lá atrás.

As provocações entre gremistas e colorados rolam soltas. O Timão tomou de três a zero hoje á tarde no Olimpico e os gremistas tão me tirando. Digo que esta derrota foi acertada semana passada, quando eles torceram por nós contra o Inter. Por sinal, digo que estes campeonatos nacionais já não me interessam mais: estamos na Libertadores! Em determinado momento rola um coro de vai tomar no cu pra mim.

- É, consegui unir gremistas e colorados mais uma vez!

Eu adoro este povo. Raul. Mais duas músicas nossas no fim. Brigado gauchada. Amo tocar aqui.
Camarim movimentado. Quase não consigo ir lá fora abraçar a galera. Pinduca tá aqui com a filha e a ex-esposa. Parecem ter curtido a parada. Ganhei uma camisa do Gremio durante o show. O dono vem me pedir de volta e digo que presente é presente. Vai pra minha coleção!

Thiago diz que é o feliz proprietário de um bar bem em frente do Opinião e que vai abri-lo pra gente se embebedar. Tô de roupão preto e quero ir agora, mesmo sujo de breja. Banas não quer deixar. Diz que vou morrer de frio. Quer que eu volte pro hotel, tome banho e etc. Tá bom, papai.
Thiago vai seguindo nosso busão. Sobem ele e mais um amigo pro meu quarto. Enquanto eles bebem uma cerva, eu tiro a cerva do cabelo. Simbora? Claro. Tem uma galera aqui no Eclipse. Tuca e Roy estão no bar ao lado. Chamo os dois pra virem junto, mas acho que eles tem planos diferentes com aquelas duas mocinhas ali. Os solteiros da banda seguem fazendo farra.

Tô atrás do balcão, meio que sendo entrevistado pela galera. Cerveja descendo. Papo bom. Cool.
Mais breja. Mais demencia. Passam das quatro. Vou embora. Pra que lado é o hotel? Pra lá? Fui. O amigo do Thiago quer me dar carona. Não precisa. Ele insiste. Tá bom.

Hotel. Vou morrer. Morri. Feliz aniversário, chapado na cidade!